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segunda-feira, março 17, 2025

A poesia dos livros e da vida...


Esta semana vou tentar falar mais de poesia e menos de outras coisas, mais desagradáveis e feias.

Sou leitor de poesia. Normalmente, são estes os livros que me acompanham em viagens ou em lugares que sei, que tenho de ficar à espera no mínimo alguns minutos...

E é por isso que sei que quase todas as editoras fazem questão em ter boas colecções de poesia (além de serem edições bonitas, as escolhas de autores também revelam qualidade), mesmo que digam que são livros que não vendem e que têm tiragens sempre curtas.

E isso é o mais curioso. Se não vendem, porquê esta aposta em edições memoráveis e de dimensões que tentam escapar à vulgaridade?

Talvez gostem muito de poesia. E provavelmente, até são capazes de vender alguma coisa...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, outubro 01, 2024

A Vida, a Poesia e a Ficção, com e sem sentido...


A vida não faz muito sentido. Nunca fez.

Não era essa a questão.

Mas sempre se podia apanhar boleia.

E era melhor falar de literatura que da vida...

Mas a verdadeira questão nem era assim tão estranha. Se a vida não faz muito sentido, por que razão a ficção e a poesia têm de fazer sentido?

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, agosto 06, 2024

Um mundo a mudar e as profissões do costume a desmoronarem-se...


Hoje fui entregar o conjunto de palavras - que querem ser livro - que fui escrevendo e alinhando, sobre, e com um amigo, na tipografia.

Reparei que há muito não entrava naquele lugar e disse-o ao companheiro de várias aventuras, escritas e impressas (a última vez que ali entrara, fora algum tempo antes da "pandemia"...).

Acabámos por conversar sobre aquele mundo e pude assistir ao seu desencanto, de ver a profissão que abraçou há mais de três décadas a desmoronar-se, a decair, lentamente, porque o progresso tem esta coisa terrível de "matar" profissões, à medida que o mundo avança...

Quase que me limitei a ouvir os lamentos de um bom profissional. A vida é o que é. Mas é terrível, pelo menos para os homens do "mundo das palavras", irem assistindo ao princípio do fim dos jornais em papel, e claro, dos livros (ainda que mais devagar)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, agosto 03, 2024

As coisas "pequeninas" e "grandes" da vida...


Ouvia a minha filha a falar de uma amiga, que afinal não é tão amiga assim... Que sempre a tratara bem, mas que não a "suportava", por coisas normais e "pequeninas", como os amigos gostarem mais dela...

Soube isto vários anos depois, de terem feito toda a secundária juntas e continuarem, aparentemente, amigas.

Apenas lhe disse que se devia afastar dela, porque dali não viria nada de bom.

Mas fiquei a pensar o quando ela ainda vai sofrer pela vida fora, porque o que não falta à nossa volta é gente estranha, com comportamentos dúbios, sempre a quererem o melhor para elas e o pior para os outros...

Mas quando educamos os nossos filhos a darem o seu contributo para que o nosso Planeta possa ser melhor, para todos, não deveremos ter problemas de consciência. 

Até por que continuo a pensar que o "mundo não é uma selva", mesmo que a sociedade me tente demonstrar o contrário, diariamente...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, julho 14, 2024

"Não tinha rua"...


O primeiro período de férias já foi.

Há algum tempo que não lia tanto (tem sido sempre assim...). Como de costume houve palavras que tiveram mais peso que outras.

E lá vou voltar a Maria Judite de Carvalho, que em 1963 (um ano depois de eu nascer...), quando escreveu o livro "As Palavras Poupadas", já fazia um retrato tão actual da sociedade, no conto "A Sombra da Árvore":

«As pessoas caminhavam em frente sem se voltarem para os lados onde havia outras pessoas que seguiam também em frente. Atropelavam-se, esmagavam-se umas às outras e não paravam para olhar. Era isto afinal a vida. A vida como as pessoas a entendiam. Todos tinham onde chegar e lá iam, rua fora, com uma pressa doida. Só ele se sentia perdido, não achava o caminho para a sua rua. não sabia qual ela era, não tinha rua.»

Talvez o mundo nunca fosse tão diferente como queremos fazer crer...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, junho 17, 2024

Os "filhos do euro"...


Sei que há publicidade e publicidade e que os profissionais do ramo, tentam ir cada vez mais longe.

Não me lembro se os primeiros anúncios sobre os "filhos do euro" já tem nove meses, mas deverão ter. Ou pelo menos deveriam ter.

