terça-feira, março 11, 2025

A "futebolização" da política, numa terça-feira à tarde


Hoje a política teve a relevância dos jogos grandes de futebol, foi quase um "Benfica-Sporting". Durante a tarde foi possível assistir a vários "jogos" e "joguinhos", em directo nos canais de notícias da televisão.

Não esperava que o PSD fosse perdendo a arrogância, quase minuto a minuto, e estivesse quase, "disposto a tudo", para continuar no poder.

Era tarde demais e o governo fingia "não saber"... Ou então faziam um último esforço para que o PS caísse na sua "ratoeira" (da qual dificilmente sairiam nos últimos tempos...).

Não sei até que ponto a sondagem publicada de manhã no "Diário de Notícias" - em que era dada uma diferença de cinco pontos entre o PS (30%) e o PSD (25%) -, teve influência nesta mudança do PSD, mais "teatral" que outra coisa,  durante a tarde...

É difícil saber o que vai acontecer com novas eleições, porque as gentes de Portugal e do  Mundo, são cada vez mais, uma "caixinha de surpresas"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, março 10, 2025

O cúmulo da hipocrísia, do cinismo e da irresponsabilidade


Continuar a ouvir os ministros, secretários do Estado, deputados e militantes do PSD, a dizerem que não querem eleições, quando estão a fazer tudo para que isso aconteça, é o cúmulo da hipocrisia, do cinismo e da irresponsabilidade política.

Tentam "vergar" o PS (que se percebe que não está preparado para eleições...), fazer com que este dobre os joelhos, e no mínimo, se abstenha na votação da moção de confiança, que deve ser apresentada amanhã. O seu secretário geral percebe que se fizer isso, faz com seja cada vez mais evidente a sua subalternização e irrelevância, em relação ao partido que está no poder.

Há já algum tempo que percebi, que o primeiro-ministro não tem noção da exigência e da responsabilidade do cargo que exerce (continua a achar que só deve dar as explicações que quer e no seu tempo...). Montenegro não percebe (ou não quer perceber) o que é relevante neste caso e o que não tem importância nenhuma. Diz coisas sobre a sua vida familiar e pessoal que não têm nada a ver com o caso. Só falta dizer a cor de meias que usa, assim como a sua roupa interior, da sua mulher e dos seus filhos, ao mesmo tempo que evita falar do que realmente interessa: do dinheiro que recebeu, das pessoas com quem e para quem trabalhou, e claro, do modelo de gestão da sua empresa.

Não dá respostas concretas e ainda tem o desplante de culpar os partidos da oposição, acusando-os de "criarem" este problema (habilmente não fala dos jornalistas, que foram a "causa" do problema...).

É também por isso que fico curioso quanto ao resultado das mais que prováveis eleições. 

Num país normal, ficava quase tudo na mesma (com descidas ligeiras do PSD, BE e Chega). As única subidas seriam as da Iniciativa Liberal e do Livre, que têm tido uma presença parlamentar responsável, sem "casos e casinhos", no interior dos seus partidos.

Mas continuamos a ser uma incógnita, até porque quase metade dos eleitores não votam...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


domingo, março 09, 2025

Coisas difíceis de entender...


Sei que este título é enganador. Podem pensar que vou escrever sobre a "rábula" encenada pelos sociais democratas, que acham ser possível dar "tiros nos pés" e mesmo assim, melhorar o número de votos (tendo como referência as últimas eleições). É a única explicação que encontro para a sua aposta em novas legislativas....

Vou falar de eleições, mas num outro prisma, mais focado na sociedade em que estamos inseridos.

Não consigo perceber que, num país como o nosso, onde se vive com cada vez mais dificuldades económicas, a maior parte das pessoas que votam, ofereçam o seu voto aos partidos de direita, que defendem tudo menos os seus interesses.

