quinta-feira, janeiro 31, 2008

O Green Pepper

Pode um restaurante vegetariano seduzir gourmets habituados à restauração mais sofisticada? Pode. Quem viaja, sabe que sim. Entre nós isso não seria tão evidente, porque embora Lisboa disponha de, digamos, outros três restaurantes vegetarianos que podem ser recomendados a quem os sabe distinguir (a lista é curta por estarmos a falar de um padrão de qualidade sem reticências), ainda não havia nenhum onde pudéssemos levar detractores da filosofia vegetariana sem correr o risco de os ver deixar a comida de lado ou, em situação mais formal, vê-los a comer contrafeitos. É aí que entra o Green Pepper, que completa hoje um ano, e tem, entre frios e quentes, o melhor buffet verde de Lisboa. Se conhece, sabe do que falo. Se não conhece, vá experimentar. Fica na Avenida José Malhoa, n.º 14B. Vai ver que não se arrepende.

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terça-feira, dezembro 19, 2006

Guia Lisboa

O Expresso acaba de publicar um guia de restaurantes de Lisboa, nada menos que 765, número significativo, porquanto respeita à cidade propriamente dita e não à área metropolitana no seu conjunto. Dentro de dias sai outro relativo ao Porto. Se compararmos com o guia Boa Cama Boa Mesa, do mesmo jornal, vemos que, para o país todo, o BCBM refere 466 restaurantes, dos quais apenas 52 são restaurantes do concelho de Lisboa. É fácil perceber porquê: o BCBM tem implícito um critério de selecção. Agora não. O Guia Lisboa, chamemos-lhe assim, pretende-se exaustivo. Inclui a planta da cidade e 13 mapas. E permite pesquisa por género: étnicos (africanos, alemães, argentinos, brasileiros, chineses, franceses, indianos, italianos, japoneses, etc.), com esplanada, com serviço de take away, com música ao vivo, com late service, desaconselhados a crianças, com vista sobre a cidade ou o rio, e os que não aceitam grupos. Apesar das inevitáveis omissões, muito útil. Relativamente a outros guias portugueses, a novidade está nas classificações, obtidas a partir da média de três itens: comida, decoração e serviço. O modelo próximo é o famoso Zagat. Os que não foram visitados pelos autores ou avaliados pelos leitores do jornal, não têm classificação. Desses apenas é indicado o preço médio por refeição, sem bebidas incluídas. Um ícone próprio identifica os que foram visitados por jornalistas do Expresso. Outro ícone assinala o best of. De um modo geral, a informação é correcta: indicações de ambiente romântico ou rústico, formal ou informal, histórico ou in [colunável]; cartões de débito e crédito; estacionamento fácil ou difícil, etc. Abre com seis tops: os 20 «mais», os 20 «por comida», os 10 «por cozinha tradicional», os 10 por «cozinha internacional», os 10 «italianos» e os 10 «românticos». Noto várias bizarrias, a maior das quais é ver classificado em 1.º lugar um restaurante como o Flores, do Bairro Alto Hotel. Classificado em 1.º lugar em duas categorias: no «top 20 mais» e no «top 20 comida». Não se trata sequer do meu juízo de valor. Mas um restaurante que não foi avaliado por leitores do jornal, nem visitado pelos jornalistas afectos ao projecto, como é que aparece em 1.º lugar? Por obra e graça do Espírito Santo? Na entrada respectiva (p. 113), nenhum item está classificado. Mas no «top 20 mais» (p. 9) e no «top 20 comida» (p. 10) vem indicado 18/16/18 [comida, decoração, serviço]. Em que ficamos? A omissão da página 113 é gralha? Tenho na memória um comentário de Eduardo Pitta: «O Restaurante Flores é uma sala pequena no piso térreo. Faz esquina com a rua homónima, tem um chef laureado (Henrique Sá Pessoa), decoração minimal, pessoal simpático, serviço mediano, cadeiras confortáveis e iluminação deficiente. A carta é curta (nada contra), mas nem assim a cozinha levanta voo. É simplesmente correcta. [...] A conta, sem gorjeta, foram 55 euros por boca: água, vinho, prato principal, sobremesa. O couvert é gratuito; o café e os chás foram tomados no terraço e pagos em conta separada.» Na impossibilidade de comentar em extensão e detalhe, vou referir outros dois aspectos. Por mor da ordem alfabética, os restaurantes Galeto e Gambrinus vêm na mesma página. É interessante verificar o sentido da Vox Populi (o rodapé em que os leitores comentam) vs a apreciação crítica dos autores do guia. Sobre o Galeto, a recente ordem de encerramento, por razões de higiene e outras, diz mais do que qualquer apreciação aleatória. Acerca do Gambrinus, publicar comentários como «Ao domingo péssimo [...] Pão com bicho, falta de limpeza dos pratos do pão. Comida de aspecto banal, etc.», parece-me, no mínimo, leviano. Um guia não pode funcionar como funcionam as caixas de comentário dos blogues... Os autores classificam-no com 16/14/17 [comida, decoração, serviço] e depois só publicam comentários negativos daquele que é considerado por muitos (para não dizer que é consensualmente considerado) o «grande» restaurante de Lisboa? Isto da Vox Populi tem que se lhe diga: considerar «Casa do tipo popular» um restaurante como o Bem Disposto, praticamente um clube de tias de Campo de Ourique, não lembrava ao Diabo! Adiante. Outra curiosidade: a Pizzeria Lucca, na Travessa Henrique Cardoso, muito perto da Avenida de Roma, «recebe» um 18 no item serviço. Só pode ser distracção... É que o Gambrinus tem 17, o Valle Flor (Carlton Pestana) tem 16, a Versailles tem 15, a Bica do Sapato tem 14, a Casa da Comida e o Eleven têm 13... etc. Isto dito, o Guia Lisboa, até pelo adequado formato, é um bom instrumento de consulta em matéria de referências práticas: tipo de cozinha, moradas, telefones, dias de descanso, etc. Há coisas que não se compreendem, como o facto da Varanda do Ritz não ter sido visitada pelos autores, e mais estranho ainda nenhum leitor ter avaliado. Afinal, Lisboa não tem outra sala como aquela, nem um bufete daquele nível!