Falámos sobre isso ao jantar cá por casa, se a taxa da natalidade terá aumentado ou se é apenas mais um anúncio. Todos achámos que não, que um campeonato de futebol não é uma motivação para se encher Portugal de crianças. Mas nunca se sabe...

Já tínhamos falado também sobre as "noivas de Santo António" (acho curioso nunca se falar dos "noivos de Santo António, já faltou mais...), mas aí não estivemos de acordo. Mesmo sem dados estatísticos, achámos que embora seja uma oportunidade, está longe de ter tudo "para dar certo"...

Sim, apesar do "espectáculo" fazer cada vez mais parte da nossa vida, isso não indica que sejamos mais felizes...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, maio 29, 2024

A vida não cabe "debaixo do tapete"...


Ouvia o Mário e pensava no meu Pai.

Ele também era assim. Não se esquecia nem escondia as dificuldades - e até a fome que passou - durante os anos da Guerra Civil de Espanha e da Segunda Guerra Mundial, na pequena aldeia onde nasceu na Beira Baixa.

Não falava disso com orgulho, mas achava que era importante para nós, filhos, sabermos que a vida não era apenas aquela que vivíamos, sem privações. Até porque continuava a existir muita gente espalhada pelo mundo, que passava mal...

Quem não gostava nada de ouvir as histórias de infância do pai eram os seus irmãos. Ele por ser mais velho, passou mais dificuldades que todos os outros, mas a vida nas beiras não foi fácil para nenhum deles. Mas o que o Pai queria lembrar, eles queriam esquecer...

O Pai não era daquele mundo "de faz de conta", não era capaz de enfeitar a miséria, muito menos de dizer que "havia quase tudo", onde "faltava quase tudo".

Sinto-me feliz de ser do "clube" do Pai e do Mário.

(Fotografia de Luís Eme - Serra da Estrela)


domingo, fevereiro 25, 2024

Tantos dias que têm cem anos (felizmente há a vontade e a determinação de continuar por mais dias)...


Hoje estive na festa de aniversário da única pessoa da minha família que vi chegar aos 100 anos.

É uma pessoa especial, que me acolheu na sua casa, quando vim para a Capital, com dezoito anos. Mas não me acolheu apenas, tratou-me sempre com grande ternura, a espaços, quase como o filho que não teve, tal como o primo Zé.

Ternura que devolvi, de uma forma natural, porque "amor com amor se paga", pelo menos no mundo das pessoas normais.

E como eu cresci nos meses que vivi na Cruz Quebrada...

As conversas que tínhamos (falava mais com a Elisete do que com o Zé...) eram extremamente enriquecedoras. Felizmente o bom ambiente familiar contrastava com a impessoalidade que encontrava nas ruas lisboetas. Embora nunca me tivesse sentido uma "cobaia", sei que a formação em psicologia da Elisete, abria portas e janelas da "minha ainda pequena casinha".

Sei também que me tornei um adulto mais responsável, graças à liberdade e aos bons exemplos que recebi deste casal especial. E também uma pessoa melhor (claro que os meus pais foram as pessoas mais importantes na minha formação e educação, mas este tempo que vivi com os primos Zé e Elisete foi diferente, deu-me outras coisas, muito mais mundo).

É também por isso, que, poder assistir ao centésimo aniversário desta Mulher especial - que continua a manter uma lucidez invejável, para esta idade grande -, deixa-me muito feliz e orgulhoso.

(Fotografia de Luís Eme - Algés)


terça-feira, janeiro 23, 2024

A mediocridade que se alimenta (cada vez mais) do "sonho americano"...


Cada vez gosto menos deste mundo que nos rodeia, desta "americanização" da nossa sociedade.

Nunca achei muita piada à ideia do "sonho americano", de que tudo é possível... porque a vida não é bem assim.

Até porque quem se alimenta deste "pão-tudo é possível", gosta da ilusão quase cinéfila, de que se pode viver cada vez com menos regras, onde "pisar o outro" até pode ser uma constante. É preciso é "alimentar o sonho", mesmo quando não se tem jeito para nada. Bom é pensar que se pode ser tudo e fazer tudo.

Esta é uma das explicações para que cada vez existam mais medíocres, cuja capacidade maior é serem bons a fazer "jogo sujo", afastando todos os que lhes "fazem sombra". 

Só ainda não consegui perceber é como é que alinhamos "neste jogo", com tanta facilidade...


sábado, janeiro 20, 2024

Sim, "somos todos diferentes e todos iguais"...


Por múltiplas razões (sim, nunca é uma só), depois de estar muito tempo sem organizar e montar uma exposição, fiz a primeira, do ano (e dos últimos anos...), uma homenagem a um amigo que comemora o centenário neste 2024 que se inicia (ano que promete ser mais activo, para mim, felizmente...).

