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13
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15 <title>A Quem Aquele Servidor Realmente Serve? - Projeto GNU - Free Software
16 Foundation</title>
17
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24 <div class="article reduced-width">
25 <h2>A Quem Aquele Servidor Realmente Serve?</h2>
26
27 <address class="byline">por Richard Stallman</address>
28
29 <div class="introduction">
30 <p><em>Na internet, software privativo não é a única maneira de você perder a
31 sua liberdade computacional. Serviço como Substituto de Software, <i
32 lang="en">Service as a Software Substitute</i> ou SaaSS, é outra forma de
33 dar a alguém poder sobre sua computação.</em></p>
34 </div>
35
36 <p>O ponto básico é que você pode ter controle sobre um programa que outra
37 pessoa escreveu (se ele é livre), mas você nunca pode ter controle sobre um
38 serviço executado por uma outra pessoa, então nunca use um serviço onde, em
39 princípio, executar um programa faria.</p>
40
41
42 <p>SaaSS significa usar um serviço, implementado por outra pessoa, como um
43 substituto da execução de sua própria cópia de um programa. O termo é nosso;
44 artigos e anúncios publicitários não irão usá-lo, e eles não vão contar a
45 você que um serviço é SaaSS. Ao invés disso, provavelmente usarão o termo
46 vago e elusivo “nuvem”, ou sua versão em inglês “cloud”, o qual mistura
47 SaaSS junto com várias outras práticas, algumas abusivas e algumas
48 aceitáveis. Com a explanação e os exemplos desta página, você poderá
49 determinar se um serviço é ou não SaaSS.</p>
50
51 <h3>Plano de fundo: Como o Software Privativo Toma a Sua Liberdade</h3>
52
53 <p>Tecnologia digital pode dar a você liberdade; ela também pode tomar a sua
54 liberdade. A primeira ameaça ao nosso controle sobre a nossa computação veio
55 do <em>software privativo</em>: softwares que os usuários não podem
56 controlar porque o fabricante (uma empresa como a Apple ou a Microsoft) o
57 controla. O dono com frequência tira vantagem desse poder injusto, inserindo
58 funcionalidades maliciosas tais como spyware, back doors e <a
59 href="https://www.defectivebydesign.org">Gestão Digital de Restrições
60 (DRM)</a> (referenciado como “Gestão de Direitos Digitais” [Digital Rights
61 Management] nas suas propagandas).</p>
62
63 <p>Nossa solução para este problema é o desenvolvimento de <em>software
64 livre</em> e a rejeição de software privativo. Software livre significa que
65 você, como um usuário, tem quatro liberdades essenciais: (0)&nbsp;de
66 executar o programa como você desejar, (1)&nbsp;de estudar e alterar o
67 código-fonte para que ele faça o que você desejar, (2)&nbsp;de redistribuir
68 cópias exatas e (3)&nbsp;de redistribuir cópias de suas versões
69 modificadas. (Veja a <a href="/philosophy/free-sw.html">definição de
70 software livre</a>.)</p>
71
72 <p>Com software livre, nós, os usuários, tomamos de volta o controle sobre
73 nossa computação. Software privativo ainda existe, mas nós podemos excluí-lo
74 de nossas vidas, e muitos de nós já o fizemos. Porém, agora a nós é
75 oferecida uma outra forma tentadora de ceder o controle de nossa computação:
76 Serviço como Substituto de Software (SaaSS). Para o bem de nossa liberdade,
77 temos que rejeitar isso também.</p>
78
79 <h3>Como Serviço como substituto de Software Tira Sua Liberdade</h3>
80
81 <p>Serviço como Substituto de Software (SaaSS) significa usar um serviço como
82 substituto de executar sua cópia de um programa. Concretamente, significa
83 que alguém configura um servidor de rede para realizar determinadas
84 atividades computacionais – por exemplo, modificar uma fotografia, traduzir
85 um texto para outro idioma, etc – e, então, convida usuários a deixara o
86 servidor fazer <em>sua própria computação</em> para eles. Como um usuário do
