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Abordaremos aqui temas especialmente relacionados ao 'Magnetismo Animal', suas aplicações aos métodos de cura e sua ligação com a Doutrina Espírita, entre outros temas afins.
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As experiências de Mesmer (Parte 2)
Mesmer publicou uma “História da descoberta do Magnetismo Animal” em 1779, na qual ele enumerava seus experimentos, e acrescentava a eles vinte e sete proposições. Ele declarava que:
"Só a experiência vai dissipar as nuvens e lançar luz sobre esta importante verdade: que a Natureza oferece meios universais de cura e preservação do homem."
As seis primeiras proposições estabelecem a existência e atividade cíclica do magnetismo animal:
1. Existe uma influência mútua entre os Corpos Celestes, a Terra e os Corpos Animados.
2. Um fluido universalmente distribuído e contínuo, que é muito diferente do vácuo e de natureza incomparavelmente rarefeita, e por cuja natureza é capaz de receber, propagar e transmitir todas as impressões de movimento, é o meio desta influência.
3. Esta ação recíproca é subordinada a leis mecânicas que são até então desconhecidas.
4. Esta ação resulta em efeitos alternados que podem ser considerados como um Fluxo e Refluxo.
5. Este fluxo e refluxo é mais um menos geral, mais ou menos particular, mais ou menos compósito, de acordo com a natureza das causas que o determinam.
6. É por esta operação (a mais universal daquelas apresentadas pela Natureza) que as proporções de atividade são estabelecidas entre os corpos celestes, a terra e suas partes componentes.
As quatro proposições seguintes explicam a relação do magnetismo animal com a matéria e fazem uma analogia com o magneto:
7. As propriedades da Matéria e dos Corpos Orgânicos dependem desta operação.
8. O corpo animal suporta o efeito alternado deste agente que, insinuando-se na substância dos nervos, afeta-os imediatamente.
9. É particularmente manifesto no corpo humano que o agente tem propriedades similares às do magneto; pólos diferentes e opostos podem igualmente ser distinguidos e podem ser mudados, comunicados, anulados e reforçados; até mesmo o fenômeno de oscilação é observado.
10. Esta propriedade do corpo animal, que o deixa sob a influência dos corpos celestes e das ações recíprocas daqueles que o rodeiam, como demonstrado pela sua analogia com o Magneto, induziu-me a denominá-la MAGNETISMO ANIMAL.
Depois de três proposições sobre a comunicabilidade do magnetismo animal, Mesmer compara sua atividade às da luz, som e eletricidade:
14. Sua ação é exercida à distância, sem auxílio de um corpo intermediário.
15. É intensificado e refletido por espelhos, assim como a luz.
16. É comunicado e intensificado pelo som.
17. Esta propriedade magnética pode ser armazenada, concentrada e transportada.
Ele sugere que existe uma força positiva oposta que poucos corpos contêm e que tem características similares ao magnetismo animal. Então ele explica a diferença entre magnetismo animal e mineral e mostra a relação entre eles:
20. O Magneto, tanto o natural como o artificial, junto com outras substâncias, é suscetível ao Magnetismo Animal, e mesmo à propriedade oposta, sem que seu efeito sobre o ferro e a agulha sofram qualquer alteração em ambos os casos; isto prova que o princípio do Magnetismo Animal difere essencialmente do magnetismo mineral.
21. Este sistema fornecerá novas explicações sobre a natureza do Fogo e da Luz, bem como sobre a teoria da atração, do fluxo e do refluxo, do magneto e da eletricidade.
22. Fará conhecer que o magneto e a eletricidade artificial só têm, no que tange às doenças, propriedades que compartilham com diversos outros agentes providos pela Natureza, e que se efeitos úteis têm derivado do uso da última, eles são devidos ao Magnetismo Animal.
Mesmer conclui com a observação de que “o magnetismo animal pode curar desordens nervosas diretamente e outras desordens indiretamente. Ele pode ser usado junto com remédios, embora pressuponha uma nova teoria sobre a doença. Quando dominado, contudo, habilita o médico a aperfeiçoar sua arte de modo que possa tratar sem receio de fazer mal e assim aliviar os sofrimentos da humanidade.”
