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terça-feira, 21 de julho de 2015

O retorno de Izabel – J. A. Redmerski

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- Ficha Técnica:
- Título Original: Reviving Izabel
- N° de páginas: 230
- Editora: Suma de Letras
- Sinopse: Determinada a levar o mesmo estilo de vida do assassino que a libertou do cativeiro, Sarai resolve sair sozinha em missão, com o propósito de matar o sádico e corrupto empresário Arthur Hamburg. No entanto, sem habilidades nem treinamento, os acontecimentos passam muito longe de sair como o planejado. Em perigo, Sarai nem acredita quando Victor Faust aparece para salvá-la — de novo. Apesar de irritado pelas atitudes inconsequentes dela, ele logo percebe que a garota não vai desistir de seus objetivos. Então não há outra opção para ele a não ser treiná-la. Com tamanha proximidade, para eles é impossível resistir à atração explosiva. Nem Victor nem Sarai podem disfarçar o que sentem, ou negar o desejo que os une. No entanto, depois de tantos anos de sofrimento e tantas cicatrizes emocionais, será que eles conseguirão lidar com um sentimento como amor? Só que Sarai — novamente na pele de Izabel Seyfried — ainda terá que passar por um último teste; um teste para provar se conseguirá viver ao lado de Victor, mas que, ao mesmo tempo, poderá fazê-la questionar os próprios sentimentos e tudo que sabe sobre esse homem.

Retomando  um dos mais interessantes livros que li nos últimos meses, J. A. Redmerski nos apresenta a tão esperada continuação de “A morte de Sarai” em “O retorno de Izabel”, trazendo a bagagem de características marcantes dos primórdios da história. O segundo livro dá segmento ao desfecho – na época muito promissor –, do que já poderíamos esperar da conturbada e viciante relação entre Victor e Sarai, dois personagens que se destacaram no gênero do suspense romântico.

Meses após Victor deixá-la, Sarai tenta levar uma vida comum como qualquer garota da sua idade. Namora, trabalha e sai com seus amigos de vez em quando, assim como prometeu a Victor que se esforçaria para fazer. Entretanto, ela sabe que não pode enganar a si mesma por muito mais tempo. Em todos aqueles meses, Sarai nunca foi capaz de esquecer o homem que transformou sua vida, bem como o estilo de vida que esse mesmo homem apresentou a ela.

Decidida a fazer vingança com as próprias mãos, a jovem volta se embrenhar no mundo obscuro de pessoas ruins, encontrando sua vítima. Mas as coisas não saem como planejado, e Sarai é salva por Victor, que decide levá-la em segurança para sua própria casa. Uma vez que ambos estão juntos novamente, Sarai decide seguir a vida que estava predestinada a ter no momento em que conheceu o Victor Faust. Assim, ela é posta em treinamento, mas terá que passar por uma difícil prova de confiança que pode mudar a relação de ambos.

Com um toque do clima tétrico mostrado anteriormente, “O retorno de Izabel” avança em passos significativos na relação entre Victor e Sarai, chegando a um denominador comum. O que era somente uma “parceria necessária e provisória” transforma-se em algo mais, algo que Victor está aprendendo a lidar. Aos poucos, o anti-herói deixa de lado a frieza e a prática, rendendo-se aos sentimentos ligados a garota que entrou escondida em seu carro meses antes. Assim, Victor e Sarai nos conduzem para cenas que podem não alcançar o cume do traço mais romântico, mas que decididamente nos levam a um romance intenso e sedutor.

Reunindo ingredientes essenciais para um bom enredo, “O retorno de Izabel” também conta com personagens secundários que se destacam na história, ganhando papéis fundamentais para dar a liga necessária numa trama cheia de mentiras e conspirações. Niklas e Fredrick são tão importantes quanto Sarai e Victor, merecendo, inclusive, que se abra um espaço na trama para contar suas histórias. Ao menos já sabemos que a trajetória dos primórdios de Fredrick será contada em “O Cisne e o Chacal”, terceiro livro da série a ser lançado pela Suma, ainda sem previsão.

O retorno de Izabel” só não se equipara ao primeiro da série pela história mais curta e rápida, o que talvez tenha, inclusive, influenciado o desfecho mais apressado depois do gran finale revelador. Contudo, a história consegue alcançar um ápice próximo, não decepcionando o leitor que esperava encontrar a frieza de assassinos misturada ao calor de um romance envolvente, tudo isso jogado a um enredo, no mínimo, diferente e interessante. O desfecho pode soar definitivo, mas isso não significa que não nos deixou ansiosos por mais. A leitura vale a pena, com toda certeza.

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- Capa original:

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segunda-feira, 22 de junho de 2015

A Seleção – Kiera Cass

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-Ficha Técnica:
-Título Original:
The Selection
-N° de páginas: 368
-Editora: Seguinte
-Sinopse: Nem todas as garotas querem ser princesas. America Singer, por exemplo, tem uma vida perfeitamente razoável, e se pudesse mudar alguma coisa nela desejaria apenas ter um pouquinho mais de dinheiro e poder revelar seu namoro secreto. Um dia, America topa se inscrever na Seleção só para agradar a mãe, certa de que não será sorteada para participar da competição em que o príncipe escolherá sua futura esposa. Mas é claro que seu nome aparece na lista das Selecionadas, e depois disso sua vida nunca mais será a mesma...

A Seleção, de Kiera Cass, é o primeiro livro de uma série juvenil publicado pela primeira vez em 2012 pela editora Seguinte. Deixando de lado o cenário sombrio distópico apresentado por muitos livros do gênero, Kiera Cass mergulha numa história singular, cujo foco está em apresentar um mundo dividido por castas. A pobreza e a miséria dependem do grau no qual você está inserido, ocorrendo de forma crescente: quanto maior o número da sua casta, mais pobre e miserável sua família será.

Contudo, um apogeu tétrico pungido por um governo opressor não é, a princípio, o foco da história. Na verdade, A Seleção é construído de um jeito leve e divertido, sobre o alicerce de uma “cinderela distópica”. Em Iléa, um país nascido após uma grande guerra, é comum que os príncipes se casem com plebéias. Foi assim com a mãe de Maxon, e assim seria quando fosse a vez dele de escolher uma pretendente. Trinta e cinco candidatas seriam selecionadas para o conhecido reality show A Seleção, onde só uma delas seria a sortuda a ganhar o posto de princesa ao lado de Maxon. Qualquer garota estaria mais do que ansiosa para ter esta chance.

