1 |
<!--#set var="PO_FILE" |
2 |
value='<a href="/philosophy/po/who-does-that-server-really-serve.pt-br.po"> |
3 |
https://www.gnu.org/philosophy/po/who-does-that-server-really-serve.pt-br.po</a>' |
4 |
--><!--#set var="ORIGINAL_FILE" value="/philosophy/who-does-that-server-really-serve.html" |
5 |
--><!--#set var="DIFF_FILE" value="/philosophy/po/who-does-that-server-really-serve.pt-br-diff.html" |
6 |
--><!--#set var="OUTDATED_SINCE" value="2022-11-12" --> |
7 |
|
8 |
<!--#include virtual="/server/header.pt-br.html" --> |
9 |
<!-- Parent-Version: 1.96 --> |
10 |
<!-- This page is derived from /server/standards/boilerplate.html --> |
11 |
<!--#set var="TAGS" value="essays cultural ns" --> |
12 |
<!--#set var="DISABLE_TOP_ADDENDUM" value="yes" --> |
13 |
|
14 |
<!-- This file is automatically generated by GNUnited Nations! --> |
15 |
<title>A Quem Aquele Servidor Realmente Serve? - Projeto GNU - Free Software |
16 |
Foundation</title> |
17 |
|
18 |
<!--#include virtual="/philosophy/po/who-does-that-server-really-serve.translist" --> |
19 |
<!--#include virtual="/server/banner.pt-br.html" --> |
20 |
<!--#include virtual="/philosophy/ph-breadcrumb.pt-br.html" --> |
21 |
<!--GNUN: OUT-OF-DATE NOTICE--> |
22 |
<!--#include virtual="/server/outdated.pt-br.html" --> |
23 |
<!--#include virtual="/server/top-addendum.pt-br.html" --> |
24 |
<div class="article reduced-width"> |
25 |
<h2>A Quem Aquele Servidor Realmente Serve?</h2> |
26 |
|
27 |
<address class="byline">por Richard Stallman</address> |
28 |
|
29 |
<div class="introduction"> |
30 |
<p><em>Na internet, software privativo não é a única maneira de você perder a |
31 |
sua liberdade computacional. Serviço como Substituto de Software, <i |
32 |
lang="en">Service as a Software Substitute</i> ou SaaSS, é outra forma de |
33 |
dar a alguém poder sobre sua computação.</em></p> |
34 |
</div> |
35 |
|
36 |
<p>O ponto básico é que você pode ter controle sobre um programa que outra |
37 |
pessoa escreveu (se ele é livre), mas você nunca pode ter controle sobre um |
38 |
serviço executado por uma outra pessoa, então nunca use um serviço onde, em |
39 |
princípio, executar um programa faria.</p> |
40 |
|
41 |
|
42 |
<p>SaaSS significa usar um serviço, implementado por outra pessoa, como um |
43 |
substituto da execução de sua própria cópia de um programa. O termo é nosso; |
44 |
artigos e anúncios publicitários não irão usá-lo, e eles não vão contar a |
45 |
você que um serviço é SaaSS. Ao invés disso, provavelmente usarão o termo |
46 |
vago e elusivo “nuvem”, ou sua versão em inglês “cloud”, o qual mistura |
47 |
SaaSS junto com várias outras práticas, algumas abusivas e algumas |
48 |
aceitáveis. Com a explanação e os exemplos desta página, você poderá |
49 |
determinar se um serviço é ou não SaaSS.</p> |
50 |
|
51 |
<h3>Plano de fundo: Como o Software Privativo Toma a Sua Liberdade</h3> |
52 |
|
53 |
<p>Tecnologia digital pode dar a você liberdade; ela também pode tomar a sua |
54 |
liberdade. A primeira ameaça ao nosso controle sobre a nossa computação veio |
55 |
do <em>software privativo</em>: softwares que os usuários não podem |
56 |
controlar porque o fabricante (uma empresa como a Apple ou a Microsoft) o |
57 |
controla. O dono com frequência tira vantagem desse poder injusto, inserindo |
58 |
funcionalidades maliciosas tais como spyware, back doors e <a |
59 |
href="https://www.defectivebydesign.org">Gestão Digital de Restrições |
60 |
(DRM)</a> (referenciado como “Gestão de Direitos Digitais” [Digital Rights |
61 |
Management] nas suas propagandas).</p> |
62 |
|
63 |
<p>Nossa solução para este problema é o desenvolvimento de <em>software |
64 |
livre</em> e a rejeição de software privativo. Software livre significa que |
65 |
você, como um usuário, tem quatro liberdades essenciais: (0) de |
66 |
executar o programa como você desejar, (1) de estudar e alterar o |
67 |
código-fonte para que ele faça o que você desejar, (2) de redistribuir |
68 |
cópias exatas e (3) de redistribuir cópias de suas versões |
69 |
modificadas. (Veja a <a href="/philosophy/free-sw.html">definição de |
70 |