A França ofereceu a Mesmer uma pensão em 1780, e ele viveu um período de relativa paz. Em 1782 ele uniu-se a Saint-Martin, Saint-germain e Cagliostro na Convenção Maçônica de Wilhelmsbad. Embora raramente aparecessem juntos em público, eram todos Maçons e membros da Fratres Lucis e mantinham comunicação privada. Um ano mais tarde, Mesmer fundou a Ordem da Harmonia Universal, ostensivamente para instrução sobre o magnetismo animal, mas secretamente para o ensino de antigas práticas de cura dos 'Asclepeia', ou templos de cura. Dentro de um ano as academias ortodoxas haviam reiterado seus antigos ataques, e em março de 1784 o Rei Luís ordenou uma investigação das teorias e tratamentos de Mesmer.
Os acadêmicos indicaram um comitê que incluía entre seus membros Benjamin Franklin, então Embaixador Americano na França, o astrônomo Baille, o químico Lavoisier e o botânico Jussieu. A despeito da pressão das academias, seu compromisso com a observação na ciência impediu que negassem a eficácia das curas de Mesmer, mas suas concepções cruamente empíricas e Aristotélicas sobre o homem tornaram-lhes impossível a crença em um princípio - o magnetismo animal - que não podia ser diretamente percebido fisicamente. Seu relatório, publicado em 11 de agosto de 1784, afirmava a existência de curas admiráveis, mas sustentava que uma vez que o magnetismo animal em si não é observável diretamente, não pode existir, e portanto as curas deviam ser atribuídas á imaginação dos próprios pacientes. Assim, com base em um princípio que não é aceitável na ciência, e mesmo que as curas fossem admitidas e o comitê advertisse contra qualquer ação semelhante, Mesmer foi denunciado como impostor. Mesmer encontrou-se no meio do levante social e político. Em 1791 a Revolução forçou-o, ele agora na penúria, a deixar a França. Ele retirou-se então para a pequena cidade de Frauenfeld perto de Zurique, e discretamente tratava dos camponeses locais sem revelar sua identidade.
Um pequeno volume, “Memórias de F. A. Mesmer”, apareceu em 1799. Mais uma vez ele explicava os fundamentos de sua teoria, mas agora mergulhava no verdadeiro coração da operação magnética.
"Nós possuímos um sentido interior que está em conexão com todo o universo, e que poderia ser considerado como uma extensão da visão. Possuímos a faculdade de sentir na harmonia universal a conexão dos eventos e seres com a nossa própria conservação... A comunicação da vontade reside em um tipo de convenção entre duas vontades, que poderiam ser ditas estar em sintonia."
A chave para o uso curativo do magnetismo animal é a vontade do médico. Seu estado - a qualidade do desejo e da intenção que o motivam - é crítico para a cura. Daí que só aqueles que são qualificados em termos de força e pureza de vontade podem repetir com sucesso as experiências de Mesmer.
Depois da ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, Mesmer recebeu uma nova pensão. Reconvocado a Paris, Mesmer encontrou uma fresca atmosfera de aceitação e testemunhou um contínuo aumento de sua fama. Por volta de 1812 o Rei da Prússia e a Academia Alemã ofereceram-lhe dinheiro e honras, mas ele recusou, para continuar viajando. Ele desejava, dizia, devotar-se exclusivamente à prática de seu método, de modo que a humanidade “não possa mais ser exposta aos incalculáveis riscos do uso das drogas e sua aplicação”. Em 15 de março de 1815 ele discretamente abandonou o mundo depois de ouvir uma peça de música composta por Mozart e tocado em sua cópia do conjunto de vidros musicais inventado por Athanasius Kircher. A Real Sociedade de Paris e o governo alemão ofereceram postumamente prêmios pelos melhores tratados sobre o Mesmerismo, e um grupo de estudantes continuou suas experiências.
Honrado no século XIX mas largamente despercebido, salvo pelos intuitivos, no século XX, Mesmer deixou uma clara delineação das bases da cura mental e fisiológica. Se houver um desvio das concepções patológicas da medicina em direção a um entendimento e prática fundados na vitalidade e harmonia, então uma agradecida humanidade prontamente apreciará Mesmer. Nora Wydenbruck, revisando suas vastas e permanentes conquistas - na medicina, obra social e elevação do espírito humano - conclui:
"Considerado do ponto de vista privilegiado da história, quando os fios trançados do destino humano aparecem coordenados no desenho de toda a grande tapeçaria, a vida de Mesmer aparece como um fio de ouro brilhante."
