Tinha saído de casa porque não estava lá muito bem. O dia estava frio. Eu também. Era daqueles dias em que vejo muita televisão. Quer dizer, olho muita televisão. E mudo de canais. São quatro. Mas parecem-me vinte e um. Não sei o que está a passar. Olhos fixos nos pontinhos do écran. Tenho o casaco comprido vestido porque não o despi. E o cachecol. Era um desses dias. Daqueles em que vejo muita televisão porque não vejo mais nada. Na rua fazia um escuro danado. Não o distinguia. Como se houvesse um lado de lá e um lado de cá e ambos estivessem pintados com a mesma cor, o escuro. Não havia ninguém àquela hora. Mesmo que houvesse, acho que não ia dar por isso. Percorria a rua do cemitério, a pé, quando me pareceu, Não. Não pareceu. Era mesmo a sonhar. Estava ali sozinho.
Entro na Igreja. Entro no confessionário. São 03 horas da manhã. Está apertado e sinto-me sufocar. Hoje não faz escuro aqui, mas cinzento. Nublado. É um daqueles dias em que me sinto sozinho. E nem tenho vontade de falar comigo. Os padres têm dias assim. Se calhar todos temos dias assim. Por isso, volto-me para Deus e murmuro: “Estás a ouvir-Me!”
Entro na Igreja. Entro no confessionário. São 03 horas da manhã. Está apertado e sinto-me sufocar. Hoje não faz escuro aqui, mas cinzento. Nublado. É um daqueles dias em que me sinto sozinho. E nem tenho vontade de falar comigo. Os padres têm dias assim. Se calhar todos temos dias assim. Por isso, volto-me para Deus e murmuro: “Estás a ouvir-Me!”