quinta-feira, 21 de abril de 2016

Atestado de óbito

Todo carnaval tem seu fim. E assim também são amores, posto que são chamas, eternas enquanto duram.
E dessa vez foi o nosso amor que morreu. Ou que foi morto. Ou que nunca foi amor mesmo.
Não, nem sempre vc foi assim.
Mas vc foi raso quando mentiu pra mim que tava indo ajudar sua prima e sumiu por 45 dias. Vc foi raso a cada vez que ignorou as mensagens que te mandei. Vc foi raso a cada vez que me pediu pra te esperar e depois veio dizer que não dava mais pra você.
Rasa é a sua reação de ser sempre a vítima e de se colocar ainda mais como vítima, como se você não tivesse poder algum sobre isso. Raso é vc achar que tem razão e que eu só quis sapatear em vc.
Acabou o que nunca começou de verdade. É triste, dói, frustra.
Mas tem um lado bom. O relacionamento que eu busco pra mim é com um companheiro, um parceiro pros dias de sol e de chuva, pras horas boas e ruins.
Se dá vontade de chorar, eu choro, tá doendo sim. Mas vai passar, a ferida vai cicatrizar e uma hora vou peneirar pra guardar apenas as boas memórias, os sorrisos divididos e o seu perfume. Aquele que eu te dei...


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Entre o medo e a vontade

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Não vejo a hora de te reencontrar...

... e continuar aquela conversa que não terminamos ontem e ficou pra hoje.
Pois é, as vezes as evidências parecem dizer que não, mas por algum motivo que eu ainda não sei explicar, meu coração ainda me diz que essa conversa só começou...
E, falando em começo, tudo deu tão errado pra que a gente se encontrasse! A maluquice de pegar uma ponte aérea 24 horas depois de voltar ao Brasil. Eu, que odeio voar depois da poltrona 5, apareci com reserva na poltrona 23. Troquei de poltrona 2, 3, 4 vezes e o sistema insistia em me dizer que eu deveria pagar R$30 a mais, o que eu obviamente não queria. Ai se eu tivesse lido direito que era uma proposta para um assento mais amplo, nada a ver com a poltrona que eu tinha escolhido. Cansei de brigar e resolvi ficar na 19 mesmo.
E já que era pra estar tudo ao contrário, não bastava eu estar no fundo do avião, ainda estava no corredor. Logo eu, que viajo parecendo criança, pendurada na janela. Logo pro Rio, que tem aquela paisagem que começa a encher meu coração de alegria antes mesmo de chegar.
Achei que o vôo estaria cheio e fiquei esperando pra afivelar o cinto enquanto a pessoa da poltrona do meio não chegava. E não chegou nunca. Você já estava lá, com um livro nas mãos e respirando tão profundamente, que fiquei na dúvida se estava meditando ou passando mal. Falou com seu pai, alguma coisa sobre o pagamento de uma conta. Eu ouvi, achei fofo o jeito que vc conversou com ele, mas não tinha prestado atenção em vc. Estava imersa em pensamentos, com fuso horário bagunçado e sonhando com a minha tarde para fazer absolutamente nada.
A comissária veio conferir se vc era vc e se vc estava realmente ali, deu um ok sobre a sua bagagem. Vc ficou apreensivo e eu fui gentil, afinal, eu tinha a resposta que desfranziria a sua testa.
Aí meu olhar cruzou com o seu.
E deu choque.
Respondi e te sorri.
Vc me sorriu de volta.
Derreti.
Numa fração de segundos me arrependi de ter saído de casa de cara lavada, de ter optado pelo conforto do tênis, pensei em como estava meu cabelo. E enquanto meu coração estava aos pulos, eu precisava puxar um assunto com vc, precisava ouvir sua voz de novo, precisava do seu sorriso mais uma vez.
Na minha bolsa, achei uma bala de limão que trouxera da Italia. Peguei uma pra mim e te ofereci outra. Sorri e vc sorriu de volta.
Parei de respirar por alguns segundos, enquanto tentava processar o que vc dizia.
Não queria a bala, mas logo mudou de idéia.
E sorriu de novo.
Pqp, que poder era esse que seu sorriso tinha de me dar choque?!?
Vc entendeu a deixa da bala e logo engatamos um papo. Quando respondi onde morava, vc riu. E assim, descobrimos que 3 ruas separam as nossas casas numa cidade de mais de 10 milhões de pessoas. Íamos pro Rio, ambos a trabalho. Vc com birra de carioca e eu apaixonada pela cidade maravilhosa. Quando eu respondi com o que trabalho, nova gargalhada, "não acredito"! Uma fotógrafa e um cinegrafista.
A vergonha tentava dominar, muitas e muitas vezes eu não conseguia olhar o seu rosto. Sentia minhas bochechas queimando, a vermelhidão já chegava até o colo; como fazer pra vc não perceber?!?
A gente conversou.
E riu.
E falou de coisas aleatórias.
Cada vez que vc me olhava fundo nos olhos, eu tremia.
A cada sorriso seu, meu coração parava por uma fração de segundo.
Quando senti o calor da sua mão no meu braço, arrepiei e descompassei de vez. Queria que vc segurasse minha mão, minha cintura, meu rosto. Queria o calor do seu corpo gelando o meu.
O comandante anunciou o Cristo Redentor à direita e a sua cara de surpresa foi engraçada. "Já?!?" Descemos juntos, vc ia se despedir de mim, mas lembrou que tb precisava pegar sua mala. Continuamos conversando de bobagem. Falamos de copa do mundo, de Brasil, de 7x1.
Vc fecha os olhinhos quando ri. Talvez nem imagine o quanto é fofo isso.
Por um breve segundo achei que vc ia me dar um beijo ali mesmo, no meio do desembarque do Santos Dumont. Vc apenas me envolveu nos seus braços, num abraço longo e quente, em que era possível sentir a respiração suspensa, a minha e a sua. Me deu um beijo na bochecha e disse que me chamaria no whatsapp para tomarmos uma cerveja juntos.
Fui embora sem olhar pra trás. Se visse seus olhinhos apertados sorrindo pra mim novamente era capaz de protagonizar uma cena de novela: correria pelo meio do saguão do aeroporto, me atiraria nos seus braços e nos beijaríamos enquanto a câmera nos circundaria, dando pistas ao espectador do tamanho da euforia de nós dois.