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sábado, dezembro 09, 2006

Os indianos de Lisboa

Lisboa está razoavelmente servida de restaurantes indianos, embora não haja nenhum que possa considerar-se um grande restaurante. Não estamos em Londres ou Nova Iorque. Isto dito, recomendaria cinco moradas:


Cantinho da Paz, rua dos Poiais de São Bento, n.º 4
Casa de Goa, calçada do Livramento, n.º 17
CAXEMIRA, rua dos Condes de Monsanto, n.º 4, 1.º
Shalymar Garden, rua Nova da Piedade, n.º 99, 1.º
Tamarind, rua da Glória, n.º 43

O primeiro e o terceiro são tascas. Por acaso são os melhores. O Casa de Goa parece um refeitório. O Shalymar Garden, situado no 1.º andar do mercado de São Bento, junto ao Parlamento, oferece algum conforto. O Tamarind tem uns toques de pós-modernismo na decoração fria. Nos guias há muito mais por onde escolher, e nem tudo vem nos guias. A selecção da revista Veja inclui doze, considerando o Cantinho da Paz o melhor de todos. Não sou da mesma opinião. Prefiro o Caxemira (não confundir com o Kashmir Tandoori da rua Doutor Gama Barros, que já foi bom, e agora é péssimo, embora, do ponto de vista da sala, continue a ser o mais requintado de Lisboa). O Caxemira, portanto. A família que o gere é ismaelita, oriunda de Moçambique. A sala é pequena: 40 lugares. E a decoração inexistente: dois quadros Kitsch dão uma nota de cor às paredes de azulejo branco. Estamos a falar de uma tasca. Abre de segunda a sábado, das 12:00h às 15:30h e das 18:00h às 22:30h. Fecha aos domingos e feriados. Não tem uma clientela sofisticada, mas ao almoço encontram-se advogados famosos e ao jantar actores idem. A partir das 13:00h é impossível arranjar mesa. Ao jantar é mais fácil. A cozinha é boa e o serviço simpático. Além de pratos goeses, inclui outros do Norte e do Leste da Índia: várias versões de caril, xacuti de cabrito (ou de galinha), vindaloos, peixe recheado, arroz polau, sarapatel, biryanis (o de camarão é excelente), grelhados tandoori, variações korma e karai de pratos de galinha, borrego ou camarão, etc. As chamuças e os bojés são do melhor que se come em Lisboa. O mesmo se diga do nann (apas) recheado de queijo. À sobremesa, prove bebinka, um bolo goês à base de coco e ovos, assado na chapa. O preço de uma refeição oscila entre 12 e 16 euros por pessoa, dependendo do consumo (ou não) de vinho. Fica praticamente na esquina da Praça da Figueira com a rua dos Condes de Monsanto: entra-se por uma porta com um ourives de vão de escada à esquerda de quem sobe. Não tem nada que enganar. Tem serviço de catering: se encomendar, pode dar um jantar indiano em sua casa.

