Não, não se trata de mais um
Festival de Verão apesar de ter mais música por metro quadrado do que os ditos ,
e apesar de também ser no Verão. Trata-se da Festa da música, do teatro, do livro, do disco, da gastronomia portuguesa
e do mundo…; da celebração da igualdade, liberdade, fraternidade, enfim, a
Festa do Avante.

Este ano com menos calor
relativamente a outras sufocantes Festas, mas com igualmente milhares de
visitantes, camaradas, amigos.
Desta vez registei também um
maior fluxo de autocaravanas estacionadas em parques distintos, um deles a
Garagem Gamero, a 5 € o dia.
A reter na gaveta memorial da
música, a noite de Ópera que celebrou
autores como Verdi, Mozart, Beethoven ,
entre outros, nas vozes límpidas de cantores como Ana Paula Russo e João Pedro
Cabral …..Temas como “O Barbeiro de
Sevilha” e a “Traviata” ou “Granada” e…
abaixo do céu estrelado flutuavam pérolas, pérolas celestiais bafejadas de
notas musicais.
No sábado a agenda foi longa:
pena o Sérgio Godinho ter insistido cantar no Auditório à mesma hora dos Clã, e
pior ainda (para mim, não para o ego dele provavelmente) , quando a tenda
encheu de tudo: música, pessoas, calor
quente e insuportável … e o Sérgio lá longe, entoando velhos temas e a
juventude e os cotas a cantarem de cor, com vontade de um mundo mais justo e
melhor.
Fora as notas musicais
(esquecia-me de saudar a lufada de ar fresco que foram os Budda Power Blues –
viva!) , ainda um belo bolo do caco madeirense,
ovos moles gulosos (e caros!!!) de Aveiro, pataniscas de Santiago, canja alentejana
e caldo verde de Gaia!!!
E também a Bienal de Arte e a
falta de dinheiro para encher sacos e sacos de livros, CD e vinis (vivam, que
estão novamente na moda!).
Soprava à noite uma brisa bem
fresquinha do rio, infelizmente pouco azul , infelizmente nada límpido.
Na relva de um ano inteiro
sobressaía o castanho da terra e milhares e milhares de plástico e vidro
derrubados, formulando-se na minha boca a mesma questão eterna e sem resposta:
por que razão as pessoas sofrem de um síndrome de porcaria, quando ao alcance
da mão há caixotes, reciclagem, recipientes?