Pensei em vc o resto da tarde. Passei e repassei a nossa conversa, pensei no seu sorriso, nos seus olhinhos espremidos, no calor da sua mão, no seu cabelo bagunçado. Queria tirar vc da cabeça, saber se vc ia ou não me procurar era muito incerto pra que eu ficasse brincando com esses pensamentos sem me queimar.
Toquei a minha vida no Rio tentando apagar da memória aquele encontro tão fora do eixo e, principalmente, tentando ignorar o fato de que cada vez que vc me vinha à mente, meu coração saía do compasso.
Na noite de quinta, enquanto falava da vida com a Gi antes de dormir, comentei com ela que eu queria mto que vc me procurasse! Em mais uma madrugada de fuso horário bagunçado, acordei no meio da madrugada. Ao pegar o celular, vi que eram 4 da manhã.
E gelei.
Achei que era sono misturado com vontade que já estavam me fazendo ver coisas.
Mas não, era mesmo vc me chamando, a 1:30, pra combinarmos uma cerveja na sexta...
Queria pular.
Queria acordar a Gi só pra dividir a euforia.
Queria te responder imediatamente.
Queria te ver naquele mesmo minuto.

Inspira.
Expira.
Não pira.
Finja ser norma, Lais.
Vire de lado e durma mais um pouco.

Lá pelas 10 te respondi que uma cervejinha seria uma ótima ideia, a prosa começou. Vc comentou brevemente de como estava seu trabalho até ali e perguntou do meu. Até que vc perguntou se eu não topava dar uma volta na praia, afinal, seu expediente começaria só as 16h.
Numa sexta feira cinza e fria no Rijaneiro, 2 paulistas se encontraram. O plano de caminhar na praia furou, tendo em vista que estava garoando. Vc me deu um abraço longo e quente, eu só conseguia pensar em como seria seu beijo, sua mão passeando pelo meu corpo.
Vc me deu o braço, me chamou pra tomar um café e eu fui. Teria ido até se vc me chamasse apenas pra tomar chuva.
Paulistas perdidos em Copacabana, sem conhecer nada por ali, com claros indícios de que queríamos um ao outro muito mais do que café ou coisa parecida; nos sentamos, felizes, num boteco de esquina. Logo vc demonstrou ser um sarrista, me fazendo rir e rindo cmg, de olhinhos espremidos.
Sorriso largo e alvo, contrastando com a sua pele morena; covinhas na bochecha.
Só eu sei quanta concentração eu precisei pra não me perder nos devaneios sobre a sua geografia, enquanto vc falava alguma bobagem qualquer. Falamos de viagens, de trabalho, de ex trabalhos, de família, contamos causos.
A prosa fluía gostosa e suave, enquanto no fundo da minha mente, ouvia o Nando Reis cantando "estranho mais já me sinto como um velho amigo seu, seu all star azul combina com o meu preto de cano alto. Se o homem já pisou na lua como ainda não tenho seu endereço? O tom que eu canto as minhas músicas, pra sua voz, parece exato".
Estava ansiosa com o que poderia acontecer, mas me sentia à vontade com vc, como se realmente já te conhecesse há tempos. A sua companhia era tão gostosa que eu poderia ficar horas só ouvindo vc falar, rindo das suas peripécias, descobrindo da sua vida, da sua família, dos seus planos.
O tempo parecia correr contra nós e o relógio era impiedoso. A virada do tempo na noite anterior te deu um trote, seu outfit de bermuda e camiseta demonstrava estar pouco adequado àquela tarde fria e isso nos roubava mais alguns minutos. Resolvemos mudar de bar para almoçarmos.
De novo vc me deu o braço e saímos pela rua distribuindo sorrisos. Enquanto aguardávamos o farol verde para os pedestres, vc disse que teria que ficar bem pertinho de mim para que eu te esquentasse. Aproximou mais o seu corpo do meu. Colou sua testa na minha. Olhou fundo no meu olho e sorriu. O mundo parou, meu coração parou, quase acho que o seu tb. A tarde estava fria e cinza, mas éramos calor e sorrisos, colorindo aquele cenário. Não fui eu que te beijei; não foi vc que me beijou. Os dois queriam, os dois buscaram, os dois beijaram.
Não pensei em nada, perdi o fôlego, perdi o compasso do coração, perdi o rumo. Ao mesmo tempo, pensei no avião e no quanto a realidade da sua boca na minha, da sua mão percorrendo meu corpo eram  melhores do que a minha imaginação. Pensei no quanto era gostoso sentir aqueles mesmos choques de quando vc me olhava e sorria, dessa vez em ondas. E não pensei em mais nada.
Dane-se o dia cinza. Dane-se a chuva fina e fria. Gente em volta?!? Juro que não percebi. Tempo?!? Como ele é relativo quando se trata de ser feliz!
Sentamos num outro bar, bem mais pé sujo do que o outro. Tava na cara que a comida seria uma merda. Mas e daí?!? Tinha eu. Tinha vc. Tinha calor e tinha beijo. Tinha mãos dadas e sussuros ao pé do ouvido.
Vc precisava ir embora, precisava passar no hotel e precisava trabalhar. Se despediu de mim com beijo, com abraço e dizendo que nos veríamos ainda naquela noite.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Fecha a boca!