software livre</a>.)</p> |
71 |
|
72 |
<p>Com software livre, nós, os usuários, tomamos de volta o controle sobre |
73 |
nossa computação. Software privativo ainda existe, mas nós podemos excluí-lo |
74 |
de nossas vidas, e muitos de nós já o fizemos. Porém, agora a nós é |
75 |
oferecida uma outra forma tentadora de ceder o controle de nossa computação: |
76 |
Serviço como Substituto de Software (SaaSS). Para o bem de nossa liberdade, |
77 |
temos que rejeitar isso também.</p> |
78 |
|
79 |
<h3>Como Serviço como substituto de Software Tira Sua Liberdade</h3> |
80 |
|
81 |
<p>Serviço como Substituto de Software (SaaSS) significa usar um serviço como |
82 |
substituto de executar sua cópia de um programa. Concretamente, significa |
83 |
que alguém configura um servidor de rede para realizar determinadas |
84 |
atividades computacionais – por exemplo, modificar uma fotografia, traduzir |
85 |
um texto para outro idioma, etc – e, então, convida usuários a deixara o |
86 |
servidor fazer <em>sua própria computação</em> para eles. Como um usuário do |
87 |
servidor, você enviaria seus dados para o servidor aquela atividade |
88 |
computacional no dados fornecidos, e então envia os resultados de volta para |
89 |
você, ou age diretamente em seu nome.</p> |
90 |
|
91 |
<p>O que significa dizer que uma determinada atividade computacional é <em>sua |
92 |
própria</em>? Isso significa que ninguém mais está intrinsecamente envolvido |
93 |
nisso. Para esclarecer o significado de “intrinsecamente envolvido”, |
94 |
apresentamos um experimento de pensamento. Suponha que qualquer software |
95 |
livre de que você possa precisar para o trabalho esteja disponível para |
96 |
você, e todos os dados de que você possa precisar, bem como computadores de |
97 |
qualquer velocidade, funcionalidade e capacidade que possam ser |
98 |
necessários. Você poderia fazer essa atividade de computação específica |
99 |
inteiramente nesses computadores, sem se comunicar com os computadores de |
100 |
outra pessoa?</p> |
101 |
|
102 |
<p>Se você pudesse, a atividade é <em>inteiramente sua própria</em>. Para o bem |
103 |
da sua liberdade, você merece controlá-la. Se você fizer isso executando |
104 |
software livre, você a controla. No entanto, fazer isso por meio do serviço |
105 |
de outra pessoa daria a essa outra pessoa o controle sobre sua atividade |
106 |
computacional. Chamamos esse cenário de SaaSS e dizemos que é injusto.</p> |
107 |
|
108 |
<p>Por outro lado, se por razões fundamentais você não puder fazer essa |
109 |
atividade em seus próprios computadores, então a atividade não é |
110 |
inteiramente sua, então a questão do SaaSS não se aplica a essa |
111 |
atividade. Em geral, essas atividades envolvem comunicação com outras |
112 |
pessoas.</p> |
113 |
|
114 |
<p>Servidores SaaSS tiram o controle dos usuários de forma ainda mais |
115 |
inexorável do que os softwares privativos. Com software privativo, os |
116 |
usuários normalmente têm um arquivo executável, mas não o código-fonte. Isso |
117 |
torna difícil estudar o código que está sendo executado e, portanto, é |
118 |
difícil determinar o que o programa realmente faz, e é difícil alterá-lo.</p> |
119 |
|
120 |
<p>Com SaaSS, os usuários não têm nem mesmo o arquivo executável que realiza |
121 |
sua computação: ele está no servidor de outra pessoa, onde os usuários não |
122 |
podem vê-lo nem tocá-lo. Portanto, é impossível para eles ter certeza do que |
123 |
o programa realmente faz, e é impossível modificá-lo.</p> |
124 |
|
125 |
<p>Além do mais, SaaSS automaticamente leva a consequências equivalentes aos |
126 |
recursos maliciosos de certos programas privativos.</p> |
127 |
|
128 |
<p> Por exemplo, alguns programas privativos são “spyware”: o programa <a |
129 |
href="/philosophy/proprietary-surveillance.html">envia dados sobre as |
130 |
atividades computacionais dos usuários</a>. Microsoft Windows envia |
131 |
informações das atividades do usuário para a Microsoft. Windows Media Player |
132 |
relata o que cada usuário assiste ou ouve. O Amazon Kindle relata quais |
133 |
