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linha do norte
segunda-feira, junho 30, 2008
sexta-feira, junho 27, 2008
lê-lo
eu queria ficar a ler este homem eternamente, nunca mais fazer nada na vida senão lê-lo, lê-lo até ao fim dos olhos, num livro que não acabasse nunca. quando o leio assim penso sempre que não preciso de mais nada. nem sequer de escrever.
Etiquetas: António Sousa Homem
Tarefas antes de férias
quarta-feira, junho 25, 2008
Mugabe
segunda-feira, junho 23, 2008
Verão de S. João
A noite que roubava o sono, saltando pela janela. Canta, dança e bebe como o almocreve nas cascatas são-joaninas. E vinha do Sul a pele já morena, a luz pela linha acima nos olhos do costume. Eu ia menos, mas as mesmas mãos nas mãos de quem nos recebia, era acerto como se tivesse ido todas as outras vezes, tal a denúncia que deixava de cada vez que me morriam, na estação, as minhas inquietas alegrias.
só consigo trazer...
Só consigo trazer comigo as sombras das árvores que no chão se deitam sobre a luz de verão, só consigo trazer o reparo das árvores frondosas que ainda habitam algumas das ruas de Lisboa e o arfar do calor que me entra pela janelas do carro, porque conduzir no verão é deixar trespassar por dentro do carro e da alma o rio, a brisa, a luz quase crua.
Só consigo trazer a cor das acácias que ainda existem, neste intervalo do tempo e acabar a viagem perto do cheiro a mar .
Ando ocupada mas sinto a pele. Arrasto fragmentos de verão, como sombras.
Só consigo trazer a cor das acácias que ainda existem, neste intervalo do tempo e acabar a viagem perto do cheiro a mar .
Ando ocupada mas sinto a pele. Arrasto fragmentos de verão, como sombras.
domingo, junho 22, 2008
sonho de uma noite de Verão
foram-me sempre perturbantes as primeiras noites do Verão. sonho com casas, bairros inteiros mil vezes revisitados, ruínas habitadas por amores difíceis, zonas interditas que me atraem numa vertigem. um eu que existe separado de mim, noutra vida, noutra morada, roubando-me o sono.
Etiquetas: Verão
sábado, junho 21, 2008
tempo sem tempo
só. tempo sem tempo. calor a estalar e o verão. até 5 julho o verão me abafará o tempo.inrespirável.
sexta-feira, junho 20, 2008
o quarto
como se teria perdido este meu quarto de 1981 (se esta mania de fotografar e documentar não me tivesse começado tão cedo). o transistor pendurado na cama para ouvir o echo beach no quando o telefone toca. o cartaz do Snoopy ao lado do do Mike Oldfield, o ursinho na parede e carteira hippy que me trouxeram do Brasil, a colcha de renda, fotografias das duas paixões que tinha, o lenço horrível pendurado no candeeiro, poemas longos nas paredes e um chapéu de palha.
gosto da vida com estas coisas que trago atreladas aos meus olhos para sempre.
Etiquetas: fotografia
peço desculpa por esta interrupção
ando em viagem pelo país das repartições e serviços. em que posso ajudá-lo? muito obrigado por ter aguardado sra. Mónica. pode dar-me o seu código de identificação? faz favor? não é aqui: vira à esquerda e é a 2ª porta à direita. pois, pois, lá do call-center mandam sempre as pessoas para aqui, mas não é aqui. multibanco? não temos. só dinheiro ou cheque. livro de reclamações? não damos, não é a titular do contrato, só pode escrever nesta folha. a empresa que vos administrava o condomínio deixou a conta a zero, as contas por pagar, o prédio sujo, sem seguro e às escuras? temos que pedir um parecer jurídico para vos deixar mexer na conta, pôr lá dinheiro e pagar as dívidas. e é preciso que a vossa eleição venha no livro de actas. também vos ficaram com o livro de actas? temos de pedir um parecer jurídico. e é preciso o cartão de pessoa colectiva. também vos ficaram com o cartão? têm de pedir um novo. não, o cartão de pessoa colectiva não é aqui nas finanças, é no ministério da justiça. é, é aqui no ministério da justiça mas tem de ligar para o registo nacional de pessoas colectivas. 2ª via de um cartão? tem de nos enviar um modelo 10 preenchido, um cheque de 14 euros e fotocópia do BI. se pode se tratado no Porto? não, não, só aqui em Lisboa. o modelo 10? compra numa conservatória do registo comercial. não, não se pode descarregar na internet. conservatória do registo comercial: tire a senha A para impressos, registo e informações. 50 minutos depois: 1 modelo 10? são cinquenta cêntimos por favor.
o blog e o século XXI seguem dentro de momentos.
