
Mil novecentos e oitenta e um foi um ano quase mágico para mim... as coisas que descobri nesta cidade enorme e intensa, que abraça o Tejo e é a Capital deste nosso pequeno país.
Imbuído no espírito revolucionário, ou apenas curioso com todos aqueles festejos à LIberdade, dei "corda" aos meus dezoito anos e fui a todas...
Participei no espectáculo musical que teve lugar no Rossio, na noite de 24 para 25 de Abril; desfilei desde a Avenida da Liberdade até à Praça do Rossio, na tarde de 25 de Abril, lado a lado com verdadeiros democratas - que acordaram muito antes do dia vinte cinco - com um cravo na mão; e no dia Primeiro de Maio, também estive presente no espectáculo musical que se realizou no Parque Eduardo VII...
Como se comemorava apenas o sexto aniversário da Revolução senti no rosto das pessoas, que ainda estava tudo muito vivo, que ainda acreditavam, gritavam e cantavam, em coros, mesmo desafinados por um Portugal mais livre e democrático...
Nunca mais "fui a todas" como nesse ano de descobertas...
Ainda hoje não sei explicar o porquê de sentir estes acontecimentos de uma forma tão especial: se foi dos meus dezoito anos; se foi de me encontrar pela primeira vez numa grande cidade (nas Caldas, terra conservadora até ao âmago, acho que as pessoas tinham vergonha de dar vivas ao 25 de Abril e ao 1º de Maio...); se foi descobrir tantas pessoas bonitas que "nasceram" livres, muito antes de 25 de Abril...
É impossível esquecer, nesta jornada de amizade, o Zé e a Elisete, verdadeiros paladinos da Liberdade, que reforçaram os ensinamentos dos meus pais, na construção do tal mundo mais justo e solidário, constantemente adiado...