Temas: Histórico, Magnetismo, Mesmer
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Estacionados como centros de controle dinâmico, quatro seres heróicos guiaram os homens através dos eventos da época em direção a uma percepção mais profunda da unidade e uma convicção mais consistente da fraternidade universal - Franz Anton Mesmer, Louis Claude de Saint-Martin, Cagliostro e o Conde de Saint-Germain. Cada um desempenhou um papel preciso, embora largamente oculto, em uma sutil revolução da mente humana. HP.Blavatsky escreveu sobre Mesmer:
"Foi o Conselho de 'Luxor' que o escolheu - de acordo com as ordens da 'Grande Fraternidade' - para atuar no século XVIII como seu pioneiro usual, enviado no último quarto de cada século para iluminar as nações ocidentais com uma pequena porção de conhecimento oculto."
Franz Anton Mesmer (1734-1815) nasceu na Suábia em 23 de maio. Com nove anos entrou em uma escola monástica. Recebeu uma graduação com 15 anos e transferiu-se para a Universidade de Ingolstadt três anos depois. Depois de cuidadoso estudo de Descartes e Wolff, Mesmer voltou-se para o exame do pensamento de Paracelso e seu trabalho rendeu-lhe o grau de Doutor em Filosofia. Embora estudasse Direito durante algum tempo em Viena, seu amor pelos escritos de Paracelso levaram-no a abraçar a Medicina. Tendo completado seus exames com trinta e dois anos, escreveu uma tese sobre Paracelso intitulada 'De Planetarium Influxu', (Da Influência dos Planetas) sobre o corpo humano. Ele sugeria que os planetas liberavam emanações que fluíam para dentro e através de toda vida pela “intensificação e remissão”. Embora um trabalho controverso e visionário, seu entendimento superior da prática médica deu-lhe a graduação médica em 1766.
Mesmer apresentava uma permanente sensibilidade para com as necessidades dos pobres, assistindo-os sem cobrar, enquanto que ganhava sua vida tratando daqueles que poderiam pagar por seus cuidados. Também devotava algum tempo à música. Leopold Mozart veio a ele para tratar-se e logo Mesmer encontrou o jovem Wolfgang Amadeus, cujo prodigioso gênio ele reconheceu imediatamente. Em 1768 Mesmer casou-se com uma viúva dez anos mais velha e construiu um palacete na Landstrasse, um bairro vienense conhecido pelos seus moradores Rosacruzes. A propriedade incluía charmosos jardins rococó e um pequeno teatro.
Durante este agradável período de sua vida Mesmer freqüentemente convidava músicos e tocava com Haydn e Mozart. Quando Mozart ofereceu sua primeira ópera para execução, com a idade de doze anos, o Diretor da Ópera Imperial recusou-se a executá-la sob alegação de que ninguém daquela idade poderia tê-la escrito. Mesmer imediatamente arranjou para que a obra fosse executada em seu próprio teatro. Em gratidão por esta amizade, Mozart prestou uma permanente homenagem musical a Mesmer em sua ópera 'Così Fan Tutte'.
Em 1773 e 1774 Mesmer acolheu Franziska Osterlin em sua própria casa para cuidados e tratamento. Ela sofria de freqüentes convulsões, que por sua vez causavam severas dores em seus ouvidos, delírios, vômitos e desmaios. Um estudo detalhado de seus sintomas, sugeria que o movimento do fluido universal poderia ser facilmente observado nos fenômenos exibidos. Mesmer convenceu-se de que este fluido passava através tanto de corpos animados como inanimados. Na natureza orgânica ele era mais facilmente observado nas propriedades do magnetismo, e Mesmer chamou seu correlato no corpo humano de “magnetismo animal”. Convencido de que o alívio temporário que ele havia proporcionado periodicamente poderia se tornar uma cura permanente se reforçado de modo apropriado, Mesmer procurou diversos magnetos junto ao Jesuíta Padre Hell, Professor de Astronomia em Viena, e usou-os para sustar as convulsões. A moça melhorou e por fim recuperou a saúde perfeita, casou e teve filhos.
Estes experimentos ensinaram a Mesmer que o poder do magneto sozinho não era a fonte do efeito curativo. Uma vez que o "Agente Geral" ou magnetismo animal não poderia ser considerada a causa específica da cura, Mesmer percebeu que o poder de dirigir as correntes, que limpavam e restauravam os nervos do paciente, estava diretamente ligado à vontade do médico. Mesmer relatou suas descobertas ao Padre Hell, que imediatamente publicou-as sob seu próprio nome. Ele alegava que a forma e tamanho dos magnetos efetuava a cura quando adaptados adequadamente ao caso, e louvava os magnetos como panacéia para todos os distúrbios. Mesmer sabia que ambas as asserções eram falsas e publicou um anúncio sobre a natureza do magnetismo animal, mas o renome do Padre Hell como astrônomo desviou a atenção pública.