Não é por acaso, que o fosso entre ricos e pobres está cada vez mais largo e fundo, com os ricos a serem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

E tudo indica que é que vai continuar a acontecer, com novas eleições para o Parlamento...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, março 08, 2025

As mulheres, a política e o voto "contra elas próprias"...


Continua a fazer-me bastante confusão a forma bastante peculiar, e desigual, com que se olha para a mulher, no nosso país e no mundo.

Por hoje se festejar o "Dia Internacional da Mulher", ainda é mais pertinente escrever algumas linhas sobre algumas das diferenças, que já se deviam ter esbatido, até por muitas delas estarem legisladas. 

Só falta mesmo colocá-las em prática...

Lançando um olhar ainda mais abrangente, não consigo entender os exemplos do Brasil (quando elegeu Bolsonaro) e dos EUA (que agora reelegeu Trump), sem ficar estupefacto. 

Se pensarmos que as mulheres normalmente estão em igualdade (e às vezes até em maioria...), em relação ao número de votantes, não compreendo como é que são possíveis estes resultados eleitorais. Fico sempre com a sensação de que as mulheres votam "contra elas próprias" (tal como algumas minorias...).

Ou seja, sinto que há mudanças que dependem mais delas, que da própria sociedade. Pelo menos no dia das eleições...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, março 07, 2025

Todos diferentes e todos iguais...


Eu penso que sei qual é a melhor maneira de tratar as pessoas com qualquer deficiência, e até me parece algo simples. Sim, é tratá-las da mesma maneira que todas as outras, sem nunca esquecer as suas naturais limitações.

Mas nem sempre é fácil. Até porque a parte física que nos torna diferentes, muitas vezes é a "arma de arremesso" que está mais à mão, para nos tentarem atingir e diminuir como pessoas. Ainda há pouco tempo, assistimos a uma situação dessas no Parlamento. Curiosamente, protagonizada por duas mulheres, que nestas coisas, até costumam ser mais comedidas que as "bestas" masculinas, pelo menos aquelas que ainda acham que "um homem não chora".

Nunca me esqueço de um senhor que conheci na adolescência, que tinha uma corcunda ligeira, que gostava pouco de burburinhos e dizia - especialmente aos cobardes -, que já era marreco nas costas, pelo que preferia que quem o quisesse chamar daquela forma, o dissesse pela frente. O curioso é que esta sua posição resultava. Ninguém usava a sua aparente diferença, para o reduzir ao que quer que seja.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, março 06, 2025

Talvez elas se sintam mais úteis ao mundo...


Estava a passar e fingi que não vi, quatro miúdos, aliás duas miúdas e dois miúdos, a fumarem erva e com uma vontade enorme de provocar quem passava, no quase carreiro que percorro todos os dias, a poucos metros da minha casa.

Não deviam ter muito mais de catorze anos. Ou então tinham ficado pequeninos. 

Passam por ali centenas pessoas, diariamente, mesmo assim eles fazem questão de "marcar aquele território" como seu, a fumar coisas aromáticas e a falar alto, e não num lugar mais recatado (existem vários a poucas dezenas de metros...). 

Sem que tivesse muito a ver com o assunto, lembrei-me de duas amigas, professoras, que continuam a dar aulas no Monte de Caparica, nas escolas que acolhem a juventude que habita no famoso Bairro do "Picapau-Amarelo". 

Dão aulas há bastantes anos, podiam ter mudado de escola, mas nunca o fizeram. Nunca lhes perguntei porquê.

Talvez gostem de ser desafiadas diariamente, pelos rapazes e raparigas, a quem a vida (e a sociedade...) obriga a terem comportamentos diferentes, mesmo que tenham os mesmos sonhos dos "meninos" e meninas", com menos rua e mais atenção dos pais... 

Quando estiver com elas, vou perguntar-lhes, mesmo que pense saber "bocados" das suas respostas...

Sim, talvez no Monte algumas coisas façam mais sentido, talvez elas se sintam mais úteis ao mundo...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, março 05, 2025

O começo de qualquer coisa...


