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terça-feira, maio 10, 2016

FILHO (CHILD) - Poema de Sylvia Plath



Sylvia Plath  (Estados Unidos, 1932-1963)


O teu olho claro é uma coisa absolutamente bela.
Eu quero enche-lo com patos e cores,
Um zoo de novidades

Em cujos nomes reflectes ---
Campânulas de Abril, flores de cacto,
Pequenas

Hastes sem rugas,
Charco em que as imagens
Sejam grandes e clássicas

Não este turbulento
Retorcer  das mãos, este escuro
Tecto sem uma estrela.


© Versão de J.T.Parreira

quarta-feira, outubro 08, 2014

A morte do artilheiro na torre giratória do B-24


Poema Randall Jarrell

Do ventre da minha mãe caí no Estado,
E dobrado num útero de acrílico até meu blusão molhado congelou.
A trinta mil pés da terra, perdi o sonho da vida,
Acordei com a anti aérea e o pesadelo dos caças.
Quando morri lavaram-me para fora da torre com a mangueira.

Versão minha ©

quinta-feira, agosto 21, 2014

O SEGREDO



Poema de Charles Bukowski


Não se incomode, ninguém tem
a mulher mais bela, não é verdade, e

ninguém tem qualquer estranho e
escondido poder, ninguém é
excepcional ou maravilhoso ou
mágico,  apenas parecem ser
é  tudo uma fraude, cada um com a sua,
não compre nem acredite.
o  mundo está cheio de
biliões  de pessoas cujas vidas
e mortes são inúteis e
quando uma dessas se distingue 
e a luz da história  brilha
iluminando-a, esqueça, não é
o que parece, é só
outra ficção para enganar tolos
novamente.

não há super-homens, não há
mulheres formosas.
pelo menos você pode morrer
com
esta verdade
esta é a sua única
vitória.

©  Versão minha


quarta-feira, julho 02, 2014

BLUES PARA UM FUNERAL








                                          
Wystan Hugh Auden ( W.H.Auden, Inglaterra, 1907-1973)

Parem os relógios, cortem o telefone,
atirem ao cão um osso sumarento,
um lençol de silêncio sobre o piano e os tambores
precedam o caixão, com carpideiras.


Que os aviões, gemendo por cima do cortejo
rabisquem no céu a mensagem Ele Está Morto.
Ponham laços negros no pescoço das pombas
e os polícias respeitem o dia com luvas brancas


Ele era o meu norte e o sul, meu leste e o oeste,
minha semana de trabalho e meu domingo,
era o meu dia e a noite, a minha voz e o meu cântico;
eu pensei que o amor era eterno: E enganei-me.


não procurem mais as estrelas, apaguem-nas,
empacotar a lua e desmantelar o sol é o que resta,
despejem os oceanos e derrubem as florestas;
pois nada mais será bom como foi antes.

01-07-2014
                                                                                
© Versão livre minha


sexta-feira, junho 06, 2014

No Blog Crebas. Blogaliza.Org: Traduções de um poema de Seamus Heaney







NO BLOG CREBAS.BLOGALIZA.ORG:




Poemas (LXIII): Fragmento de «Field Work» (Traballo de campo), de Seamus Heaney
Published by Miro Villar under Poesía,Versións ou traducións




Field Work (Traballo de campo, Xerais, 1996, reeditado en 2005 por La Voz de Galicia), de Seamus Heaney, con introdución e tradución do poeta Vicente Araguas, publicouse como primeiro número da colección de poesía Ablativo Absoluto, agora en triste liquidación. Entre os seus textos inclúe o poema que lle dá título ao libro, dividido en catro partes das que agora ofrecemos a primeira en versión orixinal, na versión galega de Araguas e noutra versión portuguesa de J. T. Parreira, con sensibles diferenzas de matiz.


Field Work


I
Where the sally tree went pale in every breeze,
where the perfect eye of nesting blackbird watched,
where one fern was always green
I was standing watching you
take the pad from the gatehouse at the crossing
and reach to lift a white wash off the whins.
I could see the vaccination mark
stretched on your upper arma, and smell the coal smell
of the train that comes between us, a slow goods,
waggon after waggon full of big-eyed cattle.
(Seamus Heaney)




Trabalho de Campo


Onde a acacia palidecía a cada brisa,
onde espreitaba o ollo perfecto do merlo aniñando,
onde un fento estaba sempre verde.
Eu ficaba a ollarte atravesando o curral
desde a caseta do gardabarreiras ata o cruce
e como estendias a man para recoller a roupa lavada das toxeiras.
Podía ver a marca da vacina
dilatada no teu antebrazo, e cheirar o cheiro a carbón
do tren que pasa entre nós, un mercancías lento,
vagón tras vagón cheos de gando de ollos grandes.
(Tradución: Vicente Araguas)




