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sábado, dezembro 31, 2022

Primeiro Estranha-se, depois Entranha-se...


Já dizia o nosso poeta maior, quando lhe fugiram as mãos para a publicidade, que "primeiro estranha-se, depois entranha-se..."

Todos os benfiquistas sabiam que um dia iria acontecer, mas queriam que fosse tarde ou nunca ("nunca" que podia ser na próxima época...). E aconteceu, há menos de uma hora, em Braga. E logo por três a zero.

Não tem nada a ver com a história de "murros no estomago", mas que nos revolve as "entranhas", revolve.

Já me tinha acontecido o mesmo com o Caldas, que ainda por cima perdeu dois jogos seguidos. Mas a equipa da minha "cidade natal" tem algumas peculiaridades, a principal é ser a mais "amadora" de todas as que participam na Liga 3, com a maior parte dos jogadores a terem um emprego e a treinarem ao fim do dia, coisa que quase parece dos campeonatos distritais.

Foi por isso que um amigo, adepto do V. Setúbal, antes do jogo com o Caldas me disse, meio a sério, meio a brincar: «O que é que vocês andam aqui a fazer? Isto não é para meninos.» E não é mesmo para meninos, foi por isso que o Caldas derrotou o Vitória e este meu amigo teve de "meter a viola no saco" e ir dar música para outra freguesia. Quando me voltou a ligar, vinha com um "disco" muito melhor e disse que a minha equipa parecia uma equipa da primeira a jogar futebol.

Só que o Benfica não é o Caldas, ou seja, não se pode dar ao luxo de perder dois jogos seguidos. Não pode mesmo apesar de a matemática dizer o contrário, porque se voltar a perder continua no primeiro lugar do campeonato, com dois pontos de avanço. 

Pois, pode, mas não deve...

Publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sexta-feira, dezembro 22, 2017

Salir de Matos em Parágrafos (8)

«Não me lembro de passar o Natal em Salir de Matos na infância, nem que os meus avós dessem um valor especial a esta quadra festiva, se excluir o significado religioso. Aliás, na minha infância não havia "Pai Natal", mas sim o "Sapatinho do Menino Jesus".
E realmente era muito mais fácil "acreditar" na lenda com uma criança descer pelas chaminés para deixar os presentes no "sapatinho" que na figura bonacheirona do Pai Natal, a enfiar-se na chaminé para deixar os presentes  na "árvore de natal"...
Lembro-me sim de fazermos o presépio na nossa casa, irmos aos pinhais procurar o "melhor" musgo para colocar em cima da máquina de costura fechada, onde depois colocávamos as pequenas figuras de barro (além da família tradicional com a vaca e o burro, dos três reis magos, havia os pastores, as ovelhas, um moinho, o moleiro, e mais uma ou outra figura que não recordo...). Normalmente era o pai que trazia a árvore de natal, um pequeno pinheiro natural apanhado nos pinhais que cercavam o bairro da nossa infância, entretanto engolidos pela urbanidade...
Já adulto, lembro-me de irmos passar a noite de 24 à casa dos tios de Salir de Matos e de fazermos de pais natais (levávamos presentes para a avó (o avô já partira...), para os tios, mas sobretudo para os primos, que ainda estavam na idade de esperarem ansiosamente pela meia-noite e de se deliciarem com as prendas.
Depois eles cresceram, a avó também partiu e perdeu-se este hábito familiar...»

(Fotografia de Luís Eme - Presépio junto à Igreja de Salir de Matos em 2009)

domingo, novembro 05, 2017

Salir de Matos em Parágrafos (7)


Hoje vou falar do meu avô, Manuel Joaquim, um excelente contador de histórias e homem de grande sabedoria em relação a todas as coisas da natureza.

O que não ele aprendeu nos livros que não leu (por nunca lhe terem ensinado praticamente nada do mundo das letras e das palavras escritas), numa altura em o normal nas aldeias era as crianças não colocarem os pés na escola (ajudar a família nos campos era muito mais "importante"...), aprendeu com as muitas vozes da sabedoria, que escutou aqui e ali, guardando histórias e saberes milenares dos campos, sobre a magia da natureza.

Histórias que nos contava com mestria, deixando-nos presos às suas palavras, sentados nas escadas de cimento que davam acesso à casa de fora.

(fotografia de Artur Pastor)

quarta-feira, julho 12, 2017

Salir de Matos em Parágrafos (4)

«Todas as aldeias eram fartas em tabernas (muitas com a mercearia mesmo ali ao lado), até pelo menos aos anos oitenta. Salir de Matos não era excepção. Os cafés demoraram um pouco mais a entrar nestas pequenas localidades que nas cidades...
A taberna que eu gostava mais era a do Ti Zé David, pela proximidade da casa da avó e também pelo jeito peculiar do dono em levar à certa toda a gente, dos 8 aos 88 anos.
Era um finório que tinha os bolsos sempre cheios de histórias que encantavam a pequenada... É por isso que o Ti Zé David continua a ser uma das boas memórias de Salir...»