Durante a viagem de ida e volta para casa tive a companhia de uma amiga, que vive um daqueles dramas que só quem passa por ele, sabe o turbilhão de emoções que entram dentro de nós, nos dias, meses e até anos seguintes (a perda de um companheiro ou companheira de uma vida...). Sinto que ela está a reagir bem. Está a tentar fugir da solidão, do vazio que ocupa parte dos seus dias. Mas é sempre mais fácil para nós falarmos, que para quem vive os dramas que a vida nos impõe...

Quando nos deixámos, voltei a pensar na exposição. Sim, é uma exposição diferente de muitas outras, só faz sentido para quem a entende... para quem perceba que se trata de uma viagem em volta de 100 imagens, cada uma com a sua história...

E lá vem a velha questão, quase filosófica, mas que diz tanto da vida: "Somos todos diferentes e todos iguais"... seja na forma de olhar, seja na forma de viver.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, novembro 23, 2023

"Ninguém como nós conhece o sol"...


"Ninguém como nós conhece o Sol"...

É este o título da biografia televisiva do poeta Sebastião Alba, que nunca conseguiu (apesar de milhentas de tentativas...) ser aquilo que se chama uma "pessoa normal", que também terá muitas definições.

Não conheci o poeta de Braga, o nome não me era estranho, mas só depois de ver este "rascunho televisivo" - de um poeta que nos seus últimos tempos se afogava em álcool e preferia a vida de andarilho e maltrapilho, ao ponto de ser capaz de se deitar e adormecer em qualquer banco de jardim -, é que tive contacto com mais um criador, incapaz de cumprir as regras que lhe impuseram (a história que o irmão contou da sua passagem pelo serviço militar obrigatório no começo dos anos 1960, em Moçambique, com dezenas de fugas e dezenas de prisões, explica muito bem que era demasiado livre para viver "engaiolado"), num mundo que não era o dele. Talvez esta fosse mesmo a sua única certeza...

Devia ser um desses "loucos" que por vezes passam por nós e nos oferecem uma frase poética, a que nós, se estivermos bem dispostos, retribuímos com um sorriso, mesmo tímido, sem sabermos muito bem como reagir.

E não tenho grandes dúvidas que são as pessoas como o Sebastião Alba, que vivem na rua, que melhor conhecem o Sol (e a Lua, claro). É por isso que este título não deixa de ser feliz, servindo de feição o objecto biográfico deste singular documentário biográfico.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, outubro 29, 2023

A esperança, que nos ajuda tanto a viver e a resistir aos "piores pesadelos"...


Ao ligar a televisão, vi que num dos canais de filmes estava a ser oferecido o "Papillon", a versão do começo dos anos 70, com Steve McQueen e Dustin Hoffman (que continua a ser a melhor, para mim claro...).

Recordei que o filme me marcou bastante na adolescência, quando o vi pela primeira vez, numa das salas de cinema das Caldas.

Hoje, ao ver aquele cenário desolador das ilhas da Guiana Francesa, lembrei-me de Cabo Verde e do presídio do Tarrafal, que ficou conhecido como o "Campo da Morte Lenta", por ser isso mesmo (além das dezenas de prisioneiros que morreram no Campo, houve outros tantos que depois de serem libertados, duraram muito pouco tempo, como foi o caso de Alberto Araújo, professor almadense).

"Papillon" tinha a liberdade sempre presente, nos seus pensamentos, mesmo nos lugares onde a fuga era tida como "impossível". Foi nesta parte do filme que recordei algumas das conversas que tive com Edmundo Pedro, que apesar de ter passado parte da sua adolescência no Tarrafal, junto de Pai e de tantos outros camaradas (como Bento Gonçalves, que tanto o influenciou pela vida fora...), quase que chegou aos cem anos de vida...

Recordei-o porque ele contou-me uma vez (devo-lhe ter perguntado, claro...) as peripécias da tentativa de fuga protagonizada por ele, pelo pai, Gabriel Pedro e por outro companheiro que não recordo o nome (e não vou agora à sua procura...). 

Ele continuava a pensar que a fuga do Tarrafal tinha sido possível, o problema foi que correu tudo mal, desde início, os astros estavam completamente desalinhados com esta sua "fuga para a liberdade"... 

Podia ser ilusão, mas ainda bem que ele continuava a pensar que o "impossível" era "possível".

