Fotografias de Onésimo Teotónio de Almeida
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
domingo, 13 de maio de 2012
O Grito: um clamor contra o Fisco?
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Was ‘The Scream’ Inspired by Munch’s Tax Return?
Laura Saunders
Edvard Munch’s “The Scream” recently sold for $120 million at an auction conducted by Sotheby’s in New York. One of four painted or pastel versions of the same image made by Munch, the auctioned work was the only one in still private hands. The buyer’s identity was not revealed.
It’s a good thing Munch wasn’t around to pay taxes on the profit.
Jeffery Yablon, a partner at the Pillsbury Winthrop Shaw Pittman law firm in Washington who tracks memorable tax quotations, notes this one from Munch (as quoted in Sue Prideaux’s “Edvard Munch: Behind the Scream”, Yale University Press, 2005):
This tax problem has made a bookkeeper of me too. I’m really not supposed to paint, I guess. Instead, I’m supposed to sit here and scribble figures in a book. If the figures don’t balance I’ll be put in prison. I don’t care about money. All I want to do with the limited time I have left is to use it to paint a few pictures in peace and quiet. By now, I’ve learned a good deal about painting and ought to be able to contribute my best. The country might benefit from giving me time to paint. But does anyone care?
Nor did Munch stop there. As Prideaux writes, he also penned “hyperbolic rants” to the tax authorities, “who were accused of wanting to tax the skin on his brain, the hand of the artist, the voice of the tenor, and the thoughts of the philosopher.”
sexta-feira, 4 de maio de 2012
O que é que O Grito tem?
O que é que O Grito tem? Já todos gritámos assim, pelo menos para dentro.
Por Cláudia Carvalho
Posters, t-shirts, referências em filmes e séries de animação. A imagem de O Grito, de Edvard Munch, está em todo o lado.
Todos a conhecemos, num fenómeno global apenas comparável ao da Gioconda, de Leonardo da Vinci. E agora há os 119,9 milhões de dólares (91 milhões de euros) pagos na quarta-feira no leilão da Sotheby"s, em Nova Iorque, que estabeleceram um recorde absoluto de venda de uma obra de arte em leilão.
O que é que O Grito tem? "Fala por toda a gente, já todos nos sentimos sozinhos e desesperados em algum momento da nossa vida", disse à BBC David Jackson. Segundo este professor de História da Arte Escandinava da Universidade de Leeds, "o impulso de olhar para as coisas que nos incomodam é parte fundamental da condição humana".
Com um ar desesperado, de boca aberta em esgar e as mãos na cabeça, numa ponte com duas pessoas ao fundo, e um horizonte com cores garridas, a figura central do quadro transmite uma angústia que tem atravessado décadas, mantendo-se sempre actual. À época da realização da obra, Munch estaria a retratar o seu próprio estado de espírito, que, como escreveu Jonathan Jones, crítico de arte do britânico The Guardian, vivia infeliz e alienado do mundo por não estar a ser reconhecido pelo seu trabalho. Hoje, facilmente qualquer pessoa se pode identificar com esse estado e, por sua vez, com o quadro.
O psicólogo da Universidade de Reading Eugene McSorley compara o efeito com o suscitado por registos de pessoas em sofrimento. "É muito difícil para as pessoas ignorar estas imagens. Não conseguem desviar o olhar", disse à BBC sobre o quadro que deixou de ser apenas o grito de desespero de Munch para se tornar no grito da modernidade.
Petter Olsen, o norueguês que levou o quadro à praça, vai mais longe na definição da obra e fala do "momento terrível em que o homem percebe o seu impacto na natureza e as mudanças irreversíveis que iniciou". Daí a decisão de o vender ao fim de tantos anos. "Sinto que é o momento para oferecer ao resto do mundo uma hipótese de ter e apreciar este incrível trabalho, que é a única versão de O Grito [das quatro existentes] que não está num museu da Noruega", disse o empresário, cujo pai foi amigo e patrono de Munch, tendo adquirido vários quadros ao artista.
"É preciso saber quando é que temos de largar as coisas", disse à televisão norueguesa NPK o empresário, que, com o dinheiro da venda, vai financiar um novo museu, um hotel e um centro de arte na Noruega.