(escrito originalmente para as "Viagens")

(Fotografia de Xavier  Miserachs)

sexta-feira, julho 08, 2016

José Pires (1956 - 2016)


Quem mora fora das Caldas e assina a  "Gazeta", acaba por ter um precioso elo de ligação a todo o Concelho, pois ela todas as semanas nos oferece notícias, boas e más.

Hoje a "Gazeta" deu-me nota do desaparecimento do José Pires, artista plástico caldense, que assinou algumas obras notáveis de cerâmica e pintura.


Conhecia-o desde a adolescência mas nunca tivemos qualquer tipo de proximidade. Ou seja, posso dizer que conheço mais a obra que o autor.

Penso mesmo que a única vez que falámos foi em 2009, quando a Teresa nos apresentou, na Rua das Montras, junto a uma das muitas exposições que fez nas Caldas.

Espero que o Artista e a sua Obra não caiam no esquecimento, numa Cidade que gosta de se afirmar pelas Artes.

(Fotografias de Luís Eme)

quarta-feira, agosto 26, 2015

Ausência em Agosto


Reparo agora que consegui passar o Agosto sem pôr os pés nas Caldas.

Podia dizer que o tempo correu mais rápido do que devia... mas os minutos, as horas e os dias continuam iguais. Nós é que vamos ficando diferentes.

E entre outras coisas,  nem sempre fazemos o que queremos...

segunda-feira, março 30, 2015

Caldas SC: O " Jota-Jota" no Caldas (10)


Na época de 1980/81, o Caldas teve no seu plantel um dos grandes esquerdinos do nosso futebol, Jacinto João, a "Pérola Negra" do Sado, popularmente conhecido como o "Jota-Jota". Embora estivesse já no  final de carreira, com trinta e seis anos, ainda deu mostras do seu talento, a espaços.

Esta passagem pelas Caldas foi fugaz, mas em Setúbal o "Jota-Jota" continua a ser recordado como um dos melhores jogadores de sempre do Vitória Futebol Clube. É uma das explicações para a existência de uma estátua junto do Estádio do Bonfim, onde deu tantas alegrias aos setubalenses, graças à arte que espalhou nos relvados portugueses, com a camisola listrada do Vitória. Além de fazer magia com a bola, tinha um jeito especial de fintar os adversários, ao ponto de os deixar sentados no relvado...

Morreu relativamente novo, com apenas 60 anos, devido a complicações cardíacas. E claro, como tantos ídolos, viveu o presente sem se preocupar com o futuro, que era já ali, passando por algumas dificuldades nos últimos anos de vida.  Que só não foram piores porque o Vitória e alguns amigos não o esqueceram...

Foi um dos raros internacionais A (por dez vezes) que vestiram a camisola alvinegra do Caldas.

sábado, fevereiro 15, 2014

Viver Mais e Pensar Menos


Um dos aspectos mais pitorescos das nossas memórias são as mudanças físicas dos lugares.

Uma conversa ou uma fotografia antiga são o suficiente para nos recordarem que onde hoje existe um aglomerado de prédios, antes existiu uma quinta e também um baldio, que transformávamos com grande alegria em campo de futebol.

Foi ao lembrar-me de uma dessas quintas que separavam os bairros, que me lembrei de um antigo companheiro de escola, que era muito mau aluno, ficando para trás logo na segunda classe, quando havia "chumbos" na primária. Como morava nos arrabaldes do meu bairro, continuámos a vermos-nos. Ele era tão magro, que nós chamávamos-lhe o "esqueleto humano".

Estivemos uns anos sem nos encontramos, até que ele foi morar para o que restava de uma quinta, que ficava a caminho da casa dos meus país (entretanto nós também tínhamos mudado de bairro...). 

Descubro um homem feito com vinte e um anos, a cumprir o serviço militar, já com dois filhos e a mulher à espera do terceiro. Às vezes falava com ele e descobria que ele era muito mais "desembaraçado" que eu. Ou seja muito mais vivido e preparado para enfrentar a vida, com toda a conjugação de problemas que nos vão surgindo pela frente. A própria vida obrigou-o a correr atrás do "pão". Enquanto nós continuávamos a passear os livros, ele trabalhava, certamente...

Pouco tempo depois a quinta foi transformada em lotes e ele teve de partir para outro lugar e nunca mais nos encontrámos.