Cansada de trabalhar, numa noite fria de quarta feira, resolvo dar um tempo no que estou fazendo e mexer com fotos mais "divertidas" do que trabalho. Abro o catálogo das suas fotos, feitas em mais um dos dias de cumplicidade, companheirismo, conversa besta, conversa séria e sorrisos de nós dois.
A minha reação foi absolutamente a mesma da primeira vez que eu te vi: "pqp, que cara lindo!". Dessa vez a preocupação em manter a boca fechada foi menor, afinal, hoje não tem ninguém em volta, somos apenas eu, o computador e a saudade. Talvez as pernas tenham bambeado um pouco menos; foto não tem perfume e (infelizmente) não abraça.
A cada foto que passo, reparo em mais um pedacinho seu. O olhar de menino doce, o sorriso safado, os lábios grossos, os olhos quase verdes. Suas mãos largas, os braços fortes, o peito onde me encaixo tão bem. Que se dane o que o resto do mundo vai achar, esse espaço é meu e aqui eu confesso que adoro cada um desses pedacinhos, incluindo as entradas na testa! Adoro me perder admirando cada detalhe e admito até que por vezes me perco na conversa, absorta na sua geografia.
Melhor que sentir o seu perfume só é quando o seu se funde com o meu e, da mescla de nossos corpos, misturam-se nossos perfumes.
Como é bom tê-lo no meu colo, pra jogar conversa fora sobre um assunto qualquer, enquanto acaricio seu rosto e decoro sua geografia no método braile. Agradar suas costas, te transformar num gato, se contorcendo ao mero toque da minha mão. Quase tão bom quanto quando você inverte o jogo, me deita no seu colo e brinca de me torturar, como você diz que eu faço com você. Ou, o melhor de tudo, quando você me puxa pro seu peito, encaixa seu corpo no meu, enlaça as pernas e simplesmente fica. Em silêncio. Ou falando qualquer bobagem. Trocando um cafuné por um carinho na orelha. Ou quietos, imóveis, deixando apenas nossos corpos conversarem, cadenciando a respiração. A paz invadindo nossos corações.
Tenho saudade de você. Tenho saudade de quem eu sou quando você está perto. Tenho saudade da gente. Tenho saudade até do que a gente nem viveu. Mas é uma saudade boa, de sabor quente e doce, de qm foi muito feliz e queria mais.
Assim eu quero te ter sempre na minha vida: uma brisa quente e doce. Pelo que foi, pelo que é e pelo que ainda vai ser. Leve e feliz, pra mim e pra você!

segunda-feira, 3 de março de 2014

Quando o encanto acontece

Apesar de ser bem normalzinha pra muitas coisas, pra outras sou totalmente do contra. Especialmente contra o senso comum de algumas generalizações que não fazem o menor sentido pra mim.
Dizem por aí que mulher gosta mesmo é de dinheiro, que pra se apaixonar basta que o cara tenha um carrão, esteja forrado de marcas famosas da cabeça aos pés e que a leve a lugares caros, que pague a conta e se gabe de tudo que ele tem, faz e sabe. Esse é o tipo de frase que não faz o menor sentido na minha cabeça, nem por 3 minutos. Mesmo!
Dinheiro é bom sim, mas eu não dependo dele pra ser feliz. E se for pra depender de dinheiro, dependerei do meu. Sem levantar nenhuma bandeira feminista, mas eu tenho capacidade física e intelectual pra batalhar o meu dinheiro e depender apenas dele. Se o cara quiser pagar a conta, encararei isso como uma gentileza, jamais uma obrigação. Da mesma forma que as vezes eu vou querer fazer um carinho assim e a conta será minha, simples. Gentileza é gentileza e meu amor não está a venda.
Gosto de quem se cuida, de quem sabe disfarçar os pontos fracos e realçar o que tem de mais bonito. O corpo é a morada da alma e por questões até de saúde e amor próprio, é preciso cuidar bem dele. Mas há um limite entre o cara que se cuida e o narciso babaca. Narcisos me dão pena, em breve se afogarão no lago, apaixonados pelo próprio reflexo. Tudo o que fazem é pra si, não enxergam de verdade e nem se importam com o mundo a sua volta. Mais piedade do que de um narciso eu só tenho mesmo de alguém que se apaixona por um deles. Sempre será renegado ao segundo plano (com sorte!), haverá de se contentar com as migalhas que sobrarem do espelho. E, em matéria de amor, migalhas nunca serão o bastante....
E se você vier se gabar de tudo que tem, faz e sabe, as chances de eu te achar um completo otário são enormes. Me faço de louca inocente e deixo seguir, só pra ver o narciso se reapaixonando mais uma vez por toda aquela cena que ele criou em cima da sua imagem, enquanto ele espera que eu também me apaixone. E que puxe seu saco com cada vantagem contada. E que me jogue aos seus pés, disputando loucamente um lugar ao seu lado com aquelas mulheres lindíssimas, arrumadíssimas, maquiadíssimas, malhadíssimas. E que me apaixone por marcas, posses e blablablas afins.
Definitivamente, eu não sou dessas mulheres, eu me apaixono por coisas bobas. Por atitudes, muito mais do que palavras. Me encanto por homem inteligente, mas sem que ele exiba seus feitos homéricos, nem seu teste de QI. Deixa comigo que eu vou perceber isso quando conversarmos, quando ele tiver sacadas perspicazes, comentários interessantes e interessados.
Aliás, demonstre interesse por mim que eu me apaixono. Pergunte me da minha vida e me conte da sua:  o que você curte fazer, quem são seus amigos, como é a sua família, quais são seus planos pro futuro. Sem interrogatório, sem jogo de pergunta e resposta, certo e errado. Deixe a conversa fluir, deixe as afinidades aparecerem, as diferenças idem.
E, por falar em diferença, há toda uma magia em um homem que sabe discordar da minha opinião, de forma tranquila, respeitosa e veemente. Sim, me conteste. Me mostre o mundo por um outro ponto de vista. Me faça questionar as minhas certezas na base do argumento, das opiniões bem colocadas, me mostra que o mundo é mais do que eu penso e eu me apaixonarei.
Ouça meus medos e não desdenhe deles, mas segure minha mão e me ajude a superá-los. Mostre me que do seu lado eu não há o que temer. Aliás, mostre me que quando a companhia é você, é bom fazer tudo. Ou simplesmente não fazer nada. Conversar da vida ou ficar em silêncio, só curtindo o abraço, um carinho gostoso e seu cheiro. Perfume é bom, mas eu gosto mesmo é do cheiro da sua pele. E quando o seu cheiro me tira do eixo, o toque da sua pele na minha dá arrepio, a sua companhia me deixa em paz, não tem como: eu me apaixono.
E se você quiser me surpreender, deixe de lado as produções hollywoodianas e se lembre que eu sou uma mulher que curte as coisas simples da vida, os detalhes, o cuidado nas miudezas. Traga a minha coca zero junto da sua coca normal. Não esqueça do bilhete quando me der presente, escrito à mão e com aquelas tiradas que só fazem sentido pra gente e mais ninguém.
Cuida de mim, me pergunta se dormi bem, pede pra avisar se cheguei bem em casa. Num dia ruim, enxerga a tristeza na minha alma, me abraça e não fala nada, deixa que seu corpo me diga que vai ficar tudo bem. Me abraça forte, me olha nos olhos, me faz rir e me beija a testa. Dança comigo, brinca comigo, conversa comigo. E, no meio disso, me puxa de repente e me dá um beijo. Mostre carinho e respeito, sem esquecer do tesão e você estará no caminho certo para o meu coração!
Definitivamente, eu me apaixonarei pelo que você é, pelo que você me faz ser quando estou com você, pela forma como você me trata. O resto é só um detalhe, tão pequeno que quase não me importa.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Dezembro

