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terça-feira, julho 10, 2018

Os Campos do Oeste...

Durante anos passámos uma boa parte dos domingos da nossa infância na casa dos avós maternos (e claro, uma boa parte das "férias grandes"...).

A viagem não era longa, mas as estradas desenhadas pelo tal inglês dos "ésses" e iésses" (continuam lá. são as mesmas, mais largas aqui e ali, mas com as mesmas curvas...), que acompanhavam os montes e vales, assim como os condutores das camionetas de carreira, ofereciam alguma "aventura" pelos campos do Oeste...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, novembro 05, 2017

Salir de Matos em Parágrafos (7)


Hoje vou falar do meu avô, Manuel Joaquim, um excelente contador de histórias e homem de grande sabedoria em relação a todas as coisas da natureza.

O que não ele aprendeu nos livros que não leu (por nunca lhe terem ensinado praticamente nada do mundo das letras e das palavras escritas), numa altura em o normal nas aldeias era as crianças não colocarem os pés na escola (ajudar a família nos campos era muito mais "importante"...), aprendeu com as muitas vozes da sabedoria, que escutou aqui e ali, guardando histórias e saberes milenares dos campos, sobre a magia da natureza.

Histórias que nos contava com mestria, deixando-nos presos às suas palavras, sentados nas escadas de cimento que davam acesso à casa de fora.

(fotografia de Artur Pastor)

sábado, agosto 30, 2014

A Festa de Salir de Matos


No começo de Agosto, talvez no seu primeiro fim de semana, decorria a Festa de Salir de Matos, igual a tantas outras que enchem de alegria as aldeias portuguesas.

Acho que todos os meus tios foram festeiros, ou seja os "operários para todo o serviço" da festa pagã, que nunca se desligou da paróquia (penso que era o padre que guardava os seus lucros, embora não tenha a certeza absoluta).

De um ano para o outro (acho que já neste milénio, embora o tempo voe...) deixou de se realizar, sem que fossem dadas muitas explicações, para lá das dificuldades financeiras em realizar os festejos, com muitos anos (sempre me lembro da sua realização...) de história.

Infelizmente nunca mais foi reactivada. Este ano durante um jantar familiar soube de mais um pormenor, que concorreu para algumas discordâncias entre os organizadores, a existência de uma pipa de vinho, que podia ser consumida à discrição, por todos os contribuintes da festa.

Algumas pessoas não só achavam que a "pipa" causava descrédito como era um "rastilho" para algumas discussões, provocadas por quem tinha "mau vinho".

Com pipa ou sem pipa, eu limito-me a lamentar que tenham colocado fim esta Tradição, sem grandes explicações, como é hábito acontecer no nosso país, de tantas "mortes solteiras"...

O óleo é de Alphonse Roman.

quarta-feira, agosto 28, 2013

As Amoras Silvestres


Uma das maravilhas das férias grandes passadas nos campos, eram as "barrigadas" de amoras silvestres, que tanto eu como o meu irmão e alguns amigos, colhíamos nas silvas que cresciam rente aos caminhos.

Eram uma delícia que nos deixava com uns bigodes da cor do vinho tinto.

De certeza que ainda existam muitas amoras silvestres por aí, eu é que tenho andado pelos caminhos errados...

sexta-feira, novembro 16, 2012

As Pequenas Memórias


Às vezes escrevo sobre o mesmo assunto nos meus três blogues. Hoje também aconteceu isso, pela feliz coincidência de José Saramago comemorar o seu 90º aniversário.

Ele surge aqui essencialmente porque "As Pequenas Memórias", acabam por ter alguma ligação às minhas "Viagens por Salir de Matos". Além de espelharem as memórias de Saramago na Azinhaga, a aldeia do Ribatejo onde nasceu e passou as férias na infância e adolescência, também reflectem alguns episódios das férias passadas nos campos, por muitos de nós.

Saramago fala entre outras coisas, da "aventura" que eram as pescarias no rio. Também eu, o meu irmão e outros amigos, andámos com pequenas canas artesanais à pesca nos pequenos ribeiros que passavam em redor de Salir de Matos, fascinados sobretudo pela beleza da água...

O óleo é de Jim Daly.

sexta-feira, julho 15, 2011

Vou Para o Sul Mais uma Vez


Mesmo sentindo saudades do nevoeiro matinal e das ondas vivas da Foz do Arelho, parto mais uma vez para o Sul.

