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o meu café

23.1.16
De manhã mando shots de cafeína, de pé num balcão de um café local.
As paredes são em tons de cinza, branco com detalhes roxos. Há espelhos um pouco por todo o lado, mas como me confundem o cérebro, nem sei bem onde estão. As cadeiras brilham num misto de limpeza e dúvida sobre a mesma. A televisão passa os programas da manhã e os senhores lêem o JN. As senhoras saem de casa ainda em chinelos com a carteira debaixo do braço e tomam meias de leite e galões.
O café é óptimo, as bolachas de chocolate também e a menina que me atende irrepreensível na sua simpatia e educação.
Aqui tudo falha, com excepção das pessoas que atendem e da qualidade do produto. Então, será que falha mesmo, ou realmente funciona?

Agora dou por mim a pensar muito em espaços comerciais e como as pessoas se sentem quando vão comprar algo. Esquecendo os shoppings, que ficam lá na secção do Sr. Belmiro, as lojas pequenas, locais, fora dos centros urbanos, ficaram presas entre uma economia que esmagou qualquer negócio em nome próprio e uma nova geração que se desloca de carro para todo o lado e quer ter tudo à distância de dois passos. A maior parte dos negócios morreram e os que sobreviveram, fizeram-no à custa da teoria do 'não respira', ou seja mantiveram-se congelados com medo de qualquer passo em falso que os poderia condenar.

Quando vemos de fora, de longe, está tudo mal, criticamos o espaço, as pessoas, a decoração e a oferta. Mas depois quando nos aproximamos também temos de ver o que têm de melhor.

Não me sinto bem em sítios demasiado brancos e clean, também já não aguento a moda hipster-urbana, o saudosismo nacional (abrindo uma merecida excepção para a Vida Portuguesa que faz tudo tão bem e de forma tão cuidada, que é quase irrepreensível), nem o rococó fofinho em tons pastéis.

Queremos sítios bonitos, limpos, com muita oferta, acessíveis, com pessoas simpáticas e disponíveis, queremos ter o que os shoppings têm e mais alguma coisa para sermos diferentes e queremos, depois de tudo, que tudo seja genuíno. Simples e genuíno. Assim, sem grande esforço.
Mas afinal, será que isso é mesmo possível?

E vocês? O que vos faz sentir bem num sítio? Bastará as pessoas e o produto? E o resto, de que forma tudo o resto afecta o essencial?

Coisas bem feitas

4.11.14

O Alfaiate Lisboeta é um blog conhecido por muitos pelas suas (boas) fotografias de 'estilo de rua'. O seu autor já há muito que saltou das páginas do seu blog para outros projectos que o levaram pelo mundo da moda e da comunicação fora da dimensão de blog.

Hoje fiquei a conhecer a sua loja online: a J. Lisbon. E tenho de aplaudir o conceito, porque o que o José Cabral fez aqui, foi bem feito.
Ele conseguiu pegar num conceito online e aproximá-lo do conceito de loja personalizada, pois usou a sua imagem, a fotografia que o caracterizou durante tantos anos, as mesmas pessoas reais, as mesmas ruas do blog, as peças de roupa que o caracterizam a ele em termos de estilo. E falou. Por cada peça da sua loja ele escreve. E escreve bem.
É como se entrássemos numa loja de alguém que conhecemos há anos e ela nos fala com orgulho da peça que tem exposta.
Está bem feito, sobre o conteúdo, não explorei muito as roupas, mas identifiquei alguns homens que estava habituada a ver no seu blog. O mesmo estilo, a mesma luz, a mesma descontracção, as mesmas caras. Ele próprio.