87 servidor, você enviaria seus dados para o servidor aquela atividade
88 computacional no dados fornecidos, e então envia os resultados de volta para
89 você, ou age diretamente em seu nome.</p>
90
91 <p>O que significa dizer que uma determinada atividade computacional é <em>sua
92 própria</em>? Isso significa que ninguém mais está intrinsecamente envolvido
93 nisso. Para esclarecer o significado de “intrinsecamente envolvido”,
94 apresentamos um experimento de pensamento. Suponha que qualquer software
95 livre de que você possa precisar para o trabalho esteja disponível para
96 você, e todos os dados de que você possa precisar, bem como computadores de
97 qualquer velocidade, funcionalidade e capacidade que possam ser
98 necessários. Você poderia fazer essa atividade de computação específica
99 inteiramente nesses computadores, sem se comunicar com os computadores de
100 outra pessoa?</p>
101
102 <p>Se você pudesse, a atividade é <em>inteiramente sua própria</em>. Para o bem
103 da sua liberdade, você merece controlá-la. Se você fizer isso executando
104 software livre, você a controla. No entanto, fazer isso por meio do serviço
105 de outra pessoa daria a essa outra pessoa o controle sobre sua atividade
106 computacional. Chamamos esse cenário de SaaSS e dizemos que é injusto.</p>
107
108 <p>Por outro lado, se por razões fundamentais você não puder fazer essa
109 atividade em seus próprios computadores, então a atividade não é
110 inteiramente sua, então a questão do SaaSS não se aplica a essa
111 atividade. Em geral, essas atividades envolvem comunicação com outras
112 pessoas.</p>
113
114 <p>Servidores SaaSS tiram o controle dos usuários de forma ainda mais
115 inexorável do que os softwares privativos. Com software privativo, os
116 usuários normalmente têm um arquivo executável, mas não o código-fonte. Isso
117 torna difícil estudar o código que está sendo executado e, portanto, é
118 difícil determinar o que o programa realmente faz, e é difícil alterá-lo.</p>
119
120 <p>Com SaaSS, os usuários não têm nem mesmo o arquivo executável que realiza
121 sua computação: ele está no servidor de outra pessoa, onde os usuários não
122 podem vê-lo nem tocá-lo. Portanto, é impossível para eles ter certeza do que
123 o programa realmente faz, e é impossível modificá-lo.</p>
124
125 <p>Além do mais, SaaSS automaticamente leva a consequências equivalentes aos
126 recursos maliciosos de certos programas privativos.</p>
127
128 <p> Por exemplo, alguns programas privativos são “spyware”: o programa <a
129 href="/philosophy/proprietary-surveillance.html">envia dados sobre as
130 atividades computacionais dos usuários</a>. Microsoft Windows envia
131 informações das atividades do usuário para a Microsoft. Windows Media Player
132 relata o que cada usuário assiste ou ouve. O Amazon Kindle relata quais
133 páginas de quais livros o usuário vê, e quando. Angry Birds relata o
134 histórico de localização geográfica do usuário.</p>
135
136 <p>Diferentemente do software privativo, SaaSS não requer código oculto para
137 obter dados do usuário. Ao invés disso, os usuários devem enviar seus dados
138 para o servidor, para poderem usá-lo. Isso tem o mesmo efeito que o spyware:
139 o operador do servidor obtém os dados &mdash; sem nenhum esforço em
140 especial, pela própria natureza do SaaSS. Amy Webb, que nunca teve a
141 intenção de postar nenhuma foto de sua filha, cometeu o erro de usar SaaSS
142 (Instagram) para editar fotos dela. Eventualmente, <a
143 href="https://slate.com/technology/2013/09/privacy-facebook-kids-dont-post-photos-of-your-kids-on-social-media.html">
144 as fotos vazaram de lá</a>.</p>
145
146 <p>Teoricamente, criptografia homomórfica pode, em algum dia, avançar até o
147 ponto em que futuros serviços de SaaSS poderem ser construídos com a
148 capacidade de entender alguns dados que usuários lhes enviam. Tais serviços