páginas de quais livros o usuário vê, e quando. Angry Birds relata o |
134 |
histórico de localização geográfica do usuário.</p> |
135 |
|
136 |
<p>Diferentemente do software privativo, SaaSS não requer código oculto para |
137 |
obter dados do usuário. Ao invés disso, os usuários devem enviar seus dados |
138 |
para o servidor, para poderem usá-lo. Isso tem o mesmo efeito que o spyware: |
139 |
o operador do servidor obtém os dados — sem nenhum esforço em |
140 |
especial, pela própria natureza do SaaSS. Amy Webb, que nunca teve a |
141 |
intenção de postar nenhuma foto de sua filha, cometeu o erro de usar SaaSS |
142 |
(Instagram) para editar fotos dela. Eventualmente, <a |
143 |
href="https://slate.com/technology/2013/09/privacy-facebook-kids-dont-post-photos-of-your-kids-on-social-media.html"> |
144 |
as fotos vazaram de lá</a>.</p> |
145 |
|
146 |
<p>Teoricamente, criptografia homomórfica pode, em algum dia, avançar até o |
147 |
ponto em que futuros serviços de SaaSS poderem ser construídos com a |
148 |
capacidade de entender alguns dados que usuários lhes enviam. Tais serviços |
149 |
<em>poderiam</em> ser configurados para não bisbilhotar os usuários; isso |
150 |
não significa que eles <em>não vão</em> bisbilhotar. Além disso, bisbilhotar |
151 |
é apenas um entre as injustiças secundárias de SaaSS.</p> |
152 |
|
153 |
<p>Alguns sistemas operacionais privativos têm uma porta dos fundos [back door] |
154 |
universal, permitindo que alguém possa, remotamente, instalar alterações nos |
155 |
programas. Por exemplo, Windows tem uma porta dos fundos universal com a |
156 |
qual a Microsoft pode alterar à força qualquer software naquela |
157 |
máquina. Praticamente todos os telefones portáteis as têm, também. Algumas |
158 |
aplicações privativas também têm portas dos fundos universais: por exemplo, |
159 |
o cliente Steam para GNU/Linux permite ao desenvolvedor instalar versões |
160 |
modificadas à distância.</p> |
161 |
|
162 |
<p>Com SaaSS, o operador do servidor pode modificar o software usado no |
163 |
servidor. Ele tem que ser capaz de fazer isso, já que o computador é dele; |
164 |
mas o resultado [para o usuário] é o mesmo que usar programa aplicativo |
165 |
privativo com uma porta dos fundos universal: alguém tem o poder de, |
166 |
silenciosamente, impor mudanças no modo com que a computação do usuário é |
167 |
feita.</p> |
168 |
|
169 |
<p>Portanto, SaaSS é equivalente a executar software privativo com spyware e |
170 |
uma porta dos fundos [back door] universal. Ele concede ao operador do |
171 |
servidor um poder injusto sobre o usuário, e esse poder é algo a que devemos |
172 |
resistir.</p> |
173 |
|
174 |
<h3>SaaSS e SaaS</h3> |
175 |
|
176 |
<p>Originalmente, nós nos referíamos a essa prática problemática como “SaaS”, |
177 |
que significa Software como Serviço [“Software as a Service”]. Trata-se de |
178 |
um termo comumente usado para a configuração de software em um servidor, ao |
179 |
invés da oferta de cópias dele aos usuários, e nós pensávamos que esse termo |
180 |
descrevia com precisão os casos em que esse problema ocorre.</p> |
181 |
|
182 |
<p>Subsequentemente, tomamos consciência de que o termo SaaS algumas vezes é |
183 |
usado para serviços de comunicação — atividades em que essa questão |
184 |
não se aplica. Adicionalmente, o termo “Software como Serviço” não explica |
185 |
<em>por que</em> a prática é ruim. Então, nós cunhamos o termo “Serviço como |
186 |
Substituto de Software” [“Service as a Software Substitute”], que define a |
187 |
má prática mais claramente e diz o que é ruim nela.</p> |
188 |
|
189 |
<h3>Separando a Questão do SaaSS da Questão do Software Privativo</h3> |
190 |
|
191 |
<p>SaaSS e software privativo levam a resultados similarmente danosos, mas os |
192 |
mecanismos são diferentes. Com o software privativo, o mecanismo é que você |
193 |
tem e usa uma cópia que é difícil ou ilegal alterar. Com o SaaSS, o |
194 |
mecanismo é que você não tem a cópia que executa sua computação.</p> |
195 |
|
196 |
<p>Essas duas questões são frequentemente confundidas, e não apenas por |
197 |
