Mostrar mensagens com a etiqueta Maxial. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Maxial. Mostrar todas as mensagens

11 agosto 2013

SANTA SUSANA DO MAXIAL



Hoje, 11 de Agosto, é o dia consagrado pela Igreja a Santa Susana.
A freguesia do Maxial, concelho de Torres Vedras, tem Santa Susana como padroeira. No cemitério local existe uma capela com a designação desta santa, capela que é, afinal, o que resta do antigo templo, destruído pelo terramoto de 1755. A Junta de Freguesia decidiu, em iniciativa que louvamos, proceder a obras de restauro e beneficiação daquela relíquia patrimonial. Assinalando o acontecimento, ontem, dia 10, foi lá celebrada Missa pelo Pároco P. José Miguel Ramos, cerimónia para a qual a Junta convidou a população, estendendo o convite aos amigos do Património e, como tal, à nossa Associação.
Como sinal e testemunho, publicou um pequeno opúsculo que reproduzimos, bem como a totalidade do texto, da autoria do Dr. Carlos Guardado da Silva, responsável pelo Arquivo Municipal de Torres Vedras e Presidente da Assembleia Geral da Associação do Património de Torres Vedras.
Associamo-nos, assim, à festa de Santa Susana e à meritória iniciativa da Junta de Freguesia do Maxial.







Contracapa do opúsculo, com a imagem de Santa Susana
















Folha interior do opúsculo com as referências de publicação.









Para uma biografia de Santa Susana do Machial


A igreja paroquial

A existência da igreja de Santa Susana do Machial, então com a designação de Santa Susana de Alcabrichel, remonta, muito provavelmente, ao início do domínio cristão da Estremadura, na sequência da conquista definitiva da linha do Tejo, em Outubro de 1147, por D. Afonso Henriques, no contexto da Segunda Cruzada. A fundação da paróquia teria sido instituída mais tarde, no século XIV, com pia baptismal, sino e fregueses, em data posterior a 1315, uma vez que consta da lista de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos reinos de Portugal e Algarves, de 1320-1321. O seu quantitativo demográfico bastaria, por si só, para justificar a independência administrativa e eclesial, em inícios da centúria de trezentos. Constando a igreja de Santa Susana do Alcabrichel do rol das igrejas de que o rei era padroeiro em 1258-59, a sua independência das matrizes da vila não estaria provavelmente completa.
Aquando da sua fundação e ao longo da Baixa Idade Média, Santa Susana era uma paróquia anexa da matriz de São Miguel da vila de Torres Vedras, encontrando-se a igreja paroquial fora do lugar.
Entre 1315 e 1317, o bispo de Lisboa D. Frei Estêvão atribuiu a cada uma das quatro igrejas urbanas de Torres Vedras o seu território paroquial, cujos limites rurais foram definidos, embora a parte urbana tivesse ficado completamente silenciada. Santa Maria do Castelo, São Pedro e São Tiago partilhavam, entre si, áreas de dimensão idêntica na vila. São Miguel obteria uma porção exígua do espaço urbano, recebendo, em contrapartida, a maior parte do espaço periurbano.
Ao longo do século XIV manter-se-iam contendas sobre os direitos eclesiásticos, sobretudo no que dizia respeito à receita das dízimas. Certo é que a imprecisão dos limites territoriais das paróquias, assim como as diversas transformações ocorridas no povoamento contribuíam para relançar, de vez em quando, a discussão sobre quem detinha os direitos dizimais. As crises económicas exigiam igualmente a cada igreja a defesa dos seus interesses, meio de sustentação da sua comunidade ou de cumprimento dos ofícios, assim como de manutenção do edifício. É neste contexto que surge um contencioso entre a colegiada de São Miguel e o prior de Santa Susana de Alcabrichel acerca dos limites das respectivas paróquias. Se em 1315 D. Frei Estêvão havia atribuído um extenso território à colegiada, que cobria a parte norte e leste do termo torriense, o pároco de Santa Susana do Maxial, já elevada esta a igreja paroquial, reclamaria os direitos sobre o território que anteriormente se encontrava sob a influência material e espiritual de São Miguel.
Como as demais igrejas de Torres Vedras, Santa Susana de Alcabrichel era de padroado régio. Um facto que não exclui a possibilidade de ter sido instituída pelos fregueses que, em dado momento, seriam substituídos naquela função pelo monarca. Na década de 30 do século XVI, a igreja foi objecto de nova construção.

30 abril 2012

QUINTA DA MESSEJANA - Capela de Nª Srª da Conceição


Situada à saída da Aldeia Grande, povoação da freguesia do Maxial, concelho de Torres Vedras, a Quinta da Messejana tem uma pequena capela dedicada a Nª Srª da Conceição. É uma peça de encantador traço rústico, com a sua galilé alpendrada, sob a qual se abre a porta axial de traçado setecentista.
(Fotos © Associação do Património de Torres Vedras)






 O interior é muito simples, como se vê na foto 
tirada através das grades de uma das janelinhas laterais.