Sobre o actual comprador nada de sabe, existindo rumores de que poderá ter sido adquirido pela família real do Qatar, que no final do ano passado comprou Os jogadores de cartas de Paul Cézanne por 190 milhões de euros.
O que é que O Grito tem? "Fala por toda a gente, já todos nos sentimos sozinhos e desesperados em algum momento da nossa vida", disse à BBC David Jackson. Segundo este professor de História da Arte Escandinava da Universidade de Leeds, "o impulso de olhar para as coisas que nos incomodam é parte fundamental da condição humana".
Com um ar desesperado, de boca aberta em esgar e as mãos na cabeça, numa ponte com duas pessoas ao fundo, e um horizonte com cores garridas, a figura central do quadro transmite uma angústia que tem atravessado décadas, mantendo-se sempre actual. À época da realização da obra, Munch estaria a retratar o seu próprio estado de espírito, que, como escreveu Jonathan Jones, crítico de arte do britânico The Guardian, vivia infeliz e alienado do mundo por não estar a ser reconhecido pelo seu trabalho. Hoje, facilmente qualquer pessoa se pode identificar com esse estado e, por sua vez, com o quadro.
O psicólogo da Universidade de Reading Eugene McSorley compara o efeito com o suscitado por registos de pessoas em sofrimento. "É muito difícil para as pessoas ignorar estas imagens. Não conseguem desviar o olhar", disse à BBC sobre o quadro que deixou de ser apenas o grito de desespero de Munch para se tornar no grito da modernidade.
Petter Olsen, o norueguês que levou o quadro à praça, vai mais longe na definição da obra e fala do "momento terrível em que o homem percebe o seu impacto na natureza e as mudanças irreversíveis que iniciou". Daí a decisão de o vender ao fim de tantos anos. "Sinto que é o momento para oferecer ao resto do mundo uma hipótese de ter e apreciar este incrível trabalho, que é a única versão de O Grito [das quatro existentes] que não está num museu da Noruega", disse o empresário, cujo pai foi amigo e patrono de Munch, tendo adquirido vários quadros ao artista.
"É preciso saber quando é que temos de largar as coisas", disse à televisão norueguesa NPK o empresário, que, com o dinheiro da venda, vai financiar um novo museu, um hotel e um centro de arte na Noruega.
Sobre o actual comprador nada de sabe, existindo rumores de que poderá ter sido adquirido pela família real do Qatar, que no final do ano passado comprou Os jogadores de cartas de Paul Cézanne por 190 milhões de euros.
Público
quinta-feira, 3 de maio de 2012
$119,922,500.
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It took 12 nail-biting minutes and five eager bidders for Edvard Munch's famed 1895 pastel of "The Scream" to sell for $119.9 million, becoming the world's most expensive work of art ever to sell at auction.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Amanhã, em leilão.
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Só a voz dos milhões cala «O Grito» de desespero dos tempos modernos.
Maria Ramos Silva
ionline
Em reconhecimento, perderá apenas para “Mona Lisa”. Em transacções milionárias, tudo leva a crer, a figura da expressão mais enigmática da história da arte não se ficará a rir. Os apostadores aguardam com ansiedade o desfecho da sessão de hoje na casa Sotheby’s, em Nova Iorque, quando uma das quatro versões de “O Grito”, de Edvard Munch, a única nas mãos de um particular, for leiloada, podendo atingir os 113 milhões de euros, o que deixa à distância a base de licitação de cerca de 60 milhões. A confirmar--se, a pintura a pastel tornar-se-á a mais cara obra de arte alguma vez vendida em hasta pública, batendo o recorde de 81 milhões de euros alcançado há dois anos na Christie’s com “Nu au plateau de sculpteur”, tela de 1932 de Picasso.