acidente. Desenvolvedores web usam o termo vago “aplicação web” para |
198 |
amontoar os softwares de servidor juntos com programas que executam no |
199 |
navegador web da sua máquina. Algumas páginas web instalam programas |
200 |
JavaScript não-triviais, ou por vezes grandes, em seu navegador, sem lhe |
201 |
informar. <a href="/philosophy/javascript-trap.html">Quando esses programas |
202 |
JavaScripts são não-livres</a>, eles podem ser tão ruins quanto qualquer |
203 |
outro software não-livre. Aqui, porém, estamos tratando do problema do |
204 |
software do servidor em si mesmo.</p> |
205 |
|
206 |
<p>Muitos apoiadores de software livre presumem que o problema do SaaSS vai ser |
207 |
resolvido pelo desenvolvimento de software livre para servidores. Para o bem |
208 |
dos operadores de servidor, é melhor que os programas no servidor sejam |
209 |
livres; quando eles são privativos, seus donos têm o poder sobre o |
210 |
servidor. Isso é injusto com o operador e não ajuda os usuários em nada. Mas |
211 |
se os programas no servidor são livres, isso não protege você <em>como |
212 |
usuário do servidor</em> dos efeitos do SaaSS. Eles dão liberdade ao |
213 |
operador, mas não aos usuários do servidor.</p> |
214 |
|
215 |
<p>Liberar o código-fonte de software para servidor beneficia a comunidade: |
216 |
isso permite que usuários com as habilidades adequadas configurem servidores |
217 |
similares, possivelmente alterando o software. <a |
218 |
href="/licenses/license-recommendations.html">Recomendamos o uso da GNU |
219 |
Affero GPL</a> como licença para os programas frequentemente usados em |
220 |
servidores.</p> |
221 |
|
222 |
<p>Mas nenhum daqueles servidores daria a você o controle sobre a computação |
223 |
que você faz nele, a não ser que seja o <em>seu</em> servidor (um daqueles |
224 |
cuja carga de software você controla, independentemente da máquina ser de |
225 |
sua propriedade). Pode ser aceitável confiar algumas tarefas a servidores de |
226 |
amigos seus, assim como você poderia deixar um amigo seu configurar os |
227 |
programas de seu próprio computador. Fora isso, todos aqueles servidores |
228 |
serão SaaSS para você. SaaSS sempre lhe sujeita ao poder do operador do |
229 |
servidor, e o único remédio é: <em>Não use SaaSS!</em> Não use um servidor |
230 |
alheio para fazer suas próprias atividades computacionais sobre dados |
231 |
fornecidos por você.</p> |
232 |
|
233 |
<p>Essa questão demonstra a profundidade da diferença entre “aberto” e |
234 |
“livre”. Código-fonte que é um código aberto <a |
235 |
href="/philosophy/free-open-overlap.html">é (quase sempre) livre</a>. Porém, |
236 |
a ideia de um <a href="https://opendefinition.org/ossd/">serviço “software |
237 |
aberto”</a>, referindo-se a um software de servidor ser código aberto e/ou |
238 |
livre, falha em resolver a questão do SaaSS.</p> |
239 |
|
240 |
<p>Serviços são fundamentalmente diferentes de programas, e as questões éticas |
241 |
que serviços levantam são fundamentalmente diferentes das questões que |
242 |
programas levantam. Para evitar confusão, <a |
243 |
href="/philosophy/network-services-arent-free-or-nonfree.html">evitamos |
244 |
descrever algum serviço como “livre” ou “privativo”</a>.</p> |
245 |
|
246 |
<h3>Diferenciando SaaSS de Outros Serviços de Rede</h3> |
247 |
|
248 |
<p>Quais serviços são SaaSS? O exemplo mais claro é um serviço de tradução, que |
249 |
traduz (digamos) um texto de inglês para espanhol. A tradução de um texto |
250 |
para você é uma tarefa computacional que é puramente sua. Você poderia |
251 |
realizá-la executando um programa em seu próprio computador, se você |
252 |
simplesmente tivesse o programa certo. (Para ser ético, esse programa deve |
253 |
ser livre.) O serviço de tradução substitui esse programa, então trata-se de |
254 |
Serviço como Substituto de Software, ou SaaSS. Por lhe negar o controle de |
255 |
sua própria computação, ele é ruim para você.</p> |
256 |
|
257 |
<p>Outro exemplo claro é o uso de um serviço como Flickr ou Instagram para |
258 |
modificar uma foto. Modificar fotos é uma atividade que as pessoas têm |