Eu adoro dezembro. Apesar de estar geralmente exausta física e emocionalmente, gosto da energia de dezembro. Rola um clima de paz, todo mundo quer se abraçar, quer dar presente e, melhor do que isso, estar presente. Tem uma vibe de renovação de esperanças, de pausa para recarga das energias. E parece que rola uma energia do mundo mesmo, as casas decoradas e iluminadas, as cidades enfeitadas, um monte de gente junta com vontade de fazer o bem, de ajudar quem precisa. É um tempo de desviar o pensamento do próprio umbigo e lembrar que tem gente em volta, seja pra comprar um presente pra uma pessoa querida ou pra abrir mão de uma parte ínfima do que você tem em prol de alguém que não tem.
E tem o verão, de céu azul, sol e dias quentes que sempre enche meu coração de alegria.  Calor induz as pessoas a saírem a toca, a ir pra rua, a ser feliz. Ou vá dizer que num dia lindo de sol lá fora tudo o que você tem vontade é ficar na cama reclamando da vida?!?
Pois bem, dezembro e eu temos sempre essa sintonia tão nossa e tão feliz que ele sempre me traz um presente. Vários, pra ser bem honesta. Pensar na decoração de natal da minha casa, reunir os amigos mais queridos pra um natal antecipado, cozinhar pra quem eu amo, ir à trocentas confraternizações, receber milhões de abraços, fazer planos pra um ano novinho em folha que vem chegando, prometer, do fundo do coração, mais encontros e menos saudades, olhinhos de criança brilhando quando vê o Papai Noel (aliás, qualquer coisa que se relacione a Papai Noel eu amo muito. Absurdamente mesmo.). Essa é só uma amostrinha dos presentes que dezembro me traz todo ano. 
De vez em quando é diferente e ele resolve caprichar. É daquele tipo de presente que vem com o embrulho mais lindo, com o laço mais incrível, que ao mesmo tempo que acalma o coração quase o faz sair pela boca, de tanto que pula. Presente que traz de brinde um sorriso enorme e gruda-o no rosto com super bonder. Meus dois namoros começaram em dezembro, foram eternos enquanto duraram e me fizeram muitíssimo feliz. Obrigada, dezembro!
Esse ano foi diferente. O embrulho era discreto, mas o laço continuava lindo. Eu não sabia se era pra mim, de cara não achei meu nome em nenhum lugar. Mas dezembro gosta de mim na mesma medida que eu gosto dele e dá seus jeitinhos.
Eu sou velha, chata e reclamenta, mas quando isso envolve outras pessoas, tento ser responsável nos meus atos. E antes de meter a boca no mundo pra falar de alguém, quis checar se o problema não era eu. Fácil assim, três minutos de conversa e dilema resolvido. Bem, era pra ser assim. Mas não foi. Os três minutos viraram umas três horas de prosa tão fluída quanto poderia ser, cheeeeeeia de coincidências, de pensamentos parecidíssimos. Era simples, era fácil, era óbvio, mesmo pra uma pessoa tímida como eu.
Nos dias que se seguiram, a sintonia não permanecia; aumentava. Logo nos "descobrimos" gêmeas na visão de mundo, nos valores, nos gostos, na empolgação. Podia parecer raso demais, pura ilusão. Mas havia uma paz no meu coração que me fazia confiar. E eu lembrei do meu poetinha favorito, que há tempos já disse por aí que você não faz amigos, reconhece-os. Vinícius sempre soube das coisas. 
E já que dezembro é beeeem legal, meu presente ainda trouxe um brinde. Daquele tipo que vc não espera, que de início não entende bem certinho, mas que logo se mostra sensacional, o complemento perfeito ao presente que já era bom!
Os dias foram passando, mas não muitos, afinal, essa história toda começou no último terço do mês e hoje ainda é dia 28. Beira o inacreditável o que aconteceu até aqui, as incontáveis semelhanças, as afinidades, as transmissões de pensamento. E eu só posso pedir que 2014 venha na mesma vibe deliciosa de dezembro e que esse começo intenso e profundo seja apenas a amostra grátis do que vem por aí!