É mesmo de ansiedade que falamos, não fosse a obra, reverenciada por Andy Warhol ou pelos Simpsons, uma das bandeiras mais perturbadoras da agonia moderna, dos sobressaltos existenciais da aurora do século xx, herdados pelos depressivos anos 2000. A versão em causa de “O Grito”, parte da série “Frieze of Life”, criada pelo artista norueguês entre 1893 e 1910, data de 1895 e pertence a um empresário norueguês, Petter Olsen, cujo pai, Thomas, foi amigo, vizinho e mecenas de Munch. A icónica imagem de uma figura em agonia, pedra-de-toque do movimento expressionista, convertida numa paisagem muito mais mental que visual, manteve-se na família Olsen ao longo de 70 anos.
A obra de Munch, que esteve exposta em Londres pela primeira vez, antes de seguir para os EUA, inspirou filmes, livros, teses, exposições sem fim, merchandising kitsch como o seu espírito, no qual se incluem canecas, e tem estado na mira dos maiores ladrões da história da arte. Em 1994, a primeira versão do quadro desapareceu da National Gallery norueguesa e foi recuperada meses depois.
Em 2004 foi desviada uma outra versão do Museu Munch, em Oslo, tendo sido precisos dois anos de buscas para devolver à colecção aquele que se julga ser um esboço preliminar do seu trabalho. A versão detida por Petter Olsen, que vai agora a leilão, será a mais próxima da composição que pertence ao acervo da National Gallery, anterior à versão finalizada em 1910, exposta no Museu Munch. Paralelamente, o artista criou uma litografia em 1895, ponto de partida para a proliferação em massa da obra.
Entre os quatro “Gritos”, os peritos da Sotheby’s distinguem uma série de pormenores relevantes no quadro em questão. O exemplar possui entre todos as cores mais vibrantes, além de ser a única versão cuja moldura original foi pintada à mão pelo autor, de forma a incluir um poema discriminando as bases de inspiração para o seu trabalho. Acresce que é única na forma como se destaca uma das figuras em fundo, que se debruça sobre a paisagem.
Quem será o grande comprador desta obra, que há décadas foi exibida por breve período na National Gallery de Washington, D. C., permanece uma incógnita. Quanto à sua possível nacionalidade, as apostas põem os russos na liderança das probabilidades, seguidos de perto pelos asiáticos, que se antecipariam assim a europeus e americanos. Certo apenas é que não faltam pretextos para investir nos próximos dias. Obras de Roy Lichtenstein, Francis Bacon, Rothko ou Andy Warhol, jogarão o seu futuro numa disputa de milhões.
O Grito.
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O furto de 2004, no Museu Munch, Oslo, com imagens dos ladrões captadas pelas câmaras de vigilância e a explicação da BBC, aqui. Os ladrões levaram O Grito e Madonna, deixando no caminho as respectivas molduras.
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O Grito, litografia, 1895, originalmente publicada na publicação de vanguarda francesa La Revue Blanche |
O Grito, litografia e aguarela, 1895 |
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Os Gritos são quatro. Refiro-me ao mais famoso quadro de Edvard Munch (1863-1944) – uma espécie de Mona Lisa apavorada, raiz de todo o expressionismo. Munch pintou-os entre 1893-10. Um ano antes (1892), fora surpreendido por um pôr-de-sol sanguíneo, sublinhado a línguas de fogo, quando passeava com dois amigos pelo fiorde azul-escuro de Oslo; parou, tremendo de ansiedade, e sentiu um grito (skrik) infinito atravessando a natureza. Assim reza o poema que escreveu. Perto daquela ponte havia um açougue e um manicómio – o que não será despiciendo. “O Grito da Natureza” é, talvez, a pintura mais cobiçada pelos larápios de arte. O exemplar (1893) do Museu Nacional de Oslo (que possui também uma versão a pastel, pintada no mesmo ano) foi roubado – e recuperado – em 1994. A versão de 1910, no Museu Munch, foi roubada em 2004 e encontrada em 2006. A quarta versão, na posse de Petter Olsen, filho de um vizinho e patrono de Munch, vai a leilão na Sotheby’s de Nova Iorque a 2 de Maio. O interesse é tal que a pintura será exibida em Londres (13 Abril), Rússia, Médio Oriente e China! É a mais ricamente cromática das quatro versões, numa moldura pintada pelo próprio Munch e que inclui o poema que serviu de inspiração. A estimativa de 80 milhões de dólares deve ser ultrapassada. (Os “Jogadores de Cartas” de Cézanne trocaram de dono por 250 milhões no ano passado.) É, com os céus apocalípticos de Van Gogh, a mais célebre paisagem mental da história da pintura. Céus vermelhos assombraram a Europa na sequência da erupção do Krakatoa em 1883. Olho, e vejo uma múmia andrógina com as mãos na cabeça, apavorada com o destino europeu.