259 |
feito em seus próprios computadores ao longo de décadas; fazê-la em um |
260 |
servidor, ao invés de em seu próprio computador é SaaSS.</p> |
261 |
|
262 |
<p>Rejeitar SaaSS não significa se recusar a usar quaisquer servidores de rede |
263 |
mantidos por qualquer pessoa além de você. A maioria dos servidores não são |
264 |
SaaSS porque os trabalhos que eles fazem não são a computação do próprio |
265 |
usuário.</p> |
266 |
|
267 |
<p>O propósito original de servidores web não era realizar atividades |
268 |
computacionais por você, e sim publicar informações para você acessar. Mesmo |
269 |
hoje em dia, é isso o que faz a maioria dos sites, sem que haja o problema |
270 |
do SaaSS, pois acessar uma informação publicada por outra pessoa não é fazer |
271 |
sua própria computação. Nem a publicação de seu próprio material através de |
272 |
um site de blog ou serviço de microblog, como Twitter ou StatusNet. (Esses |
273 |
serviços podem ter outros problemas, é claro.) O mesmo vale para outras |
274 |
comunicações que não têm a intenção de ser privadas, como grupos de |
275 |
bate-papo.</p> |
276 |
|
277 |
<p>Na sua essência, as redes sociais digitais são uma forma de comunicação e |
278 |
publicação, não SaaSS. Entretanto, um serviço cuja principal função é a de |
279 |
rede social pode ter recursos e extensões que são SaaSS.</p> |
280 |
|
281 |
<p>Se um serviço não é SaaSS, isso não significa que ele não apresente algum |
282 |
problema. Há outras questões éticas sobre serviços. Por exemplo, o Facebook |
283 |
requer a execução de código JavaScript não livre; e ele dá aos usuários uma |
284 |
impressão enganosa de privacidade, enquanto os induz a desnudar suas vidas |
285 |
para o Facebook. Essas são questões importantes, diversas da questão do |
286 |
SaaSS. |
287 |
</p> |
288 |
|
289 |
<p>Serviços como mecanismos de pesquisa coletam dados de toda a web e permitem |
290 |
que você os examine. Observar a coleção de dados deles não é fazer sua |
291 |
própria atividade computacional, no sentido comum — você não forneceu |
292 |
aquela coleção de dados —, então o uso de um tal serviço para |
293 |
pesquisar a web não é SaaSS. Porém, usar o mecanismo de pesquisa alheio para |
294 |
implementar um recurso de pesquisa em seu próprio site definitivamente |
295 |
<em>é</em> SaaSS.</p> |
296 |
|
297 |
<p>Compras pela internet não é SaaSS, pois a computação não é <em>sua |
298 |
própria</em> atividade; pelo contrário, ela é feita conjuntamente por você e |
299 |
pela loja. O problema real nas compras pela internet é se você confia seu |
300 |
dinheiro e outras informações pessoais (a começar pelo seu nome) à outra |
301 |
parte.</p> |
302 |
|
303 |
<p>Sites de repositórios tais como Savannah e SourceForge não são inerentemente |
304 |
SaaSS porque a tarefa de um repositório é publicar os dados a ele |
305 |
fornecidos.</p> |
306 |
|
307 |
<p>Usar servidores de projeto conjunto não é SaaSS porque a atividade |
308 |
computacional que você faz desta forma não é sua própria. Por exemplo, ao |
309 |
editar páginas na Wikipédia, você não está fazendo sua própria computação; |
310 |
ao invés disso, você está colaborando para a atividade computacional da |
311 |
Wikipédia. A Wikipédia controla seus próprios servidores, mas organizações, |
312 |
assim como indivíduos, encontram o problema do SaaSS quando fazem sua |
313 |
própria computação em um servidor alheio.</p> |
314 |
|
315 |
<p>Alguns sites oferecem múltiplos serviços, e se um não é SaaSS, outro pode |
316 |
ser SaaSS. Por exemplo, o serviço principal do Facebook é o de rede social, |
317 |
e isso não é SaaSS; porém, ele possui suporte a aplicativos de terceiros, |
318 |
alguns dos quais são SaaSS. O serviço principal do Flickr é a distribuição |
319 |
de fotos, que não é SaaSS, mas ele também possui recursos para a edição de |
320 |
fotos, que é SaaSS. Da mesma maneira, usar Instagram para postar uma foto |
321 |
não é SaaSS, mas usá-lo para transformar uma foto é SaaSS.</p> |
322 |
|
323 |
<p>Google Docs mostra o quão complexa pode se tornar a avaliação de um único |