149 <em>poderiam</em> ser configurados para não bisbilhotar os usuários; isso
150 não significa que eles <em>não vão</em> bisbilhotar. Além disso, bisbilhotar
151 é apenas um entre as injustiças secundárias de SaaSS.</p>
152
153 <p>Alguns sistemas operacionais privativos têm uma porta dos fundos [back door]
154 universal, permitindo que alguém possa, remotamente, instalar alterações nos
155 programas. Por exemplo, Windows tem uma porta dos fundos universal com a
156 qual a Microsoft pode alterar à força qualquer software naquela
157 máquina. Praticamente todos os telefones portáteis as têm, também. Algumas
158 aplicações privativas também têm portas dos fundos universais: por exemplo,
159 o cliente Steam para GNU/Linux permite ao desenvolvedor instalar versões
160 modificadas à distância.</p>
161
162 <p>Com SaaSS, o operador do servidor pode modificar o software usado no
163 servidor. Ele tem que ser capaz de fazer isso, já que o computador é dele;
164 mas o resultado [para o usuário] é o mesmo que usar programa aplicativo
165 privativo com uma porta dos fundos universal: alguém tem o poder de,
166 silenciosamente, impor mudanças no modo com que a computação do usuário é
167 feita.</p>
168
169 <p>Portanto, SaaSS é equivalente a executar software privativo com spyware e
170 uma porta dos fundos [back door] universal. Ele concede ao operador do
171 servidor um poder injusto sobre o usuário, e esse poder é algo a que devemos
172 resistir.</p>
173
174 <h3>SaaSS e SaaS</h3>
175
176 <p>Originalmente, nós nos referíamos a essa prática problemática como “SaaS”,
177 que significa Software como Serviço [“Software as a Service”]. Trata-se de
178 um termo comumente usado para a configuração de software em um servidor, ao
179 invés da oferta de cópias dele aos usuários, e nós pensávamos que esse termo
180 descrevia com precisão os casos em que esse problema ocorre.</p>
181
182 <p>Subsequentemente, tomamos consciência de que o termo SaaS algumas vezes é
183 usado para serviços de comunicação &mdash; atividades em que essa questão
184 não se aplica. Adicionalmente, o termo “Software como Serviço” não explica
185 <em>por que</em> a prática é ruim. Então, nós cunhamos o termo “Serviço como
186 Substituto de Software” [“Service as a Software Substitute”], que define a
187 má prática mais claramente e diz o que é ruim nela.</p>
188
189 <h3>Separando a Questão do SaaSS da Questão do Software Privativo</h3>
190
191 <p>SaaSS e software privativo levam a resultados similarmente danosos, mas os
192 mecanismos são diferentes. Com o software privativo, o mecanismo é que você
193 tem e usa uma cópia que é difícil ou ilegal alterar. Com o SaaSS, o
194 mecanismo é que você não tem a cópia que executa sua computação.</p>
195
196 <p>Essas duas questões são frequentemente confundidas, e não apenas por
197 acidente. Desenvolvedores web usam o termo vago “aplicação web” para
198 amontoar os softwares de servidor juntos com programas que executam no
199 navegador web da sua máquina. Algumas páginas web instalam programas
200 JavaScript não-triviais, ou por vezes grandes, em seu navegador, sem lhe
201 informar. <a href="/philosophy/javascript-trap.html">Quando esses programas
202 JavaScripts são não-livres</a>, eles podem ser tão ruins quanto qualquer
203 outro software não-livre. Aqui, porém, estamos tratando do problema do
204 software do servidor em si mesmo.</p>
205
206 <p>Muitos apoiadores de software livre presumem que o problema do SaaSS vai ser
207 resolvido pelo desenvolvimento de software livre para servidores. Para o bem
208 dos operadores de servidor, é melhor que os programas no servidor sejam
209 livres; quando eles são privativos, seus donos têm o poder sobre o
210 servidor. Isso é injusto com o operador e não ajuda os usuários em nada. Mas
211 se os programas no servidor são livres, isso não protege você <em>como
