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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ENTRE ALEGRIAS E TRISTEZAS, LÁ SE VAI MAIS UM ANO


Edilberto Sena *


O relatório do tempo que passou em 2011 dá um variado balanço para muitas pessoas. Como é natural, houve alegrias e tristezas, generosidades e traições, amores iniciados e amores perdidos, inverno prolongado e verão mais quente do que o normal. Assim por diante, para uns houve mais dores, para outros, mais alegria e agora o ano chega ao fim. Quem sofreu bastante, certamente quer esquecer o quanto antes e alimenta esperança de alegrias e vitórias para o próximo ano, que vem chegando. Mas o relógio do tempo não segue no mesmo ritmo do relógio de pulso ou de parede, nem obedece ao calendário gregoriano, que tem semanas, domingos e feriados. O relógio do tempo tem sua dinâmica própria, não segue a caprichos de reis nem de ditadores. Há quem diga que o tempo é a gente que faz, mas isso tem sentido no aproveitamento dos momentos que a vida oferece. Não tem sentido alguém dizer – não tenho tempo, quando não pode ou não quer assumir um compromisso.

Ninguém é dono do tempo, que é soberano. Mas todos podem aproveitar o momento presente, que é parte do tempo e aí, criar situações positivas, solidárias, amorosas e construtivas. Desta forma, o tempo que não tem ontem, nem amanhã, tem sempre o momento presente, que não se deve desperdiçar. O que será amanhã e o próximo ano não se sabe, embora se possa imaginar. Será melhor do que o ano que termina daqui a pouco? Quem sabe? Tudo vai depender de vários fatores, das opções que cada pessoa tomar, do que as autoridades farão de sua responsabilidade com o bem comum, de como os outros se comportarão diante da gente. Todos esperam o melhor, mas o que é o melhor? É estar de bem com a vida, consigo e com os outros. As crianças são um belo exemplo de como encarar a vida e o tempo. Elas não se preocupam com o amanhã, nem lamentam coisas ruins do passado. São felizes no presente, se lhes atendem as necessidades básicas de alimento, saúde e carinho. Elas sabem o que é bem viver. Olhando para as crianças a gente pode bem encerrar o ano sem lamentar dissabores que tenham ocorrido nos meses passados, que não existem mais. Mesmo que tenham ficado cicatrizes, elas curam e fazem parte da sua história. Também não é sadio criar grandes expectativas para o ano que vem, se ele ainda não veio. Criar grandes desejos pode dar grandes decepções. Infelizes os que fazem filas para comprar o bilhete da loteria da virada, que promete milhões. Milhões serão certamente os frustrados que não ganharão o bilhete da ilusão. Em vez de desejar Feliz Ano Novo, vale mais desejar Bem Viver a cada momento que chega.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.


sábado, 31 de dezembro de 2011

E SE JESUS VOLTASSE A NASCER NA BEIRA DO RIO ARAPIUNS...


Edilberto Sena *


Amanhã será aniversário de Jesus de Nazaré, 2 mil e 12 anos. É natal. Para os cristãos, uma grande festa religiosa, só igualada à festa da Páscoa da ressurreição, do mesmo Jesus Cristo. E para o mundo todo, hoje, com sete bilhões de seres humanos, onde apenas cerca de um bilhão e 300 milhões crêem que Jesus é Deus, o que pode significar o fato desse homem, chamado Emanuel, ter nascido numa cidadezinha perdida do Oriente Médio, hoje em guerra genocida?

Sua presença na terra mudou o mundo? Certamente que sim, pois a partir dele, a humanidade aprendeu que é possível alguém amar sem pedir troca, perdoar sem acompanhar com vingança. Para os Seguidores do Jesus de Nazaré, certamente a certeza é ainda maior, que a vida tem sentido e futuro. Que há um Deus que não castiga, por ser misericordioso.

Jesus nasceu em Belém, terra do pão, cresceu em Nazaré onde viveu até os trinta anos. Ali amadureceu sua vocação rebelde, ao descobrir que a vontade de Deus era ir além das regras e dogmas da religião oficial. Em três anos, inculturado a seu povo e seu tempo, falava em parábolas, linguagem popular, era bem entendido pelo povo simples. Amava os marginalizados, expulsava demônios e curava doentes, além de perdoar os pecadores.

Mas, rebelde que era, ficava indignado com as autoridades, chamava-as de víboras, hipócritas. Não suportava ver os doutores da lei enganando o povo, impondo leis falsas de salvação, criando ritos religiosos que não libertavam os humilhados. Herodes, Caifás, Saduceus, Fariseus, eram os sepulcros caiados, limpos por fora e podres por dentro. Pois bem, amanhã é aniversário deste Deus que aceitou se tornar ser humano igual a nós, menos no pecado, para poder revelar o real caminho de libertação de ontem, de hoje e do futuro.

