segunda-feira, 25 de abril de 2011

Eu sei que posso...

 
"E que seja permanente essa vontade de ir  
além daquilo que me espera..."


 Caio Fernando Abreu ~



    
     Ao ouvir a música abaixo (que me soou como uma canção de ninar, em versão moderna), de repente eu me vi uma menina novamente. Cansada do dia que tive hoje, parecia até que regressava para casa depois de uma tarde inteira de brincadeiras na rua. Minha mãe me colocava para o banho, preparava-me delicadamente um lanche e, ainda com meus cabelos molhados, eu me deitava no sofá da sala com a cabeça em seu colo e, ali mesmo, sob os afagos de suas mãos, sentia os meus olhos pesando devagar... Até viajar em um sono convidativo, onde encontraria os meus amigos para brincar um pouco mais.

     Que saudade do meu tempo de... menina! Hoje, a rotina é até parecida, mas já não existe mais a mesma sensação de leveza de antes. Carrego o peso da responsabilidade nas costas... E o meu próprio caminho, moldado do meu jeito, às vezes encontra pedras difíceis de remover. A “vida real” bem que poderia ter um pouco do encanto daquele tempo. Poderia sim, guardar alguma nota das canções de outrora, que muitas vezes ficam vivas apenas em nossa memória...! Como seria bom SENTIR a paz sempre por perto, sem ter que fingir que não percebo olhares desviados e sorrisos amarelos ao meu lado. 

     Eu cresci... Continuo crescendo como pessoa, como amiga, namorada, irmã, filha, profissional. Porém, a minha filosofia é muito simples, é exatamente a mesma do tempo passado: Fazer o Bem. Infelizmente, nem sempre isso agrada. É que, desde cedo, aprendi a separar o joio do trigo. Posso até perder o riso por algum instante, quando alguém tenta colocar alguma nuvem carregada para encobrir o meu sol, mas eu sei que aqui – dentro de mim – eu trago o meu valor. Basta-me saber disso. E tenho dito!

Boa noite!

 Mara Melinni 
 


*P.S.: A música começa a tocar aos 14 segundos.

domingo, 24 de abril de 2011

Feliz Páscoa!!!





     Tradições antigas, reuniões em família, crianças pintadas de coelhinhos nas escolas, ovos de chocolate, cores e símbolos... Enquanto cristã - pela minha criação e pelas minhas convicções - todos os anos costumo enviar mensagens aos meus amigos sobre a Páscoa. Afinal de contas, trata-se de um momento que merece a nossa consideração especial, pelo sentimento único que marca a ressurreição de Jesus Cristo.

     Que hoje possamos dedicar um instante de oração e agradecimento pela VIDA, o legado que nos foi deixado por um ato majestoso de AMOR. Independente de crença, que a paz perpetue em nossas famílias o espírito do Renascimento, da união, do perdão e da concórdia. 

Feliz Páscoa nos nossos corações!!!





- Os coelhos são o símbolo da fertilidade na Páscoa, retratando a imagem da vida -




- Música que me foi dada de presente em um momento difícil 
e que sempre escuto com carinho -

Mara Melinni 

E por falar em saudade...



 
      
      Um sentimento palpita dentro de mim, como se não encontrasse um lugar seguro para repousar. Sem acalmar o brado da inquietude, que lembra um vento forte num fim de tarde morno, os primeiros sinais da noite vêm como um açoite no meu coração. 

      No meu silêncio noturno, procuro na imagem da lua um refúgio para tanto alvoroço interior... Aos poucos, sob o brilho que clareia o céu escuro, sinto a calma afagando,  mansamente, aquela correria que me tirava o sossego. Logo me deito... 

     Ainda assim, a ausência resiste presunçosa, teimando em interromper minha breve calmaria. E à medida que a noite se prolonga, a solidão me sufoca com seus braços apertados, enquanto reluto em vão para desatar o nó que me aperta o peito.

      Esta agonia, embora sem forma, tato ou cheiro, solidifica-se na moldura a que chamamos de... Saudade! Só tamanha nostalgia é capaz de fazer chover dentro de mim, multiplicando as horas da escuridão e arrancando vorazmente os sapatos que me protegiam do chão gelado, no único trajeto por onde sigo para me livrar do despudor daquele abraço sombrio.

     Ah...! Como dói a falta de você...! A madrugada, contudo, vai acendendo a luz do dia, sob o frescor do perfume doce da manhã que se aproxima... É hora de despertar do sono da saudade, de lavar o rosto na água corrente, que devolve aos meus olhos a sensatez da claridade do dia.