Etiquetas: minhas histórias, Portugal
quinta-feira, junho 19, 2008
Aufiderzin
Conversas de Mário Soares
Acabei de assistir à conversa de Mário Soares com Hugo Chávez na RTP. Dois fenómenos. Duas histórias. A acutilância da experiência e a irreverência revolucionária. «Os artistas do invisível» se fossem descritos por Allan Kaplan no processo social, profissionais do desenvolvimento. Agora que Portugal importa médicos do Uruguai para serviço no INEM, apetece perguntar que petróleo tem Portugal, à Chávez, para o pagar? Vou à estante recuperar Alexis de Tocqueville, esse excelente volume «Da Democracia na América». Talvez encontre respostas. Assim farei para as próximas noites no adormecer.
segunda-feira, junho 16, 2008
Tempo sem tempo
Chegou a chuva de imprevisto. Só baralhadas ficaram as formigas e as abelhas, um ou outro regresso de aves, porque os homens sem tempo sabem baralhar-se a si mesmos.
quinta-feira, junho 12, 2008
Futebol ao fim de tarde
Pior estão os irlandeses!
Sem equipa apurada
referendam o tratado de Lisboa sem benesses.
Olha: é a oportunidade de seres tu à tua maneira.
Deita-te na sua margem
como o prego do O’Neill dormia na madeira.
Sem equipa apurada
referendam o tratado de Lisboa sem benesses.
Olha: é a oportunidade de seres tu à tua maneira.
Deita-te na sua margem
como o prego do O’Neill dormia na madeira.
quarta-feira, junho 11, 2008
Piquete
DoutoresProfessores
Pescadores
e camionistas nos tractores.
O próximo piquete tem o meu convite:
- não deixar sair ninguém dos nossos prédios
enquanto a banca não baixar à EURIBOR o apetite!
terça-feira, junho 10, 2008
triste dia de Portugal
estou aterrada com o que tenho sabido do protesto dos camionistas. afinal, ainda se faz tábua rasa da civilidade e dos direitos (alheios) e deveres (próprios). aquela que dizem ser a garantia das gerações do pós 25 de Abril (a liberdade), afinal, não pode ser dada como adquirida.
é possível em pleno século XXI, numa democracia madura de 34 anos, num orgulhosamente europeu estado de direito, um bando de homens emboscarem estradas, vandalizarem camiões e ameaçarem e agredirem quem não age como eles. e é possível, não só fazerem-no, como usufruirem de uma assustadora impunidade ao agirem perante as autoridades presentes (a GNR) e perante um país sentado impávido (ou direi antes: anestesiado de bola?) do outro lado das câmaras de TV.
num instante, os nossos ditos brandos costumes transformam-se no horror daquilo que o Homem ("se isto é um homem"), esse péssimo selvagem, tem de pior. a cegueira que nos toma quando a nossa razão é maior do que a dos outros. não podia ser mais: triste este dia de Portugal. triste este dia para Portugal.
long lost: The Gist (replay)
sons que julgava perdidos para sempre mas cujo rasto o sempre atento Francisco afinal seguiu:
(The Gist, "Love at First Sight")
Etiquetas: música, The Gist, Young Marble Giants
segunda-feira, junho 09, 2008
PREC?
sexta-feira, junho 06, 2008
quinta-feira, junho 05, 2008
Movimento na sombra
Ensinar aos vindouros os velhos caminhos
Reprovar na origem as suas incertezas, nossas certezas
Despovoar ideias que chegam frescas, nossas teias
Capitular sentidos aos destemidos
Desencorajar voos a quem tem asas
- dizer do velho sobre o que é novo
Porque já sabemos o que não sabem que sabemos!
terça-feira, junho 03, 2008
ganhei!
Etiquetas: Bernardo Carvalho, blogs, Isabel Martins, livros
segunda-feira, junho 02, 2008
saudades ( assumidas)
Fiquei a preto e branco. Senti os braços que já não existem para neles caber o fim do mundo. O comboio a partir de mim. A corda da viola a estourar. A fogueira a apagar. O choro, a noite, a dor e o estalo.
Na vida de nós os três, as estações de comboios foram lugares intensos e únicos. As mesmas estações, na nossa vida. Foram lugares de começo e fim e neles, fizemos todas as aprendizagens essenciais.
Fui levada a um álbum antigo de fotografias dispersas e soltas e acabei, inesperadamente, por virar preto e branco e sentir a saudade a roçar directa na pele.
Tenho saudades do tempo onde estas estações existiram e onde outros homens não tinham morrido. 66 anos, faria o hélder. “tão novo...“ penso dolorosamente agora, eu que um dia lhe chamei velhote. E vejo-o ali, no frio das noites da serra, a afinfar uma sopradela, a crescer para trás em gerações sucessivas, a ensinar-nos quase tudo do que se deve saber para sempre. Provocador. Infantil. Rebelde. Crente. Azul.
Pouco mais que uma década e morremos na idade da morte dele.
Há depois uma imagem e uma frase que me estremece. “Morreu um anjo: Bruno Lopes”... e eu que soube essa morte, nunca a soube. Quase me surpreendo, passado estes anos todos. Um anjo feito de uma matéria destrutível. Azul.