Mas, que tal atualizar esta memória? E se Jesus decidisse nascer de novo e crescer, agora aqui na Amazônia, à beira de um rio, várzea, ou terra firme, como seria o comportamento de Jesus na Amazônia? Qual seria seu discurso e seu testemunho, ao ver o contínuo desmatamento com grandes fazendas, plantações de soja, e serrarias lotadas de toras de madeira? Como reagiria o mestre ao ver os planos de construção de 38 grandes barragens de rios para hidroelétricas, promovidos pelo governo federal?

Que diria ele ao saber que existem no Brasil 15 milhões de pessoas ricas, muito ricas e 50 milhões de pessoas vivendo na miséria literal? Vendo ele doenças epidêmicas como malária e dengue atingindo tantos pobres ribeirinhos, indígenas e pobres, vivendo em insalubres bairros de periferias? Ficaria Jesus indiferente?

Ficaria Ele preocupado apenas em salvar as almas? Ou seria um profeta mais indignado hoje do que foi na Palestina? Seria ele um Deus assistencialista, ou tomaria atitudes mais firmes diante do descaminho que segue a população da Amazônia? Essas indagações parecem obvias olhando seu comportamento nos três anos de missão pública na Palestina. No entanto, elas procedem porque, ao subir de volta para junto do Pai eterno ele disse a seus seguidores – “agora são vocês que darão testemunho de mim em todos os cantos do mundo”.

Então, ao celebrar amanhã o aniversário dele, seus seguidores não podem ficar apenas cantando o Noite Feliz, ou se comovendo diante do presépio. O mundo hoje, a Amazônia hoje, precisa de testemunhos fortes, rebeldes e coerentes com o mestre que é representado. Feliz Natal, mais uma vez!


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

PASSOU O PLEBISCITO, MAS AUMENTOU A NECESSIDADE DE EMANCIPAÇÃO

Edilberto Sena *


Um terço dos eleitores do Pará quer a emancipação do Oeste do Estado. Um milhão, cento e noventa e cinco mil, 491 eleitores votaram no SIM. Não foi possível desta vez a criação do novo Estado, porque o eleitorado da região metropolitana de Belém, com mais da metade dos eleitores do Estado do Pará, teve o dobro dos votos ao NÃO à divisão.

Com a derrota do sim, variadas reações surgiram em Santarém. Muitos eleitores manifestaram indignação com a falta de solidariedade dos votantes do não. Outros atribuíram parte da derrota aos parlamentares que assumiram liderança tardiamente. Outros ainda, acusam a junção das campanhas Tapajós com Carajás, porque aquela região tem história bem diferente da tapajônica.

Mas, pensando bem, cresceu a consciência das populações do Oeste do Estado da necessidade de emancipação. Não dá mais para continuar à reboque dos governantes da capital, que deixam a periferia do Pará com migalhas e má administração. 98,73% dos votantes de Santarém querem a emancipação. Também a maioria dos votantes do Oeste quer se libertar da má administração de governantes que procuram os eleitores em tempo de campanha e só.

Portanto, a idéia e decisão solitária da prefeita de Santarém, logo após a apuração dos votos, de declarar luto oficial com bandeira a meio pau, é um despropósito, pois luto se usa quando falece uma pessoa querida. Mas a vontade de emancipação do Estado do Tapajós, só cresceu com a oportunidade do plebiscito. A população regional acordou para essa necessidade. Nesse sentido o plebiscito foi um momento bem positivo.

É verdade que também há opinião de que os políticos da região contribuíram bastante para a derrota do sim. Uns por se omitirem, silenciosos, por estarem presos a compromissos pessoais. Outros, porque entraram na campanha tardiamente e buscando tirar proveito próprio. E mais grave, se apossaram da campanha como se fossem eles os heróis. A uns e outros, certamente os eleitores vão dar resposta nas próximas eleições parlamentares.

Também, por isso, há quem proponha que na luta continuada pela emancipação, que não deve parar, políticos de mandatos estejam fora da liderança.

Uma coisa é certa, o Pará não será mais o mesmo depois desse plebiscito. Políticos de fora da região terão recepção negativa nas próximas campanhas, inclusive o governador que nas últimas eleições recebeu mais de 100 mil votos no Oeste do Pará. Ele não poderá mais enganar as populações aqui do sul e oeste do Estado com migalhas e visitas ocasionais. Ele sabe que o ressentimento é grande e sua omissão tem sido ainda mais grave.