É giro, mesmo que nem sempre seja uma coisa engraçada. Acontece que agora tenho sempre um tema especial na cabeça, cuja conjugação de palavras, quer ser livro.

Logo agora, numa altura destas em que os livros estão a deixar de ser o que eram...

Os últimos livros que escrevi foi sobre centenários de pessoas especiais. É provável que aconteça o mesmo em 2025... 

Desta vez são crónicas, ou um olhar mais pessoal do que todos os outros, porque misturo mais coisas...

O rascunho de uma delas começa assim:

«A conversa no fim do dia, ao jantar, naquela bela marquise, com o Tejo já a querer ser Mar eram uma coisa…
A televisão tinha pouco interesse lá em casa. E ainda bem.
Falava-se mais, sobre tudo e sobre nada. E também se lia bastante.
Por isso é que falávamos sobre as notícias dos jornais, o mundo estava longe de nos ser indiferente…»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, março 04, 2025

Paredes brancas...


Ainda não tínhamos visitado um amigo, lá por casa.

Nos últimos anos os nossos encontros eram feitos quase sempre nos nossos espaços preferidos, como "escritórios", os cafés. Ou melhor, esplanadas, porque ele continua a ser um "Zé que fuma", e nos cafés e restaurantes hoje aceitam-se mais animais de companhia que fumadores...

O que me espantou foram as paredes vazias das duas divisões da casa. Ele que conheceu e conhece pintores e fotógrafos com jeito para a coisa, e que com toda a certeza, lhe eram capazes de oferecer uma imagem qualquer, para lhe fazer companhia.

Pois foi... Nem me passou pela cabeça que fosse uma opção pessoal. 

Quando lhe falei do excesso de branco, limitou-se a sorrir...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, março 03, 2025

Uma visão e uma memória, dentro e fora de um bairro antigo...


Estava a passar por uma ruela estreita, com roupas estendidas em quase todas as varandas, quando comecei a ouvir uma voz feminina, que cantava um fado. Ainda olhei para cima para ver se a voz tinha dona, mas não descobri ninguém. 

Por alguns instantes, fiquei deliciado com aquele retrato de uma Lisboa antiga, e pus-me a imaginar uma cidade que já não existe...

Foi quando me cruzei com dois casais de gente de fora, que anda de calções num dia de Março com nuvens. Foi como se me dissessem, "acorda!"

E acordei, mas por pouco tempo.

De repente já não estava em Madragoa. Foi quando viajei pela minha meninice e ouvi a minha mãe a cantar, e o pai, com voz de desdém, a dizer que ela estava a adivinhar chuva. Não percebia quase nada da conversa mas gostava de ouvir a minha mãe a cantar, mesmo que ela fosse fiel à sabedoria popular, e acreditasse que "quem canta seus males espanta"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, março 02, 2025

O fim da utopia do empresário "bom samaritano"


Parece que estou a ouvir o meu amigo Orlando, a usar a sua ironia, por vezes demasiado fina e inteligente, ao ponto de não ser entendida por todos. «Estás a ver esta camisa? Gostas dela? Foi uma oferta do meu patrão.» 

Ele dizia coisas deste género, sempre que ouvia alguém a defender o indefensável. Sim, de vez enquanto ouvia-se um trabalhador com posições mais próximas dos patrões que dos operários. Só faltava chamar-lhes, "pobres coitados"...

O mundo mudou bastante. É possível dizer hoje, publicamente,  coisas que antes só se diziam em círculos muito fechados, com gente de inteira confiança, mesmo ao mais alto nível.

É por isso que atitudes como a do presidente americano, em relação à Ucrânia, ou a do nosso primeiro-ministro, em relação à sua actividade empresarial, ajudam-nos a perceber como funciona o verdadeiro empresário. Ele olha para tudo o que o rodeia, sempre com uma finalidade maior: a possibilidade de obter lucro, de retirar dividendos pessoais.