A foto tá tremida de tanto que a gente tava rindo de alguma besteira qualquer. E a gente tava cansado, suado e despenteado, de tanto forrozear! Ou seja: talvez não seja nossa melhor foto, mas é mto a nossa cara! 
Dezembro, seu lindo, ainda temos algumas horas pra curtirmos juntos, mas já sei que te esperarei em 2014, ansiosa pelos seus deliciosos presentes! Beijo estalado!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Namore um cara que escreve

Se namorar já tá difícil, imagine se a gente começar a subir o nível de exigência?!? Como anda escasso o mercado de pessoas fluentes em portugês! Não tá fácil! Mas o texto é incrível e eu ainda não desisti da busca!



Namore um cara que escreve

Namore um cara que escreve. Não um cara que te manda poesias do Drummond ou que te manda letras do Chico com foto de pôr do sol. Namore um cara que escreva ele mesmo para você. Um cara que escreve irá perceber os detalhes entre vocês dois, e assim escrever cartas e textos pessoais que falem especificamente sobre vocês dois, não cartas de amor genéricas catadas no limbo da internet. Namore um cara que, ao invés de comprar um cartão de dia dos namorados com um poema do Vinicius, vai escrever um texto para você no seu computador enquanto você toma banho para irem jantar.

Um cara que escreve vai, ao mesmo texto, fazer você rir, chorar, sorrir e querer abraçá-lo como se ele fosse dez centímetros mais alto, dez quilos mais magro e tivesse mais dois dígitos na conta bancária. Positivos. Namorar um cara que escreve é namorar alguém autoconfiante, que sabe que a pena é muito mais forte que a espada, ainda que a pena dele responda pelo nome de teclado. Namore um cara que ficará orgulhoso ao ser comparado com o Veríssimo ou ao Pessoa, e não se comparado ao Vitor Belfort ou ao Rodrigo Santoro. (Ok, o Santoro é covardia).

Namorar um cara que escreve significa ter um namorado que, ao te descrever, vai fazer você se achar a própria Angelina Jolie, e suas amigas, ao lerem, vão achar que ele descreveu alguma princesa de contos de fadas. Por falar em amigas, namorar um cara que escreve é matar suas amigas de inveja dos seus textos lindos, das suas cartas emocionantes e engraçadas. Namore um cara que escreve e garanta textos engraçados para quando você estiver triste, textos amorosos para quando estiver carente e cartas inesperadas durante um dia de trabalho rotineiro.
Namore um cara que escreve e massageie seu ego vendo outras mulheres dizerem que adorariam que os namorados delas escrevessem assim. Namorando um cara que escreve você não vai entender como suas amigas conseguem namorar engenheiros, médicos e analistas de sistemas, nem como elas conseguem achar bonitas aquelas frases copiadas de algum “As cem melhores frases de amor de todos os tempos”.
E por fim, namorar um cara que escreve é namorar um cara descolado, que sabe que “namorar um cara que escreve” não é a forma correta, e sim “namore um cara que escreva”, mas, mesmo assim, ele acha que do primeiro jeito fica muito mais bonitinho e descolado.

Sobre o autor Léo Luz - Leonardo Luz é escritor e roteirista, e não sabe fazer mais nada da vida, a não ser jogar poker e fazer pipoca de microondas. Você vai encontrar outros textos dele no www.euemeuegogrande.com

O meu carinha do momento parece ser mais um não lá mto fluente em português, mas é músico e sabe bem encantar quando quer. Ontem, enquanto esperávamos pela sessão de cinema, mera desculpa pra nos vermos, ele me disse ter a sensação de que a gente combina, que as coisas se encaixam de um jeito quase surpreendente, como se simplesmente tivesse que ser. "Assim, tipo Tom Jobim e Elis Regina, sabe?!". Ô se sei! E saiu cantarolando garota de Ipanema no pé do meu ouvido....

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Canto e o Ó. Eu e vc.