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Jorge Calado
.Pedi a Jorge Calado, il miglior fabbro, que me cedesse o texto, o magnífico texto, que escreveu sobre O Grito. Deu-mo de imediato, com a simplicidade e o desprendimento que só os grandes possuem. Os grandes que nada temem e ninguém invejam. Nesse artigo, o Mestre alude aos céus vermelhos que assombraram a Europa na sequência da explosão do Krakatoa em 1883, sobre a qual existe uma obra inultrapassável de Simon Winchester. A arte da época, de facto, reflectiu a vermelhidão dos céus, como o atesta o extraordinário quadro On the Banks of the River Thames, de Ashcroft, que prolonga Goya, Turner, Blake, Friedrich e antecipa Bacon ou Rothko. Há quem fale numa cor singular dos céus do Norte, que surge pelo Outono e que inspirou muita pintura (ver aqui). Mesmo sem a influência das cores do Krakatoa (a hipótese é discutida aqui ou aqui), também em Munch poderemos ver o estranho vermelho dos céus. N'O Grito, por certo. Mas igualmente noutras obras do mesmo período, como as xilogravuras Medo (1896) e Melancolia (1896), que não se devem confundir com as telas com o mesmo nome. Ambas as xilogravuras estão disponíveis aqui. Será nos quadros Desespero (1893-94) e em Ansiedade (1894), integrados na série O Friso da Vida, que as ondas vermelhas e laranja dos céus adquirem maior intensidade, semelhante àquela que estará presente nas diversas versões de O Grito, incluindo a de 1910, que irá ser vendida este ano pela Sotheby's. Ulrich Bischoff fala em cinquenta versões da obra, além da que existe na Nasjonalgalleritet de Oslo, o que constitui um manifesto exagero, mesmo contando com as litografias produzidas por Munch. O cenário O Grito parece ser Nordstrand e, como veremos, existem tentativas de determinar com precisão o lugar exacto onde o pintor colocou a figura andrógina que retrata a insuportabilidade do desespero humano. Ao longe, vê-se o Oslofjord e Hovedøya, a partir da colina de Ekberg, local onde a irmã de Munch, maníaco-depressiva, se encontrava internada. Perto do hospício havia um matadouro. Tudo terá contribuído para o quadro de Munch. Ou talvez não. Como veremos, o pintor, ao falar deste quadro, escreverá que escutou um «grito infindável a atravessar a Natureza». E o título original da obra era, não por acaso, Der Schrei der Natur, em alemão (O Grito da Natureza). Ficou Skrik, «grito», em norueguês. E adquiriu uma plasticidade imensa, já que tão conhecida é a figura central que grita o vazio como o cenário apocalíptico que a envolve. Ao longe, duas pessoas. Homens, provavelmente. Não é descabido supor que se tratam dos amigos que Munch deixou para trás, como escreverá no seu diário. Estaremos então perante um auto-retrato sui generis? É possível. Quer a figura humana, quer o cenário que a rodeiam se tornaram conhecidos em todo o mundo. No início, O Grito foi mal recebido. Um jornal francês comparou a técnica de Munch a colocar um dedo num monte de excrementos e passá-lo pela alvura da tela. Chegou a pensar-se que a insanidade retratada em O Grito poderia ser contagiosa... Os nazis, que chegaram à Noruega em 1940, quando Munch ainda era vivo, qualificaram a sua obra, como é óbvio, de «arte degenerada».
O que marca o quadro, convertendo-o num ícone de massas, é o facto de todos os seus elementos serem imediatamente reconhecíveis. Graças a isso, foi possível às indústrias da cultura, e não só, produzirem ad nauseam milhares e milhares de reinterpretações de O Grito, umas vezes usando a figura central, outras o fundo avermelhado. O Grito existe mesmo sem aquele que o grita. Mas, a posição do que grita, com as mãos sobre o rosto, inspirou muita e variada criatividade. Aqui, de seguida, mostrarei uma ínfima parte dessa arte.