Comecei a falar da memória e dos lugares, mas o que eu queria dizer é que as pessoas com menos instrução, pensam menos e vivem mais. Habituam-se desde cedo a viver o seu dia a dia sem pensar muito, ou seja vivem a vida como ela é...

De certeza que não era nada confortável para a sua mulher, provavelmente com uns dezoito anos, já ter dois filhos para criar e ter um terceiro a caminho. Mas como diria a minha avó, tudo se cria...

Nãos sei se nós pensamos de mais. Sei sim, que só quem não gosta de pensar muito, é capaz de ter uma "ninhada" de filhos nestes tempos a lembrar alguma da literatura de Charles Dickens...

O óleo é de Damian Elwes.

sábado, abril 06, 2013

Voltar (ou não) aos Lugares onde Fomos Felizes


Os livros e os filmes falam sobre as nossas vidas, mesmo quando são escritos ou filmados por um japonês ou canadiano. As nossas generalidades dão quase sempre cabo das singularidades...

São eles que nos dizem, e é quase verdade (quase...), que não devemos voltar uma segunda vez aos lugares onde fomos muito felizes.

Acenam-nos de que a desilusão é certa...

Só se esquecem de um pormenor, da nossa capacidade de "ver coisas", mesmo onde elas já não existem...

(Onde me consigo abstrair com mais facilidade é nas praias que conheci na infância, algumas quase desertas e hoje têm avenidas que quase querem entrar no mar. Consigo quase sempre, ao fechar os olhos, ver os caminhos de areia que percorríamos até ao mar do nosso encantamento...)

O óleo é de Damian Elwes.

terça-feira, dezembro 11, 2012

O Gostar é Outra Coisa


Quem tem mais que um filho, raramente consegue ter o mesmo tipo de relacionamento com ambos. 

Isso não tem nada a ver com o gostar, tem mais a ver com as proximidades, com a conjugação de feitios, com os pontos comuns que nos unem. E claro, com a diferença dos sexos, que também é um ponto de atracção, no melhor dos sentidos...

O "barro" com que somos feitos e moldados nunca é igual, mesmo que venha da mesma "fábrica"...

O óleo é de Marina Marcolin.

sábado, setembro 15, 2012

Manifestação


Não estarei na nossa Praça da Fruta, mas sim na praça José Fontana.

sábado, abril 14, 2012

O Palacete da Praça do Peixe


As Caldas da Rainha ainda possuem alguns palacetes, como este na antiga "Praça do Peixe".

A minha avó esteve lá "a servir" (era esta a designação que se dava às jovens que iam desde cedo trabalhar como criadas para as casas de famílias importantes).

Só lá entrei uma vez, na sua companhia. A avó aproveitou uma passagem na cidade foi visitar as senhoras (as "Pereiras", que foram donas de uma boa parte da localidade, no tempo das "quintas" que rodeavam as Caldas e onde o avô foi feitor...). Não devia ter mais onze, doze anos.

Fiquei encantado com a casa, especialmente com o seu jardim interior, onde nem faltava um pequeno lago... 

Felizmente o palacete continua com um bom aspecto exterior.

terça-feira, março 13, 2012

«O Mundo mudou. Ponto final.»


«Não. O mundo mudou mas ainda não acabou. Tira lá esse ponto final.»

Foi assim que eu respondi, a uma pessoa cansada de viver neste mundo, em que se fecham mais do dobro das portas que se abrem, quando disse: «O mundo mudou. Ponto final.»

Somos quase todos conformistas, por isso é que conseguimos eleger políticos tão ordinários, corruptos e incompetentes. Temos um presidente da República que corre o risco de ficar na história como o pior dos piores (nem na ditadura havia gente assim, nem mesmo o Américo Tomás...). Temos presidentes de Câmara que se perpetuam no poder, sem fazer nada de significativo pelas suas gentes, além de se endividarem com obras faraónicas, onde no fim cortam uma fita e colocam uma placa com o seu nome. Mas o mundo avança...

O quase patrono das "Viagens", Alberto Caeiro, era capaz de dizer isto:

Fecham mercearias, 
fecham livrarias, 
mas o mundo avança... 
sem pontos finais, 
apenas com uma ou outra mudança.

O óleo é de Chris Miles (porque continuamos a ser uns anjinhos).

quinta-feira, julho 14, 2011

O Tempo Dá e Tira


Não sabia como explicar as diabruras do tempo à minha filhota, foi por isso que me lembrei que o meu irmão tocava viola desde a adolescência e provavelmente nunca mais dedilhou as cordas de qualquer instrumento de cordas...

O tempo vai nos afastando de coisas que gostamos de fazer e que passado tempo parece que perdemos o jeito e fingimo-nos esquecidos.