E claro, a motivação foi a mesma do "Papillon", a esperança que nos ajuda tanto a viver e a resistir aos "piores pesadelos", quando se tornam realidade...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


sábado, outubro 28, 2023

Ideias que saltitam no começo das manhãs de sábado (agora menos)...


Gostei de acordar e descobrir que andavam à minha volta, duas ou três ideias, à solta. Foi como se estivesse a viver um daqueles sábado à antiga, em que em vez de dormir até um pouco mais tarde, era acordado por uma ou outra história, que só descansavam quando ficavam registadas no pequeno bloco de mesa de cabeceira.

Como deixei de ter um bloco por perto, fico apenas com as ideias a cirandar na cabeça... 

E hoje gostei, particularmente, de pensar um projecto antigo de uma forma diferente  (sobre o clube e as pessoas do bairro da minha infância...). Foi como se alguém me dissesse ao ouvido, para fugir do rigor dos números e pensar mais nas pessoas, desde o seccionista, passando pelo treinador e acabando nos muitos companheiros de aventura...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, outubro 20, 2023

Sem medo do mau tempo que se fazia sentir para cá e para lá do canal...


Ontem não era o dia mais recomendável para um daqueles encontros de amigos, que se encontram de longe a longe, para almoçar e confraternizar. Provavelmente foi por isso que aparecemos quase três dezenas, pouco temerosos com a Aline, mesmo sabendo que ela foi deixando marcas da sua passagem, de Norte a Sul.

O mais curioso destes convívios é nunca haver espaço para conversas tóxicas. Por alguns momentos esquecemos o pior da realidade e falamos apenas de nós, do que são e do que foram as nossas vidas, dando um relevo especial aos bons momentos que passámos juntos. 

São sempre agradáveis estas viagens no tempo, porque um lembra-se de um episódio, outro de outro, e daí a nada estamos todos a sorrir...

Sabemos que o passado não volta, mas mesmo assim, sabe-nos bem recordar os bons momentos que passámos juntos, e sentir que continua viva essa coisa boa a que normalmente chamamos, amizade.

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


sábado, julho 01, 2023

É por estas e por outras que farto de me dizer a mim mesmo, que a vida é uma coisa muito estranha...


À medida que vamos entrando para o clube dos "usados", vamos perdendo energia e ganhando ao mesmo tempo alguma preguiça.

É por isso que quando os dias se tornam bastante produtivos, até somos capazes de estranhar.

Claro que o problema não é apenas nosso. A partir de uma certa idade, começa a ser mais difícil traçarmos objectivos e ter metas onde chegar, porque há duas ou três portas que se vão fechando, sem se perceber muito bem porquê.

É por estas e por outras que farto de me dizer a mim mesmo, que a vida é uma coisa muita estranha...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, abril 20, 2023

Os Encontros e os Desencontros da Vida...


Eu sei que os "encontros e desencontros da vida" podem ser programados, desde que se saiba onde as pessoas que queremos - ou não - , encontrar, costumam vaguear. 

Mas não é desses episódios que quero falar, é mesmo de encontros fortuitos, daqueles que acontecem apenas porque sim.

O mais curioso, é que podes estar dias, meses, anos, sem te cruzar com essas pessoas e depois de um reencontro, os encontros sucedem-se, até que aconteça um novo "desaparecimento"...

Claro que isto normalmente acontece com pessoas que não nos são muito próximas, apesar de pertencerem ao clube da "gente porreira", que não te fazem pensar em mudar de passeio ou de rua, para evitares um possível cruzamento...

Ainda não percebi quem é mais estranho, nós humanos, ou esta coisa a que chamamos "vida"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, abril 15, 2023

«Durante a velhice tornamo-nos quase desenhos animados. Morremos e vivemos muito mais vezes do que o que queríamos.»


A esperança média de vida aumentou bastante. Hoje chegar aos oitenta anos é perfeitamente normal para qualquer pessoa. E mesmo os noventa deixaram de ser uma barreira. Os cem é que continuam difíceis. Claro que tudo isto vem com um problema acrescido, como diria o mestre Lagoa, "goza-se bastante mas sofre-se muito". E pior, perde-se muitas vezes a liberdade e a autonomia, para satisfação dos muitos empresários que enriquecem com a "terceira idade".

Nem todas as pessoas têm a lucidez do Jorge, que depois dos oitenta ainda gosta mais de chamar "os bois pelos nomes". Quando ele disse: «Durante a velhice tornamo-nos quase desenhos animados. Morremos e vivemos muito mais vezes do que o que queríamos.»

Apesar da temática, a conversa ia animada. Deve ter sido por isso que lhe respondi: «Então a Lili Caneças está errada, estar morto não é o contrário de estar vivo.»