Era uma noite fria de um domingo de inverno e eu saí de casa com o firme propósito de dançar, dançar e dançar, até sentir o corpo exausto e feliz. Esse era o meu plano da noite, simples assim, em companhia de um amigo interessante, mas que nada prometia me oferecer além de dança e alguns dedos de prosa.
Logo que entrei reparei em vc. Minto, reparei na sua camiseta. Alguém com uma camiseta daquelas só podia dançar muito bem e eu queria testar se a minha teoria fazia sentido. Mas entrei na balada e deixei que as coisas acontecessem.
Dancei, dancei, dancei e dancei mais um pouco. O corpo solto no rítmo da música, a banda pra lá de boa que ajudava a mandar embora o frio que fazia lá fora. Sucessivamente maos se estendiam na minha direção e lá ia eu. Afinal, recusar um convite pra dançar é contra a minha religiao....
Outra mao se estendeu em minha direção e, enquanto minha mao tocava a sua, meus olhos te identificaram e o sorriso foi inevitável! Ainda nos primeiros acordes da música eu já sabia que estava mais do que certa na minha filosofia de que vc dançava deliciosamente bem. Aquele abraço que acomoda, os corpos que calmamente se encaixam, o cavalheiro que protege a sua dama delicada e incisivamente, em meio a uma pista cheia de gente disputando espaço. A música ajudava, era um daqueles xotes que eu tanto gosto, que vc fez questão de dançar do jeito que eu mais gosto: de corpo colado, em movimentos sincronizados como se fôssemos apenas um, com breves aberturas apenas pelo prazer de sentir os corpos se unindo novamente.
Seu perfume suave me invadia os pulmões com a mesma delicadeza com que vc pousava minha mao em seu peito. E isso era bom, me dava uma tépida sensaçao de aconchego. Torci baixinho para que aquela música custasse a acabar. A música acabou, mas seus braços nao se moveram de onde estavam, permaneceram a meu redor, me prendendo a vc de um jeito sutil. Se eu quisesse escapar seria fácil, mas eu nao queria. Outra música começou e voltamos a nos mover na cadência da música. Tinha a sensaçao de que vc me abraçava com mais veemência, que sutilmente trazia seu corpo um pouco mais junto do meu, seu rosto, colado ao meu, se movia delicadamente, como se quisesse me provocar. No pé do meu ouvido, vc me perguntou meu nome e me disse o seu; sua voz era doce como o toque das suas maos.
Num dos poucos momentos em que abri os olhos, percebi meu amigo a nos fitar. Uma sensação estranha me tomou, uma certa disputa entre o meu querer me entregar às suas investidas e o desconforto pelo amigo, a esta altura um mero observador.
Depois de dançarmos umas 5 músicas consecutivas vc ainda nao dava indícios de que me soltaria ao fim de mais aquela melodia. Perdida em pensamentos, te estalei um beijo na bochecha e agradeci, tinha sido realmente delicioso. Vc me disse que dançaríamos mais. Eu duvidei.
Voltei a dançar com outros cavalheiros e cada um deles só me fazia voltar o pensamento a vc, no quanto era bom estar nos seus braços.
Para minha surpresa, vc cumpriu o que prometera e novamente me estendeu a mao. Naquele momento eu sabia que estava enrascada, sabia que nao resistiria às suas sutis investidas. E assim foi. Vc foi apertando mais o meu corpo contra o seu e com a ajuda da música, realmente agíamos como apenas um. Vc alternava entre acariciar minha mao e pousá-la delicadamente em seu peito, protegida e acomodada. Em poucos minutos sua testa estava colada à minha, as pontas de nossos narizes se esbarravam displicentemente, de forma a entrecortar cada vez mais a respiração, quase que em resposta a um coraçao cada vez mais descompassado. Nao demorou e foi a vez de nossas bocas se encontrarem. Eu nao teria uma ressalva a fazer àquele beijo, ne-nhu-ma. Eu só sabia que queria mais, bem mais.
O resto da noite foi cheio de deliciosas surpresas. Seus olhinhos de vírgula, tao doces, tao expressivos, de um verde tao profundo! Seus lábios grossos que se abrem para entrada em cena de um sorriso maroto, doce e brincalhão. Suas maos macias e pequenas, seu peito largo, seus braços fortes, suas orelhas gordinhas, tudo isso no seu tamanho compacto, na altura mais do que certa pra que eu te alcance os lábios a hora que me der vontade, sem ter que pedir licença.
Falamos sério, conversamos amenidades, rimos de bobeira. Nao me pergunte como, mas meu coração vê em vc um velho conhecido e me deixa ali, inteira, sem pose e quase sem medo. A despeito da minha vontade, a noite terminou. Para meu regozijo, com um beijo quente e a promessa de que nos veríamos novamente.
A semana passou e nao houve contato. Te confesso que eu nao conseguia entender... Nao era a questão de vc simplesmente nao ligar, era o sumiço após uma noite como a que tivemos. Ou será que só eu tinha sentido aquilo tudo?!? Numa semana de tpm essas dúvidas todas só ficaram ainda mais confusas....
Aí veio o domingo e eu estava de volta àquele mesmo lugar. De alguma forma, sabia que ia te ver e isso me deixava tensa, nao sabia como seria nem a minha reaçao, que dirá a sua. Dito e feito, em 3 minutos lá dentro meus olhos te acharam em meio a todas aquelas pessoas. Tao deliciosamente baixinho como eu me lembrava, com olhos doces e sorriso cativante. A distância entre nós era de apenas alguns passos, mas parecia intransponível. A vontade de ir até vc só nao era maior do que o meu receio à sua reaçao e lá continuava eu, a dançar com outras pessoas, de olhos irritantemente abertos. Era como seu eu nao conseguisse me entregar nem sequer à música, meus olhos e meus pensamentos estavam a te acompanhar pelo salao.
O destino as vezes apronta das suas... Em busca de um pouco mais de espaço, uma das maos que se estendeu em minha direçao me levou ao outro lado do salao, exatamente ao seu lado. Vc dançava com outra pessoa, de olhos cerrados, entregue ao momento. Na marra, fechei os meus olhos, ver vc tao perto e tao longe estava um pouco além do que eu poderia lidar naquele momento. A música acabou, eu me virei pra sair dali e dei de cara com vc. Por uma fraçao de segundos, congelei. It´s now or never, me disse o anjinho sentado no meu ombro, enquanto me atirava do precipício. "Oi" foi tudo o que eu consegui articular, enquanto me virava nos 30 para me equilibrar em cima dos meus pés. Por uma fraçao de segundo vc pareceu buscar minha ficha nos arquivos da sua memória e isso me dava uma imensa vontade de correr dali. Ou simplesmente derreter, evaporar, desintegrar. Até que vc abriu um sorriso largo, me deu um abraço e antes que eu dissesse qualquer coisa, veio se justificar.
Eu acho que nunca vou saber se era verdade mesmo, se era uma desculpa bem contada ou se eu que me fiz de cega ao grau de "esfarrapice" e quis acreditar no que vc dizia. Àquela altura, importava que éramos todos sorrisos, sua mao segurava a minha e, naqueles breves momentos, eu mal conseguia ouvir exatamente o que vc dizia. Nao era a música alta da banda que iniciara sua apresentaçao que atrapalhava. O que me travava os sentidos era mesmo o nervosismo. O tum tum tum firme do coraçao me fazia surda nao apenas à banda, mas tb ao borburinho em volta; e por algum mecanismo semelhante, havia tb uma cegueira parcial. Numa balada cheia de gente, naquele momento eu só via vc. Após essa eternidade de alguns segundos, vc aproveitou a mao que já estava dada e tratou de puxar meu corpo de encontro ao seu, num convite irresistível para aquela dança.
De forma tao delicada quanto provocativa, vc custou a me beijar. De alguma forma parecia que vc se esmerava em me conquistar novamente, para ter a certeza de que estava desculpado daquele dígito faltante anotado no telefone. Quando nossos lábios finalmente se encontraram, a sensaçao era a mesma: irretocável, nada sobrava, nada faltava. Nos beijamos longamente, a dança era apenas uma desculpa para nao descolarmos nenhum centímetro dos nossos corpos. Vc suspirou, me olhou firme nos olhos, sorriu e disse que estava com saudades desse beijo. Como bem diz um amigo meu, típico discurso cafajeste. Nao sei se é por isso ou apesar disso, mas como nao derreter com uma declaraçao dessas? Com um querer tao condizente com o meu???
Novamente a noite seguiu como se há muito nos conhecêssemos, a prosa rolava fluída, o riso era fácil e ia muito além dos lábios. Em alguns momentos eu confesso que nao ouvi o que vc disse, estava absorta em pensamentos, desenhando a sua geografia na minha cabeça, admirando seus doces olhos verdes, sua barba por fazer, absorvendo seu perfume e o som da sua voz.
Vc tb parecia se divertir, entregue e inteiro. Incontáveis foram as vezes em que vc simplesmente segurou meu rosto entre as maos, me fitou longamente e sorriu. Nao sei quantas outras vezes vc me deitou em seu ombro e respirou longamente em meio aos meus cabelos, parecia querer absorver um pouco de mim dentro de vc. Muitas outras foram as vezes em que seus dedos percorreram meu rosto, como uma caneta que contorna um desenho, com beijos estalados desde a testa até o queixo, sem nunca esquecer da ponta do nariz.
As vezes eu fechava os olhos, por vergonha e também para sentir esse momento de forma mais profunda com os outros 4 sentidos. Em tantas outras, permaneci de olhos abertos, pelo bel prazer de admirar sua expressao absolutamente doce ao fazê-lo e o sorriso maroto que arremata essa atitude como a cereja do sundae.
Nao nos desgrudamos mais. Cá dentro ou lá fora, sentados ou dançando, quietos, rindo ou conversando, alguma parte minha encostava em alguma parte sua e vice versa, a gente se buscava. Descobrimos afinidades, curiosidades, novidades e isso parecia nos deixar mais à vontade. Inclusive para sermos deliciosamente tontos! Afinal, como nao chamar de tontices aquelas brincadeiras que pareceram tao naturais naquele momento e que renderam tanto riso na sequência?!?
A um dado momento, em meio ao borburinho da balada, vc se recostou na parede, tomou minhas maos entre as suas. E suspirou. Me disse que precisava falar uma coisa séria. E suspirou. Eu gelei, tinha a certeza de que aquela frase a seguir nao seria boa, que eu preferiria nunca tê-la ouvido. Vc reafirmou que era sério. E novamente suspirou. Eu só conseguia pensar que vc ia dizer que era casado, com todo aquele blablablá de que o casamento já estava acabado e que vc só estava esperando isto ou aquilo para por um ponto final naquela relaçao. Aquela certeza estava me deixando puta da vida, nao era nada daquilo que eu queria ouvir. Queria que vc simplesmente me beijasse e fizesse aquela noite ser deliciosa como vinha sendo. Vc tomou meu rosto entre suas maos e aquilo me irritou ainda mais. Pra que ser tao doce se a porra da notícia que vc iria me dar eu nao ia querer ouvir?!? Sua voz interrompeu meus pensamentos, uma fraçao de segundo antes de o cenho franzido denotar meu descontentamento. A expressao que veio a seguir deve ter sido confusa. Nao bastasse vc interromper a minha linha de raciocínio, vc me veio com uma colocaçao diametralmente oposta. Seus lábios se moviam pra afirmar seu desejo de me ver de novo, de me conhecer melhor, de descobrir minhas preferências além do forró. Uma quebra dessa grandeza em meus pensamentos me deixou perdida e eu achei por bem mergulhar em seus lábios, na busca de achar algum rumo ou de perder o rumo de vez!
Era claro entre nós a vontade que tínhamos de mais. Como 2 masoquistas, queríamos mais sim, queríamos muito, mas nao tínhamos pressa nisso! Curtíamos o caminho, curtíamos a vontade crescente, curtíamos provocar e perceber que isso surtia efeitos.
No beijo da despedida, um imenso sabor de quero mais e um coraçao estranhamente tranquilo. Diferentemente da semana anterior, eu sabia que nos falaríamos. Nao, nao era pelo óbvio que eu tinha essa certeza. Talvez era por aquela mesma razao que me fazia sentir tao à vontade na sua presença.
Eu tinha razao. Ainda naquela noite vc veio me dizer que tinha sido sensacional me encontrar e que nao via a hora de nos vermos novamente.
Ainda nao sei se o seu discurso é absolutamente cafajeste ou se é de uma sinceridade tao pungente que parece irreal. Tomando pra mim algumas palavras do Lenine, ainda nao sei qual é a parte da tua estrada no meu caminho. Será um atalho? Ou um desvio? Um rio raso? Um passo em falso? Um prato fundo pra toda fome que há no mundo?
A seguir, cenas dos próximos capítulos!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A evoluçao da receita

