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domingo, outubro 20, 2024

Somos, mas já não somos...


Hoje foi um dia. quase passado integralmente no Oeste, para estarmos com o nosso tio da América.

Com um almoço da família à antiga, com múltiplas viagens pelo passado, com o regresso dos avós, do pai, e claro, de muitos lugares onde fomos felizes, em quase mil aventuras, tanto em Salir de Matos, como no Bairro da nossa meninice, ou em espaços especiais, como o Parque ou o nosso Mar...

Parque que nos levou a uma revisitação do Museu do nosso Malhoa, um lugar especial na nossa infância (pensava que era só eu que o recordava com um olhar ternurento, mas o meu irmão ao almoço, quando falámos que íamos passar por lá, também nos disse que era um sítio especial, desde sempre...).

E claro, aquele espaço não nos desilude, mesmo que a sua arte tenha pouco de moderna. Talvez até seja por causa dele que sou tão "conservador" nos meus gostos artísticos...

Depois fomos ver o Mar, aquele que tem uma cara séria e uma voz de trovão. Esse mesmo, o da Foz do Arelho. Antes ainda passámos pela Lagoa de Óbidos, que nos sorriu agradada com a visita.

E depois fomos pela estrada Atlântica, até Salir do Porto e depois São Martinho do Porto.

Contei que Salir era a praia da nossa infância. Íamos no "Comboio-Correio", quase sempre lotado de veraneantes, nesses longínquos anos sessenta. Claro que mal crescemos um palmo, tanto eu como o meu irmão e os amigos do bairro, elegemos a Foz do Arelho, como a "praia da nossa vida"...

Já em São Martinho do Porto fui contando à nossa "estreante" no Oeste, que esta praia além de ser a "banheira das duquesas", era o espaço de eleição dos "betinhos", tanto do Oeste como da Capital. Além deste pormenor, eles perceberam que aquele Mar era mais "sujo". Acrescentei que também era mais sonso, não tinha nada a ver com a Foz do Arelho...

E depois foi o regresso a casa.

Quando comecei a escrever estas notas de viagem, pensava que "somos, mas já não somos", destes lugares, mesmo que eles fiquem para sempre, dentro de nós...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sexta-feira, agosto 30, 2024

«Então isto é que é o Mar!...»


Ouvia-a e pensava que, há coisas que nunca vamos entender, por várias razões, desde morarmos no país ou na região errada, ou algo ainda mais enigmático: nunca termos vivido numa ilha...

Cada frase que ela dizia trazia o Mar lá dentro. 

E lá voltei eu a pensar... O mar para mim era um elemento natural, devo-o ter conhecido tão cedo (ao colo, de certeza...) que ele faz parte de mim desde sempre.

Lá veio a sorte à baila. Sim, tinhas razão, isso só aconteceu porque nasci a menos de uma dúzia de quilómetros do Mar. Não tive de esperar pelo fim da infância ou adolescência, para fazer a pergunta fatal: «Então isto é que é o Mar!...»

(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)


segunda-feira, julho 08, 2024

O mar, sem ser ruidoso, é a voz mais forte da praia...


Este mar do sotavento algarvio, mais Mediterrâneo que Atlântico, está longe de ser "falador" como o do meu Oeste, mesmo assim é quem mais fala e barafusta na praia.

Passamos minutos sem ouvir uma voz humana. De longe a longe aparece a senhora das bolinhas, a quebrar a monotonia humana. As pessoas preferem ler livros (esta praia é muito culta, há uma grande percentagem de leitores...) e o smartphone a falar umas com as outras.

Quase não há crianças. É tão estranho. Parece que as gerações a seguir à minha se esqueceram de que as crianças são a alegria das casas... Foi por isso que só ao terceiro dia de praia vi duas crianças já grandotas a fazerem um castelo de areia, coisa que fiz sempre com os meus filhos, pelo menos até eles terem dez, onze anos.

Claro que não me estou a queixar, estou a constatar. Se quisesse ficar cheio de vozes humanas na praia, fazia férias em Agosto.

Felizmente na casa ao nosso lado, onde estão avós, filhos e netos, há um menino com menos de dois anos (ainda usa fralda...) a partir das oito da manhã anda e fala - mesmo que ainda não se perceba bem o que diz - sem parar, põe tudo em alvoroço, especialmente o avô, que é uma espécie de "guarda-costas"

É o melhor exemplo do que escrevi anteriormente, o pequenote é mesmo a alegria da casa...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


sexta-feira, março 01, 2024

O Meu Mar e a Minha Praia...