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terça-feira, novembro 28, 2006

Grandezas & Misérias da Invicta


Uma lenda enraizada é a de que a Norte se come sempre bem. Não é verdade. Ele há sítios onde se come bem (cada vez mais raros) e sítios onde se come mal (a larga maioria). Se juntarmos ao défice de cozinha um tipo de serviço muitas vezes simpático mas quase sempe pouco profissional, e se pensarmos que no triângulo Porto-Matosinhos-Leça os preços praticados são iguais aos do eixo Lisboa-Cascais, temos um cenário desencorajador. Vejamos as classificações que nos merecem quatro moradas selectas do Porto:


Porto Novo, restaurante do Sheraton Hotel / 17 valores
Kool, restaurante da Casa da Música / 9 valores
Bull & Bear / 11 valores
Oporto / 17 valores


O restaurante do Sheraton, o Porto Novo (na Rua Tenente Valadim, 146, T. 220404199), reúne várias qualidades: a sala é muito ampla e atravessada de claridade; as cadeiras, eterno calcanhar de Aquiles dos restaurantes portugueses, são confortáveis cadeirões forrados a veludo; a decoração é um curioso compromisso entre estética fria e tons quentes; o ambiente é cosmopolita; a cozinha obedece a padrões de qualidade indiscutíveis; o staff é simpático. Óbice: o serviço é lento e não corresponde ao que se espera de um hotel de luxo. Os preços são altos, mas nada que a concorrência de menor qualidade não pratique. Uma refeição para dois raramente fica por menos de 110 euros, que foi quanto custou a nossa: couvert, água, uma garrafa de vinho (um Shiraz chileno), duas entradas, dois pratos principais, duas sobremesas e um café. Num jantar da semana passada comi tranche de cherne sobre risoto de trufas negras. Estava sublime. O resto, um creme de santola, uma salada verde, tagliatelli de lagostins, um cheesecake de panacota e uma macedónia de frutos tropicais, igualmente muito bem. Mas é preciso dizer que as entradas (a sopa e a salada) chegaram à mesa uma hora depois de nos termos sentado. Numa sala com capacidade para 120 comensais, onde estavam cerca de 30, nada justifica a demora. Registe-se que servem jantares até às 23:30h. Os 17 valores da classificação relevam da qualidade da cozinha e do conforto geral. Outro galo canta a cerca de duzentos metros de distância: o restaurante do 7.º piso da Casa da Música, o Kool (na Praça Mouzinho de Albuquerque, vulgo Boavista, T. 226092876), é um verdadeiro desastre. Resulta bem em reportagem fotográfica... mas in loco parece as traseiras de um estádio de futebol. O piso é feito de material negro, absorvente, que retém os detritos das muitas solas que por lá passam. O efeito é devastador. O arquitecto do Grupo das Lágrimas bem pode limpar as mãos à parede (em cimento cru). A decoração pisca o olho aos anos 1950, com os seus tons laranja e os forros almofadados a napa. A parede de vidro transparente que separa a cozinha da sala dá um ar de promiscuidade ao ambiente. A escultura de Joana Vasconcelos, feita a partir da montagem de centenas de garrafas, não tira nem acrescenta. O chef