Qualquer uma, menos America. Impulsionada pela mãe, a garota se inscreve e, surpresa, descobre que ficou entre as finalistas. Abandonar a família para morar no palácio, por tempo indeterminado, enquanto é acompanhada por uma rede de TV, passando por aulas de história, rivalidades e jantares reais, não estava em seus planos. Mas uma vez lá dentro, America vai descobrir que A Seleção pode ser, de fato, uma oportunidade única, especialmente ao conhecer mais a fundo o príncipe Maxon. A aproximação dos dois lhe mostrará que Maxon é mais do que apenas sua aparência de um belo príncipe.

A Seleção é, na melhor das definições, uma leitura doce e singela, que atrai pelo ritmo com que a história é contada. Sem se prender a uma narrativa densa, o que Kiera Cass nos apresenta é uma leitura rápida, onde tudo flui de forma harmoniosa. Personagens juvenis interessantes incrementam a qualidade da história, e embora não esteja livre de alguns clichês – como o triângulo amoroso –, America e Maxon deixam a leitura ainda mais viciante. America é uma protagonista forte, e Maxon, com seu jeito tímido de príncipe adolescente, é irresistível. Sua bondade e seu flerte doce é só parte do charme que acompanha o garoto.

Mesmo sendo avessa a livros distópicos, A Seleção foge a regra.  A história trata, principalmente, sobre as discrepâncias sociais, mas também aposta em um romance que há muito tempo eu não experimentava em uma leitura: doce, inocente e juvenil, mas que consegue, ainda assim, arrancar ótimos e longos suspiros de um leitor. A  Seleção fica entre as leituras mais leves que tive este ano, mas certamente uma das que ficará entre as preferidas de 2015. As expectativas para “A Elite”, continuação do livro, não poderiam ser maiores após a excelente leitura.

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Capa original:

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Obs: Queria agradecer a Mayara Tashiro, do blog Silêncio Contagiante, que foi quem me deu o livro. Obrigada pelo presentão!!!

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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Sua última Duquesa – Gabrielle Kimm

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- Ficha Técnica:
- Título original:
His Last Duchess
- N° de páginas: 350
- Editora: Record
- Sinopse: Seduzida pelo sol ardente e pelas paixões ofuscantes da Itália Renascentista, a jovem Lucrécia de Medici, de 16 anos, vê uma vida dourada estendendo-se à sua frente. Seu marido muito rico escolheu-a como esposa, e o grande castelo dele em Ferrara vai ser o seu playground. Mas Alfonso d’Este, Duque de Ferrara, rapidamente se mostra tão perigoso e misterioso quanto é moreno e bonito, e as paredes de pedra do castelo parecem fechar-se em volta de Lucrécia como os muros de uma prisão. Apenas a amante do duque, Francesca, parece capaz de domar sua fúria crescente, enquanto sua necessidade desesperada de produzir um herdeiro o faz cair numa obsessão delirante. Com a cabeça cheia de sonhos desfeitos, Lucrécia foge dele por um caminho perigoso que pode lhe custar muito caro.

Sua última Duquesa, de Gabrielle Kimm, é um romance histórico que se passa no século XVI, baseada no poema “Minha última duquesa”, de Robert Browning. Os personagens retratados no monólogo do autor de fato existiram, porém a autora ressalta que tomou certas liberdades quanto a posição geográfica e o destino de alguns personagens, visto que, na vida real, guiada por suas pesquisas minuciosas, não se sabe ao certo que fim essas figuras tiveram.

“Sua Última Duquesa” conta a história de Lucrécia de Medici, uma garota jovem e bonita, prestes a se casar com um homem bem mais velho. O Duque Alfonso Este é rico, belo e dono de uma das maiores fortunas do país. O pai de Lucrécia não poderia estar mais feliz pelo arranjo que uniria as duas famílias, mas tanto a mãe de Lucrécia, Eleanora, quanto o seu primo, Giovanni, não estão nada satisfeitos com o matrimônio. Embora Lucrécia esteja interessada no casamento, Giovanni e Eleanora não simpatizam com Alfonso num primeiro momento.

O Duque Este é um homem atormentado. Sua mente é um turbilhão de pensamentos perigosos – sua consciência luta para afastar o prazer na morte, na dor física e emocional que causa às pessoas. Entretanto, quando Este tenta se deitar com a esposa, descobre que é incapaz de fazê-lo do modo convencional. Palavras doces e olhares ternos não o excitam, tampouco o corpo de sua mulher: apesar de desejá-la em pensamento, Alfonso perde a ereção sempre que está na cama com Lucrécia.

O casamento passa a ser um martírio para ambos: Em dois anos de casados, Lucrécia permanece virgem, e se ressente pela falta de carinho do marido. Alfonso, por sua vez, submete a mulher as humilhações mais degradantes na cama, em uma tentativa desesperada de consumarem o matrimônio. A ameaça de perder o Ducado caso não produza um herdeiro consome a tranquilidade Afonso, levando-o para o canto mais obscuro de sua mente ao traçar planos cruéis para resolver este problema. Enquanto isto, sua esposa conhece Jacomo, um dos pintores contratados pelo marido, e se apaixonada por ele. Mas o relacionamento não será fácil: Os dois terão que enfrentar um homem tirano e frio se quiserem ficar juntos.

Gabrielle Kimm pode ser bastante descritiva em certos momentos, ao ponto de narrar a posição dos olhos de um personagem em relação ao seu nariz. Entretanto, engana-se quem cogita, por um segundo, que seus detalhes ínfimos sejam cansativos: sua escrita é boa, ritmada, o que torna a leitura agradável. Não é por menos que somos levados pela narrativa envolvente: Gabrielle Kimm é formada em literatura e em escrita criativa, mostrando, além disso, um talento natural para contar sua história.

Parte do atrativo do livro se deve, também, aos personagens. Quando entramos nos recônditos da mente de Afonso, somos levados a um relato delicado, simples e inquietante – perturbador até. Porém, ao nos depararmos com Lucrécia, encontramos uma jovem, que, apesar das provações diante do marido cruel, mantém o traço jovem, forte e sonhador. Outros personagens, como Giovanni, Catelina e Francesca,  também se destacam na história, cada um com um papel bem delineados na trama. Francesa, aliás, é tão importante na trama que acabou ganhando seu próprio livro, “The Courtsan’s Lover”.

“Sua Última Duquesa” traz uma trama que nos prende até as últimas páginas, aguçados pela luta de Lucrécia em se livrar de um aristocrata perigoso. Apesar de retratar um lado mais sombrio, a leitura é um tanto leve, pois as passagens mais tensas são retratadas de modo superficial. Quando Alfonso submete a esposa a humilhações para excitá-lo, por exemplo, o leitor somente toma conhecimento disto pelo relato breve de Lucrécia, na manhã seguinte após os fatos. Nada que torne a leitura muito tenebrosa, mas que nos inquieta de todos os modos. Um livro que com certeza vale a pena.