Na quarta-feira passei uma boa parte do dia nas Caldas. Além de almoçar, também jantei com a família.

Isso fez com que tivesse tempo para visitar alguns dos lugares especiais, que por vezes ficam guardados para a próxima, como foram os casos de Salir de Matos e a Foz do Arelho.

A Foz do Arelho será sempre a praia da minha vida, entre outras coisas, por ter um mar único.

É um Mar que gosta de se fazer ouvir, em todas as estações. Mas no Inverno consegue que a sua "voz" percorra ainda mais quilómetros e se escute mais longe.

Passear ao lado das suas ondas, além da oferta da sua maresia refrescante, tem ainda outro atractivo, a possibilidade de se poder ter uma boa conversa, sobre tudo e sobre nada...

(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)


segunda-feira, dezembro 11, 2023

Os Diários de Torga e a Blogosfera (sem esquecer o Mar da Nazaré)...


De longe a longe pego num dos diários do Miguel Torga, e é sempre uma delícia ler as palavras deste grande escritor, um dos melhores século XX.

Há poucos livros que nos possam oferecer um retrato tão fidedigno do nosso país, como estes diários que percorrem os anos do salazarismo e marcelismo e estão escritos sem ter qualquer parcimónia, com os ditadores e esse tempo com tantas tonalidades de cinzento.

Quem como eu escreve diariamente nos blogues, no fundo alimenta um "diário digital", onde também quase tudo nos é permitido (tal como acontecia com Torga, embora as suas palavras sejam mais espaçadas, pois cada diário percorre  no mínimo cinco, seis anos). Felizmente não temos censores nem polícias de estado em volta (os "polícias do gosto" de agora valem e incomodam muito pouco...).

E Torga é muito assertivo nas suas palavras. Muito antes do norte-americano Mcnamara ter descoberto as ondas gigantes da Nazaré, já ele escrevia no Sítio (em Agosto de 1969): «Quando quero ver o mar, venho aqui. Não é grandeza que se olhe do rés-de-chão.»

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


sexta-feira, novembro 24, 2023

A Marinha entre a realidade e a ficção...


Quando finalmente foram feitas reportagens sérias sobre os efectivos existentes nas nossas forças armadas e se diz o que se calculava há bastante tempo, que a pirâmide estava invertida, que existiam mais oficiais e sargentos que praças, eis que surge hoje o CEMA, radiante, com o futuro nas suas mãos.

Quando ele disse ao "D. Notícias" «Estamos a construir uma nova Marinha. Uma Marinha que assegura a defesa do país, o exercício da soberania e da jurisdição nacional, a preservação dos nossos recursos e a proteção do ambiental.» E não satisfeito, comunica que: «Também modernizaremos os laboratórios da Escola Naval, que vão permitir uma formação de excelência dos nossos oficiais, preparando-os para a era digital e um novo paradigma de atuação.»

Talvez esteja aqui a "chave do futuro", a nova marinha seja só com oficiais, os tais da formação de excelência... Que ao mesmo tempo, também são incapazes de fazer o que alguns sargentos e praças fizeram nas ilhas, por um navio não estar em condições de navegar... (abanando ligeiramente o sonho do CEMA de um dia "ser presidente da república", com mais ou menos bananas).

Pois é, talvez os navios do futuro só tenham oficiais nas suas guarnições. Talvez... 

Nessa altura já devem existir "robots" para fazer o trabalho mais duro e chato dos navios, normalmente destinado às praças...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, outubro 09, 2023

Uma boa série e um livro com "falta de sal"...


Estou a ver o segundo episódio da série "Codex 632".

Provavelmente por ter algum preconceito com o "escritor-apresentador de telejornais", fico com a sensação de que a série é mais interessante que o livro. 

Isso também de deve à interpretação de Paulo Pires e ao facto de as coisas no cinema e nas séries serem sempre mais resumidas que nos livros. E também me parece uma série bem realizada, por Sérgio Graciano.

O mais curioso é que o "Codex 632" foi o único livro que li do José Rodrigues dos Santos. 