Mesmer convidou o Barão von Stoerck, Presidente da Faculdade de Medicina em Viena e Médico-Chefe da Imperatriz Maria Theresia, para testemunhar suas operações e curas. O Barão replicou que ele não queria ouvir nada sobre a teoria e método do magnetismo animal, pois isso poderia comprometer a Faculdade. Mesmer respondeu a esta recusa publicando uma “Carta a um Médico Estrangeiro”, em janeiro de 1775. Ele notou que o magnetismo animal apresentava propriedades análogas à eletricidade e ao magnetismo.
"Todos os corpos, como o magneto, são capazes de transmitir este princípio magnético; este fluido penetra em tudo e pode ser armazenado e concentrado, como o fluido elétrico; ele age à distância; corpos animados são divididos em duas classes, uma sendo suscetível a este magnetismo e a outra a uma qualidade oposta que suprime sua ação."
A maioria dos membros da comunidade científica continuava a confundir o magnetismo animal com os poderes dos magnetos e questionava a veracidade das experiências de Mesmer. Não obstante, quando Mesmer viajou para Berna e Zurique, os doutores ficaram maravilhados com seu tratamento de casos desesperados. O Eleitor da Baviera consultou Mesmer em Munique e a Academia Bávara de Ciências tornou-o membro seu, enquanto que a Academia de Augsburgo o elogiou.
Em 1776 Mesmer foi visitado pelo Conde de Saint-Germain. O encontro foi mantido no mais estrito sigilo por ambos os homens, embora pareça que eles tenham discutido os aspectos mais elevados do magnetismo e a necessidade de distinguir completamente o magnetismo animal do magneto. Mesmer escreveu mais tarde:
"No desejo de refutar todos estes erros de uma vez por todas, e fazer justiça à verdade, determinei-me a não fazer mais uso nenhum da eletricidade ou do magneto de 1776 em diante."
A casa de Mesmer agora era um hospital. Diversos pacientes eram livres de desordens nervosas, incluindo cegueira. Herr von Paradis, Secretário do Imperador e da Imperatriz da Áustria, tinha uma filha, Marie-Therese, que se tornara inexplicavelmente cega na idade de três anos. Foi-lhe concedida uma pensão pela Imperatriz e ela era conhecida na corte. Depois de anos de tentativas infrutíferas de aliviar sua condição, Marie-Therese foi entregue aos cuidados de Mesmer. O titânico esforço de restaurar sua vista tomou tempo e sofreu diversos recuos, mas por fim ela teve sua visão completamente de volta. Herr von Paradis publicou um relato integral da cura nos jornais e expressou publicamente sua gratidão. Funcionários da Faculdade de Medicina testemunharam os resultados, e até mesmo o Barão von Stoerck desculpou-se por ter anteriormente ignorado o trabalho de Mesmer.
Diversos médicos ultrajados declararam que a cura era fraudulenta e uma impostura porque Marie-Therese não podia reconhecer e nomear objetos que ela declaradamente via pela primeira vez em sua vida. Rumores e intrigas palacianas sugeriam que, uma vez que Marie-Therese podia ver, sua pensão devia ser revogada, e mesmo que o pai seria parte de uma intriga para denegrir a profissão médica. Por duas vezes Marie-Therese foi tirada dos cuidados de Mesmer, e depois de violentas cenas nas quais ela protestou contra sua remoção forçada, sua cegueira e convulsões voltaram. Herr von Paradis declarou então que a cura era uma fraude e uniu-se a um coro de vozes que clamava pela condenação régia de Mesmer. Embora um número de altos oficiais, incluindo o Conselheiro Áulico e o Diretor da Chancelaria de Estado, testemunhassem sob juramento seus métodos e descobertas, Mesmer sentiu-se esgotado. Ele deixou Viena e viajou para relaxar e conseguir algum repouso.
Chegando em Paris em fevereiro de 1778, foi tratado com gentileza pela Faculdade de Paris e obteve o patrocínio de Maria Antonieta. Para provar seu sistema, ele aceitou os piores casos que a Faculdade e os hospitais podiam arranjar, e efetuou curas que suscitaram lovour. Visitado agora pela nobreza francesa e austríaca, e patrocinado pelo Dr. d'Eslon, Médico do Conde d'Artois, da Princesa de Lamballe, do Príncipe de Condé, do Dique de Boubon e de Lafayette, Mesmer encontrou a segurança e interesse que Viena lhe recusara. Ele converteu a Mansão Bouillon em um hospital e tratava os pacientes gratuitamente.