212 usuário do servidor</em> dos efeitos do SaaSS. Eles dão liberdade ao
213 operador, mas não aos usuários do servidor.</p>
214
215 <p>Liberar o código-fonte de software para servidor beneficia a comunidade:
216 isso permite que usuários com as habilidades adequadas configurem servidores
217 similares, possivelmente alterando o software. <a
218 href="/licenses/license-recommendations.html">Recomendamos o uso da GNU
219 Affero GPL</a> como licença para os programas frequentemente usados em
220 servidores.</p>
221
222 <p>Mas nenhum daqueles servidores daria a você o controle sobre a computação
223 que você faz nele, a não ser que seja o <em>seu</em> servidor (um daqueles
224 cuja carga de software você controla, independentemente da máquina ser de
225 sua propriedade). Pode ser aceitável confiar algumas tarefas a servidores de
226 amigos seus, assim como você poderia deixar um amigo seu configurar os
227 programas de seu próprio computador. Fora isso, todos aqueles servidores
228 serão SaaSS para você. SaaSS sempre lhe sujeita ao poder do operador do
229 servidor, e o único remédio é: <em>Não use SaaSS!</em> Não use um servidor
230 alheio para fazer suas próprias atividades computacionais sobre dados
231 fornecidos por você.</p>
232
233 <p>Essa questão demonstra a profundidade da diferença entre “aberto” e
234 “livre”. Código-fonte que é um código aberto <a
235 href="/philosophy/free-open-overlap.html">é (quase sempre) livre</a>. Porém,
236 a ideia de um <a href="https://opendefinition.org/ossd/">serviço “software
237 aberto”</a>, referindo-se a um software de servidor ser código aberto e/ou
238 livre, falha em resolver a questão do SaaSS.</p>
239
240 <p>Serviços são fundamentalmente diferentes de programas, e as questões éticas
241 que serviços levantam são fundamentalmente diferentes das questões que
242 programas levantam. Para evitar confusão, <a
243 href="/philosophy/network-services-arent-free-or-nonfree.html">evitamos
244 descrever algum serviço como “livre” ou “privativo”</a>.</p>
245
246 <h3>Diferenciando SaaSS de Outros Serviços de Rede</h3>
247
248 <p>Quais serviços são SaaSS? O exemplo mais claro é um serviço de tradução, que
249 traduz (digamos) um texto de inglês para espanhol. A tradução de um texto
250 para você é uma tarefa computacional que é puramente sua. Você poderia
251 realizá-la executando um programa em seu próprio computador, se você
252 simplesmente tivesse o programa certo. (Para ser ético, esse programa deve
253 ser livre.) O serviço de tradução substitui esse programa, então trata-se de
254 Serviço como Substituto de Software, ou SaaSS. Por lhe negar o controle de
255 sua própria computação, ele é ruim para você.</p>
256
257 <p>Outro exemplo claro é o uso de um serviço como Flickr ou Instagram para
258 modificar uma foto. Modificar fotos é uma atividade que as pessoas têm
259 feito em seus próprios computadores ao longo de décadas; fazê-la em um
260 servidor, ao invés de em seu próprio computador é SaaSS.</p>
261
262 <p>Rejeitar SaaSS não significa se recusar a usar quaisquer servidores de rede
263 mantidos por qualquer pessoa além de você. A maioria dos servidores não são
264 SaaSS porque os trabalhos que eles fazem não são a computação do próprio
265 usuário.</p>
266
267 <p>O propósito original de servidores web não era realizar atividades
268 computacionais por você, e sim publicar informações para você acessar. Mesmo
269 hoje em dia, é isso o que faz a maioria dos sites, sem que haja o problema
270 do SaaSS, pois acessar uma informação publicada por outra pessoa não é fazer
271 sua própria computação. Nem a publicação de seu próprio material através de
272 um site de blog ou serviço de microblog, como Twitter ou StatusNet. (Esses
273 serviços podem ter outros problemas, é claro.) O mesmo vale para outras
274 comunicações que não têm a intenção de ser privadas, como grupos de