Capa original:

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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Um Estranho Perfeito – Susan Fox

image - Ficha Técnica:
- Título Original: Gentle on my mind
- N° de páginas: 380
- Editora: Única
- Sinopse: Caribou Crossing é uma cidade de recomeços. E assim o era para Brooke Kincaid que, há cinco anos, tenta reparar os erros de seu passado. Quando, porém, uma moto Harley-Davidson destrói sua cerca e um estranho perigoso e irresistível literalmente invade sua vida, ela mal imagina as ameaças que a chegada desse fugitivo traria. Jake Brannon sabe que Brooke é vulnerável, mas também forte, gentil e mais quente que o próprio inferno. A personalidade forte dessa mulher intrigante e seu charme perturbador são capazes de fazer até o maior aventureiro sossegar... Apenas para ter o gosto daquele delicioso romance. Agora ela precisa ajudar esse homem misterioso a continuar vivo ou as pessoas que ama estarão em perigo. Brooke precisa fazer as escolhas certas dessa vez. Pode ser sua última chance.

- Nota: image

Um Estranho Perfeito, de Susan Fox, é uma leitura no melhor estilo água com açúcar. Leve e romântico, o livro é próprio para quem procura uma história bem escrita com um toque de romance suave, perfeito para descontrair. A autora nos acolhe em uma cidade pequena fictícia, e apresenta personagens que fogem um pouco do estereótipo que este gênero tende a propor. Um Estranho Perfeito é um romance entre uma mulher de quarenta e três anos, bipolar e ex-alcoólotra, com um homem bem mais jovem, que surge em sua vida da maneira mais inusitada possível.

Brooke está contente. Ela pode ter sido uma mãe terrível no passado para Evan , mas a vida lhe deu uma segunda chance. Quando Evan lhe conta que sua esposa, Jessica, está grávida, Brook sabe que dará o seu melhor para ser a avó perfeita para sua futura neta. Com a doença controlada, e quase  cinco anos sem tomar um gota de álcool, a mulher de quarente e três anos vê em sua família uma nova oportunidade de recomeçar. Entretanto, sua vida, agora perfeita, é abalada quando um estranho destrói seu cercado.

Jake está fugindo de perseguidores após descobrir uma plantação ilegal de maconha. No processo, é baleado e não consegue manter o foco por muito tempo. O policial então cai de sua moto e derrapa em direção a um cercado branco. Meio acordo, mas prestes a desmaiar, Jake acredita que se vê frente a frente com um anjo. Entretanto, mesmo sendo um anjo, Jake não pode confiar em ninguém daquela cidade, e, portanto, faz uma ameaça a mulher a sua frente: se ela não o ajudasse, ele voltaria e mataria a família dela. Acreditando no sujeito, Brooke o leva para dentro de casa e cuida de seus ferimentos.

Jake está na cidade pelo assassinato de uma prostituta jovem de Vancouver, pois descobre que o assassino pode ser alguém da cidade pequena de Caribou Crossing. Com a ajuda de Brooke, ele consegue um disfarce adequado, e, juntos, começam a investigar quem poderia ser o responsável pela morte de Anita. Enquanto trabalham nesse caso, os dois se apaixonam, e são muito sinceros um com o outro: ambos aproveitariam a relação até Jake resolver o caso. Porém, a rotina, o sexo e a companhia agradável um do outro fazem com que a despedida possa ser mais difícil do que imaginam.

A história é impulsionada pelo mistério policial juntamente com o relacionamento cotidiano entre os dois, tudo levado de uma forma bem levinha. Jake e Brooke possuem uma química quase instantânea, em consequência, o livro retrata a amizade e o companheirismo entre eles, além da paixão que sentem um pelo outro. O fato de Brooke ser mais velha, lidando com os receios de seus transtornos, trouxe um diferencial para a relação – uma questão muito interessante levantada pela autora. Apesar de trabalhar de formar mais suave, Susan Fox retratou com relevância o perfil de um bipolar ex-alcóolico em meio a tratamentos e a questões familiares. Por ter um passado conturbado, atrelado a sua idade, Brooke é bem mais madura e sensata em suas decisões no presente, mais do que  a maioria das personagens deste gênero. Porém, também temos um lado seu apaixonado e sonhador.

Com personagens bem estruturados, Um Estranho Perfeito traz o clima de cidade pequena americana: passeios a cavalos, conhecidos em cada esquina, eventos e família reunida todos os finais de semana. A história é uma graça do começo ao fim, nos brindando com um final que não poderia ser mais próprio do gêndeste segmento. Simples, com uma narrativa agradável, Um Estranho Perfeito cativa por trazer o amor como uma forma de recomeço. Não só espero que tenha outros livros da série, como vou atrás de ler os anteriores, que conta a história do filho de Brooke e dos pais de Jessica, a esposa deste. Imagino que todos sejam tão bons quanto este foi para mim.

Capa Original:

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domingo, 15 de março de 2015

Para Sir Phillip, com amor – Julia Quinn

image - Ficha Técnica:

- Título Original: To Sir Phillip, With Love

- N° de páginas: 286 páginas

- Sinopse: Para Sir Phillip, Com Amor - Eloise Bridgerton é uma jovem simpática e extrovertida, cuja forma preferida de comunicação sempre foram as cartas, nas quais sua personalidade se torna ainda mais cativante. Quando uma prima distante morre, ela decide escrever para o viúvo e oferecer as condolências. Ao ser surpreendido por um gesto tão amável vindo de uma desconhecida, Sir Phillip resolve retribuir a atenção e responder. Assim, os dois começam uma instigante troca de correspondências. Ele logo descobre que Eloise, além de uma solteirona que nunca encontrou o par perfeito, é uma confidente de rara inteligência. E ela fica sabendo que Sir Phillip é um cavalheiro honrado que quer encontrar uma esposa para ajudá-lo na criação de seus dois filhos órfãos. Após alguns meses, uma das cartas traz uma proposta peculiar: o que Eloise acharia de passar uma temporada com Sir Phillip para os dois se conhecerem melhor e, caso se deem bem, pensarem em se casar? Ela aceita o convite, mas em pouco tempo eles se dão conta de que, ao vivo, não são bem como imaginaram. Ela é voluntariosa e não para de falar, e ele é temperamental e rude, com um comportamento bem diferente dos homens da alta sociedade londrina. Apesar disso, nos raros momentos em que Eloise fecha a boca, Phillip só pensa em beijá-la. E cada vez que ele sorri, o resto do mundo desaparece e ela só quer se jogar em seus braços. Agora os dois precisam descobrir se, mesmo com todas as suas imperfeições, foram feitos um para o outro.