Confesso que parto convencido, porque o sítio que me espera é um lugar onde estamos de férias, de corpo e alma.

quarta-feira, outubro 06, 2010

A Bela Sopa...

Ao olhar este óleo da russa, Zinaida Serebriakova, lembrei-me logo das fitas que o meu filho faz em relação ao sopa (e como estas coisas se pegam, a irmã também já finge que não gosta de sopa...).
Mas fui mais longe, lembrei-me que embora sempre gostasse de sopa, também não morria de amores pela sopa que a avó fazia - que o meu irmão adorava - só caldo e "entulho". Sempre gostei de sopa passada, com o respectivo "entulho"...
Quando estávamos em Salir de Matos de férias, eu era sempre um "problema" com a comida, porque estava mal habituado com a "comidinha da mamã" e estranhava aquela comida tradicionalmente portuguesa, cozinhada com a simplicidade da avó...
O que nunca estranhei foram os ovos estrelados e as batatas fritas em azeite, nem o chouriço assado na brasas do lume (a avó tinha um fogão que raramente usava, que estava na cozinha de fora) quase uma lareira que funcionava a lenha.

quinta-feira, julho 15, 2010

O Mar da Foz

Vou para o Sul, com saudades do Mar da Foz do Arelho.

Lá não existem ondas que se façam respeitar e escutar, mesmo pelos nadadores mais atrevidos, nem bandeiras vermelhas desfraldadas, quase diariamente. E nem falo do nevoeiro, que até dá para esperarmos pela chegada do D. Sebastião, em qualquer barca...


Este mar sonoro e mexido prolonga-se quase até à Figueira da Foz. Esta foto por exemplo, foi tirada na Praia Vieira.


terça-feira, maio 11, 2010

A Hora de São Martinho

A confusão e as dúvidas que se mantêm em relação à recuperação da Foz do Arelho praia, deverão transformar São Martinho na praia do Verão. para uma boa parte dos caldenses que não rumam para outras paragens.
Só espero que o Vento não apareça muitas vezes, a fazer lembrar o deserto do "Sahara"...

terça-feira, fevereiro 23, 2010

A Areia da Foz do Arelho

Estive a fazer um exercício de memória, em busca das primeiras recordações que tinha da Foz do Arelho.

Lembrei-me de uma manhã de nevoeiro, onde descobri a beleza dos seixos, aquelas pequenas pedras entre o esférico e o oval, de várias cores, quase sempre polidas pelo mar. Era pequenote e trouxe o balde quase cheio para casa...
Não me lembrei do frio, da maresia que nos refrescava a cara e o corpo, nos dias em que o sol teimava esconder-se, até pelo menos à hora do almoço.

As praias de Salir e S. Martinho do Porto, mais frequentadas pela família, não tinham nada daquilo, apenas a areia fina manhosa, que adorava colar-se ao nosso corpo e que sempre detestei...
Nesses tempos a família era mesmo uma instituição, lembro-me de fins de semana na praia, com os meus avós, tios e primos. Era uma animação...
Os almoços tornavam-se em autênticos piqueniques, em pinhais próximos da praia, com direito a sesta e tudo. Da ementa havia sempre arroz de tomate e panados, que comíamos em pratos de plástico, num ambiente de alegria e partilha, que hoje está tão em desuso...

A Foz do Arelho desse tempo tinha fama e algum proveito de ser uma praia perigosa, porque facilmente se perdia o pé nas margens da Lagoa. E a aberta também costumava fazer das suas, especialmente a nadadores incautos, que se assustavam ao mínimo sinal de remoinhos e por lá ficavam...
Mesmo com estes perigos, no começo da adolescência, começámos a saborear a praia sem a companhia dos pais. De bicicleta, lá íamos nós do Bairro dos Arneiros até à Foz do Arelho. Eu era o mais pequeno e o mais "reguila", daquele grupo de amigos que já não há...

Interrompi esta "prosa" para ir levar a minha filha à escola.

