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sexta-feira, 3 de junho de 2011

O olhar

" A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo. Os olhos têm de ser educados para que a nossa alegria aumente. As crianças não veem " a fim de ". Veem porque é divertido ver. Educar é mostrar a vida a quem ainda não viu. O educador diz: " veja! - e, ao falar, aponta. A criança olha na direção apontada e vê o que nunca viu.
O seu mundo se expande. Ela fica mais rica interiormente, ela pode sentir mais alegria e dar mais alegria - que é a razão pela qual vivemos. "
                                                                Extraido do livro: Do universo à jabuticaba - Rubem Alves




Foto: Daniele


Feliz sexta feira pra você!!!
Bjos, :*)  :*)  :*)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O ciúme

" Ela tinha a beleza tranquila da maturidade. Alguns fios de cabelo branco davam ao seu rosto um encanto especial. De hábitos domésticos e simples, um de seus prazeres era assentar-se numa poltrona e entrar na bolha que a leitura cria. Quem lê está num outro mundo, muito distante.
O marido a observava de longe. Olhos que observam são aqueles que olham quando o outro não está olhando. Seu olhar era o de apaixonado que desconfia, olhar de ciúme. Os olhos do ciumento vigiam. Vigiam gestos, movimentos, horas, sorrisos. Vigiam porque as modulações silenciosas e distraídas da pessoa amada podem conter revelações sobre aquilo que ela esta pensando. O ciumento suspeita que o ser amado lhe esconda alguma coisa. Olha na esperança de ver algo escondido, de entrar dentro do segredo do outro. O ciumento detesta os pensamentos. Por mais que os vigie, eles estão além de sua vigilância.
Ele queria adivinhar seus pensamentos. E a sua vigilância se exacerbava quando ela sorria ou ria. Como explicar este sorriso se ele, o marido, não estava dentro do livro? Ela não precisava dele pra ser feliz. Porque ali, mergulhada no livro, o marido não existia..."

"O ciúme nasce quando se toma consciência de que a pessoa amada é livre. Ela é um pássaro pousado no ombro. Nada o prende. Pode voar quando quiser."

   Extraido do livro: Cantos do pássaro encantado                                                                     
          Rubem Alves                                                                                                                                                                                                               

Foto: Carolina Marques

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Filosofia de gato

"Diziam os teólogos de séculos atrás que a harmonia da natureza é o espelho onde os seres humanos devem buscar suas perfeições. O gato é um ser da natureza, então  olho para meu gato como que para um espelho. Não percebo nenhuma desarmonia. Sinto que devo imitá-lo.
Camus observou que o que caracteriza os seres humanos é a sua recusa a ser o que são. Eles não estão felizes com o que são. Querem ser outros, diferentes. Por isso somos neuróticos, revolucionários e artistas. Eu, neste momento quero ter simplesmente a saúde de corpo e de alma que tem o meu gato. Ele está feliz com sua condição de gato. Deitado ao lado do aquecedor, ele se entrega, sem pensar, às delícias do calor macio. Neste momento ele é um monge budista: nenhum desejo o perturba. Desejos são pertubações na tranquilidade da alma. Ter um desejo é estar infeliz: falta-me alguma coisa, por isso desejo... Mas para meu gato nada falta. Ele é um ser completo. Por isso ele pode se entregar ao calor do momento presente sem desejar nada. Isto tem o nome de preguiça!
Preguiça é a virtude dos seres que estão em paz com a vida."


Extraido do livro: Do universo à jabuticaba ( Rubem Alves )



Aproveite o dia...

Bjos, :*)  :*)  :*)