324 |
serviço. Ele convida pessoas a editarem um documento através da execução de |
325 |
um enorme <a href="/philosophy/javascript-trap.html">programa JavaScript |
326 |
não-livre</a>, claramente mau. Contudo, oferece uma API para <em>upload</em> |
327 |
e <em>download</em> de documentos em formatos padrão. Um software editor |
328 |
livre pode fazer isso usando essa API. Esse cenário de uso não é SaaSS |
329 |
porque usa Google Docs como um mero repositório. Mostrar todos os seus dados |
330 |
para uma companhia é ruim, mas isso é um problema de privacidade, não de |
331 |
SaaSS; depender de um serviço para acessar seus próprios dados é mau, porém |
332 |
é um problema de risco, não de SaaSS. Por outro lado, usar o serviço para |
333 |
converter documentos de um formato a outro <em>é</em> SaaSS, porque é algo |
334 |
que poderia ser feito rodando um programa adequado (livre, espera-se) em seu |
335 |
próprio computador.</p> |
336 |
|
337 |
<p>Usar Google Docs através de um editor livre é raro, é claro. Mais |
338 |
frequentemente, as pessoas o usam através do programa JavaScript não-livre, |
339 |
que é tão ruim quanto qualquer programa não-livre. Esse cenário poderia |
340 |
envolver SaaSS, também; isso vai depender de que parte da edição é feita no |
341 |
programa JavaScript e que parte é feita no servidor. Não sabemos como isso é |
342 |
feito, mas, desde que SaaSS e software privativo causam males parecidos ao |
343 |
usuário, não é crucial saber como.</p> |
344 |
|
345 |
<p>A publicação através do repositório de outra pessoa não levanta problemas de |
346 |
privacidade, mas publicar através do Google Docs tem um problema especial: é |
347 |
impossível até mesmo <em>ver o texto</em> de um documento no Google Docs em |
348 |
um navegador, sem executar o código JavaScript não-livre. Então, você não |
349 |
deve usar Google Docs para publicar nada — mas a razão não é um |
350 |
assunto de SaaSS.</p> |
351 |
|
352 |
<p>A indústria de TI desencoraja os usuários a considerarem essas diferenças. É |
353 |
para isso que serve a expressão do momento “computação em nuvem” [“cloud |
354 |
computing”]. Esse termo é tão nebuloso que pode referir-se a quase qualquer |
355 |
uso da internet. Ele inclui SaaSS assim como muitas outras práticas de uso |
356 |
de rede. Em qualquer dado contexto, um autor que escreve “nuvem” (se ele é |
357 |
uma pessoa técnica) provavelmente tem um significado específico em mente, |
358 |
mas usualmente não explica que em outros artigos o termo tem outros |
359 |
significados específicos. O termo induz as pessoas a generalizarem sobre |
360 |
práticas que elas deveriam considerar separadamente.</p> |
361 |
|
362 |
<p>Se “computação em nuvem” tem algum significado, não se trata de um jeito de |
363 |
efetuar uma computação, mas de um jeito de pensar sobre computação. Uma |
364 |
abordagem irresponsável, que diz: “Não façam perguntas. Não se preocupem com |
365 |
quem controla sua computação ou quem detém seus dados. Não verifiquem se há |
366 |
algum anzol escondido em nosso serviço antes de engoli-lo. Confiem em |
367 |
companhias sem hesitar”. Em outras palavras, “Seja um otário”. Uma nuvem na |
368 |
mente é um obstáculo ao pensamento claro. Em prol do pensamento claro, |
369 |
evitemos o termo “nuvem”.</p> |
370 |
|
371 |
<h3 id="renting">Alugando um Servidor Diferente de SaaSS</h3> |
372 |
|
373 |
<p>Se você alugar um servidor (real ou virtual), cujo carregamento de software |
374 |
você tem controle, isso não é SaaSS. No SaaSS, outra pessoa decide qual |
375 |
software é usado no servidor e, portanto, controla a computador que ele faz |
376 |
por você. No caso em que você instala o software no servidor, você controla |
377 |
qual computação ele faz por você. Então, o servidor alugado é, virtualmente, |
378 |
seu computador. Neste quesito, ele conta como seu próprio.</p> |
379 |
|
380 |
<p>Os <em>dados</em> no servidor remoto alugado são menos seguros do que se |
381 |
você tivesse o servidor em casa, mas essa é uma questão separada do SaaSS.</p> |
382 |
|
383 |
<p>Esse tipo de aluguel de servidor às vezes é chamado de "IaaS", mas esse |