- Nota: image

“Para Sir Philip, com amor”, é o quinto volume da série “Os Bridgertons”, de Julia Quinn. Tal como os volumes anteriores, o livro traz uma história rápida, leve e muito romântica – tudo no melhor estilo “água com açúcar”. “Para Sir Phillip, com amor”, explora  a relação amorosa entre Eloise e Phillip, com direito a divertidas intromissões dos irmãos mais velhos de Eloise. As relação familiares, seja da família Bridgerton ou de Phillip diante de seus filhos gêmeos terríveis, ganham um destaque merecido na trama, tornando a leitura ainda mais apaixonante.

Ao ver sua amiga casada, Eloise começa a se sentir deprimida. Não que não esteja feliz por Penélope – ela está e muito. Porém sempre imaginou que ela e Penélope passariam longos anos solteiras, e estava feliz em ter uma companheira nessa sua jornada. Agora, Eloise começa a se dar conta de que já não é mais uma adolescente; está cansada de recusar pretendentes que não querem mais do que se exibir para ela. Mas a garota tampouco deseja escolher algum nobre pomposo da sociedade londrina, na verdade, Eloise deseja ter um casamento igual a de seus irmãos: Um casamento por amor.

Quando uma prima distante morre, Eloise decide escrever uma carta para o marido desta, dando a ele os pêsames pela trágica notícia. Phillip a responde, e, assim inicia-se meses de troca de correspondência entre os dois. Eloise e Phillip já se sentem tão íntimos que Phillip lhe faz uma proposta: passar uma temporada ao seu lado para se conhecerem melhor com a intenção de se casarem. Eloise decide comprar a ideia, mas ao chegar a propriedade, não imaginaria se deparar com um Phillip muito diferente daquele descrito nas cartas. Além disso, certamente não esperava ter que lidar com duas crianças malcriadas que a querem bem longe dali, e que farão de tudo para conseguirem seu objetivo.

Trazendo uma das melhores histórias da série, “Para Sir Phillip, com amor” é um livro recheado de cenas fofas, engraçadas e românticas. O desenvolvimento do casal ocorre de forma sutil; de início, o leitor encontrará dois personagens que antipatizam um com outro logo de cara. Entretanto, aos poucos, a convivência os aproxima, e Eloisa e Phillip começam a pensar na possibilidade de um futuro juntos. Claro, nada que uma leve pressão dos irmãos mais velhos para chegar logo a uma decisão. Certamente um dos momentos mais divertidos e gostosos da história.

Apesar do enredo trazer uma trama descontraída, “Para Sir Phillip, com amor” também aborda elementos mais pesados, mesmo que trabalhados de forma suave. A ex-esposa de Phillip tinha depressão, Phillip então se culpa de não ter sido capaz de salvá-la. O personagem também sofre com as memórias de seu pai e o modo severo como tratava os filhos. Com medo de seguir os mesmos passos, Phillip acaba sendo negligente  com Oliver e Amanda, o que resulta em muitos problemas. A relação familiar entre eles é bem trabalhada, com uma carga emocional delicada.

Julia Quinn traz novamente uma história leve, com a mesma qualidade que encontramos nos volumes anteriores. “Para Sir Philip, com amor” é um livro delicioso do começo ao fim, uma história bem escrita e encantadora, impossível de largar. Os leitores vão rir e se emocionar com mais um livro sobre essa família introvertida e querida por todos.

Capa original:

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domingo, 1 de março de 2015

O Conde Negro – Tom Reiss

image - Ficha Técnica:
- Título Original:
The Black Count
- N° de páginas: 496
- Sinopse: Existe uma história real por trás da obra-prima de Alexandre Dumas. Um homem de carne e osso inspirou o escritor francês a criar o personagem Edmond Dantès, de O conde de Monte Cristo, e também os três mosqueteiros. Seu nome era Alex Dumas, um fascinante e destemido cavaleiro mulato e pai de Alexandre, o romancista. Vencedor do Prêmio Pulitzer de Biografia, Tom Reiss narra de maneira primorosa a vida um dos grandes heróis de todos os tempos, um homem hoje quase desconhecido, mas com uma história pessoal curiosamente familiar. Nascido na colônia francesa de Saint-Domingue, em 1762, filho de um aristocrata sem escrúpulos, o marquês de la Pailleterie, e uma escrava negra, Marie Cessette Dumas, Alex era apenas um menino quando seu pai o vendeu para poder pagar a viagem de volta à França. Depois de seis meses, no entanto, o marquês o tirou do cativeiro e o levou para a França, onde ascendeu ao comando de um exército de mais de 50 mil homens no auge da Revolução Francesa — até conhecer um inimigo implacável que não podia derrotar: Napoleão Bonaparte

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O Conde Negro não é um livro de ficção, mas a história narrada por Tom Reiss ganha ares de uma história fictícia: traições, lutas e um dos melhores comandantes do exército, que rapidamente ascendeu ao seu apogeu na guerra: Alexandre Dumas. Seu filho, famoso por obras como “O Homem da Máscara de Ferro” e “Os Três Mosqueteiros”, compartilhou com orgulho – e certo toque poético –, os feitios de seu pai. Não foram muitos as observações feitas por Dumas, mas o suficiente para Tom Reiss tecer, junto a uma série de pesquisas minuciosas, a história de Alexandre Dumas, o pai.

A narrativa de Tom Reiss, muitas vezes, ganha um toque destinado as histórias de aventura. Reiss é minucioso, mas longe de ser cansativo. O autor explora, primeiramente, o contexto da época, abordando fatos históricos essenciais para entendermos os eventos que precederam a escravidão. Partindo dos primórdios, em que brancos eram escravizados, e, mais tarde, passando a escravização dos negros, inserindo-os em leis rígidas e bizarras, de modo a diminuirem-no como seres humanos. Reiss define para o leitor um excelente contexto, para só então nos aprofundarmos na história pessoal de Alexandre Dumas.

Para quem não conhece a história de vida do pai de Dumas, paro por aqui. Não quero ser aquela a tirar o prazer de uma leitura que, para mim, foi de um enriquecimento histórico valioso. Muitas das histórias criada por Dumas foram inspiradas nas próprias aventuras do pai, e Reiss não hesita em traçar um paralelo entre elas. “O Conde Negro” foi uma das melhores leituras que tive o prazer de ler este ano.

