Aos 27 de fevereiro de 1986 eu nasci...
Minha mãe faleceu no meu parto com Eclampcia.
Meu bai biológico surtou com a responsabilidade e distribuiu seus 3 filhos e sua recém nascida entre uma irmã e sua mãe. Nesse momento tirei a sorte grande... ganhei pais novos, maravilhosos.
Fui criada então pela irmã do meu pai biológico e seu marido, os mesmos já tinham um filho de 7 anos... era primo, hoje é irmão.
O tempo passou, fui super mimada e criada com amor, meu pai de coração era um típico italiano, grosseirão, duro, mas ele amolecia comigo. Eu morria de medo dele, porém o enfrentava... hoje em mim tenho muito dele. Minha tia que se tornou minha mãe é uma mulher forte, sempre levou o casamento a diante, mesmo com milhares de problemas, criou seu filho, a mim e consequentemente os outros 3 que meu pai abandonou por ai...
O pai biológico – chamaremos de o estranho, pra mim é uma pessoa normal, um estranho realmente, que nunca acrescentou nada na minha vida e nem a dos meus irmãos, casou-se novamente quando eu tinha pouco mais de um ano, teve duas filhas, as quais ele ajuda com um uma miséria mensal... dinheiro né... por que de atenção e carinho NADA!
No dia 01 de junho de 2007 meu amado pai veio a falecer, eu presenti que ele estava mal, acredito que tinhamos um verdadeiro elo de pai e filha. Lembro que quando cheguei em casa um dia antes minha mãe disse que ele não havia passado bem, fui até o quarto onde ele dormia e o observei por minutos, coisa que eu nunca havia feito. No dia seguinte, a dor tomou conta de mim, senti-me preocupada, me peguei ligando em casa de hora em hora... minha mãe disse que ele havia ido ao médico com meu irmão, as 10 para as 10 da manhã meu coração doeu... mandei uma mensagem para meu irmão, para saber como meu pai estava. Hora do óbito? 09h50min. Meu coração estava com ele, quando senti a dor, quando ele se foi e eu não pude dar-lhe adeus... permaneci forte, até hoje... pois sei que tudo que concetizei na minha vida depois que ele se foi, seria aceito por ele.
O pai biológico? Eu tentei me reaproximar dele, pelo fato de ter perdido um pai sem ter dado todo amor que o mesmo merecia, acreditei que o estranho poderia ocupar um lugar no meu coração... ele ia e vinha de SP – para Ctba. Sem laços, sem responsábilidades. Nunca trabalhou de verdade, vivia encostado na barra da ex esposa dele em SP, ou aqui na minha avó. Tentei aceitar, ver o que ele tinha de bom... conclusão... NADA!
As vespéras do meu casamento, pensei em permiti-lo me levar até ao altar, mas pensando bem, não era ele que eu via como figura de um pai... esse papel foi dado ao meu irmão-primo, que mesmo com nossas diferenças, até hoje ele faz esse papel. Chegou o grande dia do meu casamento, recebi um e-mail que o estranho não viria, por sentia-se envergonhado por não ter ajudado em nada da festa etc... e não queria me contranger... Eu não pedi nada a ele, ele não me devia ajuda... a única coisa que solicitei era a sua presença... chorei... era a oportunidade dele me mostrar que se importava cmgo. A partir desse dia ele morreu pra mim.
Esse ano ele veio “morar” pra cá, eu até tento trata-lo bem, mas pra mim ele é um amigo de alguém, simplismente... não o vejo como pai e sei que não posso contar com ele... eu sei, minhas 2 irmãs sabem, e 2 dos meus irmão... ele só tem atenção de um único filho... que ainda acredita nele, e por seguir suas palavras está se tornando igual... sem responsabilidades, sem emprego, sem dar atenção necessária a filha... enfim.
Desculpem-me o post gisgante, mas quem sabe um dia isso seja lido pelo estranho e ele acorde, pare de se esconder e deixe que nós, filhos que ele nunca amou, vivam de verdade... eu fecho os olhos para a presença dele, mas ele ainda prejudica muito a quem eu amo... e isso dói em mim.
Todos os dias oro pelo pai de coração, e peço que meu filho venha com as qualidades dele, a sabedoria, a bondade para com os outros... e peço que todas as criaças desse mundo tenham pais como o meu foi, apesar de não ser o pai amigo, pai dos sonhos, ele me mostrou os verdadeiros valores... meu pai VERDADEIRO e amado, que era alguém admirável... um verdadeiro super heroi.