      Com a luz do sol, que ressurge amarelando o horizonte inteiro, o meu semblante recupera a energia desperdiçada em mais uma noite mal dormida, reacendendo a chama do meu sorriso ainda desajeitado, que ensaio em frente ao espelho. 

      A sua falta reside comigo, no mesmo endereço, dividindo o mesmo quarto. Chega todas as noites, quando volto para casa e já não encontro, nos espaços agora vazios, os vestígios de sua presença, que completavam os armários da minha existência.

     Mas enfim... Preciso me ver sozinha, pois é assim que estou agora. É tempo de alçar voo e abandonar os costumes de outrora, que não preenchem mais o pedaço incompleto de minha alma, nem satisfazem a ânsia do meu desejo que espera ser vivido...

     Junto os cacos das lembranças palpitantes e coloco tudo dentro de uma caixa que para sempre guardará os momentos de amor que já não se repetirão mais. Estes, não... No entanto, apesar dos pesares, a coragem de dar início à mudança me faz respirar melhor, e meu coração já não teme a noite que logo, logo, chegará.

     Assim, prossigo... O primeiro passo foi consumado... Os dados foram lançados. E o meu medo de abandonar os hábitos antigos deu lugar à proposta ousada de me deixar viver intensamente, cuidando mais de mim, fazendo as coisas de que gosto e, sobretudo, confiando nos finais felizes das histórias dos meus versos de amor. 

     E por falar em saudade... Que bom senti-la desse jeito novo, com a liberdade das asas que eu mesma me dei, na descoberta alegre do meu novo sentido de viver... Com flores no lugar de sombras, em um jardim que enfeito incansavelmente, de dia ou de noite, onde eu jamais estarei sozinha... Não enquanto houver saudade!  

Por: Mara Melinni 



     

domingo, 17 de abril de 2011

... Porque sonhar é mais do que preciso...!




Sonhos

Perder-me no tempo
nos braços do vento
sem um contratempo.

Amar sem receio
falando às estrelas
 do meu devaneio.

Ser tão desejada
quanto a lua cheia
no mar mergulhada.

Chorar o tropeço
e erguer a cabeça
para o recomeço.

Correr todo dia
descalça, buscando
o sol como guia.

Viver sem vaidade 
sentir que sou sempre
feliz de verdade...!

 (Poemeto de minha autoria)






     Ah...! Quantas vezes já senti a incomparável sensação de ter realizado um plano, uma ideia, um sonho! Eis que a nossa condição humana permite-nos traçar objetivos e, por que não dizer, enfeitá-los com uma dose extra de...SONHOS!

     Sonhos que pintamos, sonhos que comemos, sonhos que bebemos, sonhos grandes, sonhos pequenos. Sonhos do que somos, do que temos e fazemos. Nisto, reside a doce fascinação de simplesmente imaginar... Mas, antes de dar o primeiro passo, como escreveu  e cantou Marcelo Camelo: 

"é preciso força pra sonhar e perceber que
a estrada vai além do que se vê..."

     Costumo dizer que os sonhos são o alimento de nossa alma... São eles a convergência entre o que vivemos todos os dias e o que ansiamos viver, numa perfeita simetria que resiste no mais subjetivo universo: dentro de nós, em um lugar particular onde tudo existe a nosso gosto e, claro, na intensidade com que acreditamos nos caminhos a seguir.




     E é tão gostoso sonhar... É como abrir os braços para lançar-nos ao ar em queda livre, mas sem possibilidade de cair. Sonhar é existir em um grau de plenitude tal que eu não consigo entender o porquê de não se deixar levar... Enquanto para uns, sonhar é ilusão, para outros - entre os quais me incluo - sonhar é a possibilidade de alcançar o que nos parece impossível. Ou seja, apenas parece.


"Se as coisas são inatingíveis... Ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A mágica presença das estrelas!"

(Mário Quintana)



terça-feira, 12 de abril de 2011

Mais um poquinho... de amor!

     

     Eu tenho certeza de que todo mundo - lá no fundo - todo dia pensa, imagina ou respira um pouco de amor. Não tem como fugir do principal tema do teatro da vida... Enquanto somos personagens, em algum instante que seja, até mesmo inconscientemente, nossa percepção se volta para algum ato, gesto ou lembrança de alguma forma de amor.

     Quem sou eu para falar com toda essa prioridade sobre o assunto...! Mas me digam: Estou errada? Apenas tento conduzir a vida de um jeito mais ameno, com um toque de sutileza, de afeto e - por que não? - do sentimento que irmana todos nós. Mas eu confesso... Não tem sido fácil viver de amor...