 

Capa original:

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A morte de Sarai – J. A. Redmerski

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- Título Original: Killing Sarai

- N° de páginas: 255

- Sinopse: Sarai tinha apenas quatorze anos quando sua mãe a levou para viver no México em um cartel de drogas. Com o tempo ela se esqueceu o que era ter uma vida normal, mas nunca deixou de lado a esperança de escapar do complexo onde ficou presa nos últimos nove anos. Victor é um assassino a sangue frio que, como Sarai, somente conheceu a morte e a violência desde criança. Quando Victor chega ao complexo para recolher dados e aplicar um golpe, Sarai o vê como uma chance para escapar. Mas as coisas não acontecem como previsto e em vez de se encontrar a caminho de Tucson, ela se livra de um homem perigoso para cair em cilada de outro. Enquanto fogem, Victor se distancia de sua natureza primitiva enquanto sucumbe a sua consciência e decide ajudar Sarai. A medida que ficam próximos, ele se encontra disposto a arriscar tudo para mantê-la com vida, inclusive sua relação com seu irmão e seu contato, Niklas, que agora, como todos os outros, quer Sarai morta. Enquanto Victor e Sarai lentamente constroem uma confiança entre eles, as diferenças parecem diminuir, e uma atração pouco provável se intensifica. Entretanto, as habilidades e experiência de Victor podem não se suficientes para salvá-la, enquanto o poder que ela tem sobre ele pode ser o que colocará fim a sua vida.

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“A morte de Sarai”, de J. A. Redmerski, é um desses livros que foge do lugar comum, apresentando ao leitor uma história com um toque de originalidade singular. A autora, famosa pela duologia “Entre o Agora e o Nunca”, história que retrata dois jovens viajando por diversos lugares, descobrindo uma intensa paixão, dessa vez apresenta em “A morte de Sarai” um enredo mais adulto e mais denso. Tráfico de drogas, prostituição e assassinos de alugueis são apenas alguns dos assuntos retratados na história. O romance está implícito, mas de maneira atípica, porém não menos interessante.

A história é focada em Sarai, uma adolescente que é mantida em cativeiro há muitos anos no México, por um traficante de drogas poderoso. Sem perspectivas de um dia poder escapar, ela se surpreende quando Javier recebe a visita de um americano sombrio. Sua única oportunidade de fugir está bem a sua frente, mas Sarai logo descobre, quando consegue entrar escondida no carro do desconhecido, que o homem talvez não seja assim tão condescendente com sua situação de prisioneira. Assassino de aluguel, Victor é um homem frio, longe de se compadecer por uma compatriota que estava em apuros.

Deste modo, Sarai e Victor traçam uma relação instável onde ela precisará convencê-lo a levá-la com ele ao invés de tentar devolvê-la para Javier. A princípio Victor se nega friamente, mas em uma sucessão de acontecimentos que não estavam em seu plano – como traçar certo interesse pela garota e usá-la como moeda de troca em sua missão – faz com que Victor se veja cada vez mais ligado à jovem. Fica a questão de como ele lidaria com a situação, uma vez que Sarai não era uma típica garota comum, e, ele, estava longe de ser um homem que poderia protegê-la ou que poderia se envolver com ela, mesmo que isso já estivesse acontecendo…

Narrado em primeira pessoa, alternando entre o ponto de vista dos dois, “A morte de Sarai” é uma viagem à uma história bem construída, cujas situações presentes estão ligadas intimamente ao estado emocional dos protagonistas. J. A. Redmerski explora com maestria os efeitos psicológicos de cada personagem de acordo com os acontecimentos que permeiam o presente e o passado de cada um. Tortura pscicológica, abusos físicos e mentais e disciplina rígida são somente uma ínfima parte das situações que envolvem a ambos. Sarai é uma figura forte e teve que se adaptar como pôde a sua situação no cativeiro, mas isso deixou marcas irreparáveis na garota. Já Victor é frio e faz perfeitamente o papel de anti-herói; um assassino indiferente aos sentimentos alheios, o que o torna único e fascinante ao mesmo tempo.

A história, dinâmica, carrega um clima obscuro boa parte da narrativa. “A morte de Sarai” é um livro cuja abordagem mais realista conduz o leitor a caminhos instáveis e desconhecidos. Não saber o que esperar na próxima página é o grande fascínio que nos leva a devorar o livro em poucos dias. Até mesmo o romance, embora longe de ser uma relação romântica, é imprevisível e complexo. Victor e Sarai se aproximam ao longo da história, mas a frieza típica do assassino mantém certa distância entre os dois. Entretanto, essa relação traz um toque  viciante, visto que a autora, ao permitir que o leitor entre na mente de Victor, consegue  fazê-lo compreender o que leva o personagem a se manter afastado, uma vez que foi treinado para ser assim.

Seguindo uma linha mais crua e sedutora, “A morte de Sarai” consegue fugir do “mais do mesmo”. Pode não agradar a todos, mas certamente conquistará aqueles que procuram algo diferente; uma história rápida e bem estruturada em uma trama de fugas, planos e assassinatos. O livro retrata a caricatura cruel do ser humano, mas contrabalanceia ressaltando a esperança de uma nova vida, de jamais desistir e de lutar até o fim. Por enquanto, não há data para o lançamento da continuação no Brasil, mas, acredito, não deve demorar muito.

Capa original:

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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

As Crônicas de Bane – Cassandra Clare

image - Ficha Técnica:

- Título Original: The Bane Chronicles

- N° de página: 388

- Sinopse: Nesta edição ilustrada, são narradas as mais diversas aventuras do feiticeiro imortal Magnus Bane, das aclamada séries de Cassandra Clare. Entre escapadas no Peru e resgates reais na Revolução Francesa, acompanhe fragmentos da vida do enigmático mago ocorridos em diversos países e períodos históricos, com aparições de figuras conhecidas como Clary, Tessa, Will e Alec, personagens de Os Instrumentos Mortais e As Peças Infernais.

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As Crônicas de Bane reúne contos de um dos personagens mais famosos do universo criado por Cassandra Clare, autora da série “Os Instrumentos Mortais” e do spin-off “As Peças Infernais”. O livro foi escrito em parceria com mais duas autoras: Sarah Rees Brennan e Maureen Johnson, e explora os anos e os acontecimentos aleatórios na vida de Magnus Bane – desde sua vida no Peru, em 1791, até o seu relacionamento com Alec, nos dias atuais. Imprescindível dizer que os contos seguem a trajetória das duas séries citadas acima – portanto, o livro contém spoilers destas histórias.

Magnus Bane é dotado de características divertidas e encantadoras – quiçá charmosas, uma vez que o feiticeiro possui a postura e a aparência de classe e de elegância de acordo com o seu próprio senso de moda. É justamente seu modo peculiar de viver e de ver as coisas, ou as situações mais diversas – e únicas, devo acrescentar – na qual qual se encontra, que “As Crônicas de Bane” se torna um deleite para qualquer um que aprecie o humor sutil e refinado, ainda que, algumas vezes, o contexto não seja propício a isso, como em contos onde o drama é mais acentuado. Magnus é, de longe, a figura de um homem com a alma de um rapaz vivendo e experimentando as mais diversas peripécias.