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Temas: Histórico, Magnetismo, Mesmer
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Amigos, gostaríamos de recomendar neste post um livro importantíssimo para todos os que desejam conhecer um pouco mais sobre Mesmer e aprofundar-se no estudo do Magnetismo Animal. Consideramos que este livro deve ser a principal fonte de consulta de todos os que desejam, realmente, conhecer a base do Magnetismo Animal e o pensamento de seu descobridor.
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Livro: Mesmer, a Ciência Negada e os Textos Escondidos
Autor: Paulo Henrique de Figueiredo
Editora: Lachâtre
No final do século XVIII, uma descoberta espetacular provocou verdadeira revolução na Medicina.
O médico Franz Anton Mesmer descobriu o Magnetismo Animal, ciência que Allan Kardec viria estudar por 35 anos, sendo considerada pelo mesmo como precursora e irmã do Espiritismo.
Essa descoberta, no entanto, abalava as estruturas de uma ciência que servia aos próprios interesses. Uma conspiração silenciou Mesmer e o Magnetismo Animal foi expulso da categoria de Ciência. Por ferir seriamente o interesse dos médicos em sua época, Mesmer teve seu nome caluniado e completamente alijado da história da Medicina. Até hoje carrega o estigma da calúnia, considerado um charlatão, apesar de ter usado o método experimental em suas pesquisas, muito antes dos médicos materialistas.
Refugiado na Alemanha, porém, ele registrou toda a história e suas descobertas em três livros. Por mais de duzentos anos essas obras ficaram escondidas numa prateleira da Biblioteca Nacional da França. Com potencial revolucionário, elas finalmente se encontram acessíveis para os pesquisadores do século 21.
Esta obra contém a biografia e a íntegra das principais obras do mais importante reformador da Medicina. Sua obra, indispensável, inclusive, para a perfeita compreensão do trabalho de Kardec, visto que o Magnetismo Animal influenciou decisivamente a Doutrina Espírita, é ainda completamente desconhecida nos dias de hoje.
Magnetismo, Homeopatia e Espiritismo
Todo grande pensamento ou idéia religiosa não surge de repente, mas há que se haver uma preparação do solo para que a semente seja lançada e frutifique. Assim ocorreu com o Espiritismo cujo Codificador, Allan Kardec estudou por 35 anos o Magnetismo Animal, ou Mesmerismo, antes de se dedicar à Doutrina Espírita.
A Homeopatia, criação inspirada de Samuel Hahnemann, e o Magnetismo, proporcionaram o enraizamento de idéias que preparavam as almas européias sensíveis a pensarem o Ser Humano como um ser bio-psico-social dotado de uma alma, componente de uma centelha que sustenta a vida. Não mais a influência de uma medicina medieval, materialista, mecanicista, mas uma ciência médica voltada para enxergar homem e o princípio vital contido em seu espírito.
Ao tempo de Hahneman, a medicina oficial era um conjunto anacrônico de princípios, teorias e práticas empíricas, eminentemente drenadoras. Sua base eram as “sangrias”,
A Homeopatia trouxe uma farmacodinâmica própria, considerando não só os limites materiais do indivíduo, mas penetrando no conhecimento da intimidade discreta e sutil de seu corpo bioplasmático.
Escreveu Mesmer em 1799:
“As primeiras curas obtidas de algumas doenças consideradas incuráveis pela Medicina, suscitaram inveja e produziram mesmo ingratidão, que se somaram para ampliar as prevenções contra meu método de cura. Muitos sábios uniram-se para fazer cair senão no esquecimento, pelo menos no desprezo, as aberturas que realizei neste campo: divulgou-se por toda parte como impostura. Mas que, longe de me desencorajar, redobraram meus esforços para o triunfo das verdades que acho essenciais à felicidade dos homens.”
Enquanto os Médicos de sua época exerciam a medicina heróica, tradicional, desde Galeno no século II, por sua vez, Mesmer foi formado pela Universidade de Viena, então reformada por Van Swieden, na escola clínica de Boerhaave (conhecido como professor da Europa ou Hipócrates holandês).