Houve um tempo, em que meu novo e inexperiente coraçao achava que bastaria que o cara gostasse de mim para que minha vida amorosa entrasse nos eixos e seguisse por doces veredas. Aí veio a vida e mostrou que nao, que nao bastava o cara gostar de mim para que eu gostasse dele. E que só ele gostar de mim era mais problema do que soluçao. Liçao aprendida, sigamos em frente.
Anos depois, eu gostava do rapaz e ele, do seu jeito peculiar, também gostava de mim. Resolvido! É, mas apenas em tese. A vida, sempre ela, tratou de vir e me ensinar que se nao houver respeito, cuidado e carinho, nao dá pra chamar de amor. E sem amor é que eu nao sei viver, retomei meu amor próprio e voltei a trilhar meu caminho singular.
Mais algum tempo se passou; a receita parecia agora bastante completa: eu gosto dele, ele gosta de mim, respeito, carinho e cuidado em vias de mao dupla. Voilá, receita de puro regozijo.
É, parecia que seria assim. Mas aí a realidade vem e joga na cara, sem dó nem piedado do meu já calejado coraçao, que essa receita também tá furada. É preciso que haja admiraçao pela pessoa que está ao seu lado, aquele orgulhinho que faz brilhar os olhos e enche o coraçao. É preciso sentir lá nos confins da alma aquela sensaçao de proteçao que só o laço formado pelos braços da pessoa amada sao capazes de prover, depois de um dia difícil em que o mundo parece te por à prova.
Eu ainda nao achei essa tal receita do amor, receita da felicidade a dois. E, cá pra nós, duvido que ela exista mesmo. Nao que eu tenha me tornado descrente do amor, mutíssimo pelo contrário! Só acho que essa receita é tao inexata quanto é possível, variando de dupla para dupla, sempre sujeita a novas variaçoes!
Desisti de receita, ultimamente tenho me deixado guiar pelo meu feeling, pela minha vontade de ser feliz e de fazer feliz. 
Quao feliz? Muito. 
Feliz quando? Agora. 
Por quanto tempo? Por quantos agoras forem possíveis, afinal, o que mais é a vida do que uma grande sucessao de agoras?!?
Menos receita e mais mao na massa. Menos regra e mais tentativas. Menos listas de do´s and don´ts e mais beijo na boca, mais abraço apertado, mais dormir de conchinha.
Na frase do Poetinha, ´´que nao seja infinito, posto que é chama. Mas que seja eterno enquanto dure.´´
E que dure enquanto nos fizer feliz!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Abraço: um laço de braço