     Não me refiro somente à forma mais comum - de duas pessoas que se amam. Falo de um modo generalizado, na maneira como as pessoas se tratam. Isso me mantém um tanto triste e, acreditem, eu não falo apenas por minhas próprias experiências.

     Parece que as pessoas não querem se encontrar... Têm tudo ao seu alcance, mas muitas vezes, na sua aparente invencibilidade e no seu orgulho exacerbado, preferem carregar uma dose amarga de sofrimento interior a perceber o que deixam de lado.

     Com meus erros, todo dia aprendo a ser humilde no amor, a reconhecer quando me engano, a abrir o meu coração e a dar a mão a quem busca me ajudar. E estou aqui de peito aberto, quem me conhece, sabe que meu espírito conciliador e inquieto não sobrevive na discórdia.
    
     De que vale a vida e tudo o que somos e temos, se não soubermos encontrar o caminho da felicidade? É difícil ser humilde, é difícil baixar a cabeça e é mais difícil ainda assumir que se quer viver de amor. Mas é por essa janela que olho todos os dias, incansavelmente... Ainda que, nem sempre, eu enxergue dias límpidos e ensolarados.


Essa é a minha razão para viver...!





quinta-feira, 7 de abril de 2011

Uma homenagem de dor...

    
      Não consegui deitar sem deixar minhas palavras e o meu sincero respeito às famílias que hoje sofrem pelo triste acontecimento noticiado na Escola Municipal Tasso da Silveira, Rio de Janeiro. Que a fé seja capaz de trazer força para continuar...






De mãos dadas

Fecho os olhos, num segundo...
Sem querer imaginar
O choro que envolve o mundo
Pela dor que quer ficar...!

Quantas vidas, sem defesa,
Num segundo, por maldade,
Respiraram a tristeza
De tanta brutalidade...!

Crianças pagando o preço
De uma atitude doentia...
Sem entender o começo,
Sem terminar mais um dia...!

Dói pensar naquela cena,
Pela escola, e em cada olhar...
A imagem fica pequena
Sem querer acreditar...!

É tão profundo o meu pranto...
E a minha dor, tão intensa...
Mas escuto, em algum canto
Um barulho que compensa...!

Foram-se, sei que com medo,
Mas permanece a lembrança...
Partiram logo, bem cedo...
Deixaram viva... A esperança!



*A todas as crianças e jovens que perderam a vida em 07/04/2011. Fiquem com Deus! 


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Minha bênção, Sertão!


     Tema recorrente nas composições dos poetas e escritores nordestinos, o Sertão ganha destaque especial quando descrito, seja como sinônimo de seca, de vida difícil, seja como um lugar que guarda uma peculiaridade de imagens, palavras, sons, cheiros e costumes bem definidos, perceptível no sentimento de apego dos filhos pela terra natal. Apesar de não ter desfrutado de tantas impressões como os meus avós e pais, é impossível não ser inspirada pela carga cultural que trago nas veias. 


 
Correndo, de pés no chão...
Minha infância foi tão rica!
Velhas cantigas de roda,
debaixo de uma oiticica...
Se no Sertão que me encanta,
a poesia é mais santa,
a vida se intensifica.




A natureza verseja
a cada brotar de flor...
E o canto dos passarinhos
enche o Sertão de esplendor...
Pois a vida escolhe o tema
e, na forma de um poema,
escreve versos de amor!




Acendo o meu lampião
e a sua luz mensageira
é uma chama de esperança
além da velha porteira...
E quando a chuva aparece,
meu Sertão vira uma prece
que me encanta a vida inteira!




O sertanejo faz prece
    enquanto a seca o maltrata...
   E a chuva devolve o encanto
da beleza da cascata,
  que antes chorava de dores,
    sentindo a ausência das flores,
  no manto verde da mata.




Na grandeza do repente,
todo poeta é capaz
de espalhar, por cada canto,
sua mensagem de paz,
pois no milagre que entoa,
Deus, lá de cima, abençoa
e toda a fé se refaz!






     Quem não nos conhece até imagina que o Nordeste é uma terra de pobreza e de gente submissa, onde só se vê terra seca, calor e falta d´água. Tenho orgulho de pertencer a um povo acolhedor e simples, que tem na hospitalidade sua forma própria de demonstrar quem é.

MEU SERTÃO, MINHA TERRA!


* Setilhas de minha autoria (in Na Trilha dos Sete Pés)
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