275 bate-papo.</p>
276
277 <p>Na sua essência, as redes sociais digitais são uma forma de comunicação e
278 publicação, não SaaSS. Entretanto, um serviço cuja principal função é a de
279 rede social pode ter recursos e extensões que são SaaSS.</p>
280
281 <p>Se um serviço não é SaaSS, isso não significa que ele não apresente algum
282 problema. Há outras questões éticas sobre serviços. Por exemplo, o Facebook
283 requer a execução de código JavaScript não livre; e ele dá aos usuários uma
284 impressão enganosa de privacidade, enquanto os induz a desnudar suas vidas
285 para o Facebook. Essas são questões importantes, diversas da questão do
286 SaaSS.
287 </p>
288
289 <p>Serviços como mecanismos de pesquisa coletam dados de toda a web e permitem
290 que você os examine. Observar a coleção de dados deles não é fazer sua
291 própria atividade computacional, no sentido comum &mdash; você não forneceu
292 aquela coleção de dados &mdash;, então o uso de um tal serviço para
293 pesquisar a web não é SaaSS. Porém, usar o mecanismo de pesquisa alheio para
294 implementar um recurso de pesquisa em seu próprio site definitivamente
295 <em>é</em> SaaSS.</p>
296
297 <p>Compras pela internet não é SaaSS, pois a computação não é <em>sua
298 própria</em> atividade; pelo contrário, ela é feita conjuntamente por você e
299 pela loja. O problema real nas compras pela internet é se você confia seu
300 dinheiro e outras informações pessoais (a começar pelo seu nome) à outra
301 parte.</p>
302
303 <p>Sites de repositórios tais como Savannah e SourceForge não são inerentemente
304 SaaSS porque a tarefa de um repositório é publicar os dados a ele
305 fornecidos.</p>
306
307 <p>Usar servidores de projeto conjunto não é SaaSS porque a atividade
308 computacional que você faz desta forma não é sua própria. Por exemplo, ao
309 editar páginas na Wikipédia, você não está fazendo sua própria computação;
310 ao invés disso, você está colaborando para a atividade computacional da
311 Wikipédia. A Wikipédia controla seus próprios servidores, mas organizações,
312 assim como indivíduos, encontram o problema do SaaSS quando fazem sua
313 própria computação em um servidor alheio.</p>
314
315 <p>Alguns sites oferecem múltiplos serviços, e se um não é SaaSS, outro pode
316 ser SaaSS. Por exemplo, o serviço principal do Facebook é o de rede social,
317 e isso não é SaaSS; porém, ele possui suporte a aplicativos de terceiros,
318 alguns dos quais são SaaSS. O serviço principal do Flickr é a distribuição
319 de fotos, que não é SaaSS, mas ele também possui recursos para a edição de
320 fotos, que é SaaSS. Da mesma maneira, usar Instagram para postar uma foto
321 não é SaaSS, mas usá-lo para transformar uma foto é SaaSS.</p>
322
323 <p>Google Docs mostra o quão complexa pode se tornar a avaliação de um único
324 serviço. Ele convida pessoas a editarem um documento através da execução de
325 um enorme <a href="/philosophy/javascript-trap.html">programa JavaScript
326 não-livre</a>, claramente mau. Contudo, oferece uma API para <em>upload</em>
327 e <em>download</em> de documentos em formatos padrão. Um software editor
328 livre pode fazer isso usando essa API. Esse cenário de uso não é SaaSS
329 porque usa Google Docs como um mero repositório. Mostrar todos os seus dados
330 para uma companhia é ruim, mas isso é um problema de privacidade, não de
331 SaaSS; depender de um serviço para acessar seus próprios dados é mau, porém
332 é um problema de risco, não de SaaSS. Por outro lado, usar o serviço para
333 converter documentos de um formato a outro <em>é</em> SaaSS, porque é algo
334 que poderia ser feito rodando um programa adequado (livre, espera-se) em seu
335 próprio computador.</p>
336
337 <p>Usar Google Docs através de um editor livre é raro, é claro. Mais
338 frequentemente, as pessoas o usam através do programa JavaScript não-livre,