O que marca o quadro, convertendo-o num ícone de massas, é o facto de todos os seus elementos serem imediatamente reconhecíveis. Graças a isso, foi possível às indústrias da cultura, e não só, produzirem ad nauseam milhares e milhares de reinterpretações de O Grito, umas vezes usando a figura central, outras o fundo avermelhado. O Grito existe mesmo sem aquele que o grita. Mas, a posição do que grita, com as mãos sobre o rosto, inspirou muita e variada criatividade. Aqui, de seguida, mostrarei uma ínfima parte dessa arte.
On the Banks of the River Thames, de William Ashcroft, pintado alguns meses após a erupção do Krakatoa, em 1883 |
O Grito (1893), Oslo, Nasjonalgalleriet |
O Grito (1910), Oslo, Munch-Museet . |
Inscrição na moldura |
O diário de Munch contém uma passagem escrita em Nice durante um período de doença, datada de 22 de Janeiro de 1892. Muitos afirmam que aí descreve a génese de O Grito: «Estava passear cá fora com dois amigos, e o Sol começava a pôr-se - de repente, o céu ficou vermelho, cor de sangue - Parei, sentia-me exausto e apoiei-me a uma cerca - havia sangue e línguas de fogo por cima do fiorde azul-escuro e da cidade - e os meus amigos continuaram a andar e eu ali fiquei, de pé, a tremer de medo - e senti um grito infindável a atravessar a Natureza.» E, de facto, este trecho, apresentado por vezes sob a forma de poema, está inscrito na moldura da tela que, encontrando-se na propriedade do empresário norueguês Peter Olsen, vai a leilão este ano.
De acordo com a monumental biografia de Sue Prideaux, Edvard Munch – Behind the Scream (2005), o pintor posteriormente terá afirmado: «durante vários anos, estive à beira da loucura… Conhecem o meu quadro, O Grito? Fui levado ao limite – a natureza gritava no meu sangue… Depois disso, perdi toda a esperança de voltar a amar.»
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Os céus de sangue de Edvard Munch:
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Os céus de sangue de Edvard Munch:
Desespero (1892), Oslo, Munch-Museet |
Desespero (1893-1894), Oslo, Munch-Museet |
Ansiedade (1894), Oslo, Munch-Museet |
Ansiedade (1894), xilogravura |
Melancolia (1896), xilogravura |
Em 1978, na obra colectiva Edvard Munch. Symbols and Images, o historiador de arte norte-americano Robert Rosenblum (1927-2006) sugeriu que, no desenho do rosto cadavérico e assexuado de O Grito (o rosto da morte?), Munch se inspirou numa múmia peruana que viu em Paris, na Exposição Universal de 1889. A múmia do homem de Piedra Grande está hoje exposta no Musée de l'Homme:
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Múmia do homem de Piedra Grande, Paris, Musée de L'Homme (1900) |
Recriação actual de O Grito, em escultura |
A múmia peruana, em posição fetal e com as mãos junto ao rosto, serviu de inspiração a Paul Gauguin, amigo de Munch, na figura central do quadro Vindima em Arles (A Miséria Humana), de 1888, e, mais flagrantemente ainda, no desenho da velha mulher situada no extremo esquerdo da famosa tela Donde viemos? Quem somos? Para onde Vamos?, de 1897-1898:
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Vindima em Arles (A Miséria Humana), Copenhaga, Ordupgaard |
Donde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Boston, Museum of Fine Arts |
Todavia, em 2004, Piero Mannucci, antropólogo da Universidade de Florença, sustentou que Munch se inspirou, não na múmia de Paris, mas noutra, igualmente peruana, existente no Museu de História Natural de Florença, a qual, em seu entender, possui muito mais semelhanças com a figura de O Grito do que a múmia de Piedra Grande que repousa no Chaillot. A questão pode ser acompanhada aqui ou aqui, mas o leitor que decida. Uma coisa é certa: Munch apreciava ossos. Basta recordar o seu Auto-Retrato com Esqueleto de Braço, de 1895.
