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quinta-feira, 11 de abril de 2019

CHÁ DAS CINCO: LEMINSKI (HAICAIS)

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tudo dito,
nada feito,

fito e deito


***
viver é super difícil
o mais fundo
está sempre na superfície

***
acordei e me olhei no espelho
ainda a tempo de ver
meu sonho virar pesadelo

***


Resultado de imagem para imagens pés de ameixa carregados


ameixas
ame-as
ou deixe-as

***
tudo dito,
nada feito,

fito e deito


***
viver é super difícil
o mais fundo
está sempre na superfície

***
acordei e me olhei no espelho
ainda a tempo de ver
meu sonho virar pesadelo

***
amar é um elo
entre o azul
e o amarelo

***
a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão

***
nuvens brancas
passam
em brancas nuvens

***
A vocês, eu deixo o sono.
O sonho, não!
Este eu mesmo carrego!

***
Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno.

***
Salve-se quem quiser, 
perca-se quem puder!

***
vazio agudo
ando meio
cheio de tudo



literatortura.com



Paulo Leminski Filho (Curitiba PR 1944 - idem 1989). Poeta, romancista e tradutor. Aos 12 anos, ingressa no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, e adquire conhecimentos de latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Em 1963, abandona a vocação religiosa. Viaja a Belo Horizonte para participar da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda e conhece Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, criadores do movimento Poesia Concreta.

No ano seguinte, publica seus primeiros poemas na revista Invenção, editada pelos concretistas, e torna-se professor de história e redação em cursos pré-vestibulares, experiência que motiva a criação de seu primeiro romance, Catatau (1976). Leminski também atua como diretor de criação e redator em agências de publicidade, o que contribui para sua atividade poética, sobretudo no aspecto da comunicação visual. Fascinado pela cultura japonesa e pelo zen-budismo, Leminski pratica judô, escreve haicais e uma biografia de Matsuo Bashô. O interesse pelos mitos gregos, por sua vez, inspira a prosa poética Metaformose. 
(Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br)

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sábado, 11 de novembro de 2017

CHÁ DAS CINCO: PAULO LEMINSKI


NÃO DISCUTO

não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino

A LUA NO CINEMA

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!


SEM TÍTULO

Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão

Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração

***

LEIA TAMBÉM

CARCARÁ? Que nada. Sou bom velhinho: não pego, não mato, não como. 
Por Orlando Silveira, em "Rapidíssimas"
https://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/11/rapidissimas_10.html#comment-form

sexta-feira, 10 de março de 2017

CHÁ DAS CINCO: LEMINSKI




DESENCONTRÁRIOS



Mandei a palavra rimar,

ela não me obedeceu.

Falou em mar, em céu, em rosa,

em grego, em silêncio, em prosa.

Parecia fora de si,

a sílaba silenciosa.



Mandei a frase sonhar,

e ela se foi num labirinto.

Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.

Dar ordens a um exército,

para conquistar um império extinto.

*** 



Amor, então,

também, acaba?

Não, que eu saiba.

O que eu sei

é que se transforma

numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva.

Ou em rima.


( Paulo Leminski )

***
 LEIA TAMBÉM
 Resultado de imagem para IMAGENS DE MÃO ABANANDO
Pelo amor de Deus, Maria, não seja injusta. Há anos, você não quer que eu lhe compre presente algum. Você não cansa de repetir que eu não sei fazer compras, erro sempre no tamanho, tenho gosto duvidoso e sei lá mais o quê. Por Orlando Silveira

http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/03/e-o-amor-saiu-pela-janela.html#comment-form

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

CHÁ DAS CINCO: PAULO LEMINSKI

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LEMINSKI COM ALICE RUIZ
 (FOTO: ARQUIVO GOOGLE)

BEM NO FUNDO

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.


POESIAS

I

Confira
tudo que
respira
conspira

II

Tudo é vago e muito vário
meu destino não tem siso,
o que eu quero não tem preço
ter um preço é necessário,
e nada disso é preciso

III

Cinco bares,
dez conhaques
atravesso são paulo
dormindo dentro de um táxi

IV

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

V

O pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique


www.otempo.com.br



LEIA TAMBÉM

UMA SABATINA COM O VELHO MARINHEIRO


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Munido de café forte e cigarros, o Velho Marinheiro se trancou no escritório no fundo da casa. Passou a madrugada esboçando respostas para a crise das Forças Armadas, para a degradação moral das instituições e para tudo o mais que lhe parecia relevante. Quando as perguntas chegaram, uma estaca de decepção lhe varou o peito. Era o questionário Proust – brincadeira de salão, popular na Europa do século XVIII. Achou aquilo coisa de boiola. Mas não passou recibo. Por Orlando Silveira

http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/02/uma-sabatina-com-o-velho-marinheiro.html#comment-form

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

CHÁ DAS CINCO: PAULO LEMINSKI




Resultado de imagem para FOTOS PAULO LEMINSKI EREGIS BONVICINO
LEMINSKI (FOTO: ARQUIVO GOOGLE)




EPÍSTOLA A RÉGIS

De: Paulo Leminski
Para: Régis Bonvicino

(*) Este poema-epístola enviado como carta por Paulo Leminski ao poeta e amigo Régis Bonvicino integra um conjunto que, para o último, não só confirma a ideia de dissolução de limites na poesia de Leminski, como também mostra seu processo criativo e sua concepção de poesia.

S.l., outubro de 1977

Paulo, pequeno irmão,
da pequena cidade de Curitiba,
ilha de certeza
cercada de pequenos problemas por todos os lados,
a Régis, grande irmão,
na grande cidade de São Paulo,
cercado por um grande problema

………….

pare de se lamentar
como uma velha carpideira siciliana

esse teu medo de ter secado tua fonte de poesia
é apenas para nos deixar preocupados

eu já te disse
PARA SER POETA
TEM QUE SER MAIS QUE POETA

v. tem que ser um monte de outras coisas mais
senão da onde?
v. vai acabar fazendo literatura de literatura
v. tem que esculhambar mais
pintar mais por fora das molduras
EXISTENCIALMENTE

esculhambe-se vire-se altere dê alteração
considere a possibilidade de ir pro japão
rejeite o projeto de felicidade
q a sociedade te propõe

eu sei
v. é paulista
mas ser paulista não é tudo

rompa

fique mais irregular

seja mais inconveniente

é a linguagem que está a serviço da vida
não a vida a serviço da linguagem

a linguagem vem
sai na urina
acontece

fazer poemas não é a coisa mais importante
mas para quem faz é
e tem que ser assim

o signo é nosso destino
nossa desgraça e nossa glória

uma aranha sempre sabe
que depois desta teia
virá outra teia e outra teia e outra

uma aranha não duvida

v. vê
não há pressa: mallarmé deixou meia dúzia de coisas
augusto idem
não se importe com a frequência/ a fecundidade/ a abundância
uma década pode esperar um bom poema

(*) FONTE: INSTITUTO MOREIRA SALLES


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MALDITOS GATOS. POR CONTA DELES, TOMEI INJEÇÕES, NÃO GANHEI DOCES E LEVEI MUITOS TAPAS NA BUNDA. POR ORLANDO SILVEIRA
 
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