O vento fez-nos companhia, na caminhada. Houve mesmo um momento em que fechei os olhos e recordei outras caminhadas, já adulto, à beira-mar, fora de época, em que também fechava os olhos e sentia aquela frescura atlântica, tão agradável, perfumada com o sal do Mar mais comunicativo que conheço...
Sim, o mar da Foz , fala, ruge, irrita-se. É por isso que está a tomar conta do areal. É provável que ande um pouco indeciso, porque também gosta de ter companhia. Só espero é que não se lembre dos "auto-falantes" de Verão, para não se enfurecer ainda mais...

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

A Boa da Electricidade

Estava a conversar com amigo, sobre este triste país antes de Abril.
Embora sejamos da mesma geração, crescemos em sítios diferentes. Eu no Litoral, ele no Interior.
Ambos sabemos que a diferença entre a proximidade do mar e o distanciamento sempre existiu, não é coisa dos nossos tempos...
Mas o que nos uniu na conversa foi o facto de a maior parte das aldeias do interior não terem electricidade. Recordei a aldeia dos meus avós paternos, onde a única televisão que existia era a do também único café, movida por um gerador ensurdecedor. Ele recordou outras onde nem gerador existia...
Nós quando somos pequenos adaptamos-nos a tudo e não achamos as coisas estranhas. Eu por exemplo, vivia na cidade, numa casa normal, sem luxos mas com tudo o que deveríamos ter direito. E nunca estranhava ir para a casa dos meus avós maternos, onde passávamos parte das férias, dormir por exemplo num colchão cheio de folhas secas de milho. Até gostava de saltar em cima dele e ver como ficava deformado... Embora já tivéssemos electricidade (nunca me lembro da casa dos meus avós sem luz eléctrica... fomos mesmo dos primeiros de Salir de Matos a ter a instalação eléctrica, graças ao meu tio electricista), visitava algumas casas que apenas eram iluminadas a candeeiro de petróleo, daqueles de vidro, e a candeias de azeite.
Consigo ver todos à volta da mesa, na casa dos Antunes, a jantarem, com os rostos cheios de sombras do reflexo do candeeiro. Na altura achava aquilo exótico...
E sem luz não existiam frigoríficos, haviam sim as arcas de salmoura, onde se conservava a carne com sal grosso. Até o peixe era salgado (detestava os carapaus salgados, que só via pendurados na cozinha da avó)...
Foi Abril que trouxe a electricidade a quase todas as aldeias do país, assim como estradas, mais ou menos decentes.
Pensar que há por aí, quem queira o regresso de "Salazar".
A ignorância sempre foi e será, muito atrevida...

terça-feira, dezembro 08, 2009

Quase Jardim Interior

Estava a ver algumas fotografias quando parei nesta, que tirei na última vez que visitei Salir de Matos, ainda na Primavera.

A fotografia não ficou muito boa porque foi tirada do muro, porque todo aquele espaço pertence agora à paróquia local e não quis passar por "invasor"...
É uma parte do pátio da casa dos meus avós maternos e aquele telheiro interior foi sempre um lugar especial para nós. Permitia-nos brincar em pleno Inverno, ao som da chuva que caia ali mesmo ao lado.
Como o chão era de areia, podíamos fazer buracos (sem exageros, claro...) e construir estradas para os nossoa carrinhos, ou jogar ao berlinde...
Claro que muitas vezes acabávamos por inventar outras brincadeiras, com a água da chuva, acabando por nos molhar e ouvir a avó...
Ainda hoje sinto que havia algo de "mágico" naquele lugar, aberto, mas protegido do rigores do Inverno e do Verão...

domingo, agosto 02, 2009

Agosto Fresco

A chuva que caiu ontem fez com que um amigo me dissesse que o Inverno começa quase sempre em Agosto...

Claro que não passou de uma metáfora, de uma tentativa de me explicar que embora Agosto seja o mês por excelência das férias dos portugueses, é também o mais brincalhão, aquele que acolhe as chuvas e o frio, ainda que passageiro, com um sorriso traquina, de quem consegue trocar as voltas a muito boa gente.