É este o conceito que os blogs têm e que aproxima as pessoas, mas que muitos blogs estão a perder em detrimento de procurarem uma imagem de revista, tudo produzido, tudo pensado, tudo editado, muitas fotografias, poucas palavras, poucas opiniões. E é aí que começa a perder a graça.
Ele conseguiu um bom equilíbrio entre o estilo de rua e as pessoas com que nos cruzamos e uma montra online. Sem perder qualidade, sem perder cuidado, como aliás já era característico das suas fotos na rua.
Para além disso tudo é uma loja de homem. E fazia falta uma loja só para homens.

cata-vento

17.6.14
flowers not vintage
Desde o tempo de miúda em que visitava com a minha mãe a loja da D. Berta no Lumiére que eu sonhava em ter uma loja vintage. Naquela altura esta expressão nem existia, mas eu só imaginava que aquela senhora passava a vida a procurar tesouros nos sótãos das casas mais bonitas do Porto. E do mundo. Sim, porque para mim, aquela senhora com óculos pontiagudos, sapatos roxos e chapéu na cabeça havia de viajar muito pelo mundo. Como eu um dia faria. Isto de andar na escola era apenas uma ponte para uma vida 'desviada' que eu sonhava ter. Entre bastidores de teatro e pubs de final de tarde em Londres, eu seria uma destas excêntricas que apenas o mundo poderia classificar.

Bem, deixemo-nos de histórias, que todos vocês sabem que eu hoje estou mais para 'geek' e dona de casa do que outra coisa, lá está, o mundo terá de esperar por mim e eu terei de continuar a sonhar com ele. Nunca se sabe.

Fico muito feliz por poder ver e visitar tanta coisa boa a aparecer no Porto que recupera tantas memórias e imaginários de casas e vidas passadas, que recicla e valoriza o que um dia foi nosso, e traz à nossa cidade todo um ecletismo que as mega stores nunca vão conseguir trazer. E o Porto é propício para isso, porque de todas as cidades do país sempre foi a que mais charme emanou nas ruas. Digo eu, que sou suspeita!

Há umas semanas atrás fui com a minha melhor amiga desanuviar as ideias e visitar a casa aberta das irmãs Ana e Patrícia, criadoras da loja Cata-vento Vintage. Foi uma surpresa tão boa visitar a casa delas, o bom gosto é uma coisa que não tem preço nem idade e que se sente facilmente em quem o detém. E elas têm muito bom gosto. A loja delas é a prova disso mesmo e as peças que elas seleccionam são escolhidas minuciosamente para fazerem parte deste pequeno tesouro que é o Cata-vento.

Aproveitei para tirar algumas fotos, trazer mais umas peças para mim, experimentar roupa e falar um pouco com elas, sobre este mundo das velharias, da segunda-mão e do vintage em Portugal.
Querem entrar e conhecer a Cata-vento melhor? Venham:

cata-vento (vintage shop)cata-vento (vintage shop)cata-vento (vintage shop)

Nome(s): Ana Carolina e Patrícia Jorge
Idade: 36 e 38 anos
Ocupação: à procura de novos futuros
Presenças web: Facebook Cata Vento
3 palavras sobre o cata-vento: amor pelos pedaços do passado


1 - O vintage é algo recente na vossa vida ou já tem, tal como as peças, um longo passado? 

O bichinho do vintage está dentro de nós há bastante tempo. Sempre fomos ‘recolectoras’ de objectos e pedaços do passado. Primeiro por nostalgia das coisas que tinhámos em casa das nossas avós: objectos da cozinha, peças de roupa, sapatos, malas, botões, revistas de Moda (a nossa tia-avó era modista!), brinquedos, “o infinito e mais além. As cores, as linhas, os desenhos, a tipografia, são elementos que sempre nos fascinaram.
Rapidamente ficámos viciadas em coleccionar tralha e entusiasmadas com a possibilidade de ir montando “puzzles” de objectos com história.

2 - Como surgiu o cata-vento? 

Uma paixão partilhada por duas irmãs e uma vontade muito grande de fazer aquilo que gostam: andar a caçar tesouros de outros tempos. E bom, como já não temos mais armários e espaço para guardar tamanha tralhice, decidimos que seria interessante partilhar esta nossa paixão com as demais pessoas.