Foi suficiente para perceber o tipo de escritor que ele é, distante da "minha praia", onde o mar além de ser bastante vivo, tem voz e alma...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


segunda-feira, julho 17, 2023

"Agosto Azul" em Julho...


Nestas férias trouxe meia dúzia de livros para ler, como de costume. Um deles foi o "Agosto Azul" de M. Teixeira Gomes, que segundo consta foi um dos poucos Presidentes da República que além de resignar ao cargo, respirou de alívio por se livrar daquela "camisa de onze varas", durante a controversa Primeira República. 

Tenho este livro há bastante tempo, mas só agora, quando andei a fazer algumas mudanças, é que o deixei  de parte (com mais uma dúzia...), para ler nos próximos tempos. O gostar bastante da capa, toda azul, desta quarta edição (1984), também deve ter pesado um pouco na escolha.

Embora o livro não seja muito fácil de classificar, o que mais me apraz de realçar, é a forma como está escrito: a grande riqueza linguística,  cheio de expressões que caíram em desuso, tão comuns nos finais do século XIX e princípios do século XX. 

Não é difícil de perceber que Teixeira Gomes era um homem especial. Além de ser extremamente sensível, tinha uma ligação muito forte à natureza. Descendente de uma família abastada algarvia, teve a oportunidade de "conhecer mundo" desde cedo, como representante dos negócios do pai (venda de frutos secos). Natural de Portimão, tinha uma relação especial com o mar. Relação que está espelhada em várias páginas deste livro, como nesta transcrição:

«Vale-me a presença do mar e só posso pensar no mar... Que grande castigo seria passar sem ele! Eu não vivo contente em sítio donde lhe não veja luzir o azul por entre as árvores... É um segundo céu mais sugestivo por certo  do que o outro. A gente do sertão não tem mais do que um céu. e o mais pobrezinho... A proximidade do mar é o único lenitivo possível à torreira do Sol e a aragem que ele bafeja torna-se a bênção do Verão.»

Saindo do livro e voltando à sua vida, há um aspecto pouco singular (ou não... estamos a falar de um republicano e de um democrata que não devia morrer de amores por Salazar), foi o facto de ter vivido o final da sua vida exilado. Desde 1925 até 1941, data do seu falecimento, na Argélia, não mais voltou a Portugal, onde deixara a esposa e duas filhas...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quarta-feira, março 15, 2023

Mais de Vinte Anos a "Mascarar a Realidade"...


O que aconteceu na Madeira, com uma embarcação da Marinha e com 13 marinheiros, que se recusaram a participar numa acção de vigilância, tem muito a ver com estes tempos, em que toda a gente parece ter vontade de "explodir".

Provavelmente os marinheiros irão ser castigados por insubordinação. Mas a partir de agora, vai ser muito mais difícil aos governos e ao almirantado continuarem a "mascarar a realidade". 

Porque, pior que o mau estado de uma boa parte dos navios de guerra da Marinha, é a falta de marinheiros. Cada vez se sente mais a falta de homens e mulheres nas unidades navais, colocando em risco as missões normais de defesa e fiscalização, num país com uma costa atlântica como a nossa...

E se a Saúde e a Educação podem  ver parte dos seus problemas resolvidos através das parcerias público-privadas (tão desejadas pela direita...), às Forças Armadas só resta o Estado. Esse mesmo, que se tornou perito em varrer os "problemas para debaixo do tapete"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, abril 19, 2022

"A Árvore do Poeta"...


Talvez as lendas existam para fintar a realidade. Nunca sabemos muito bem onde começa a verdade e acaba a imaginação e vice-versa.

Claro que o mundo mudou muito, onde antes existiam quintas agrícolas, hoje existem aglomerados populacionais. A árvore podia mesmo ter existido na colina, onde hoje existem vários prédios. A vista continua a ser soberba. É possível ver o mar (e até ouvir as ondas, quando este está mais batido...), apesar de a costa ficar a mais de um quilómetro.

Quando me contaram que naquele lugar havia ali uma árvore, que era "A Árvore do Poeta", a primeira coisa que quis saber foi o seu nome. Disseram-me que só sabiam que ele era poeta, ou seja, com a "lenda" o "mágico das palavras" perdeu o nome verdadeiro, para ir ganhando força e se transformar quase uma personagem universal.