O óleo é de Eric G, Thompson.

quinta-feira, junho 23, 2011

O Sétimo Jogador


Ouvia-o falar e recordava uma história parecida, mas com contornos diferentes.


Ele era o imprescindível, ao contrário de mim, que poderia ser substituído por qualquer outro, com o mesmo êxito.

E isso não aconteceu apenas no futebol, também se passou no voleibol, no basquetebol e no andebol. Não passava de um jogador mediano, que normalmente fechava as equipas.

Explicações? A amizade, mas também a minha entrega. Acho que todos sabiam que se fosse preciso corria mais que eles, porque além de forte fisicamente, era extremamente generoso e solidário para com as equipas onde jogava.

Foi assim, como "sétimo jogador" que ganhei vários torneios populares de futebol de sete, para miúdos entre os doze e os catorze anos, com amigos que ainda prezo, mesmo que não os encontre há mais de duas décadas (e alguns casos três...).

O guarda-redes das equipas era sempre o Xico Madeira, franzino e pequenino, mas capaz de fazer defesas "impossíveis", tal como o seu irmão Jorge, um pouco mais velho. Depois jogavam o Zé da Silva, o Xico "Gago", o Paulo Gaspar, o Rui Pedro, o Nuno, o António Carlos (apenas uma ou duas vezes, o seu individualismo não se enquadrava muito no nosso sentido colectivo, por isso é que era conhecido pela malta como o "caga-manias"...) e mais um outro amigo que agora não recordo. Eu normalmente fechava a equipa (quase nunca existiam suplentes...).

O mais giro disto tudo foi um "craque" de qualquer rua, me ter recordado que não passava do "sétimo jogador"...

sábado, maio 14, 2011

Que Seja um Bom Dia Comercial


Hoje as montras das Caldas ganham vida.


Que seja um dia de muitas vendas, sorrisos e que as pessoas deixem transparecer no rosto a vontade de voltar...


terça-feira, agosto 18, 2009

Agosto Quente


Nunca pensei que este Agosto aquecesse tanto...
Ao ponto de ser extremamente desconfortável andar na rua nas horas de maior intensidade solar.
Nem à sombra se está bem...
Este mês não tenho passeado por Lisboa como noutros anos, nem tenho andado rente ao Tejo.
Não sei se me serve de consolo pensar que depois de amanhã é Setembro...

sábado, julho 04, 2009

A Vida É...

A vida é quase um "mar" de adiamentos...

Tanta coisa que queremos fazer e que vão ficando pelo caminho, à medida que vemos o tempo a passar por nós, como um comboio que vemos partir de uma qualquer estação e que vai ganhando cada vez mais velocidade...
Tudo isto apenas porque me lembrei das lista de cidades que queria conhecer e que ainda não sairam do papel.
Sim, Nova Iorque, Salvador da Baia, Berlim, Budapeste, Buenos Aires e Praga, continuam no topo da lista, cada uma por motivos diferentes...
Provavelmente não as vou visitar todas, talvez duas ou três.
Porque a vida é quase um "mar" de adiamentos...

O óleo é de Claude Monet...

domingo, maio 03, 2009

E o que Dizer de Maio?


Maio é tempo de flores mas também de frutos, a vida além de florescer também começa a amadurecer...

É um mês especial nos campos, onde a revolução do tempo começa a transformar as plantas, com a maior das naturalidades do mundo.


segunda-feira, dezembro 01, 2008

Conseguir Sorrir à Dor

Se há algo raro num ser humano, é a capacidade de resistir à dor e à adversidade, com um sorriso nos lábios, acreditando sempre que amanhã é melhor.

Acho que só conheço mesmo o Alexandre, pai de um dos poucos amigos com o qual mantenho contacto assíduo nas Caldas.

Lembrei-me dele sem uma razão aparente. Recordei-me do nosso encontro no Verão, do seu abraço, do seu sorriso e das suas palavras, sempre condimentadas com um dito espirituoso.
Também troquei algumas palavras com a esposa dedicada, sempre apreensiva com o seu estado de saúde, devido aos muitos problemas que o cercam há mais de três décadas (com dezenas de internamentos e intervenções cirúrgicas) e aos quais responde, presente, com um sorriso e uma vontade indomável de viver, que deve fazer desistir os "anjos negros" de o levarem para o outro lado do mundo...

Gosto muito dele, pelo exemplo que é, e sempre foi. Nunca lhe disse, mas ele é um vencedor nato. No jogo mais ingrato que temos de enfrentar, ele já leva muitas "vidas" de avanço. Quando for "derrotado", vai conseguir sorrir, porque é um vencedor...
O "Flautista" é do Portinare.