339 que é tão ruim quanto qualquer programa não-livre. Esse cenário poderia
340 envolver SaaSS, também; isso vai depender de que parte da edição é feita no
341 programa JavaScript e que parte é feita no servidor. Não sabemos como isso é
342 feito, mas, desde que SaaSS e software privativo causam males parecidos ao
343 usuário, não é crucial saber como.</p>
344
345 <p>A publicação através do repositório de outra pessoa não levanta problemas de
346 privacidade, mas publicar através do Google Docs tem um problema especial: é
347 impossível até mesmo <em>ver o texto</em> de um documento no Google Docs em
348 um navegador, sem executar o código JavaScript não-livre. Então, você não
349 deve usar Google Docs para publicar nada &mdash; mas a razão não é um
350 assunto de SaaSS.</p>
351
352 <p>A indústria de TI desencoraja os usuários a considerarem essas diferenças. É
353 para isso que serve a expressão do momento “computação em nuvem” [“cloud
354 computing”]. Esse termo é tão nebuloso que pode referir-se a quase qualquer
355 uso da internet. Ele inclui SaaSS assim como muitas outras práticas de uso
356 de rede. Em qualquer dado contexto, um autor que escreve “nuvem” (se ele é
357 uma pessoa técnica) provavelmente tem um significado específico em mente,
358 mas usualmente não explica que em outros artigos o termo tem outros
359 significados específicos. O termo induz as pessoas a generalizarem sobre
360 práticas que elas deveriam considerar separadamente.</p>
361
362 <p>Se “computação em nuvem” tem algum significado, não se trata de um jeito de
363 efetuar uma computação, mas de um jeito de pensar sobre computação. Uma
364 abordagem irresponsável, que diz: “Não façam perguntas. Não se preocupem com
365 quem controla sua computação ou quem detém seus dados. Não verifiquem se há
366 algum anzol escondido em nosso serviço antes de engoli-lo. Confiem em
367 companhias sem hesitar”. Em outras palavras, “Seja um otário”. Uma nuvem na
368 mente é um obstáculo ao pensamento claro. Em prol do pensamento claro,
369 evitemos o termo “nuvem”.</p>
370
371 <h3 id="renting">Alugando um Servidor Diferente de SaaSS</h3>
372
373 <p>Se você alugar um servidor (real ou virtual), cujo carregamento de software
374 você tem controle, isso não é SaaSS. No SaaSS, outra pessoa decide qual
375 software é usado no servidor e, portanto, controla a computador que ele faz
376 por você. No caso em que você instala o software no servidor, você controla
377 qual computação ele faz por você. Então, o servidor alugado é, virtualmente,
378 seu computador. Neste quesito, ele conta como seu próprio.</p>
379
380 <p>Os <em>dados</em> no servidor remoto alugado são menos seguros do que se
381 você tivesse o servidor em casa, mas essa é uma questão separada do SaaSS.</p>
382
383 <p>Esse tipo de aluguel de servidor às vezes é chamado de "IaaS", mas esse
384 termo se encaixa em uma estrutura conceitual que minimiza as questões que
385 consideramos importantes.</p>
386
387 <h3>Lidando com o Problema do SaaSS</h3>
388
389 <p>Somente uma pequena fração de todos os sítios web fazem SaaSS; a maioria não
390 apresenta esse problema. Mas o que nós devemos fazer quanto àqueles que o
391 apresentam?</p>
392
393 <p>Para o simples caso em que você está fazendo sua própria atividade
394 computacional sobre dados que estão em suas próprias mãos, a solução é
395 simples: use sua própria cópia de um software livre. Faça sua edição de
396 texto com sua própria cópia de um editor de textos livre, como o GNU Emacs,
397 ou um processador de textos livre. Faça sua edição de fotos com sua cópia de
398 um software livre, como o GIMP. Mas, e se não houver nenhum programa livre à
399 disposição? Um programa privativo ou um SaaSS tiraria sua liberdade,
400 portanto você não deve usá-los. Você pode contribuir com tempo ou dinheiro