Sempre gostei mais de Julho para férias. É assim há mais de vinte anos (só gozei férias em Agosto, obrigado...), até porque Lisboa, Almada (sim, apesar da Costa de Caparica ser a dois passos, fica mais calma), ou outra cidade que não seja local de férias de veraneio, ficam sempre mais calmas...
O mesmo não se pode dizer das Caldas, que fica sempre com mais vida nos meses de Verão, por ser o centro urbano mais próximo da Foz do Arelho e de S. Martinho do Porto.

quinta-feira, julho 16, 2009

Janela Azul

Gosto desta janela de Guilherme Parente, onde se olha o azul do mar e o azul do céu...
Só não percebo o que faz por ali, aquela nuvem castanha. Caprichos do artista, só pode...
Caprichos que se estendem à parte inferior, onde nem falta alguém de chapéu, com um livro na mão.
E sabe tão bem ler, dentro de uma sombra, olhando nos intervalos das palavras, o azul do mar e o azul do céu...
Prometo voltar em Agosto.

segunda-feira, julho 06, 2009

Outros Adiamentos...

As viagens nem sempre são possíveis de concretizar por questões económicas e pela ausência de dias vagos para se terem férias mais pessoais. Quem tem filhos menores, planeia sempre as férias a pensar na praia, muito importante para a saúde no ano inteiro (o único ano que não fiz praia, fui atacado por uma gripe que durou uns três meses...).
Mas o que quero falar agora, é de outros adiamentos, das leituras dos livros que vão ficando na prateleira, embora alguns não desistam de nos acenar...
Há livros que estão lá porque sim (não há grande vontade de ler...), outros é mesmo falta de tempo e medo (sim esta mania de se escreverem livros com mais de quinhentas páginas não tem muito a ver comigo, sinto que são palavras a mais e tenho dificuldade em agarrá-los...).
Foi por isso que ainda não li livros que já estão na estante há mais de uma década, embora ainda me pisquem o olho, de vez enquanto, como são os casos de, "O Ano da Morte de Ricardo Reis", de José Saramago e do, "Fado Alexandrino", de António Lobo Antunes (este recomendado pelo autor...).
Dos mais recentes, também me piscam o olho, embora menos, o "Equador", de Miguel Sousa Tavares, o "Eu Hei-de Amar uma Pedra", novamente Lobo Antunes, a "Cara da Gente", de Batista-Bastos... e depois há outros mais curtos como, "Os Duros não Dançam", de Norman Mailer, "A Virgem e o Cigano", de D. H. Lawrence, que me atrairam sobretudo pelos títulos (estes dois devem ir de férias comigo, finalmente...).
E, sem saber explicar muito bem, existem outros livros que me ofereceram que não tenho vontade de ler. Alguns de José Rodrigues dos Santos, da Margarida Rebelo Pinto e até o "Código Da Vinci", de Dan Brown. Sei que é uma falha minha, devia ler para perceber o porquê dos seus sucessos, mas...
O óleo é de Juan Gris, um nome grande do cubismo.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Aquele Querido Mês de Agosto

O filme português, "Aquele Querido Mês de Agosto", de Miguel Gomes acabou de estrear nas nossas salas de cinema.

O realizador fez o filme possível (o dinheiro era curto...) que anda muito á volta do seu imaginário, das suas férias de infância, das festas que quase todos conhecemos de aldeia, animadas por grupos musicais de baile e também por cantores do "universo pimba".
Não vi o filme pelo que não vou falar dele. Vou falar sim da festa da minha infância, que se realizava em Salir de Matos, e que por acaso também tinha o seu grupo "fetiche", o "Conjunto Jaime Ferreira".
Realizava-se anualmente no começo de Agosto e era o acontecimento mais relevante da aldeia. Penso que todos os meus tios foram festeiros...
Claro que cresci e fui deixando de aparecer... porque os bailaricos de aldeia eram uma coisa pirosa para os "rapazes da cidade"...
Há pouco tempo soube que esta festa já não se realizava. Quis saber porquê. Contaram-me que os responsáveis pelo último ano de festejos não tinham apresentado contas, havendo mesmo suspeitas da falta de honestidade de alguns elementos.
Esta irresponsabilidade acabou por colocar fim a uma tradição de largas dezenas de anos...
Faz-me confusão que os anos passem e Salir de Matos não volte a ter a sua Festa no mês de Agosto, perante a passividade de toda a Freguesia...

segunda-feira, julho 14, 2008

As Ceifas

A ceifa dos campos está associada ao Verão...