Pois é, o populismo dos nossos dias, também tem coisas perversas. Por vezes o "feitiço vira-se contra o feiticeiro". Uma delas parece ser o fim da utopia do empresário "bom samaritano"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, março 01, 2025

Humanizar o "fantasma" de Salazar...


Li com atenção o artigo de opinião de Pacheco Pereira de hoje do "Público", sobre a participação do Arquivo Ephemera na instalação de um espaço museológico em Santa Comba Dão dedicado ao estudo do Estado Novo (Centro Interpretativo do Estado Novo - Regime e Resistência).

Quem como eu passa uma boa parte do tempo a fazer investigação histórica, a remexer papeis cheios de pó (que me fazem espirrar mais vezes do que as que queria...), ficou satisfeito com a explicação do historiador. 

Até porque a passagem da "Escola Cantina Salazar" a "Centro Interpretativo do Estado Novo" tem muitas vantagens. Além de preservar a memória desses 48 anos, quase sempre tenebrosos, vai contribuir para se acabar com a "mitificação" de um homem, que por vezes chega a ser confundido com um "fantasma". 

Como Oliveira Salazar existiu mesmo, o melhor que temos a fazer, é encará-lo de frente, com as suas virtudes e defeitos, como qualquer ser humano e dar-lhe o espaço devido na história.

Ao limparmos "a poeira" e a destapar "os panos" que cobrem este período da nossa história recente (que nos deixou bastantes marcas físicas e psicológicas...), estamos a dar outro contributo, não menos importante: esvaziamos o mito e o culto que se presta a um ditador de má memória, por uma extrema-direita (que a esta hora deve estar a torcer o nariz a esta decisão da autarquia local...), que sempre que pode, tenta branquear a história. 

É com esta transparência (muito diferente da do primeiro-ministro...) e abertura histórica, que se irá conseguir derrotar a mentira e todas as mistificações salazaristas, que se têm perpetuado no tempo.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, fevereiro 28, 2025

Carneiros já sei que somos, mas agora também está tudo parvo?


Fevereiro foi um mês estranho, e Março não o será menos, tanto dentro como fora de portas.

Por cá, temos um primeiro-ministro, que não passa de uma cópia manhosa de outro primeiro-ministro, que também achava que não devia prestar contas ao país,  muito menos responder a jornalistas, escudando-se em balelas, como a de que "ainda está para nascer alguém mais sério que eu".  O cromo de agora diz uma coisa parecida: "não há ninguém mais transparente que eu"...

Nas Américas existe alguém que faz lembrar os putos mimados dos recreios das escolas, que a única maneira que tinham de tentar fazer amizade, era "comprando-a". Não sabiam jogar à bola mas tinham uma, normalmente das boas. Como éramos parvos e queríamos era dar uns chutos na redondinha, fingíamos "gostar dele"...

Pois é, não se pode dizer que tudo isto aconteceu de repente, porque sempre existiram pessoas à nossa volta, cuja única religião que seguem é a do "poder e do dinheiro". O que existe nos nossos dias é mais gente que perdeu a vergonha e sente-se encorajado a pensar que "toda a terra é sua"...

Não queria falar das redes sociais, mas é impossível passar ao lado deste "mundo faz de conta", que cada vez toma mais conta do "mundo real". E dia após dia, o buraco é escavado mais fundo nestes lugares, onde parece que quase tudo é permitido... Isso explica que um "palhaço" se vanglorie de atropelar alguém, com dados que batem certo no mundo real (o onde, o quando e o porquê...), como se esta coisa de viver não passasse de um "jogo"...

Olhamos à volta e ficamos com a sensação de que não param de crescer, por cá e por lá, os "inadaptados da democracia", gente que acha que a liberdade é uma coisa só para eles, encorajando o "fantasma do salazar" a aparecer em cada vez mais portas e janelas, neste falso paraíso...

Carneiros já sei que somos, mas agora também está tudo parvo?

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)