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terça-feira, 14 de outubro de 2014

Cecília Meireles

Caminho do campo verde
estrada depois de estrada.
Cercas de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.

Eu ando sozinha
no meio do vale.
Mas a tarde é minha.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Cecília Meireles

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Cecília Meireles


Não penso todos os dias exatamente do mesmo modo.
As mesmas coisas me parecem a cada instante diversas.
Amo e desamo, sofro e deixo de sofrer,
ao mesmo tempo, nas mesmas circunstâncias.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cecília Meireles


Aqui está minha vida
Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento..

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Cecília Meireles


“Minha esperança perdeu seu nome...
Fechei meu sonho, para chamá-la.
A tristeza transfigurou-me como o luar
que entra numa sala.
O último passo do destino
parará sem forma funesta,
e a noite oscilará como um dourado sino
derramando flores de festa.
Meus olhos estarão sobre espelhos,
pensando nos caminhos que existem
dentro das coisas transparentes.
E um campo de estrelas irá brotando
atrás das lembranças ardentes."

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cecília Meireles

Como estão as montanhas
por detrás do horizonte,
e o litoral do sonho
além da nossa fronte;

como, no oceano denso,
anêmona perfeita
sua estrela desdobra
e o cego abismo aceita;

como, atrás das imagens,
a idéia se desenha,
e o oráculo cintila
na impenetrável brenha;

assim fica encerrrada,
assim, desconhecida,
nossa extrema verdade
na noite irreal da vida.

sábado, 16 de abril de 2011

Murmúrio (Cecília Meireles)

Traze-me um pouco das
sombras serenas
que as nuvens transportam
por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
-vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da
alvura dos luares
que a noite sustenta
no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua
lembrança, aroma perdido,
saudade da flor!
- Vê que nem te digo-
-esperança!
- Vê que nem sequer
sonho - amor!

domingo, 6 de março de 2011

Tudo é Vivo (Cecília Meireles)

"Tudo é vivo e tudo fala ao nosso
redor, embora com vida e voz
que não são humanas, mas que
podemos aprender a escutar,
porque muitas vezes essa
linguagem secreta ajuda a
esclarecer o nosso próprio mistério..."


 

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

De que são feitos os dias ? (Cecília Meireles)






De que são feitos os dias ?
De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inaturais esperanças.

De loucuras, de crime,
de pecados, de glórias,
do medo que encadeia
 todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces e
 em sinistras alianças.



terça-feira, 3 de agosto de 2010

Esta impaciência que me divide (Cecília Meireles)

Esta impaciência que me divide
esta melancolia que me entontece
este desejo pungente de estar um pouco em toda parte
esta incapacidade de aquietar-me
este sonho de ser depressa, antes da morte
de ser o que?
de concluir que destino longamente esperado,
entrevisto na bruma de dias não vividos,
no sonho de noites calmamente extintas?
- de ser estritamente o servidor adequado,
o mensageiro que entrega a mensagem no exato instante
o servidor que dá conta de seu trabalho no prazo certo
o que ouve o chamado e vai,
recebe as ordens e cumpre,
e dá todos os dias de seu tempo humano
para esse fim obscuro,
e está continuamente correndo por dentro de si,
em varandas, passadiços, subterrâneos,
apenas entrevendo em adeuses a estrela que ama,
o pássaro que o comove,
a extensão da terra iluminada, do mar imenso
por onde, entre suas tarefas,
suspiro, saudade, esperança, obediência, renuncia,
em pensamentos foge,
em pensamentos volta,
subitamente enfermo da culpa
de assim fugir,
de assim voltar. 

domingo, 13 de junho de 2010

Mensagem a um desconhecido (Cecília Meireles 1956)

Teu bom pensamento longínquo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.
Isso me consola dos que me viram,
a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou,
como se nunca me tivessem encontrado.