E depois mostraram-me uma frase, que disseram ser da sua autoria:

«Só aqui é possível passar uma tarde, debaixo desta bela sombra, apenas com um bocado de pão, uma dúzia de azeitonas, uma garrafa de vinho, um lápis e um caderno em branco, sedento de palavras...»

Não fiquei nada preocupado com a existência, ou não, de uma árvore, naquele lugar, que continuava a ser tão poético. 

E sim, continuava a ser possível ficar por ali à espera das palavras, empurradas pela maresia ou pelo vento que soprava nos campos...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quinta-feira, setembro 30, 2021

Este Setembro que vai Embora...


Sempre gostei de Setembro (nascer dentro deste mês deve ter ajudado...).

Hoje apeteceu-me visitar a "minha praia" e escutar a voz do mar mais falador que conheço.

Sentado na areal quase deserto, viajei, deliciado, no tempo.

Voltei a correr à beira-mar e a mergulhar no mar selvagem, com os amigos de infância e adolescência, nas férias que duravam de  Junho a Setembro. 

Descobri o sorriso traquina de uma "maria-rapaz", que foi uma das minhas primeiras namoradas e gostava de fazer parte de muitas das nossas brincadeiras. Como também ia para a praia de bicicleta e morava a meio caminho, era normal esperá-la e levá-la a casa, pelo caminho mais longo, à beira da Lagoa...

Quando voltei as costas ao "meu mar" e à "minha praia", sabia que estava a começar a despedir de Setembro.

E como de costume, não esperava grandes coisas de Outubro...

(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)


sexta-feira, junho 04, 2021

1921 Versus 2021


Fiz um jogo com os meus filhos, sobre como seria viver há cem anos. Isso mesmo, em 1921.

Foi um "jogo quase viciado", porque eles já pertencem ao século XXI e se nem imaginam como se vivia há cinquenta anos, mais difícil seria pensarem ainda mais longe...

Foi por isso que só lhes falei de coisas simples. Dos primeiros aviões, de carros mais lentos que os verdadeiros cavalos, de estradas acidentadas que transformavam qualquer pequena viagem numa aventura.

Aquilo que mais os espantou foi descobrirem que há cem anos, apesar de sermos "um país à beira mar plantado", havia muita gente que morria sem ver uma única vez, o mar...

E os domingos, eram dias muito especiais. Era o dia de descanso e da missa, com alguns rituais que hoje já não se usam, como o banho semanal, o rancho melhorado e a existência de uma roupa de domingo. Rituais que fizeram com que soltassem algumas gargalhadas e dissessem algumas piadas.

E não fomos muito mais longe... não falámos por exemplo das elevadas taxas de analfabetismo, nem de como se entrava nas universidades...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Telha)


domingo, maio 09, 2021

Passagem pela Costa de Caparica


O dia esteve estranho de manhã, o Inverno cruzou-se a espaços com a Primavera.


Por não ser um domingo com cara de "dia de praia", aproveitámos para ir ver o mar.



E foi uma boa ideia... As fotografias dizem quase tudo. Aí vão as legendas: o Mar estava bom para fotografar; a Praia estava boa para meter a conversa em dia e sentir a maresia no rosto, ou simplesmente, para ler...


(Fotografias de Luís Eme - Costa de Caparica)


sábado, setembro 05, 2020

Olhar as Berlengas...


Todos aqueles que conhecem a Região do Oeste, sabem que ela tem um microclima especial. Por vezes basta andarmos pouco mais de uma dúzia de quilómetros, para que a temperatura desça dez graus.

Foi o que aconteceu na quinta-feira. Felizmente não havia nevoeiro e era possível olhar as Berlengas, nas rochas que ficam junto ao Cabo Carvoeiro, em Peniche...

(Fotografia de Luís Eme - Peniche)

quinta-feira, setembro 03, 2020

«Não acreditem em tudo o que dizem. Acabei de inventar isto agora»


Por nenhuma razão em especial, lembrei-me de três bons amigos, que gostavam de aquecer as conversas, ao ponto do pessoal das outras mesas ficar a olhar para nós pelo canto do olho, talvez à espera de mais qualquer coisa que palavras.

Mas isso nunca aconteceu, nem aconteceria, porque éramos bons só nos "duelos" com palavras.