E já que a vida não pára de me surpreender, hoje foi dia de muitas surpresas. Eu tinha um plano pra hoje; vc me propôs um bem diferente. Eu achei que as coisas seguiriam a cartilha básica de sempre e lá fui eu ser completamente contrariada de novo. Quem foi que disse que ser contrariada não é uma delícia?!??
Escolhido o filme da noite, nos recostamos. Na tv passavam as primeiras cenas da história que viria, mas não nos atentamos a isso. Você me tomou nos braços, me deitou em seu peito. Fechei os olhos, me deixei guiar pelo som do seu coração, pelo toque das suas mãos, pelo cheiro doce e tépido do seu perfume. Você passeava os dedos pelos meus cabelos e, a despeito dos olhos fechados, eu sabia que você estava me olhando. Um longo beijo na testa foi o sinal para que eu me aninhasse em seu peito e tentasse entender o filme já começado na tv. Seus dedos voltaram a percorrer os meus cabelos, por vezes você aproximava o rosto e inspirava profundamente, como se quisesse armazenar aquele perfume em seus pulmões. O rítmo cadenciado do cafuné foi aos poucos diminuindo, enquanto sua cabeça pesava sobre a minha. Os brincos escolhidos a dedo antes de sair de casa agora me machucavam, mas optei por não me mexer, pra não te acordar, pra vc não desgrudar de mim.
Algum tempo depois você se mexeu, se acomodou no travesseiro, me olhou, sorriu e, mais uma vez, me puxou pra si. Pareceu não ser suficiente. Você deu as costas para a história que fingíamos acompanhar, passou o braço por cima de mim até encontrar o outro braço que vinha por baixo, me apertou forte. Salpicou beijos pelo meu rosto, me arrancando um riso gostoso, que sempre te rende uma mordida no queixo. Foi a sua vez de sorrir. Nos ajeitamos, nos acomodamos um no outro. Seu braço ocupava milimetricamente aquele vão sob a minha nuca enquanto o outro passava por sobre mim e me deixava imobilizada. O espaço entre a testa e a ponta do meu nariz levemente arrebitado encaixam perfeitamente na sua bochecha e na curva do maxilar, de forma que, se esticar o bico, alcanço seu pescoço para beijinhos de fazer rir baixinho. Numa noite fresca de junho, o calor do seu corpo me toma de forma que eu me livro do edredon, restrinjo-o aos pés, sempre frios; até que os enrosco nos seus.
Ali, presa naquele laço dos seus braços, me sinto pequena. Mas não há o que temer, tenho você a me proteger, a me envolver naquela redoma de calor e cuidado onde nada parece capaz de me incomodar. O sono flerta comigo, mas não quero me entregar. Me perco em pensamentos, me delicio com seu cheiro de roupa limpa, me aperto ainda mais em vc a cada vez que você me funga longamente os cabelos e me dá um beijo, como se fora para selar aquele carinho.
E assim foi a nossa noite: contrariando planos, inebriando os sentidos, nos embriagando de nós dois. E foi uma delícia!