Suas “grandes aventuras”, descritas sempre com entusiasmo pelo próprio personagem, inclui salvar Maria Antonieta, enfrentar um bando de vampiros vingativos, se embebedar sempre que possível, flertar com homens e mulheres de qualquer espécie, rever antigos amigos e assim por diante. A lista é longa, e o ritmo, muitas vezes, acelerado. Os contos são interligados, já que descrevem sua trajetória de vida e quase sempre citam um ou outro fato do conto anterior. Aliás, “As Crônicas de Bane” é o momento que muitos leitores esperavam para rever antigos personagens do universo criado por Cassandra Clare, como Will e Tessa, por exemplo, que encantaram muitos – e eu faço parte deste coro –, pela sua história em “As Peças Infernais”. Os melhores contos certamente foram aqueles em que personagens já familiares aparecem na história.

O senso de ajudar o próximo, seu lado gentil e o seu carisma fazem de Magnus Bane uma figura introvertida e muito envolvente. A leitura é obrigatória para conhecermos mais a respeito de um personagem que roubava as cenas sempre que aparecia nos volumes anteriores. Não tardou muito, e um dos feiticeiros mais “sem noção” e, de certo modo, “fofo”, recebeu o seu próprio livro – livro este mais do que merecido. Fecho este ano literário de 2014 da melhor forma possível, sem dúvida.

Capa original:

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Cinquenta tons de cinza – E. L. James

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- Ficha Técnica:

- Título Original: Fifty Shades of Grey

- N° de páginas: 455

- Sinopse: Quando Anastásia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja - mas em seus próprios termos. Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso - os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família -, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos.

- Nota:image

Cinquenta tons de cinza é um livro que, a exceção dos mais leigos, dispensa apresentações sobre seu enredo para os leitores de hoje. Sucesso mundial de vendas, o livro sobre uma adolescente inocente na arte do sexo e sobre um empresário multimilionário Dominador marcou a literatura erótica e impulsionou o mote BDSM para outros livros no estilo. Agora, próximo da estreia nas telas de cinema, Cinquenta tons de cinza ainda gera debates polêmicos pela essência de sua natureza.

Ao começar a leitura, fui na corrente da maioria dos críticos, abandonando a história logo no começo. As expressões repetidas, a história contada as margens de uma fan fic de crepúsculo, as cenas incoerentes e tantos outros aspectos relevantes – e que prejudicam a história nas primeiras páginas –, quase me fez abandonar de vez a trilogia, ainda que o tema me interessasse. Apesar das falhas, muitos alegaram que a história e a escrita melhoravam nos volumes seguintes. De fato, o segundo e o terceiro livro conseguem alcançar um ponto onde Cinquenta Tons de Cinza fracassa a maior parte do tempo.

Agora, tendo os três livros em mãos e com isso a oportunidade de relê-los, fui até as últimas páginas de Cinquenta tons de cinza. A escrita soa amadora, é verdade, mas há um pequeno salto considerável e perceptível na melhora do texto a partir da metade do livro em diante. Alguns vícios de linguagem ainda são mantidos, e a tal “deusa interior” com frequência soa irritante, mas a história passa a adquirir voz própria, e os personagens, suas próprias personalidades. Grey é sedutor pelo simples fato de ser sombrio e misterioso. Anastasia traz a essência de uma garota que se aventura em um mundo desconhecido – um mundo de prazeres sexuais restritos, do qual seu corpo se excita, mas que sua mente, ao longo da história, reluta em aceitar.

São cenas eróticas envolvendo bondage, submissão e os mais diversos “castigos” que terminam em prazer a ambos. Sexo fora dos padrões, mas que excita pela relação entre os personagens e pela caricatura imposta entre Dominador e Submissa. Tudo consentido, e os limites são previamente estipulados de ambas as partes. Mas o que parece encantar e diferenciar Cinquenta tons de cinza dos demais livros eróticos está justamente no equilíbrio que eu, particularmente, quase não encontro neste gênero: a história em contrapartida ao sexo. Enquanto muitos livros tornam o sexo como ponto central –, Cinquenta tons de cinza consegue trazer um meio termo razoável com um enredo envolto em um romance intenso, personagens interessantes e, de bônus,  cenas de sexo para lá de quentes.

A relação conturbada e os dilemas que envolvem o relacionamento BDSM dentro do contexto do termo são bem apresentados na história. Anastasia luta contra o seu consciente, ao mesmo tempo em que se aventura no mundo particular de Grey. Os dois juntos resultam em uma combinação cheia de dúvidas e receios, mas também proporcionam ao leitor uma relação com um leve ar cotidiano, que encanta e fascina pelos diálogos e pela atenção que dedicam um ao outro. Atrelado ao psicológico de Grey – um dos pontos mais alto da história, Cinquenta tons de cinza soa, para mim, uma combinação forte entre o doce e o amargo. Não parece muito para criar tamanha atenção dos críticos, tampouco para receber o prêmio de melhor livro do ano. É um romance de banca mais apimentado, que que atinge seu propósito, conseguindo agradar como tal.

Capa original:

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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Dormindo com o Bilionário – Ruth Cardello

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- Título Original: Bedding the Billionaire

- N° de páginas: 282 (ebook)

- Sinopse: A vida de Lil Dartley está de cabeça para baixo. Sua estável e previsível irmã, vai se casar com um influente bilionário e precisa de sua ajuda para planejar o casamento do século, em menos de um mês. Mas anos de rebelião de classe média não a prepararam para lidar com diplomatas ou paparazzi. Jake Walton conhece um desastre assim que vê um. Lil foi um problema desde o primeiro dia em que a conheceu, mas já que sua irmã vai se casar com seu melhor amigo, ele não tem escolha a não ser ajudá-la, ou este casamento vai virar noticiário por todas as razões erradas. Ensinar Lil como se encaixar na alta sociedade seria muito mais fácil se ela não o deixasse louco, dentro e fora do quarto.

- Nota: image

Dormindo com o bilionário, da autora Ruth Cardello, é o terceiro livro da série Legacy. O título inusitado é uma premissa do que o leitor encontrará nesta história: um toque de bom humor atrelado a personagens cativantes, proporcionando uma leitura leve e divertida. Dormindo com o bilionário é o típico enredo clichê, apresentando ao leitor um romance açucarado e despretensioso.