Múmia peruana, Florença, Museu de História Natural |
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Agora, O Grito, em várias versões:
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Homer Simpson |
Super Mario |
Brincos O Grito |
Telemóvel |
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Quadro de John Robert Martino |
Michael Jackson |
Scubidu |
Saia O Grito |
Candeeiro O Grito |
L. Lingas, C3PO Scream, 2005 |
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Homer Simpson |
Avental O Grito |
Scream, de Wes Craven (1996, 1997, 2000 e 2011) |
Fatia de Bolo, no restaurante do Museu Munch, Oslo |
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O Grito em palavras |
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Andy Warhol, 1984 |
Andy Warhol, 1984 |
Andy Warhol, 1984 |
Andy Warhol, 1984 |
Filme de Sebastian Cosor |
Árvore O Grito |
Barbie |
Doce O Grito |
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Brian Jones, The Scream, 2005 |
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Torrada O Grito |
Café O Grito |
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Lawrence Spinak, Clifford |
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O massacre da Ilha Toya, 2011 |
Cubos de gelo O Grito |
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Silence, da série televisiva Doctor Who, assumidamente inspirada em O Grito. Ver aqui |
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Vídeo (VHS) |
Assinatura de Munch |
O furto de 2004, no Museu Munch, Oslo, com imagens dos ladrões captadas pelas câmaras de vigilância e a explicação da BBC, aqui. Os ladrões levaram O Grito e Madonna, deixando no caminho as respectivas molduras.
Paródia ao furto de O Grito |
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Em 2005, o furto de O Grito do Museu Nacional de Oslo foi objecto de um extraordinário livro de Edward Dolnick, The Rescue Artist. A True Story of Art, Thieves, and the Hunt for a Missing Masterpiece. O furto deu-se em 1994, enquanto todos assistiam à abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Litllehammer, e, com surpreendente facilidade, os ladrões levaram o quadro do Museu Nacional de Oslo, deixando um cartão postal com um escrito irónico: «Obrigado pela falta de segurança». Ao princípio, pensou-se que o furto poderia ser da autoria do lóbi norueguês contra aborto, que anunciara uma acção espectacular por alturas da inauguração das Olimpíadas de Inverno. Ironicamente, alguns já descreveram, de facto, a figura central de O Grito como um feto humano... E não o poderemos ver em Madonna, outra obra-prima de Munch? O quadro seria recuperado nesse mesmo ano de 1994. A história, digna de um thriller nórdico, pode ser acompanhada aqui.
Munch como James Bond |
Joel Grannas, Edvard's Munch The Scream |
Martin Missfeldt, 2006 |
Molho picante |
Erró, The Second Scream, 1967 |
Erró, Ding Dong, 1979 |
Há várias tentativas de determinar o local exacto em que Munch se inspirou para pintar O Grito. Uma das mais completas, interessantíssima pela precisão e rigor, encontra-se disponível aqui.
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Um dos muitos rumores que existem sobre Greta Garbo afirma que a actriz se inspirou no quadro de Munch na pose fotográfica que surge na imagem, tal como é explicado aqui.
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Allen Mullen, The Scream (ASCII Art) |
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Vitral O Grito |
Home page da Google, 2006 |
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Melissa Rachel Blank, Gummi bears Nesta obra, a autora reconstituiu O Grito com gomas em forma de ursos |
Homer Simpson |
Livro |
Gelado O Grito |
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Robert Fishbone, criador de O Grito insuflável (1991). Entre 1991 e 1994, vendeu 100.000 cópias |
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Jake e Dinos Chapman, The Whimper, 2006 |
James Rizzi, O Grito, 1999 |
Joker, personagem de Batman (1989) |
O Grito em Lego, exposto na Legoland da Califórnia |
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Macaulay Culkin, de Home Alone (1990) |
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Chapa de identificação para animais |
Meep, dos Muppets |
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Aquando do furto de 2004, a cidade de Oslo ofereceu 300 mil dólares a quem desse pista que conduzissem ao paradeiro dos quadros de Munch, O Grito e Madonna. A Masterfoods USA, produtora dos M&M's, em 2006, ofereceu 2 milhões de dólares de recompensa em chocolates daquela marca com vista à descoberta do quadro. O Grito reapareceu dias depois desta oferta. Ver a história aqui.