Mesmer cursou as faculdades de teologia, filosofia, medicina, e em parte, de direito. Seu terceiro doutorado, foi em Medicina, pela Universidade de Viena, reformulada por Van-Swieten, discípulo de Boerhaave, o criador da clínica moderna, que propôs uma retomada dos princípios da medicina científica e vitalista, fruto da observação junto aos pacientes e do uso da razão, recuperando os princípios do pai da medicina, o grego Hipócrates (vis medicatrix naturae). Incluía o estudo de ciências naturais, física, química e as então recentes descobertas fisiológicas.
Para Boerhaave, uma vis vitae, ou força vital, era responsável pela manutenção da saúde orgânica, como para todos os vitalistas científicos, que estavam se contrapondo ao materialismo mecanicista da medicina oficial, a prática médica heróica milenar.
Muitas mentiras e difamações sofreu Mesmer e até mesmo uma das obras tidas como principais de sua bibliografia, AFORISMOS DE MESMER foi desautorizada por ele, tendo sido compilada por seus alunos de um curso dado por ele.
Sua obra principal foi “Mémoires de F. A. Mesmer, docteur em médicine, sur ses découvertes.” Paris, 1799. (“Memórias de F. A. Mesmer, Doutor em Medicina, Sobre Suas Descobertas”). Esta obra contém o modelo teórico da terapia do Magnetismo Animal, sonambulismo provocado e lucidez sonambúlica, diferentes tons de movimentos (vibrações) do Fluido Universal: luz, eletricidade, magnetismo mineral, gravidade, magnetismo animal e todas as coisas.
A terapia do Magnetismo animal acelera o ciclo das doenças, antecipando a crise (crisis hipocrática) e restabelecendo o estado de equilíbrio, ou saúde.
Esclarece Mesmer em sua obra principal, ainda hoje desconhecida da geração atual:
“É o empirismo ou a aplicação às cegas dos meus procedimentos, que deram lugar às prevenções e às críticas indiscretas que se fizeram contra esse novo método. Estes procedimentos se não forem razoáveis, se assemelharão a afetações tão absurdas quanto ridículas, às quais será impossível atribuir fé.
Sexto sentido, instinto, sonambulismo provocado.
1. Como o homem adormecido pode julgar e prevenir suas moléstias, e mesmo as dos outros?
2. Como, sem qualquer instrução, pode indicar os meios mais adequados à cura?
3. Como pode ver objetos afastados, e pressentir os acontecimentos?
4. Como o homem pode receber impressões de uma outra vontade que não a sua ?
5. Por que o homem não é sempre dotado dessas faculdades?
6. Como são passíveis de aperfeiçoamento?
7. Por que este estado é mais freqüente, e parece ser mais perfeito após o emprego do processo do Magnetismo Animal?
8. Quais têm sido os efeitos da ignorância destes fenômenos e quais são eles ainda hoje?
9. Quais são os inconvenientes resultantes do abuso que deles se faz?”
Declarou Kardec na Revista Espírita de 1868:
O Magnetismo, a Homeopatia, e o Espiritismo.
“A cura só é completa após a destruição das causas. Eis porque os tratamentos terapêuticos muitas vezes necessitam ser completados por tratamento fluídico e reciprocamente. Eis, também, porque as curas instantâneas, que ocorrem nos casos em que a predominância fluídica é, por assim dizer, exclusiva, jamais poderão tornar-se um meio curativo universal. Não são, conseqüentemente, chamadas a suplantar nem a medicina, nem a homeopatia, nem o magnetismo comum.”
Hahnemann, por sua vez, escreveu no ORGANON, a “bíblia” da Homeopatia:
Organon, Parágrafo 288:
“Neste ponto acho ainda necessário fazer menção ao chamado Magnetismo Animal, ou melhor, ao Mesmerismo (como deveria ser chamado, graças a Mesmer, seu fundador), que difere da natureza de todos os outros medicamentos. Essa força curativa, muitas vezes tolamente negada e difamada ao longo de um século inteiro, esse maravilhoso e inestimável presente com que Deus agraciou o Homem, mediante o qual, através da poderosa vontade de uma pessoa bem intencionada sobre um doente, por contato, ou mesmo sem ele, e mesmo a uma certa distância, a força vital do mesmerizador sadio, dotado com essa força, aflui dinamicamente para um outro indivíduo (...)”
Já no Plano Espiritual, viria declarar mais tarde, Hahnemann:
“O Espiritismo será um poderoso auxiliar da Medicina. Graças a ele, ela abandonará a tradição materialista que, há muito tempo, retardou o seu vôo.”