Trabalho e tenho a minha janela virada para a porta da casa antiga dos seus pais. Com frequência recordo as noites que ali começaram e acabaram com absinto no bar da comuna e lembro dele essa alma destrutível. Azul.
Nenhum dia hoje tomo café na esquina da sua rua e estou lá todos os dias. Ele não vem e eu penso que é por causa da chuva, nunca da sua morte.
Há depois as fotografias e os nomes, inúmeros, dos que não conheci mas de quem o hélder sempre falou. As imagens deixam de todos, a felicidade que um dia nos passou. O mesmo estalar de quem cresce, de quem apreende, de quem se faz. Num mesmo lugar com uma mesma referência. Saudades de quem nunca conheci. Que farão agora no mundo ?
Ás vezes também tenho saudades de agora. Mas hoje não. Ficou tudo a preto e branco. Ficou tudo no que já foi feito e nos fez.
Só poucos, isto entenderão. Aqueles que um dia julgaram morrer num abraço cortado a comboio.
Na vida de nós os três, as estações de comboios foram lugares intensos e únicos. As mesmas estações, na nossa vida. Foram lugares de começo e fim e neles, fizemos todas as aprendizagens essenciais.
Fui levada a um álbum antigo de fotografias dispersas e soltas e acabei, inesperadamente, por virar preto e branco e sentir a saudade a roçar directa na pele.
Tenho saudades do tempo onde estas estações existiram e onde outros homens não tinham morrido. 66 anos, faria o hélder. “tão novo...“ penso dolorosamente agora, eu que um dia lhe chamei velhote. E vejo-o ali, no frio das noites da serra, a afinfar uma sopradela, a crescer para trás em gerações sucessivas, a ensinar-nos quase tudo do que se deve saber para sempre. Provocador. Infantil. Rebelde. Crente. Azul.
Pouco mais que uma década e morremos na idade da morte dele.
Há depois uma imagem e uma frase que me estremece. “Morreu um anjo: Bruno Lopes”... e eu que soube essa morte, nunca a soube. Quase me surpreendo, passado estes anos todos. Um anjo feito de uma matéria destrutível. Azul.
Trabalho e tenho a minha janela virada para a porta da casa antiga dos seus pais. Com frequência recordo as noites que ali começaram e acabaram com absinto no bar da comuna e lembro dele essa alma destrutível. Azul.
Nenhum dia hoje tomo café na esquina da sua rua e estou lá todos os dias. Ele não vem e eu penso que é por causa da chuva, nunca da sua morte.
Há depois as fotografias e os nomes, inúmeros, dos que não conheci mas de quem o hélder sempre falou. As imagens deixam de todos, a felicidade que um dia nos passou. O mesmo estalar de quem cresce, de quem apreende, de quem se faz. Num mesmo lugar com uma mesma referência. Saudades de quem nunca conheci. Que farão agora no mundo ?
Ás vezes também tenho saudades de agora. Mas hoje não. Ficou tudo a preto e branco. Ficou tudo no que já foi feito e nos fez.
Só poucos, isto entenderão. Aqueles que um dia julgaram morrer num abraço cortado a comboio.
domingo, junho 01, 2008
El Escorial
o escritor
hoje era o dia deles, dos mais pequenos, e com isso lá arranjei mais um programinha na feYra. Ondjaki ia estar por lá às 5, para um lançamento e autógrafos. o mesmo Ondjaki que, numa devoção à primeira vista, conheci em "Ode a Ouro Preto" (divulgação do FJV). meti na mochila "E se amanhã o medo" e "Os da minha rua", que já tinha trazido da primeira incursão pela feira e lá fui cheia de esperança.
Ondjaki contou-nos coisas do nascimento (ou deveria dizer escrevimento?) do seu último livro numa espécie de corredor (a que chamam auditório), sem micro e do lado de lá de uma mesa pomposa. contou como o livro era para ser uma coisa e depois uma outra história foi nascendo de um lado inesperado, quase quase como se se escrevesse a si própria. explicou-nos as personagens (embora tivesse prometido que as ia desexplicar): crianças angolanas, avós e alguns outros adultos. depois, atravessou a mesa, sentou-se junto a nós e leu algumas páginas.
[nós, éramos umas 5 ou 6 pessoas, contando com o meu filho de 9 anos que quis estar só para não ir para outro sítio]
e ouvi-lo foi como um raio, um relâmpago, uma inteira tempestade de luz, numa feira do livro onde se falou tão pouco de livros onde se leu alto tão pouco onde os leitores que amam a escrita tiveram tão poucas oportunidades de olhar nos olhos os escritores (ouvir a sua voz, ver a mão com que escrevem).
[éramos só uns 5 ou 6 mas quando Ondjaki acabou de ler aquele pedaço de história que falava de chuva, de medo, de trovoadas e de saudade, foi ruidosa a salva de palmas que estalou nas nossas mãos]
[claro que não consegui vir embora sem comprar também este "AvóDezanove e o Segredo do Soviético"]
Etiquetas: feira do livro, Ondjaki