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Tapete para o rato do computador |
Caneta O Grito |
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Iraque |
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O Grito, danificado após o furto de 2004 |
Restauro de O Grito |
Escultura em cartão prensado de Mark Langan |
Vuvuzela |
Manifestação do Greenpeace |
Zé Povinho, por António |
Pedro Santana Lopes, cartoon de António |
Marcus Miller |
Marcus Miller |
Prancha de skate |
Pintura em miniatura |
Sapatos de ténis |
Vestido O Grito |
Macaulay Culkin, de Home Alone |
Cathy Cole, Neon lights |
Nic Hess, The Scream (2000) |
Mona Lisa |
Após o massacre na Noruega |
Barack Obama |
Atentados em Oslo, 2011 |
Bernard Pras |
Recriação a partir de Psycho, de Hitchcock . |
Puzzle |
Délacroix... |
Scary Movie (2000), de Keenen Ivory Wayans |
Ghostface, personagem de Scream, de Wes Craven (1996) |
Espermatozóide |
Saco O Grito |
Brincos O Grito |
Edvard Munch e Francis Bacon? |
Escultura |
Somália |
Autocolante O Grito |
Fome |
Trabalho em madeira |
Tatuagem |
Capa de The Primal Scream, de Arthur Janov |
Terror na Noruega |
O Grito entrou na política norte-americana, sendo usado nas campanhas eleitorais contra Dan Quayle e Sarah Palin, bem como contra o Presidente George W. Bush. No caso de Dan Quayle, ver o livro de Monica Bohm-Dunchen, The Private Life of a Masterpiece (2001), com desenvolvidas referências ao impacto da obra de Munch na cultura popular americana, aqui.
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George W. Bush |
Shooter, Yorkie Scream |
Gravata O Grito |
Porta-chaves O Grito |
Caneca O Grito |
Vestido O Grito |
Gravata O Grito |
Home Alone (1990) |
Unhas O Grito |
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Azulejos, de Mark Lawrence |
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Victoria Francis |
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Vik Muniz |
Gary Larson, The Howl, da série Wiener Dog Art |
Bloco de notas |
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Mosaico . |
Enfeite de Natal |
Lençóis O Grito |
Vídeo (DVD) |
Vídeo |
Fivela de cinto |
Vídeo (VHS) |
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Caixa para comprimidos |
Carimbo |
Porta-chaves O Grito |
Computador |
Diogo Sarmento, 2006 |
No mundo do futebol . |
Porta-chaves |
Porta-chaves Lisa Simpson |
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Espelho de interruptor eléctrico |
Espelho de bolso |
Rabanus Flavus, Condemned to Agony, linha férrea Lehrte-Nordstemmen |
Ovo de chocolate |
Isqueiro Zippo |
Mickey Mouse |
Mola para notas |
Mesa de póker |
Porta cartões de visita |
Anel |
Corta-papéis |
Lord Voldemort, personagem de Harry Potter |
Gilbert & George, Cry, 1984 |
Gilbert & George, Street, 1983 |
Versões em vídeo
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Ao contrário do que sucedeu no «post» (ou «posta») em que falei de Christina’s World, de Wyeth, aqui, procurei determinar a origem e autoria de todas as imagens, o que se afigurou virtualmente impossível. Algumas delas, sobretudo de objectos de uso corrente, foram obtidas no e-Bay, outras aqui, aqui ou aqui, entre centenas e centenas de locais. Há quem sustente aqui que, muito provavelmente, Philip K. Dick se inspirou em O Grito numa das cenas centrais da sua novela Does Androids Dream of Electric Sheep? (1968), em que Ridley Scott se baseou para realizar o filme Blade Runner (1982). Não o consegui determinar com absoluta certeza.
António Araújo
O céu em chamas. O futuro-Krakatoa. Blade Runner (1982), de Ridley Scott. |
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