Mais sorrisos abertos a espalharem-se pela mesa. A melhor maneira de abordar os dramas da vida é "enfrentarmos os touros da vida de frente", com a serenidade possível. 

Os avanços da medicina têm destas coisas, não dão qualquer descanso à vida e à morte. O Jorge está mais que certo quando diz que "morremos e vivemos mais vezes do que as que queríamos"...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


quinta-feira, março 16, 2023

Uma Conversa com Cinema no meio da Vidinha...


Já há muito tempo que não falava de cinema. Do cinema a sério, das salas escuras e silenciosas (as memórias do Chico sobre o Cine-Incrível não contam...), com um ecrã gigante.

Além da andarmos à volta de algumas salas e de alguns filmes, também olhámos para dentro de nós como as nossas vidas mudam quando aparecem os filhos... Mudam mesmo, se não fingirmos que continuamos "pássaros livres", assim que anoitece, deixando-os entregues às mães e sogras, desejosas de viverem segundas maternidades...

Voltando ao cinema, nem foi precisar inventar justificações para as nossas faltas de comparência nas salas. Bastou focarmo-nos nas mudanças nos últimos vinte anos. Hoje parece que a acção é a única coisa que importa, usa-se e abusa-se das fitas "sobrenaturais", quase banda desenhada feita com seres humanos em vez de bonecos. Para tornar tudo ainda mais maluco, aumentaram o som das salas dos centros comerciais (praticamente as únicas existentes...), quase até ao ensurdecedor.

Estivemos os dois de acordo, não foi apenas uma coisa, que nos afastou do cinema. Nem mesmo as famosas pipocas. Até porque as últimas vezes que fui ao cinema, foi com os meus filhos e com pipocas.

Ambos sabemos que vida é feita de mudanças. E a partir de certa altura, parece que o que passou é melhor do que o que ainda está para vir. 

Foi mais ou menos esta a conclusão a que chegamos, pelo menos em relação ao cinema...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, fevereiro 24, 2023

A sabedoria popular explica quase tudo...


Bruno Nogueira escreveu uma crónica na "Sábado", quase venenosa, dedicada aos seus pares, com menos talento, com mais idade e claro, com um futuro menos risonho. Mas vai mais longe e diz que o seu "desporto" preferido, é dizerem mal dos outros, ao mesmo tempo que se acham "os melhores do mundo".

Provavelmente nem estou a sintetizar o artigo da melhor maneira, por ser repetitivo e ligeiramente confuso. Mas nem é disso que quero falar.

O actor não fala em nomes. E foi esta generalização que gerou alguma polémica, na conversa que decorreu no intervalo para o café.

Fui quase o único a dizer que não eram precisos nomes, porque aquela "sintomatologia" devia ter muitos seguidores na profissão. Nós é que andamos mal informados sobre as muitas tricas que rodeiam os bastidores dos palcos e das telenovelas. 

Quem vive nesse mundo, sabe com toda a certeza, para quem é que esta crónica é dirigida. E também explica um modo de ser muito português, onde o que menos faltam são os "apontadores de dedos", que fingem que é mais fácil olhar para os outros que para o espelho...

Houve alguém que recorreu à sabedoria popular e nos deixou a sorrir, ao mesmo tempo que disse que ela explica quase tudo. E explica mesmo...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, janeiro 16, 2023

O Cinema de Trazer por Casa e o Outro (mais mirabolante)


O cinema hoje é outra coisa, e não estou a falar apenas das pipocas. A explicação pode e deve ser a óbvia: caminharmos para algo diferente, que ainda não sabemos muito bem o que é. 

E isso faz com nós ainda tenhamos mais dúvidas (sempre fomos "animais" cheios de dúvidas e curiosidades...), sobre o tal futuro, que nem sempre é o que estamos à espera...

 Lá estou eu a "divagar"... Só queria falar de cinema. Dos filmes que enchem as salas de efeitos especiais, de coisas mirabolantes, que não pertencem a este mundo, com super-heróis cada vez mais parecidos com personagens da banda desenhada.

Tudo indica que o outro cinema, o "normal", fica cada vez mais para a televisão. Para o cinema fica aquilo que ainda não se consegue transpor para as nossas salas de casa (para que os prédios não corram o risco de tremerem como nos "terramotos"), desde os sons ensurdecedores à proximidade com o real, com emoções mais próximas das montanhas russas.

Provavelmente as salas de cinema irão ficar reduzidas às dos centros comerciais. 

É apenas mais uma mudança deste mundo, cada vez mais estranho, pelo menos para quem vai ficando para velho...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)