Augusto Gemelli, de Lisboa, concebeu a ementa e formou a equipa. Um almoço ligeiro, de rigatoni com molho de tomate, pintada recheada de foie gras, mais uma garrafa de água, um gelado industrial, um amostra de tarte tatin e um café, ficou por 44 euros (duas pessoas). A pintada, excessivamente cozida, estaria feita há desoras: chegou à mesa cinco minutos depois de pedida. Salvou-se a extrema afabilidade da empregada que nos serviu, uma sósia de Paula Moura Pinheiro. Não merece mais que 9 valores. O dia foi realmente para esquecer, porque o jantar no Bull & Bear (na Avenida da Boavista, 3431, direcção Castelo do Queijo, T. 226107669), o restaurante do Miguel, como sói dizer-se, é um mito urbano. Quando abriu, há dez ou onze anos, não me recordo exactamente, achei vulgar. Terei voltado, entretanto, mais duas ou três vezes. A impressão manteve-se, os prémios sucederam-se, e a fama em crescendo. Não ia lá talvez há quatro anos, soubera da remodelação de 2005, achei que devia voltar. Para esquecer. Resumindo muito: um caril de camarão sofrível, uma açorda de camarão fria, uma dourada com berbigão a passar-se para o outro lado (o prato foi devolvido). Moral da história: 96 euros por três pessoas (a dourada não foi debitada), sem entradas, uma única garrafa de vinho (o Trincadeira do João Portugal Ramos), água, três sobremesas, um chá e um café. O escanção era muito simpático. Os outros empregados tropeçavam na mesa sem pedir desculpa. Desta foi de vez: assunto arrumado. Fica com 11 valores. A desforra veio com o Oporto (no Largo da Igreja da Foz, 105, T. 226100727), que é, no ambiente informal, porém sofisticado, uma simbiose de dois restaurantes de Lisboa: o XL e a Travessa. Quem conhecia o antigo Chez Dino, junto ao edifício da Alfândega, conhece o proprietário, o estilo e a escola culinária. Mas o Oporto ocupa o triplo do espaço e tem uma decoração mais requintada (digamos que é o amplo salão de jantar de uma casa de campo senhorial... com retratos do Who’s Who portuense nas paredes). Um jantar para seis pessoas, sentadas numa bela mesa oval onde cabiam oito, ficou em 195 euros (ou seja, 65 por casal, e não por pessoa, como de início se escreveu). Toda a gente comeu entradas e prato principal, ninguém ignorou as sobremesas, e só os cafés é que foram cinco. Garrafas de vinho (um Shiraz australiano) foram três. Serviço extremamente atencioso, nível gastronómico médio-alto. Os filetes de pescada (fresca) e salmão (fumado) são um achado. E os profiteroles tão bons como em Paris. Vi entrar gente, e ser muito bem recebida, às 23:55h. Só pode merecer aplauso. Leva os mesmos 17 valores que o Porto Novo, pelas razões que passo a explicar: no restaurante do Sheraton, a cozinha é muito mais criativa, mas a lentidão do serviço “anula” essa mais-valia; no Oporto a cozinha é mais casa de família, mas a qualidade e fluência do serviço “puxa-a” para cima. Daí o empate. Epimítio: o Porto está caro e difícil de decifrar.

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quarta-feira, novembro 08, 2006