384 |
termo se encaixa em uma estrutura conceitual que minimiza as questões que |
385 |
consideramos importantes.</p> |
386 |
|
387 |
<h3>Lidando com o Problema do SaaSS</h3> |
388 |
|
389 |
<p>Somente uma pequena fração de todos os sítios web fazem SaaSS; a maioria não |
390 |
apresenta esse problema. Mas o que nós devemos fazer quanto àqueles que o |
391 |
apresentam?</p> |
392 |
|
393 |
<p>Para o simples caso em que você está fazendo sua própria atividade |
394 |
computacional sobre dados que estão em suas próprias mãos, a solução é |
395 |
simples: use sua própria cópia de um software livre. Faça sua edição de |
396 |
texto com sua própria cópia de um editor de textos livre, como o GNU Emacs, |
397 |
ou um processador de textos livre. Faça sua edição de fotos com sua cópia de |
398 |
um software livre, como o GIMP. Mas, e se não houver nenhum programa livre à |
399 |
disposição? Um programa privativo ou um SaaSS tiraria sua liberdade, |
400 |
portanto você não deve usá-los. Você pode contribuir com tempo ou dinheiro |
401 |
para o desenvolvimento de um substituto livre.</p> |
402 |
|
403 |
<p>Mas, e sobre a colaboração com outras pessoas como um grupo? Isso pode ser |
404 |
difícil de se fazer no momento sem usar um servidor, e seu grupo pode não |
405 |
saber como rodar um servidor próprio. Se você usar um servidor alheio, pelo |
406 |
menos não confie em um servidor mantido por uma empresa. Um mero contrato |
407 |
como um cliente não é proteção, a não ser que você possa detectar falhas e |
408 |
possa realmente processar a empresa, e provavelmente a empresa escreve seus |
409 |
contratos de forma a permitir uma vasta gama de abusos. O Estado pode |
410 |
apreender seus dados na empresa, junto com os dados de todos os demais, como |
411 |
o Obama fez com companhias telefônicas que ilegalmente grampeavam seus |
412 |
clientes para o Bush. Se você precisar usar um servidor, use um servidor |
413 |
cujos operadores deem a você uma base para confiar além de um mero |
414 |
relacionamento comercial.</p> |
415 |
|
416 |
<p>Porém, em uma escala a longo prazo, nós podemos criar alternativas ao uso de |
417 |
servidores. Por exemplo, nós podemos criar um programa ponto-a-ponto |
418 |
[peer-to-peer] através do qual colaboradores possam compartilhar dados |
419 |
criptografados. A comunidade de software livre deve desenvolver substitutos |
420 |
ponto-a-ponto distribuídos para “aplicações web” importantes. Pode ser sábio |
421 |
disponibilizá-los sob a <a href="/licenses/why-affero-gpl.html">GNU |
422 |
AGPL</a>, pois eles são prováveis candidatos a se converterem em programas |
423 |
baseados em servidor por outra pessoa. O <a href="/">Projeto GNU</a> está |
424 |
procurando voluntários para trabalhar em tais substitutos. Nós também |
425 |
convidamos outros projetos de software livre a considerarem essa questão em |
426 |
seu <em>design</em>.</p> |
427 |
|
428 |
<p>Enquanto isso, se uma empresa convidar você a usar o servidor dela para |
429 |
fazer suas próprias tarefas computacionais, não se submeta. Não use |
430 |
SaaSS. Não compre ou instale “thin clients”, que são apenas computadores tão |
431 |
fracos que obrigam-lhe a fazer o trabalho real em um servidor, a não ser que |
432 |
você vá usá-los em <em>seu próprio</em> servidor. Use um computador real e |
433 |
mantenha seus dados nele. Faça sua própria computação com sua própria cópia |
434 |
de programa livre, em prol da sua liberdade.</p> |
435 |
|
436 |
<div class="announcement comment" role="complementary"> |
437 |
<p>Veja também: <a href="/philosophy/bug-nobody-allowed-to-understand.html">O |
438 |
Erro que Ninguém Tem Permissão para Entender</a>.</p> |
439 |
</div> |
440 |
|
441 |
<div class="infobox extra" role="complementary"> |
442 |
<hr /> |
443 |
<p>A primeira versão deste artigo foi publicada no <cite><a |
444 |
href="http://www.bostonreview.net/richard-stallman-free-software-DRM"> |
445 |
Boston Review</a></cite>.</p> |
446 |
</div> |
447 |
</div> |
448 |
|
449 |
<div class="translators-notes"> |
450 |
|
451 |