401 para o desenvolvimento de um substituto livre.</p>
402
403 <p>Mas, e sobre a colaboração com outras pessoas como um grupo? Isso pode ser
404 difícil de se fazer no momento sem usar um servidor, e seu grupo pode não
405 saber como rodar um servidor próprio. Se você usar um servidor alheio, pelo
406 menos não confie em um servidor mantido por uma empresa. Um mero contrato
407 como um cliente não é proteção, a não ser que você possa detectar falhas e
408 possa realmente processar a empresa, e provavelmente a empresa escreve seus
409 contratos de forma a permitir uma vasta gama de abusos. O Estado pode
410 apreender seus dados na empresa, junto com os dados de todos os demais, como
411 o Obama fez com companhias telefônicas que ilegalmente grampeavam seus
412 clientes para o Bush. Se você precisar usar um servidor, use um servidor
413 cujos operadores deem a você uma base para confiar além de um mero
414 relacionamento comercial.</p>
415
416 <p>Porém, em uma escala a longo prazo, nós podemos criar alternativas ao uso de
417 servidores. Por exemplo, nós podemos criar um programa ponto-a-ponto
418 [peer-to-peer] através do qual colaboradores possam compartilhar dados
419 criptografados. A comunidade de software livre deve desenvolver substitutos
420 ponto-a-ponto distribuídos para “aplicações web” importantes. Pode ser sábio
421 disponibilizá-los sob a <a href="/licenses/why-affero-gpl.html">GNU
422 AGPL</a>, pois eles são prováveis candidatos a se converterem em programas
423 baseados em servidor por outra pessoa. O <a href="/">Projeto GNU</a> está
424 procurando voluntários para trabalhar em tais substitutos. Nós também
425 convidamos outros projetos de software livre a considerarem essa questão em
426 seu <em>design</em>.</p>
427
428 <p>Enquanto isso, se uma empresa convidar você a usar o servidor dela para
429 fazer suas próprias tarefas computacionais, não se submeta. Não use
430 SaaSS. Não compre ou instale “thin clients”, que são apenas computadores tão
431 fracos que obrigam-lhe a fazer o trabalho real em um servidor, a não ser que
432 você vá usá-los em <em>seu próprio</em> servidor. Use um computador real e
433 mantenha seus dados nele. Faça sua própria computação com sua própria cópia
434 de programa livre, em prol da sua liberdade.</p>
435
436 <div class="announcement comment" role="complementary">
437 <p>Veja também: <a href="/philosophy/bug-nobody-allowed-to-understand.html">O
438 Erro que Ninguém Tem Permissão para Entender</a>.</p>
439 </div>
440
441 <div class="infobox extra" role="complementary">
442 <hr />
443 <p>A primeira versão deste artigo foi publicada no <cite><a
444 href="http://www.bostonreview.net/richard-stallman-free-software-DRM">
445 Boston Review</a></cite>.</p>
446 </div>
447 </div>
448
449 <div class="translators-notes">
450
451 <!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't have notes.-->
452 <b>Nota do Tradutor:</b> O termo “thin client” foi mantido original dado seu
453 comum uso em português, mas uma tradução não tão comum seria “cliente
454 magro”.</div>
455 </div>
456
457 <!-- for id="content", starts in the include above -->
458 <!--#include virtual="/server/footer.pt-br.html" -->
459 <div id="footer" role="contentinfo">
460 <div class="unprintable">
461
462 <p>Envie perguntas em geral sobre a FSF e o GNU para <a
463 href="mailto:gnu@gnu.org">&lt;gnu@gnu.org&gt;</a>. Também existem <a
464 href="/contact/">outros meios de contatar</a> a FSF. Links quebrados e
465 outras correções ou sugestões podem ser enviadas para <a
466 href="mailto:webmasters@gnu.org">&lt;webmasters@gnu.org&gt;</a>.</p>
467
468 <p>
469 <!-- TRANSLATORS: Ignore the original text in this paragraph,
470 replace it with the translation of these two:
471
472 We work hard and do our best to provide accurate, good quality
473 translations. However, we are not exempt from imperfection.