A história se passa pouco tempo após o término do segundo livro. A irmã de Lil está prestes a se casar com um homem do qual ela não tem muita afinidade, os repórteres não param de pegar no seu pé e ainda há Jake Walten, o sócio de Dominic, que parece acatar todas as ordens do amigo. E quando Lil descobre que Dominic pede para que Jake cuide dela – ou melhor, que Jake se certifique de que ela não conte aos repórteres nada do que eles quisessem saber a respeito da empresa dos dois, Lil se irrita e tenta afastá-lo. Mas não será tão fácil assim, uma vez que ela não consegue tirá-lo da cabeça.

A história resgata algumas situações do livro anterior – o que levou um tempo para que eu me ambientasse com o enredo. Mas logo nas primeiras páginas a história cativa e encanta pela relação fofa entre Lil, sua filha Colby e o amigo de Dominic, Jake. Os três possuem uma química que proporciona um envolvimento romântico e familiar muito agradável, cheio de passagens fofas e doces. Jake é um homem solitário, porém só se dá conta disto quando Lil  e a fofíssima Colby entram em sua vida e a viram de cabeça para baixo. Já a mãe de Colby é uma personagem insegura quanto a ser uma boa mãe, uma boa irmã – até mesmo em ser a pessoa correta a se envolver com Jake. Contudo, ao se entregar a paixão que sente por ele, além de enfrentar a relação delicada com sua irmã, percebemos a evolução gradativa da personagem ao longo da história.

Dormindo com o Bilionário foi a leitura que eu precisava nesse período de TCC. Uma história rápida e deliciosa, que nos leva a terminar de lê-lo com um sorriso bobo no rosto. Com um jeitinho simples, Ruth Cardello traz o clima familiar de amizade  e o amor doce em sua mais diversas arestas.

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sábado, 1 de novembro de 2014

VIII – H. M. Castor

image - Ficha técnica:

- Título original: VIII

- N° de páginas: 377 páginas

- Sinopse: No início do século XVI, o gracioso príncipe Henrique VIII, ainda um carismático adolescente, chega à Torre de Londres. Na época, ninguém imaginaria que o príncipe mais belo da Europa morreria obeso, deformado e com uma reputação de barba-azul. O que teria causado tão brutal transformação? A resposta parece estar em seu tempo entre as paredes de pedra, onde antigos crimes e fantasmas rodeiam o jovem aristocrata. Lá ele será testado...

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VIII, da autora H. M. Castor, conta a história de vida de Henrique VIII, desde sua infância até os últimos dias de sua vida. A falta de carinho do pai, a relação fria com as esposas, suas ambições e fracassos – tudo é descrito através do olhar narcisista de Henrique, em uma história envolvente que nos transporta para outro tempo.

Graças a uma profecia ouvida durante a infância, Henrique VIII cresce acreditando que um dia será rei. Durante a adolescência, seu irmão mais velho morre, deixando-lhe a sucessão ao trono. A desgosto de seu pai, que sempre considerara Henrique um peso morto em sua vida, o rapaz começa então a se preparar para o cargo que um dia ocuparia. Mas as aulas enfadonhas de contabilidade e as conversas sobre impostos e contas não era o que Henrique tinha em mente para a posição de um rei. Para ele, subir ao trono significava a glória de criar herdeiros para garantir a linhagem real, além de invadir territórios e de participar de justas.

Narrado em primeira pessoa, a escrita rica e minuciosa da mente de uma dos reis mais famosos da história é um deletei para os apaixonados pelo período medieval. Os conflitos de sua mente, bem como as situações externas que o cercam, são retratadas a partir do ponto de vista de Henrique VIII. Acompanhamos um personagem egocêntrico, moldado pelo descaso de um pai que sempre o considerou como um estorvo – “o filho reserva”, caso algo acontecesse com Arthur. Henrique VIII aprendeu, desde a infância, a se desprender de sentimentos, e seu pai foi a primeira pessoa a quem ele dirigiu seu rancor.

No livro, Henrique passou a vida com dois propósito em mente: ter herdeiros e ser o maior rei que a história já viu. Em relação ao primeiro, sua vida foi marcada pelo martírio de casar-se com mulheres que não conseguiam conceber ou que lhe davam filhas mulheres; situação esta que, na época, era considerado o mesmo que nada. Quanto ao segundo caso, Henrique VIII passou quase toda uma vida de fracassos, com raras exceções.  De jovem ambicioso, decidido a ser um bom rei ao seu povo, Henrique VIII torna-se um homem frio, enfermo, obcecado e atormentado por passar anos fracassando em seus objetivos.

Mesclando ficção com fatos históricos, VIII é uma leitura com ritmo acelerado e cheio de pulos no tempo; o que parece atropelar um pouco a história em algumas cenas. Reviver Henrique VIII, entrar em sua mente e explorar os caminhos que o levaram a sua decadência física e mental, não é a tarefa mais fácil. Entretanto, H. M. Castor nos brindou com uma trama sedutora, repleta de bons elementos. Apesar do tema, VIII é uma história leve por não explorar situações mais violentas, como cenas de batalhas ou decapitações mencionadas superficialmente ao longo da história. Não vejo como um ponto negativo, uma vez que a ausência destas cenas não comprometem a qualidade do livro. Foi, de fato, uma leitura fácil de devorar em poucos dias.

Capa original:

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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Longe de você – Emily Hainsworth

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- Ficha Técnica:

- Título Original: Through to You

- N° de páginas: 288

- Sinopse: Camden Pike tem uma surpresa ao retornar ao local do acidente que matou Viv, sua namorada: ele encontra uma garota exatamente igual a ela. Nina vem de uma realidade paralela onde Viv está viva – mas não é bem Viv. Mas Cam está disposto a mantê-la ao seu lado. Mas eles fizeram escolhas bastante distintas em suas vidas, e quando Nina revela um segredo perigoso, fica claro que a Viv que Cam amava não é a mesma pessoa que ele reencontra. Mas será que ele conseguirá escolher entre essas duas realidades?

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Posso dizer que o principal atrativo de Longe de Você, livro de estreia da autora Emily Hainsworth, é instigar o leitor por meio do mistério. Não do tipo enrolado e cansativo, mas aquele mistério que é desmembrado a cada página, fisgando o leitor em uma história envolvente e inusitada. Confesso que tinha em mente outra ideia do livro, e a proposta da autora me surpreendeu de maneira muito positiva. Fugindo um pouco da mesmice, Longe de você traz um tema, até então, pouco visto na literatura juvenil – mundos interdimensionais paralelos.

Cam é um jovem que perdeu sua namorada, Viv, há dois meses, em um acidente de carro. O rapaz se culpa pelo ocorrido, uma vez que Viv perdeu o controle do veículo graças a ele. Desde então, Cam não tem vivido – ele tem sobrevivido. Sua perna dolorida é um lembrete do passado doloroso – um passado que ele não consegue esquecer. Em casa, sua mãe está sempre ausente e seu pai abandonou a família. Cam também não tem amigos na faculdade – pelo contrário. Sua vida está longe de ser um mar de rosas, e, muitas vezes, Cam deseja ter ido no lugar de Viv.

