domingo, 30 de dezembro de 2012

Página em branco





"Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo [...]"
Carlos Drummond de Andrade



  As últimas linhas de 2012 estão sendo preenchidas. Houve um longo caminho percorrido, entre descobertas, alegrias, dores e superações. Escrevemos fatos importantes, mas... Será que tudo isso foi capaz de nos tornar pessoas melhores? Nestes tempos em que os fins justificam os meios, vivenciamos os tempos modernos com cautela. Quando penso que avançamos dois passos, recuamos um. Quanta corrupção se vê em todos os lugares, nos Poderes Públicos e na sociedade...! Faltam os direitos básicos, há pessoas passando fome, lixo por toda parte, educação que não reprova porque precisa atingir níveis de "suficiência", violência nas ruas de diversas formas, eleições que compram votos, a cultura é desmerecida, perdendo espaço para a vulgaridade. Não são problemas de hoje, é sabido. Entretanto, até quando suportaremos? É essa a pergunta que fica. Por enquanto, prefiro recordar as histórias boas, aquelas que escrevemos ao lado daqueles que amamos e que estiveram conosco, na  tempestade e na bonança. O que desejo, somente, é uma página em branco onde eu possa deixar escrito um ano de saúde, paz e amor. Bem-vindo, Ano Novo, espero de ti o melhor. 


                                          Mara Melinni



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Então, é Natal...!








Na noite de hoje, nós nos daremos as mãos. 
Ao redor da mesa, a ceia farta. 
Seja rico, seja pobre, 
o Natal se fará presente. 

Seremos mais humanos, mais iguais.
E os corações serão um só.
Na festa de Cristo,
não há convite especial.

Piscam esperança e amor nas luzes postas.
Tudo se arruma em perfeição.
Quem dera ver todo mundo
se tratando como irmão!

Sim, eu sei, é Natal...!
Mas muita gente não sabe
que é aqui, dentro do peito,
onde ele começa a existir.

E é assim que, desde muito tempo,
Jesus espera, pacientemente, por nós.



FELIZ NATAL!!!



Mara Melinni



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sempre haverá alguém...







  Era uma noite quente. Muitas lembranças ainda dormiam ao seu lado. Vez em quando, subitamente, ela despertava por imaginar que alguma mensagem - como aquelas... - chegaria em seu celular. Em vão... Já havia se passado algum tempo. Mas aquela presença indesejada a visitava naquele momento como se nada tivesse acontecido. Ela era amável e havia se apegado demais àquela imagem de bom moço que a envolvia. Foi qual um romance que estivera prestes a ser escrito sem cautela porque era puro, e causava ânsia por acontecer logo. Ela se sentia em êxtase, ele também. Havia uma consideração, era especial, embora não soubessem o porquê. Fez-se de um encontro casual e amigável, de uma conversa larga e envolvente que não conhecia hora de acabar. A afinidade ressoava serenamente, e eles se declararam nos seus dizeres recíprocos, antes mesmo de alguma coisa acontecer. E assim, romperam distâncias e firmaram um elo tão bonito que parecia perfeito. Era bom demais para ser verdade...! Porém, às vezes, quando tudo parece exatamente assim, as pessoas se enganam... E ela se perdera naquele mar de sentimento. As mensagens, as risadas, as ligações na madrugada, os pensamentos em comum, a saudade um do outro... Tudo aquilo, de repente, num piscar de olhos, ela viu se despedaçar através da face invisível do abandono. Sim, era duro admitir, mas ela sabia que ele já não voltaria mais. Bastou aquele pouco tempo para ele revelar quem era de verdade. Ou, de fato, que tudo aquilo fora um mero artifício. Ela era fiel, ele queria uma aventura. Ela era sincera demais, ele somente aparentava ser. Assim, ela partiu, sentindo ser inverno em seu coração... Chorava, por ter confiado naquelas palavras todas e naqueles encantos vãos. Sentiu o sabor amargo da indiferença e conhecia, através daqueles olhos, quão perversa é a mentira. No entanto, por dentro, ela era forte. Sabia que mal algum fizera a ninguém e que a vida se encarregaria de cuidar dela. Já era madrugada, a última em que ela se permitiria qualquer lembrança dele. Pegou o seu violão, dedilhou uma canção e, sem esperar, ela se sentia confortada porque cantava a sua própria cura. Um dia, ainda se encontrarão... Mas apenas nas notas que acabara de compor. Depois, ela foi dormir de novo, sentindo-se livre. Estava pronta para amar outra vez.


*Texto baseado na canção "I Found a Boy", da Adele. 
Ela canta o que eu gosto de escrever.




                      Mara Melinni



I Found a Boy by Adele on Grooveshark

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Arriscar sem medo!





"Quem anda no trilho é trem de ferro, 
sou água que corre entre pedras: 
liberdade caça jeito."
Manoel de Barros


O temor, às vezes, toma conta de nós sem sequer pestanejar. Eu, que vivo cá no meu mundo de pequenas aventuras, que o diga. É um tal de medo de arriscar, medo disso e medo daquilo. Dá uma sensação de que somos prisioneiros de nós mesmos. Por isso, tenho orgulho das minhas maiores façanhas (embora não sejam tantas assim!), pois quando algo me convida a ir mais longe e toca fundo o meu coração, eu acabo cedendo ao convite. Hoje, depois de um tempinho distante do blog, eu retorno diferente. Volto mais certa do que quero, mais tranquila por algumas decisões tomadas e pronta para arriscar mais. É esse o espírito que me motiva a continuar aqui, fazendo o que tanto amo. Escrevendo, eu me liberto de todas as amarras e de todos os problemas. E o velho medo... esse ficará para trás, apenas para ser lembrado um dia, se for preciso vencê-lo de novo para eu me sentir, simplesmente, feliz. Vamos lá?


                       Mara Melinni



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...