3 - Quem vos visita o que pode esperar encontrar? 

Por um lado, aquilo que já é designado como o ‘malódromo’, onde vamos expondo diferentes tipos de malas e carteiras. Depois armários recheados com peças de roupa, loiças, objectos de decoração de décadas passadas, bem como algumas peças de mobiliário.

4 - As vossas peças são exclusivamente portuguesas ou também vêm de fora? O que vocês acham do vintage português vs o de outros países? 

Em termos de objectos para o lar damos bastante importância a peças genuinamente portuguesas: garrafas térmicas da Fergel ou da Lusotermo, plásticos da Plasfil, da Figueira da Foz ou de Leiria e loiças de marcas históricas como Sacavém, Raul da Bernarda, Coimbra, Candal, Vista Alegre, Viana ou Sado Internacional. Claro que também temos coisas de outros países, em particular peças de roupa e carteiras. Não estamos dedicadas em exclusividade a uma única proveniência.

5 - Como é que se vive de vintage em Portugal? Há mercado em termos de procura e de material para alimentar um negócio? 

Há mercado e muito por explorar, agora há um interesse muito grande pelas maravilhas do design industrial e o nosso país tem uma herança industrial muito forte. A tipografia das zonas comerciais também ganharam muitos entusiastas.
É muito curioso perceber padrões reveladores da nossa história. Por exemplo, as malas e carteiras até aos anos 80 eram muito sóbrias, é raro encontrar peças de cores que fujam ao preto-castanho-azul e roupa que seja justa. As peças dos anos oitenta são ilustrativas da mudança, da utilização de cores, ou da quantidade de peças disponível.
Quando compramos noutros países percebemos muitas diferenças por época. Temos verdadeiras lições de história económica, social e cultural nestas andanças!

6 - Quem são os vossos clientes? 

Temos muitos amigos clientes e clientes que se tornaram amigos.
Compramos com base no nosso gosto pessoal, mas muitas vezes vemos peças e pensamos numa determinada pessoa. Temos pedidos pendentes de peças que tentamos encontrar. Mas creio que não tenhamos um perfil especifico de cliente.
Há quem vá para comprar uma mala e saia com um serviço de chá. A caça ao tesouro tem destas coisas!

7 - Já todos sabemos que passamos uma fase de revivalismo em Portugal, por isso as peças de décadas passadas estão muito em voga. Acham que isto é uma moda passageira ou veio para ficar? 

Sempre houve interesse pelas coisas do passado e é recorrente usá-lo para fazer o presente. O que é valorizado e está em voga é que vai mudando, percebemos que é ciclico, já passamos por alturas que todos queriam gira-discos, depois veio a vaga do mobiliário das décadas 50, 60 ou 70.
Neste momento podemos afirmar que é muito raro encontrar candeeiros para tantos pedidos. E bom, encontrar cães de loiça a preços acessíveis é missão impossível!
O sotão da avó, a casa da tia, a casa dos vizinhos foram essenciais para a construção dos nossos imaginários. Jogámos Spectrum, falámos no Tom Sawyer e na Candy Candy, víamos o Roque Santeiro e todos sabemos de cor as músicas do Verão Azul ou das Misteriosas Cidades do Ouro.
Já as gerações posteriores têm outro tipo de referências: as Playstation 1, os GameBoy ou o Dragon Ball, por exemplo.

8 - O vosso estilo pessoal é muito influenciado pelo negócio ou o negócio é influenciado pelo vosso estilo pessoal? Como é que se separam de peças que gostam?

Talvez a segunda opção seja a mais correcta, pois normalmente gostamos bastante das coisas que disponibilizamos para os outros. O processo de triagem por vezes é duro, implica sempre alguma negociação entre as duas – a irmã mais nova tem mais dificuldade em separar-se das tralhas. Vivemos um bocadinho com as peças e depois deixamo-las partir para novas mãos.

9 - E o Porto, com todo este rejuvenescimento da cidade, novos negócios e pessoas, é o local ideal para lançar um negócio deste género? 

