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segunda-feira, 15 de julho de 2013

A tal da culpa...


Eu tento não me culpar das coisas que faço pelo meus filhos e com os meus filhos. Não me culpo porque tenho a consciência de que tudo, absolutamente tudo, que eu fiz a até hoje foi para o bem deles, querendo o melhor para eles. E será assim sempre. 
A gente antes de ser mãe sempre ouve outras mães falando no amor incondicional, na doação, na mudança de vida. A gente sempre ouve outras mães falando que tudo passou a girar em função dos filhos, deixando de lado, suas próprias necessidades. Soa muito estranho (eu sempre achei meio exagerado), mas aí eu me tornei mãe e olha, tudo isso que as outras mães falavam acontece de forma tão natural que eu nem me dei conta. quando percebi, estava ali pensando primeiro nos meus pequenos e só depois em mim. E agora percebi que não há exagero, porque amar um filho é o amor mais extravagante que a gente pode ter.

Mas, eu queria falar da culpa. Ela vive nos rondando, por mais que a gente saiba que ela é uma intrusa, que não há lugar para ela, ela sempre se faz presente. Eu sempre tive ~dificuldades~em lidar com um funcionário doméstico. Talvez porque eu seja ciumenta demais com as minhas coisas. Não gosto que ninguém mexendo no que é meu (hahaha) ou talvez porque como diz minha mãe eu não sei ser patroa. Quando vim morar em Feira de Santana, precisava de uma "ajudante" para cuidar dos meninos pois minha mãe não iria ficar comigo toda a vida, uma hora eu tinha que assumir sozinha minha nova vida. A pessoa que eu contratei para me ajudar era boa inicialmente, mas a coisa foi se desgastando, e pior, seu cuidado com os meus pequenos não estava sendo como eu gostaria que fosse. Ela em momento algum, ficou sozinha cuidando dos dois. Eu sempre estive ali do lado e pude perceber quando a coisa já não estava mais dando certo. 
Precisava pensar em uma alternativa, pois eu enchi o saco e não queria ninguém na minha casa. Nunca mais! A minha única solução (já que nem minha sogra e nem minha mãe não moram aqui) é a creche em tempo integral. Os pequenos amam a escolinha. Se divertem horrores, se alimentam melhor do que em casa (porque adoram comer com os coleguinhas) e são estimulados da maneira correta. Esperei pela vaga para o integral e despedi a criatura.

Tudo muito bem, tudo muito bom até o primeiro dia de aula integral. Levei e quando voltei para casa, meu coração estava menor que um grão de arroz. Era a tal da culpa. Fiquei com a mente angustiada, com mil pensamentos do tipo..."será que eles vão sentir minha falta? / Será que eles vão me amar menos do que antes (ok. eu sou  uma idiota), Será que é bom para eles passar tanto tempo longe de casa, do seu canto, do aconchego do lar? / Será que eu fiz certo? /Será que eu estou sendo egoísta?"

Eu sei que parece ridículo (e é de fato), mas eu também sei que eles estão melhores lá.
E há sempre uma pontinha de culpa, queria poder ser um marsupial e coloca-los dentro da bolsa e carrega-los junto comigo para todo o lugar.



sexta-feira, 14 de junho de 2013

Eu escolho você!

Na vida nós escolhemos muitas coisas. Escolhemos uma música, um filme, um prato, um amor. Escolhemos ser mães, ser dona de casa, trabalhar fora, escolhemos o combo mãe-dona de casa- que trabalha fora. Escolhemos a cor e o corte do cabelo, a cor do esmalte...enfim. Praticamente tudo na nossa vida está como em uma vitrine, só esperando a gente passar e escolher.

Mas, as vezes, nós é que estamos na vitrine. E nós somos escolhidas. 

Hoje eu fui escolhida para dar abrigo e amor.

Fui deixar os pequenos na creche e na volta, enquanto eu abria o portão para entrar como carro, uma filhotinha que passava, entrou junto junto comigo, deitou na grama do jardim e me olhou com uma cara de quem diz: "Deixa eu morar aqui com vocês?" . Fechei o portão e ela não fez menção de querer ir embora. Não teria coragem de abrir o portão e coloca-la para fora. Jamais!

Então de hoje em diante, Ava Gardner é a minha filha caçula!








quinta-feira, 7 de março de 2013

Nessa vibe...



Antes que eles cresçam

Affonso Romano de Sant'Anna





"Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. 
É que as crianças crescem. Independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular, entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas, não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem, de repente. 
Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade, que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde é que andou crescendo aquela danadinha, que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?

A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica, desobediência civil. E você agora está ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos. Entre hamburgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda, nos ombros nus, ou então com a blusa amarrada na cintura. Está quente, achamos que vão estragar a blusa, mas não tem jeito, é o emblema da geração. Pois ali estamos, com os cabelos já embranquecidos. Esses são os filhos que conseguimos gerar apesar dos golpes dos ventos, das colheitas das notícias e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando nossos muitos erros.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. 
Não mais os colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgirem entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, do inglês, da natação, do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante das próprias vidas.

Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância e da adolescência, cobertos naquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não, não os levamos suficientes vezes ao maldito Play Center, ao Shopping, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.

Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo nosso afeto. No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, disputa pela janela, pedido de chicletes e sanduíches, cantorias infantis. Depois chegou a idade em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível largar a turma e os primeiros namorados.

Os pais ficaram então exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas não de repente, morriam de saudades daquelas pestes. O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar nosso afeto.


Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam"


***

Ando assim, sentindo saudade de vocês, meus pequenos. Sinto, vejo e ouço vocês crescendo...ganhando o mundo e, embora deseje do fundo do meu coração que vocês cresçam, amadureçam e voem, eu queria poder segura-los mais no meu colo, aninha-los por mais tempo nos meus seios, sentir mais um pouco aquele bafinho de leite, sorrir e receber em troca aquele sorriso quase banguela... Ai que saudade de quando nós eramos um só. Não quero parecer egoista, mas queria parar o tempo e ter vocês aqui, embaixo das minhas asas para sempre.
Com amor, 
Mamãe.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ser mãe é..


...viver cortando o cordão umbilical.

Hoje foi o primeiro dia de aula dos meus pequenos (que não estão mais tão pequenos assim!) e eu super preocupada com a reação deles, se iriam se adaptar, se chorariam, se esteriam prontos, se era a hora, se eu não tinha me precipitado...
Chegou a hora e  eles AMARAM a escolinha, curtiram horrores e meu coração que estava apertado dentro do peito, descançou.  O choro ficou entalado na garganta, esse não desceu e nem subiu, Continua aqui.
Eu sinto um misto de nervosismo e orgulho, quando me dou conta que meus filhos já não são mais aqueles bebezicos que eu embalava há um ano atrás.

O tempo passa, o tempo voa...(e a poupança Bamerindos continuaa numa booooa)