Lembro-me no começo da adolescência de a minha avó me ter ensinado a ceifar. Embora, na verdade, nunca me ajeitasse muito com a foice.
Pouco tempo depois, tive oportunidade de colocar em prática os ensinamentos da avó. Não sei bem porquê, sei apenas que eu, o meu irmão e o meu pai, tivemos de ceifar o pasto que o avô tinha semeado para o gado, na parte superior da Ambrósia.
Claro que aquilo era mais brincadeira que ceifa, ao ponto de o pai, ceifar mais de metade do pasto...
Para não ficarmos muito desanimados, explicou-nos o porquê de ceifar tão bem, contando-nos as suas aventuras no Alentejo, nos tempos de escassez de comida e de trabalho...
O pai e o seu avô, assim que se aproximava a época das ceifas, faziam a trouxa e partiam para da Beira Baixa para o Alentejo, onde passavam dias e dias a ceifar, de sol a sol, atrás do "pão", amassado por algum parente do diabo...
Claro que nem tudo era mau, havia sempre o convívio, a alegria do povo que vinha de várias regiões, para o Sul, e as histórias, que ia ouvindo aqui e ali, sobre outros mundos, além da sua Beira, tão inóspita...

O belo óleo, "A Salmeja", é da autoria de Silva Porto.

quinta-feira, junho 26, 2008

As Férias Grandes

Por esta altura já estava de férias, as famosas férias grandes, que se prolongavam até ao fim de Setembro...
Na infância, as férias eram repartidas pelo campo (a casa dos avós maternos em Salir de Matos), pela praia (muito Salir do Porto, alguma Foz do Arelho, pouco Baleal) e pelas ruas do bairro (com jogatanas de futebol intermináveis na rua detrás, da terra que nos pintava as pernas e a roupa de negro).
No começo da adolescência, a praia ganhava ao campo, e a Foz do Arelho, arrumava definitivamente as outras praias... lembro-me de quase abrirmos a época balnear e de a fecharmos em Setembro... muitas vezes com nevoeiro e frio, éramos os únicos "malucos" que não arredavam pé, e não passavam sem os banhos e as diversões dentro de água...
Os únicos seres que rivalizavam connosco, como "proprietários da praia", eram as gaivotas...
E foi assim, até crescermos um palmo e perdermos esta "boa vida"...

O óleo, "Gaivotas", é do setubalense, João Vaz.

sábado, março 29, 2008

Ainda a Primavera...

Não sei explicar muito bem porquê, mas sempre me lembro de gostar de me deitar na vegetação dos campos largos, quase abandonados, quase a "milhares" de quilómetros da civilização.
O ritual é sempre o mesmo, tento ficar quase invisível, quieto e em silêncio, com o olhar preso ao céu e às nuvens que passam lentamente. Depois começo a absorver os sons e os cheiros naturais, sentindo toda aquela vida, povoada de pequenos animais que voam e circulam por ali e de inúmeras plantas, cada vez com mais nitidez...
Os grilos, as abelhas, as cigarras, os pardais e as andorinhas, são quem mais se faz ouvir, numa sinfonia única...
Os perfumes campestres misturam-se e enchem-me as narinas, com a mistura do rosmaninho, dos malmequeres e tantas outras plantes silvestres...
É tão bom sentir que o "tempo" nos campos é diferente do "primo" chato das cidades, que nos faz correr, de um lado para o outro, presos aos minutos e segundos, atrás do "nada".
Até parece que ele pára, por breves minutos...
A Paisagem é de António Ramalho...

sábado, janeiro 26, 2008

O Jardim Interior

Um dos espaços onde costumávamos brincar na casa da avó, especialmente quando estava mau tempo, era uma espécie de jardim interior, que nos permitia estar em contacto com o sol, com a chuva e com as nuvens, protegidos por um telheiro...

Era um ponto de passagem quase obrigatório, pois convergia com um dos páteos, com a casa do tio João, com o palheiro do sotão e também com a chamada "casa velha", onde se guardavam velharias...
Debaixo do telheiro, encostada à parede, estava um arca enorme de madeira, onde se guardava o trigo, que se trocava por farinha, na moagem da aldeia. O seu tampo (na altura, enorme...) era quase sempre ocupado pelos nossos carros, onde inventávamos mil e uma brincadeiras...

A pintura surrealista que acompanha este texto (também ele, para o surrealista...) é do italiano Giorgio De Chirico...