474 Please send your comments and general suggestions in this regard
475 to <a href="mailto:web-translators@gnu.org">
476
477 &lt;web-translators@gnu.org&gt;</a>.</p>
478
479 <p>For information on coordinating and contributing translations of
480 our web pages, see <a
481 href="/server/standards/README.translations.html">Translations
482 README</a>. -->
483 A equipe de traduções para o português brasileiro se esforça para oferecer
484 traduções precisas e de boa qualidade, mas não estamos isentos de erros. Por
485 favor, envie seus comentários e sugestões em geral sobre as traduções para
486 <a
487 href="mailto:web-translators@gnu.org">&lt;web-translators@gnu.org&gt;</a>.
488 </p><p>Consulte o <a href="/server/standards/README.translations.html">Guia
489 para as traduções</a> para mais informações sobre a coordenação e a
490 contribuição com traduções das páginas deste site.</p>
491 </div>
492
493 <!-- Regarding copyright, in general, standalone pages (as opposed to
494 files generated as part of manuals) on the GNU web server should
495 be under CC BY-ND 4.0. Please do NOT change or remove this
496 without talking with the webmasters or licensing team first.
497 Please make sure the copyright date is consistent with the
498 document. For web pages, it is ok to list just the latest year the
499 document was modified, or published.
500
501 If you wish to list earlier years, that is ok too.
502 Either "2001, 2002, 2003" or "2001-2003" are ok for specifying
503 years, as long as each year in the range is in fact a copyrightable
504 year, i.e., a year in which the document was published (including
505 being publicly visible on the web or in a revision control system).
506
507 There is more detail about copyright years in the GNU Maintainers
508 Information document, www.gnu.org/prep/maintain. -->
509 <p>Copyright &copy; 2010, 2013, 2015, 2016, 2018, 2020, 2021, 2022 Richard
510 Stallman</p>
511
512 <p>Esta página está licenciada sob uma licença <a rel="license"
513 href="http://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/deed.pt_BR">Creative
514 Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional</a>.</p>
515
516 <!--#include virtual="/server/bottom-notes.pt-br.html" -->
517 <div class="translators-credits">
518
519 <!--TRANSLATORS: Use space (SPC) as msgstr if you don't want credits.-->
520 Traduzido por:\vRafael Fontenelle <a
521 href="mailto:rafaelff@gnome.org">&lt;rafaelff@gnome.org&gt;</a>, 2012-2022;
522 \vHudson Flávio Meneses Lacerda, 2014</div>
523
524 <p class="unprintable"><!-- timestamp start -->
525 Última atualização:
526
527 $Date: 2023/01/11 21:00:04 $
528
529 <!-- timestamp end -->
530 </p>
531 </div>
532 </div>
533 <!-- for class="inner", starts in the banner include -->
534 </body>
535 </html>

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