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Temas: Espiritismo, Histórico, Homeopatia, Magnetismo, Mesmer, Outros
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MAGNETISMO ANIMAL E ESPIRITISMO SÃO CIÊNCIAS IRMÃS
É de lamentar que a ciência do Magnetismo Animal esteja praticamente esquecida. O movimento espírita brasileiro guarda apenas resquícios de suas teorias e práticas.
Foi Allan Kardec quem ressaltou a sua importância, denominando o Magnetismo Animal como ciência irmã do Espiritismo. Em O Livro dos Espíritos, questão 555, o codificador esclareceu:
“O Espiritismo e o Magnetismo (Animal) nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação.
Kardec pesquisou o Magnetismo por 35 anos
Alguns adversários contumazes do Espiritismo fazem uso da imagem caluniada de Mesmer para atacar Allan Kardec. Afinal, o codificador estudou por 35 anos a ciência do Magnetismo Animal e todos os seus fenômenos. Por que razão um emérito pesquisador dedicaria tanto tempo de sua vida aos estudos de um pretenso charlatão? Uma investigação cuidadosa dessa ciência é fundamental para não deixar dúvidas.
Frans Anton Mesmer percebeu a grande importância do fluido vital na recuperação e manutenção da saúde:
“Existe na Natureza um princípio agindo universalmente, independente de nós, e que opera o que nós atribuímos vagamente à Medicina e à Natureza. (...) Tenho submetido minhas idéias à experiência durante doze anos, os quais tenho consagrado às observações as mais exatas sobre todos os gêneros de doenças. E tenho tido a satisfação de ver as máximas que havia pressentido se comprovarem constantemente.” (MESMER, 1779).
Surgia a oportunidade de revolucionar a medicina. Um passo fundamental na história da humanidade. “A grande questão de que trato não é nem individual nem nacional: é universal. É à humanidade inteira e não apenas a Paris, à França, ou à Alemanha, que devo dar conta de meus esforços para fazer prosperar a consciente verdade que eu prometo. É a todos os povos do mundo que devo dirigir a palavra.” (MESMER, 1781).
Mas a sua missão não encontrou um caminho suave. A classe médica e científica de sua época, arraigada no materialismo, não só rejeitou como também perseguiu e caluniou o doutor Mesmer e suas descobertas. Muitos agiram por questões pessoais. Certamente tinham medo de perder poder, prestígio, e principalmente a preciosa remuneração dos enfermos abastados.
Perseguição feroz e injusta
As acusações feitas ao Magnetismo Animal, na maioria das vezes, deixavam evidente a má intenção. Em seu tempo Mesmer denunciou:
“As primeiras curas obtidas de algumas doenças consideradas incuráveis pela medicina suscitaram inveja e produziram mesmo ingratidão, que se somaram para ampliar as prevenções contra meu método de cura. De sorte que muitos sábios uniram-se para fazer cair senão no esquecimento, pelo menos no desprezo, as aberturas que realizei neste campo: divulgou-se por toda parte como impostura.
Na França, nação mais esclarecida e menos indiferente aos novos conhecimentos, não deixei de amargar contrariedades de toda espécie, e perseguições que meus compatriotas me haviam preparado há tempos, mas que, longe de me desencorajar, redobraram meus esforços para o triunfo das verdades que acho essenciais à felicidade dos homens.”
Jamais os contratempos desencorajaram Mesmer. Ele estava preparado para estar à frente das descobertas. Foi um homem obstinado, médico sábio e filósofo. Trocou uma vida que poderia ter sido calma e honrada, pela defesa determinada de sua descoberta, considerando-a uma questão humanitária. É uma ironia o fato de Mesmer ter sofrido acusações de estar apenas em busca de fortuna e prestígio, se, antes de tudo, suas posses eram suficientes para mantê-lo confortavelmente por toda sua vida.
E o seu prestígio, por sua vez, conquistado por uma brilhante carreira na medicina e na cultura em geral, foi completamente abalada depois que se dedicou ao magnetismo. Um caso constrangedor na casa de Mesmer. Diante das curas evidentes proporcionadas pelo mesmerismo ocorriam as mais diversas reações. Espanto e êxtase eram os mais comuns. Para alguns médicos, porém, a reação era de inveja e ambição. Casos constrangedores foram relatados por Mesmer em suas obras. Vejamos um deles:
Em Paris, Mesmer recebeu numa noite um grupo de médicos interessados na novidade anunciada em todos os cantos da cidade. Foram recebidos com dedicação. O doutor Mesmer era um grande anfitrião. Alguns doentes foram chamados especialmente para a ocasião. Num salão apropriado, todos foram acomodados. Uma dúzia de médicos formava o grupo.