A Versailles


Em muitas cidades europeias, a tradição de almoçar em cafés leva mais de cem anos. Em Lisboa também foi assim. Uso o pretérito com intenção: os cafés desapareceram na voragem das agências bancárias e das manjedouras inox. Sobraram quantos? Quatro? Seis? Um deles é a Versailles, casa que a generalidade das pessoas refere como pastelaria. Hoje, conseguir mesa para almoçar na Versailles é mais complicado do que ir ao Pap’Açorda numa sexta à noite. Não é boutade, é factual. E manda a verdade dizer que se justifica plenamente. Então porquê? Porque, numa cidade cheia de restaurantes que dão muita importância ao décor e pouca ou nenhuma à cozinha, praticando preços ao nível das melhores moradas de Paris e Nova Iorque, e oferecendo, em contrapartida, serviço idêntico ao praticado (presumo eu) no Afeganistão e no Burkina Fasso, a Versailles evidencia um saber fazer que só não é decalcado do Gambrinus e da Varanda do Ritz por questões de assumido low-profile. É verdade que o staff da Versailles está habituado a gente conhecida, mas trata por igual eminentes intelectuais e políticos, o par anónimo de namorados que vai curtir o batido, as senhoras do Ancien Régime que assentam arraiais a partir do meio da tarde, bloquistas azougadas e turistas de passagem. Falando agora de coisas práticas. De segunda a sexta-feira, ao almoço, existe prato do dia (a 9 euros). A hora do almoço é animada, a do jantar melancólica. Mas para quem tem de ir a espectáculos que começam às 21h, e fica impossibilitado de jantar a horas decentes, ali tem a certeza de ficar despachado em três quartos de hora. A garrafeira não é emocionante, nem podia ser, porque o vinho mais caro não ultrapassa 25 euros. Vinho a copo custa 1,5 euros. Pode-se pedir champanhe a qualquer hora, isso há. Os bifes altos são os melhores de Lisboa: servem-se em quatro versões, todas a 19 euros cada, com acompanhamento à escolha do cliente. Os bifes baixos, vulgo pregos, são honestos: custam 10 euros no prato, com acompanhamento; ou 7 euros no pão (ao balcão é mais barato). O preço médio dos outros pratos é de 12 euros. Quando há, uma posta de 300 gramas de garoupa do alto custa 15 euros, que é também o que se paga por uma dose generosa de espadarte fresco grelhado. Os apreciadores de peixe encontram, todos os dias, linguado, robalinhos, douradas, corvina e lulas. No Inverno, ao domingo, é dia de cabrito. Além de famosos, os croquetes são excelentes: uma dose de 4, com acompanhamento, custa 7 euros. As chamuças, pequeninas, são iguais às que se podem comer em Moçambique. Não há sobremesas mirabolantes: à pastelaria da casa — a melhor da cidade, opinião corroborada pelo júri da VEJA —, que inclui toda a sorte de bolos e tartes à fatia, junta-se fruta de qualidade. Dependendo das escolhas, o preço médio de uma refeição, para duas pessoas, oscila entre 26 e 39 euros. Mas quem ficar na linha do croquete ou do prego, mais água ou cerveja, e café no fim, come por menos de 11 euros, couvert incluído. O site da Versailles mantém desactualizados alguns preços da ementa. A Versailles está aberta todos os dias da semana, das oito da manhã às onze da noite: serve almoços das 12:00h às 16:00h e jantares das 19:00h às 22:00h. Não fecha para férias. Nos dias 23 e 24 de Dezembro, as mesas dão lugar a um bufete onde toda a Lisboa se abastece da doçaria associada à quadra: Bolo Rei (o melhor da cidade; disponível a partir de Outubro), bolo inglês, sonhos, broas variadas, formigos, rabanadas, fritos de abóbora, coscorões, filhós tendidas, a panóplia dos doces de ovos, etc. Por encomenda também há peru recheado. Nesses dois dias, o balcão assegura o serviço de refeições. No dia de Natal, a Versailles não abre portas. Na Páscoa, o bufete é mais modesto, só afecta as oito mesas do canto à esquerda de quem entra. Mas o corropio social é o mesmo. Por falar em social... A lista dos habitués é extensa, e qualquer observador atento tropeça em personagens tão diferentes como Armando Silva Carvalho, Carlos Nogueira, Carlos Veiga Ferreira, Eduardo Pitta, Eduardo Prado Coelho, Fernando Pinto do Amaral, Fernando Rosas, Gastão Cruz, Inês Pedrosa, João Pereira Coutinho, Jorge Molder, Manuel Maria Carrilho, Maria Filomena Molder, Nuno Júdice, Sofia Aparício, etc. Há poucos anos podia ver-se por lá o clã Soares. Estabelecida desde 25 de Novembro de 1922 num edifício classificado da Avenida da República, a cerca de cem metros da Praça do Saldanha, com metro à porta, a Versailles é um marco de Lisboa.

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