sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Estamos sempre a aprender!...

Por força do meu trabalho, hoje tive que participar num daqueles acontecimentos deveras peculiares, daqueles em que nos sentimos sempre um pouco como "outsiders" (do género dos "casamentos" em que ficamos completamente à toa, devido à roupa de cerimónia que temos que levar vestida e por apenas conhecermos os noivos e pouco mais do que 2 ou 3 convidados).

Pois é, esta tarde participei num daqueles almoços festivos, que se realizam na construção civil, quando se terminam os trabalhos de alvenarias e se vai dar início aos trabalhos de especialidades (ou seja, quando uma das equipas sai e entra nova equipa), e em que, normalmente, o empreiteiro convida, também, o dono de obra a participar.

Para quem não saiba, sou antropóloga de formação (com um mestrado em Sociologia)... e nunca esperei trabalhar em projectos deste género (apesar de nós, nesta área, estarmos sempre preparados para tudo o que nos cair do céu!).

Quando entrei para a universidade, tinha a ideia demasiado utópica que, no final do curso, iria trabalhar com a tribo não-sei-das-quantas em África ou na Amazónia (coisa que apenas alguns antropólogos de posses ou famílias ricas conseguem fazer), mas cedo acabei por perder todas essas ilusões.
Depois, a partir de finais de 1999, por força das circunstâncias (e, também, muito fruto do acaso), acabei por ficar mais ligada à área das migrações, onde tenho trabalhado até hoje.

Daí que, quando me convidaram para trabalhar neste projecto em particular, acompanhando a construção de um
novo Centro de Acolhimento e todo o processo demasiadamente burocrático que conduziu até essa fase (entrega de projectos de arquitectura na Câmara, escrituras, concurso público para adjudicação da obra,etc. e tal), pensei que estavam certamente a gozar comigo e que, a partir daí, iria ter o trabalho mais estupidificante do mundo.

No entanto, ao fim de quase 3 anos de trabalho, ao acompanhar o processo de criação/construção de algo (que vai ser tão importante para as vidas de outras pessoas) e ao participar hoje no tal churrasco na obra (que, por sinal, tinha uma carninha de porco deliciosa!), não posso deixar de ter um carinho muito especial por este projecto que, inicialmente, não me dizia nada e nem me motivava sequer!...
Apercebi-me, também, que é bem verdadeiro o significado daquela expressão: "estamos sempre a aprender".

Quem é que diria que, actualmente, eu iria estar tão bem informada sobre "sapatas", "alvenarias", "gabiões" e outros termos técnicos do género, ou que iria conseguir estabelecer uma relação diplomática/impositiva Q.B. com fiscais de obra e empreiteiros?!
Quem me conhece bem sabe que esta iria ser uma tarefa praticamente inconcebível (dada a minha maneira de ser), mas tenho-a conseguido ultrapassar.

A verdade é que estamos sempre a aprender em qualquer área em que trabalhemos, mesmo que não seja aquela que escolhemos ou de que gostamos!
E o que interessa, na verdade, é que aprendemos sempre coisas novas que, eventualmente, um dia mais tarde, nos servirão para alguma coisa!

4 comentários:

Pedro disse...

O Centro de acolhimento é seguramente, pelo menos pelo tipo de programa, uma obra importante e que leva ao forte empenho de quantos nele trabalham.
Tenho pena que, na folha de apresentação, não esteja referido o nome do(s)autor(s) do projecto.

Alexa disse...

Muito obrigada pelo comentário,
PMBC!
Tal como diz o texto, o meu empenho agora já é maior... apesar de no início ter estado meia desmotivada.
Em resposta à sua questão, e concedendo os devidos louros a quem os merece: o projecto de arquitectira deste Centro de Acolhimento, Creche/ATL, Polidesportivo e Jardim puúblico é da autoria de 2 arquitectos da empresa PLANARQ.

Unknown disse...

Temos sempre sonhos antes de começarmos a trabalhar, e é quase impossível que correspondam à realidade que vem depois... Mas tudo (ou quase tudo ;)) pode ser interessante e motivador se o procurarmos!

Reticências... disse...

Pois, eu sei...qual tribo, qual comunidade primitiva, qual sociedade indígena! A vida às vezes tem outros aspectos antropológicos muito mais atractivos...Depois descobrimos que ainda bem que os encontrámos: antropologia urbana do mais puro que há... Parabéns pela realização do projecto!