<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't have notes.--> |
452 |
<b>Nota do Tradutor:</b> O termo “thin client” foi mantido original dado seu |
453 |
comum uso em português, mas uma tradução não tão comum seria “cliente |
454 |
magro”.</div> |
455 |
</div> |
456 |
|
457 |
<!-- for id="content", starts in the include above --> |
458 |
<!--#include virtual="/server/footer.pt-br.html" --> |
459 |
<div id="footer" role="contentinfo"> |
460 |
<div class="unprintable"> |
461 |
|
462 |
<p>Envie perguntas em geral sobre a FSF e o GNU para <a |
463 |
href="mailto:gnu@gnu.org"><gnu@gnu.org></a>. Também existem <a |
464 |
href="/contact/">outros meios de contatar</a> a FSF. Links quebrados e |
465 |
outras correções ou sugestões podem ser enviadas para <a |
466 |
href="mailto:webmasters@gnu.org"><webmasters@gnu.org></a>.</p> |
467 |
|
468 |
<p> |
469 |
<!-- TRANSLATORS: Ignore the original text in this paragraph, |
470 |
replace it with the translation of these two: |
471 |
|
472 |
We work hard and do our best to provide accurate, good quality |
473 |
translations. However, we are not exempt from imperfection. |
474 |
Please send your comments and general suggestions in this regard |
475 |
to <a href="mailto:web-translators@gnu.org"> |
476 |
|
477 |
<web-translators@gnu.org></a>.</p> |
478 |
|
479 |
<p>For information on coordinating and contributing translations of |
480 |
our web pages, see <a |
481 |
href="/server/standards/README.translations.html">Translations |
482 |
README</a>. --> |
483 |
A equipe de traduções para o português brasileiro se esforça para oferecer |
484 |
traduções precisas e de boa qualidade, mas não estamos isentos de erros. Por |
485 |
favor, envie seus comentários e sugestões em geral sobre as traduções para |
486 |
<a |
487 |
href="mailto:web-translators@gnu.org"><web-translators@gnu.org></a>. |
488 |
</p><p>Consulte o <a href="/server/standards/README.translations.html">Guia |
489 |
para as traduções</a> para mais informações sobre a coordenação e a |
490 |
contribuição com traduções das páginas deste site.</p> |
491 |
</div> |
492 |
|
493 |
<!-- Regarding copyright, in general, standalone pages (as opposed to |
494 |
files generated as part of manuals) on the GNU web server should |
495 |
be under CC BY-ND 4.0. Please do NOT change or remove this |
496 |
without talking with the webmasters or licensing team first. |
497 |
Please make sure the copyright date is consistent with the |
498 |
document. For web pages, it is ok to list just the latest year the |
499 |
document was modified, or published. |
500 |
|
501 |
If you wish to list earlier years, that is ok too. |
502 |
Either "2001, 2002, 2003" or "2001-2003" are ok for specifying |
503 |
years, as long as each year in the range is in fact a copyrightable |
504 |
year, i.e., a year in which the document was published (including |
505 |
being publicly visible on the web or in a revision control system). |
506 |
|
507 |
There is more detail about copyright years in the GNU Maintainers |
508 |
Information document, www.gnu.org/prep/maintain. --> |
509 |
<p>Copyright © 2010, 2013, 2015, 2016, 2018, 2020, 2021, 2022 Richard |
510 |
Stallman</p> |
511 |
|
512 |
<p>Esta página está licenciada sob uma licença <a rel="license" |
513 |
href="http://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/deed.pt_BR">Creative |
514 |
Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional</a>.</p> |
515 |
|
516 |
<!--#include virtual="/server/bottom-notes.pt-br.html" --> |
517 |
<div class="translators-credits"> |
518 |
|
519 |
<!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't want credits.--> |
520 |
Traduzido por:\vRafael Fontenelle <a |
521 |
href="mailto:rafaelff@gnome.org"><rafaelff@gnome.org></a>, 2012-2022; |
522 |
\vHudson Flávio Meneses Lacerda, 2014</div> |
523 |
|
524 |
<p class="unprintable"><!-- timestamp start --> |
525 |
Última atualização: |
526 |
|
527 |
$Date: 2023/01/11 21:00:04 $ |
528 |
|
529 |
<!-- timestamp end --> |
530 |
</p> |
531 |
</div> |
532 |
</div> |
533 |
<!-- for class="inner", starts in the banner include --> |
534 |
</body> |
535 |
</html> |