Às vezes chegávamos a "ruas" sem saída. Foi num desses momentos que o Gui se lembrou de dizer que a violência e o som do mar influenciava as pessoas, que as gentes que viviam onde o Atlântico era mais batido, eram mais pacatas, olhavam mais do que falavam, ao contrário de nós.

O que ele foi dizer... Foram levantadas logo uma série de questões, que só foram interrompidas quando ele disse, no meio de um sorriso: «Não acreditem em tudo o que dizem. Acabei de inventar isto agora.»

(Fotografia de Luís Eme - Porto Covo)

sábado, agosto 22, 2020

Olá Mar Meu, Azul!


Sei que o Atlântico vai variando, à medida que vamos descendo de Norte para Sul. Varia de tonalidades e também de intensidade.

Aquela que gosto de chamar "a praia da minha vida" (Foz do Arelho) é muito povoada de cinzentos e o mar é quase selvagem, adora fazer-se ouvir.

As águas só começam a mudar realmente de cor, depois do Tejo abraçar o Oceano, já na margem sul. E também acalma, ligeiramente.

Mas é depois do Sado que ele adquire um azul, azul... que vai melhorando, até ficar muito próximo do "azul marinho"... basta que continuemos a descer para Sul...

(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)

sexta-feira, agosto 21, 2020

"Os Cavalos da Praia"...


Há quem goste de passear a cavalo à beira-mar.

E há quem viva dos passeios que proporciona a cavalo, com passagens pelo nosso areal amarelo, sempre com a cumplicidade e (alguns salpicos) de um Oceano vibrante e cantante...

(Fotografia de Luís Eme - Melides)

sexta-feira, agosto 14, 2020

As Nossas "Prisões" de Duas e Três Assoalhadas...


Um dos problemas que o confinamento colocou à maior parte das pessoas, foi o espaço reduzido com que se vive nas cidades... Não foram precisos muitos dias para descobrirmos esta nossa vida, quase de "prisão", fechados nos nossos apartamentos...

De repente lugares quase sem uso, como quintais, por muito pequenos que fossem, assim como algumas varandas, tornaram-se lugares apetecíveis, para se respirar no lado de fora do mundo.

Embora quem viva em vivendas também se possa ter sentido "prisioneiro" - todos perdemos a rua... -, já estou como o outro: "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa".

Todos aqueles que não têm uma segunda habitação, na praia ou no campo, sentiram-se ainda mais "prisioneiros". Nem sequer podiam olhar o calendário e escolher uma data para passar um fim de semana longe deste pesadelo, que como todos já percebemos, veio para durar...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sábado, julho 25, 2020

Ter a Música Oceânica para Adormecer...


Nas últimas duas décadas passei sempre a segunda quinzena de Julho no Sul, por necessidade de mudar de ares e saber que ali tínhamos praia todos os dias, em águas normalmente calmas (ao contrário do meu Oeste, onde a frequência do nevoeiro pode ser agradável para quem está de passagem, mas é horrível para quem quer fazer praia, e do verdadeiro mar, cheio de ondas que encontro na "minha" Foz do Arelho...), o que era essencial para os meus filhos.

Este ano o "lay-off" fez com que a minha companheira não pudesse ter férias em Julho e ainda não sabemos muito bem como vai ser o resto do nosso Verão...

Toda esta prosa, porque esta noite, ao ouvir o vento a soprar na rua, recordei o quanto é delicioso, adormecer com o som das ondas do mar...

(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)

domingo, janeiro 26, 2020

"O Poeta" de "Um Barco para Itaca"


"Um Barco para Itaca", de Manuel Alegre, veio-me ter às mãos. Por ser curto e estreito li-o quase numa penada.

Gostei muito do poema "O Poeta", que transcrevo:

Quando um homem se põe a caminhar
deixa um pouco de si pelo caminho.
Vai inteiro ao partir repartido ao chegar.
O resto fica sempre no caminho
quando um homem se põe a caminhar.

Fica sempre no caminho um recordar
fica sempre no caminho um pouco mais
do que tinha ao partir do que tem ao chegar.
Fica um homem que não volta nunca mais
quando um homem se põe a caminhar

Vão-se  os rios sem margem para o mar.
Ai rio da memória: só imagens.
O mais é só um verde recordar
é um ficar (sem as levar) nas verdes margens
quando um homem se põe a caminhar.


(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)