uma contação de vazios de agora
absorve-me dos instantes
enquando escuto a memória
que escorre
a constelar água d’olhos
com reflexos
de todo um existir
há um hiato
onde o silêncio
desenha uma vida
– mínima vida minha –
em fração imensuravelmente atemporal
– absoluta
enquanto se equilibram passos
isentos de peso
vertiginosamente voláteis
enquanto voam
aqueles pássaros
sem asas
sem nuvens sem horizontes
enquanto dedos cintilantes
percorrem
a carne a palavra a essência dos lábios
enquanto se percebe
que viver adere poeira e fogo e água
e que a pele cala fundo
– bem lá – onde não mora a razão
cada toque de luz
cada sombra cada gota
e a rubra mudez de cada pecado
(Celso Mendes)
CONVERSA-RESENHA COM AMANDA VITAL
Há um ano