Trabalho de Campo


Onde descorava o salgueiro a cada brisa,
onde o olho do merlo amante vigiava,
onde o feto estava sempre verde,
eu ficava parado a observar-te
ias da cancela do curral à encruzilhada
e estendias a mão para colher a roupa limpa nos tojais.
Eu podia ver a tua marca da vacina
retesada no antebraço, e cheirar o cheiro a carvão
do trem que entre nós passa, mercadorias lento,
vagão após vagão cheio de olhos grandes do gado.
(Tradução: J. T. Parreira)

terça-feira, julho 09, 2013

ALFARROBEIRA EM FLOR, William Carlos Williams




Do meio
dos
verdes

 
rijos
velhos
húmidos

 
tortos
ramos
chega  

 
branco
amável
novo

 
Maio.

© Versão de J.T.Parreira

terça-feira, fevereiro 05, 2013

UMA LENDA, poema de Eeva Kilpi

 
Ao entardecer
o Redentor dá uma volta pelos currais,
pelos estábulos, pocilgas, aidos e galinheiros,
quer dar uma vista de olhos ao lugar onde nasceu,
saudar os animais
entre os quais certa vez adormeceu
e teve em cueiros o seu primeiro sonho.
Mas tudo mudou.
Os animais contemplam-no através de grades,
humilhados no seu cativeiro,
com angústia e desespero nos olhos.
Reconhecem-no, gritam-lhe:
Volta a nascer, Redentor,
nasce para nós.
Os homens levaram-te.
Cuidaram-te bem?

Animalia, 1987


© Versão de Amadeu Batista, Aqui

sexta-feira, dezembro 14, 2012

Poema de Ezra Pound : SOIREE



(Ezra Pound's head, Gaudier-Brzeska)




Ao saber que a mãe escrevia versos,
E que o pai escrevia versos,
E que o filho mais novo estava numa editora,
E que o amigo da segunda filha estava
a iniciar uma novela,
O jovem expatriado Americano
Exclamou:
“Ó que ramo danado de inteligências!”

© nossa versão

domingo, setembro 16, 2012

Para Bailar un Tango






Un tango se danza con un cuchillo
en la mirada
y zapatos acolchados de silencio
Un tango rompe
todo lo que está cerca
el aire donde el cuerpo se contonea
donde las manos ahogan
manos o en la cintura
navegan como si fuese
un río de plata

Tradução de Adriana F.Lagoa

quinta-feira, março 22, 2012

Poema de Gregory Corso



AOS 25 ANOS


Com um amor e uma loucura por Shelley
Chatterton Rimbaud
o lamento imprudente da minha juventude
foi de ouvido em ouvido:
EU ODEIO OS POETAS VELHOS!
Especialmente aqueles que se desdizem
que consultam outros poetas velhos
que recordam sua mocidade em suspiros,
e dizem: eu escrevi alguns desses
mas isso foi dantes
foi dantes -
Ah eu gostaria de acalmar os velhos
dizendo-lhes: - Sou vosso amigo
o que alguma vez fostes, através de mim
voltareis a ser -
Então uma noite, quando me confiassem suas casas
rasgaria as desculpas da sua língua
e roubaria seus poemas.

in Gasoline
 
(Trad. J.T.Parreira)

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Um gato num apartamento vazio


 Wislawa Szymborska
Morrer - isso não se faz a um gato.
Porque o que pode fazer um gato
num apartamento vazio.
Escalar paredes.
Afagar-se contra os móveis.
Parece que aqui nada mudou
contudo, as coisas estão diferentes
Que nada se moveu,
mas está tudo misturado.
E aquela lâmpada durante a noite já não arde.

Ouvem-se passos na escada,
todavia não são esses.
A mão que coloca o peixe no prato
não é já a mesma mão.

Há aqui alguma coisa que não começa
à hora do costume.
Há algo que não acontece
como deveria.
Alguém esteve aqui e esteve
e de repente desapareceu
e agora é um ausente obstinado.

 Foram revistos todos os armários
e todas as prateleiras percorridas.
Não resultou deslizar sob o tapete.
Mesmo a regra de não espalhar papéis foi violada.

Que mais se pode fazer?
Dormir e esperar.

Deixá-lo regressar,
ou pelo menos que se mostre.
Vai aprender
que não se pode tratar assim um gato.
Irá em direcção a ele fingindo relutância,
devagar,
sobre as patas ofendidas.
Sem saltar nem ronronar à primeira.

Trad. do inglês J.T.Parreira

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

EXEMPLO, poema de Wislawa Szymborska

A ventania
despiu todas as folhas das árvores na última noite
excepto uma folha
deixada
para brincar na solidão de um ramo nu


Com este exemplo
a Violência demonstra
que sim, senhor
tem sentido de humor de vez em quando.