Em uma noite fria, ele se depara com algo inusitado. Uma garota em pânico, translúcida, confusa e perdida. Sem dizer coisas que fizesse sentido a ele, e assustado com a luz verde que emanava da jovem, Cam, em um momento de desespero, foge da aparição à sua frente. Mesmo após alguns dias, ele volta a ver a garota, porém descobre que Nina atravessou um portal que a levou para aquele mundo paralelo ao dela. Em duas dimensões parecidas, a vida de Cam segue um mesmo cursor, entretanto, algumas coisas diferem de um mundo para outro. Por exemplo, Cam descobre que, no mundo de Nina, Viv estava viva, e ele era quem havia morrido em outro acidente de carro.

É difícil explicar sobre o enredo sem entrar em muitos detalhes – especialmente para não estragar elementos que surpreenderão os leitores. Porém, posso dizer que a história, apesar de simples, foi trabalhada de maneira criativa e um tanto quanto original. O livro é dotado de um suspense delicioso, e apresenta personagens enigmáticos – sem sabermos se podemos ou não confiar neles. Há todo um mistério envolvendo a morte de Cam no outro mundo paralelo ao dele, e parte dessa incógnita está relacionada ao comportamento dos personagens. Muitos não são o que aparentam.

Bem escrito, Longe de você foi uma leitura rápida e envolvente. O livro fala de escolhas e de suas consequências – boas ou ruins –, e, embora o final tenha sido satisfatório, confesso que não fiquei de toda contente. Um dos personagens mais interessantes termina sem um fim mais conciso, gerando algumas dúvidas. Ainda assim, vale a pena a leitura, especialmente pela proposta original da autora.

Capa original:

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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A Viajante do Tempo – Diana Gabaldon

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- Título Original: Outlander

- N° de páginas: 800

- Sinopse: Em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a enfermeira Claire Randall volta para os braços do marido, com quem desfruta uma segunda lua de mel em Inverness, nas Ilhas Britânicas. Durante a viagem, ela é atraída para um antigo círculo de pedras, no qual testemunha rituais misteriosos. Dias depois, quando resolve retornar ao local, algo inexplicável acontece: de repente se vê no ano de 1743, numa Escócia violenta e dominada por clãs guerreiros. Tão logo percebe que foi arrastada para o passado por forças que não compreende, Claire precisa enfrentar intrigas e perigos que podem ameaçar a sua vida e partir o seu coração. Ao conhecer Jamie, um jovem guerreiro escocês, sente-se cada vez mais dividida entre a fidelidade ao marido e o desejo. Será ela capaz de resistir a uma paixão arrebatadora e regressar ao presente?

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Uma das melhores notícias, para mim, foi sobre o relançamento da série “Outlander” pela editora Saída de Emergência. A história de Claire e Jamie é construída mediante a um enredo denso, carregado de paixão, batalhas, injustiças e sacrifícios. Personagens consistentes são apresentados em uma trama histórica que aflora emoções intensas em qualquer leitor. Somos interligados aos protagonistas através da dor e do medo, da perda, do ódio e, principalmente, do amor.

Reutilizando minhas palavras para explicar o enredo - quando este se tornou uma série de TV no começo de agosto -, A Viajante do Tempo “retrata as peripécias de Claire ao atravessar um portal que a leva para o passado. Presa no período da revolução jacobita, duzentos anos antes de seu tempo, a protagonista terá que conquistar a confiança daqueles que lutam contra a Inglaterra, além de passar por provações para se adaptar àquele novo mundo. Claire também não esperava se apaixonar por alguém como Jamie Fraser, um jovem escocês que precisou de seus cuidados. A atração mútua faz com que Claire e Jamie se tornem próximos, levando-a a enfrentar seus próprios sentimentos em relação a sua vida anterior.”

A primeira vez em que li A Viajante do Tempo, foi em 2012, com a versão da editora Rocco. Agora, dois anos depois, minha releitura divergiu de algumas impressões que tive daquela vez – principalmente com relação ao estilo da autora. Não nego que, para mim, Diana Gabaldon, algumas vezes, ainda exala um texto prolixo – especialmente em cenas, dentro de 800 páginas, que parecem descritivas demais em momentos que clamam por mais ação. Detalhes minuciosos sobre o tempo e sobre a paisagem; as longas conversas sobre os modos de surrar alguém, punições e torturas…. ao mesmo tempo em que tal característica insere o leitor numa trama rica, faz também com que determinadas partes se tornem um tanto enroladas. Confesso, porém, que em minha releitura esses momentos foram quase ínfimos – principalmente pela construção da história e pela narrativa envolvente da autora.

Claire e Jamie são, certamente, um dos casais mais apaixonantes da literatura histórica. O romance ultrapassa a mera descrição de cenas de paixão comumente lidas em romances do gênero. Jamie é intenso, o rapaz se entrega sem ressalvas ao amor que sente por Claire. Para mim, foi um personagem que ressalta a áurea de um menino jovem que, devido a tantas provações, cresce como um homem na trama, mas sem abandonar certo traço pueril. Claire, inteligente e madura, é uma enfermeira que utiliza seus dons para curar as pessoas daquele século. Os dois demonstram o mais terno sentimento de carinho – as vezes com tamanha veemência que a narrativa nos tira o fôlego. Um amor muito especial, retratado de forma intensa e, ao mesmo tempo, delicada.

A Viajante do Tempo transborda em um alicerce histórico rico, levando-nos a conhecer melhor o período ambientado no livro. Muitos personagens secundários são movidos por ambições e interesses pessoais em meio ao contexto da época, o que influencia o cursor da história dos protagonistas. Atravessando belas paisagens escocesas, Jamie e Claire enfrentam o sádico capitão inglês Jonathan Randall, lutam pela sobrevivência quase diária e passam por terríveis situações, levando-os do céu ao inferno em poucas páginas. Ao mesmo tempo em que o leitor compartilha o sentimento de júbilo, em muitas encontra dor e sofrimento para os personagens da trama.

Apesar de algumas ressalvas, A Viajante do Tempo é uma ótima leitura, com uma história maravilhosa. Estou curiosa pela continuação, que, segundo a editora Saída de Emergência, tem previsão para sair no final deste ano. Depois de tantos anos de negligência da série no Brasil com a editora Rocco, os livros agora finalmente terão a devida atenção merecida. Leitura mais do que recomendada para os amantes de romances históricos.

Capa original:

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