É no Porto que vivemos e queremos continuar a viver. O eixo compreendido entre a Rua do Almada e a Mártires da Liberdade alberga variadíssimos locais dedicados às coisas do passado e é engraçado ver como os novos negócios se estabelecem e convivem ao lado das casas de velharias e antiguidades mais tradicionais.
Em relação à roupa somos grandes admiradoras da Mão Esquerda, da Absolute Tribute, da Mon Pêre entre outras, pois para além de encontrar peças incríveis, partilhamos amor pelas mesmas, é engraçado estar a conversar com quem vive isto e para isto durante horas.

10 - Para quando uma loja física e online? Está nos vossos planos?

Sim, obviamente adoraríamos ter um espaço físico, mas primeiro queremos ver como corre a experiência online.

11 - Para quem quiser ver as vossas peças ao vivo, onde vos podem encontrar nos próximos meses? 

Quem quiser visitar a nossa sala só tem que telefonar ou enviar uma mensagem e nós abrimos a porta de casa. Pelo menos uma tarde de sábado por mês teremos a porta aberta para quem quiser espreitar e temos algumas peças à venda na Mão Esquerda, Second Hand Shop, ali na Rua de Santo André, perto dos Poveiros.
  cata-vento (vintage shop)cata-vento (vintage shop)cata-vento (vintage shop)

E já agora fiquem a conhecer o serviço de chá mais bonito do mundo. É meu e veio da Cata-vento. Isso mesmo! (queria ter melhores fotos, mas para já é o que se arranja):
  serviço chá sacavem

coração alecrim

26.5.14
Coração Alecrim - PortoCoração Alecrim - Porto Coração Alecrim - Porto Na sexta-feira enquanto apanhava ar nas ruas do Porto resolvi passar pelo Coração Alecrim, na Travessa de Cedofeita para visitar a loja e fazer algumas fotos aqui para o blog.
Eu já conhecia esta loja há uns anos, mas não nesta nova versão em tudo muito melhor. O projecto Alecrim, que agora passou a Coração Alecrim mudou e cresceu e ganhou um novo sopro de vida. E que bem que sabe ver as coisas que mudam a crescerem e a tornarem-se cada vez melhores.
Eu sou uma fã de velharias há muitos anos e para além dos sítios locais e feiras da zona Norte, sempre que viajei procurei lojas antigas para visitar, e posso vos dizer com certeza que esta é uma das melhores lojas deste tipo que conheço.
Não é apenas pelas peças, o local ou os preços, mas pelo cuidado que se percebe que é investido em cada um dos objectos que lá estão expostos, pela procura e escolha de cada detalhe e peças que fazem toda a diferença. Por um velho que também convive com o novo numa harmonia única.
Pela presença das pessoas que estão atrás do balcão e que nos recebem na sua casa, não apenas para vender mas também para comunicar um trabalho que lhes dá prazer. A Rita e a Filipa, não se limitam a ter uma espaço que comercializa velharias, elas apresentam todo um conceito, de casa, moda, natureza, lifestyle que se sente a cada passo naquele espaço. Só a falar com elas percebi que a Filipa é fotógrafa e depois de chegar a casa tenho andado a navegar pelo trabalho dela absolutamente maravilhada (este assunto ficará para um outro post).
Talvez também por isso o Facebook delas seja tão bom de se ver, as fotografias são óptimas!

Deixo-vos com algumas humildes fotografias, que não fazem jus ao espaço e às peças ao vivo! Vale mesmo a pena lá ir, com calma e tempo, para apreciar os detalhes de cada peça, prateleira, revista ou planta.

Sem dúvida um projecto para ficar e crescer, com muito coração e todo o positivismo do alecrim!

www.coracaoalecrim.com
www.facebook.com/coracaoalecrim

Coração Alecrim - Porto Coração Alecrim - PortoCoração Alecrim - PortoCoração Alecrim - PortoCoração Alecrim - Porto