Quando estavam para iniciar os experimentos, inesperadamente um dos médicos começou a atrair a atenção dos presentes. Advertia para o risco profissional de estarem ali. Segundo ele, estavam colocando em perigo suas reputações quando entraram naquela casa. – “As academias não vão ver com bons olhos sua ligação com assuntos tão duvidosos!” – Dizia o médico.
A situação ficou constrangedora. Os médicos discutiam em pequenos grupos. Alguns deixaram a casa, alegando compromissos. Outros lamentaram o adiantar da hora. Por fim, a demonstração dos extraordinários fenômenos ficou comprometida.
Enquanto os últimos assustados doutores deixavam a residência, o médico que havia feito o escandaloso alerta pediu a Mesmer uma conversa privativa. Dirigiram-se ao escritório particular do anfitrião. Olhando para os lados para garantir que ninguém os ouvia, o médico fez a sua proposta: - “Tenho um ótimo ponto em Paris. Seria uma grande vantagem fazer uma sociedade comigo. Poderíamos ter uma clínica bastante lucrativa. O que acha?”
Mesmer apontou a porta de saída, indicando polidamente a evidente recusa. Em verdade, ficou indignado com a absurda proposta. Esse médico interesseiro, no entanto, pelo menos foi explícito em seus propósitos. Muitos outros se esconderam no anonimato para atacar o Magnetismo Animal por trás das academias, arbítrios do poder, difamação e calúnia.
O que é preciso para ser um crítico sério
Um crítico justo e coerente do mesmerismo tem o dever de agir com seriedade e rigorosidade metódica, tudo estudando antes de considerar-se em condições de elaborar conclusões. Basta lembrar as recomendações, carregadas do peculiar bom-senso de Allan Kardec: “Só se pode considerar como crítico sério aquele que houvesse tudo visto, tudo estudado, com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que soubesse sobre esse assunto tanto quanto o mais esclarecido adepto; que não tivesse extraído seus conhecimentos dos romances das ciências; a quem não poderia opor nenhum fato do seu desconhecimento, nenhum argumento que ele não tivesse meditado; que refutasse, não por negações, mas por meio de outros argumentos mais peremptórios; que pudesse, enfim, atribuir uma causa mais lógica aos fatos averiguados”. (KARDEC, 1860, p. 271)
Para compreender o magnetismo animal é preciso estudar, com paciência e perseverança, todos os seus fatos. Mas também mergulhar nas obras de Mesmer para conhecer seus argumentos, o desenvolvimento de suas idéias, as descrições de suas descobertas, os verdadeiros fatos por ele relatados.
O resgate dessa ciência pode auxiliar a compreensão do Espiritismo. E também oferecer subsídios para que o materialismo abandone a medicina. Só então a humanidade ganhará esperanças de encontrar a saúde integral para todos.
Paulo Henrique de Figueiredo - Jornal Espírita, Março/2005.
Bibliografia:
- KARDEC, Allan. [1857]. O Livro dos Espíritos. São Paulo: Lake, 1998.
- KARDEC, Allan. 1960. Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos. Sobradinho, DF: Edicel.
- MESMER, Frans Anton. 1779. Mémoire sur Ia découverte du magnétisme animal par F. A. Mesmer. Geneva e Paris: Pamphlet.
- MESMER, Frans Anton. 1781. Précis historique desfaiís relatifs au magnétisme animal jusqu 'en avril 1781. London e Paris: Pamphlet.
- MESMER, Frans Anton. 1799. Mémoires de F. A. Mesmer, docteur en medicine, sursesdécouvertes. Paris: Suchs.
- MESMER, Frans Anton. 1814. Organizado por Von K. C. Wolfart.
- Mesmerismus odersysteme der wechsehvirkungen: theorie und anwendung dês thierischen magnetismus ais die allgemeine heilkunde zur erhaltung dês menschen. Berlin: Nikolaische Buchhandlung.
Temas: Espiritismo, Magnetismo, Mesmer
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Mesmer, fundador da doutrina a que deu o seu nome, apoiando-se nas idéias de Descartes e de Newton, admitia como princípio uma corrente universal que tudo penetra e abraça num movimento alternativo e perpétuo, assemelhando-se ao fluxo e refluxo do mar.
Temas: Cura, Magnetismo, Mesmer, Terapia Magnética
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