 A quinta está à venda, conforme vimos em anúncio perto deste portão de entrada


Edifício da quinta, atrás do qual se situa a capelinha. 

13 março 2012

GRUTA CALCOLÍTICA DA ERMEGEIRA




O amanhã é hoje, já estamos a 13 de março.
Pois ontem andámos pela Ermegeira - freguesia do Maxial - e visitámos o que resta da Gruta Calcolítica ( da época de transição da Idade da Pedra Polida à Idade dos Metais - entre cerca de 4 500 anos e 1300 a.C.). Aqui foram encontrados os célebres "brincos" de ouro, que estão no Museu Nacional de Arqueologia Dr. Leite de Vasconcelos, em Belém, Lisboa.




Pouco resta da gruta mas mesmo assim o sítio deve ser preservado pois foi classificado como Monumento Nacional em 1940 devido à raridade e importância do espólio. No entanto corre o risco de ser desclassificado, como nos foi dito por um técnico do IGESPAR e lemos numa revista da especialidade.

A Associação do Património de Torres Vedras está a organizar uma ação de divulgação e de informação sobre este monumento, a realizar em Abril. Daremos conta do Programa em breve.

07 outubro 2010

UM MONUMENTO NACIONAL DE TORRES VEDRAS

Quem alguma vez viu a Gruta Calcolítica da Ermegeira? E, no entanto, ela é um dos nove Monumentos Nacionais do concelho de Torres Vedras.
Não se sinta mal, leitor! Nós também não a conhecíamos "ao vivo". Sabíamos da descrição que dela se faz no site da Direcção Geral do Património Cultural. Sabíamos também que ficava na Ermegeira, num terreno particular, tínhamos uma fotografia tirada nos anos 80, mas nunca lá tínhamos estado.
Resolvemos ir ao encontro dela. O contacto foi fácil. Através do sr. Emílio Correia e da Junta de Freguesia do Maxial, chegámos à fala com o proprietário, dono da Quinta de Entrecampos, sr. Manuel Pinheiro, que logo se dispôs a acompanhar-nos. Está situada num caminho de terra batida, à saída da povoação da Ermegeira, freguesia do Maxial.
Da gruta já pouco resta: apenas uma parte da calote esférica à beira de um caminho agrícola, tapada por ervas altas que foi necessário pisar para a tornar visível.
Vejamos melhor:


 A "gruta" está no cômoro antes das casas, lado direito do caminho por onde íamos, logo a seguir aos paus da vinha.


A calote que resta da gruta. O que lá falta foi destruído pelo vandalismo de alguns que ali andaram à procura de tesouros, como deixou escrito o prof. Manuel Heleno. E também pela prática agrícola. Não esqueçamos, é uma construção que tem mais de 4 500 anos.

O sr. Emílio foi o nosso elo de ligação. E não se importou de ficar na foto para se ter ideia mais exacta do tamanho da calote.



Mais perspectivas do que resta da gruta.

Pergunta-se, então: porque é que aquele sítio foi classificado como Monumento Nacional no início dos anos 40 do século XX?
Veja-se o que diz o tal site da DGPC na sua nota histórico-artística.
Não é por esta simples nota que os leitores poderão ficar bem esclarecidos acerca do assunto. Seria necessário consultar a bibliografia indicada e aprofundar conhecimentos sobre a Pré-História na Estremadura portuguesa.
Fiquemo-nos com esta nota: os vestígios da ocupação humana em tempos recuados têm sido valorizados ao longo dos tempos, sobretudo desde que, a partir de meados do séc. XIX a Arqueologia se tornou uma das principais ciências auxiliares da História. No concelho de Torres Vedras viveu um pioneiro desta ciência, Leonel Trindade a quem se deve o maior impulso no seu incremento, a partir da descoberta do Castro do Zambujal, em 1938.
A gruta da Ermegeira foi explorada por Manuel Heleno e o espólio encontra-se no Museu Nacional de Arqueologia, em Belém. A descrição do trabalho de pesquisa pode ver-se na revista "Ethnos", 2º vol, Lisboa, 1942, p. 449-469

Dele se destacam estes pendentes de ouro, guardados na Casa-Forte deste Museu.

Mais do que pelos quase insignificantes vestígios actuais, a importância desta jazida arqueológica é conferida pela tipologia da gruta, pela antiguidade e pelos achados que lhe estão associados. Razões suficientes para justificarem a sua classificação como Monumento Nacional.

Ao proprietário do terreno e ao povo da Ermegeira, compete acarinhar esta importante memória patrimonial, dando-a a conhecer aos mais jovens e explicando o seu significado.