(Tradução de J.T.Parreira)

EXAMPLE

A gale
stripped all the leaves from the trees last night
except for one leaf
left
to sway solo on a naked branch.

With this example
Violence demonstrates
that yes of course –
it likes its little joke from time to time.

segunda-feira, setembro 05, 2011

Cambridge, Primeiras Impressões, Gregory Corso




5


Cansado de andar
cansado de ver nada
olho por uma janela
pertencente a alguém
bastante amável para me deixar olhar

E de uma janela Cambridge não é assim tão má
É uma grande sensação saber
que a partir de uma janela

posso ir aos livros a um amor antigo e às latas de cerveja
E de tudo reunir o sonho suficiente
para me esgueirar pela porta das traseiras



Trad. J.T.Parreira

sexta-feira, junho 24, 2011

Escrito na véspera do meu 32º aniversário



Poema de Gregory Corso

Eu amo poesia, porque me faz amar
e apresenta-me a vida
E de todos os incêndios que morrem em mim,
há um que lavra como o sol;
pode não ser toda a minha vida
minha relação com as pessoas
ou meu comportamento perante a sociedade,
mas ela diz à minha alma que tem uma sombra

Tradução de J.T.Parreira


“Write on the Eve of My 32nd Birthday”:


 I love poetry because it makes me love
and presents me life
And of all the fires that die in me,
there’s one burns like the sun;
it might not make day my personal life
my association with people
or my behavior toward society,
but it does tell me my soul has a shadow

quarta-feira, junho 15, 2011

O Banho (no Miño)


Poema de Francisco X.Fernández Naval

Tomávamos banho nele
mas sempre lhe tivemos medo
que havia lodo no fundo
e os pés resvalavam nos seixos
e no escuro
e tinha charcos e água a borbulhar
e entre as pontes
remoinhos do mistério.

Dizíamos cantigas populares
porém tremíamos
e regressávamos de autobus vermelho
cheirando a lama fresca, a urzes e saibro

Tínhamos medo
de nos vermos meninos
nos olhos velhos do rio,
no silencioso sangue
das poças,
evitávamos o seu abraço de estío e de sargaço,
de poço,
de remoinho escuro.

(Tradução de J.T.Parreira)

sábado, março 05, 2011

Silêncio, poema de Billy Collins


Há o súbito silêncio da multidão
sobre o jogador imóvel no estádio,
e o silêncio da orquídea.

O silêncio do jarrão caindo
antes de se dividir no solo,
o silêncio do cinto enquanto não bate no menino.

O sossego do copo e da água dentro dele,
o silêncio da lua
e a quietude do dia longe do estrondo do sol.

O silêncio quando estou contigo no meu peito,
o silêncio da janela que pode espreitar-nos,
e o silêncio quando te levantas e te afastas.

E eis o silêncio desta manhã
que parti com a minha esferográfica,
um silêncio acumulado toda a noite

como a neve que cai na sombra da casa -
o silêncio antes de ter escrito uma palavra
e agora o mais pobre dos silêncios.

Trad. J.T.Parreira

terça-feira, novembro 16, 2010

Play

Poema de Adriana Fernandez Lagoa

Juguemos a que el mundo se despierta
y nadie sabe adónde fue la muerte,
todos sucumben a la estruendosa vida
que aguarda en los estanques
donde ahogarse fue imposible.
Juguemos a que los insensatos sueños son factibles,
y a que la lluvia no cesó ni el sol se puso.
Juguemos a este juego ...

(Escrito em Madrid, 15/11/2010)

PLAY

Brinquemos ao jogo do mundo que desperta
e ninguém sabe aonde foi a morte,
todos sucumbem ao estrépito da vida
que aguarda em charcos
onde o afogamento é impossível.
Joguemos a que os sonhos insensatos são viáveis,
e que a chuva não cessou nem o sol caiu.
Joguemos a este jogo...

(Traduzido por J.T.Parreira)

domingo, setembro 26, 2010

Esquecimento, Hart Crane

Esquecimento é como a canção
Que, livre de ritmo e medida, flutua
Esquecimento é como a ave cujas asas se encontram,
Distendidas e imóveis, --
Uma ave que rodeia o vento infatigável.
Esquecimento é chuva nocturna
Ou uma velha casa na floresta, -- ou uma criança.
Esquecimento é branco, -- pálido como a árvore desolada
E pode enganar as profecias da Sibila
Ou sepultar os deuses.
Eu posso lembrar muito esquecimento.

(Trad. de J.T.Parreira)

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

amtrak haiku


proud trenton
cheeseburger
trees, river shores, trees
by asheresque
in Action Poetry / Literary Kicks

A orgulhosa Trenton
cheeseburger
árvores, nas margens do Delaware, árvores

(Trad. J.T.Parreira)