Em fim, não venceu o SIM, mas venceu a vontade de emancipação da região, o que é mais importante como politização dos e das eleitoras.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

QUEM NÃO PODE COM O POTE NÃO PEGA NA RODILHA

Edilberto Sena *


Assim diz o ditado popular bem significativo. Em época de campanha política é mais quem ambiciona ser governador(a), prefeito(a) e outros cargos eletivos. E quem não é eleito corre atrás de um cargo
compensador. Depois de eleitos, os executivos passam a dizer aos eleitores que não há verba pra isso e nem pra aquilo. Mas encontram verbas para festejar aniversário da cidade, apoiar times de futebol, etc. As prioridades mais coletivas e para melhoria de vida vão ficando em atraso com desculpa de que não há verba.
Mas os tempos estão mudando, tanto o inverno que já dá sinal de vida e de chuva, como o tempo do conformismo popular. Os produtores familiares da região Santarém-Jaboti estão mandando recado aos
secretários, de infraestrutura, de abastecimento e ao secretário de planejamento, começando por este último.
Quem sabe qual é o plano para recuperar de fato, os ramais dos municipais? Durante o inverno passado a desculpa eram as chuvas. As máquinas ficaram paradas, certamente a verba do orçamento anual ficou
no banco, na conta da prefeitura. Veio o verão, 4 meses com pouca chuva, mas ao ramais não foram recuperados. Os produtores, com razão, querem saber onde ficou a verba do orçamento que não foi usada durante o inverno. E qual é o plano de recuperação dos ramais nestes dois meses de menor chuva?
Prometem diálogo franco, sem subterfúgio, caso contrário os prejudicados vão partir para resistência mais firme. Hoje em dia, o caminho é esse, resistência firme, como estão fazendo os professores do Estado e outras categorias de trabalhadores, índios, ribeirinhos e mulheres. As autoridades foram eleitas para servir aos cidadãos e não para se servir do cargo. Os produtores rurais estão mais que certos. O recado é o seguinte: quem não pode com o pote, não pegue na rodilha.
Já está lamentavelmente comum os políticos em tempo de campanha fazerem promessas e promessas, já sabendo que não cumprirão. A este ponto chegou a falta de ética nas relações dos servidores eleitos com
a administração da coisa pública.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

domingo, 4 de dezembro de 2011

A FÉ QUE MOVE MONTANHAS


Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


Esta é uma afirmação de origem bíblica e foi Jesus Cristo quem a pronunciou. Terá sentido ainda hoje? Quando quem move montanhas são empresas mineradoras e o mercado capitalista globalizado? As montanhas mais comuns hoje são de lucros de bancos e grandes empresas ainda se pode falar de mover montanhas de liberdade?

A religião ainda tem força neste universo em crise geral, em mudança de época quando valores como amor, honestidade, solidariedade são trocados por esperteza, prazer egoísta, ganância e outros anti valores. Quem viu ontem a massa de gente caminhando nas ruas da cidade em frente, ao lado, ou atrás da imagem da mãe de Jesus, quem viu tudo aquilo sem preconceitos, mas com olhar interrogador, deve ter se questionado - o que leva tantas pessoas a essa caminhada religiosa? Durante 4 horas seguidas, ao calor do sol escaldante, um povo caminhou, alegre, descontraído, cantando, rezando ou, simplesmente acompanhando a imagem da santa.

Não era adoração, não era idolatria, mas atitude de carinho e devoção à mãe de Jesus. Como diz a canção -“não és deusa, não és mais que Deus, mas depois de Jesus, neste mundo ninguém foi maior’’. Um descrente respeitoso, ao ver aquela multidão ontem, deve ter refletido - “e eu que não creio, não posso negar que a fé move montanhas e transforma pessoas’’...Por que aquela gente segura na corda, sem machucar os vizinhos? Por que aquela outra carrega um tijolo? E outra, uma perna de cera durante 4 horas pelas ruas da cidade?”... O convite de Jesus Cristo foi de os seguidores porem em prática as nove bem aventuranças, não pediu que rezassem novenas, nem procissões, mas que aprendessem a amar e amar.

Maria de Nazaré foi a pessoa que vivenciou intensamente esse caminho, antes mesmo de ouvir seu filho pronunciar sua convocação. Deus viu nela uma pessoa fiel e a escolheu para ser mãe de seu filho Jesus e ela teve coragem de mudar seu plano pessoal do voto para aceitar a missão dada pelo Pai Eterno. Por isso, é que ela move montanhas , como moveu ontem na cidade, ao puxar milhares de pessoas de todas as idades e variados compromissos cristãos a caminhar 4 horas no sol quente sem receio de se expor. É que a fé move montanhas.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

 

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O COLONIZADOR NUNCA ADMITE QUE O NATIVO TENHA DIREITO

Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


Foi assim ao tempo da invasão portuguesa e continua assim hoje com a invasão dos capitalistas na Amazônia. Recusam admitir que os nativos têm direitos.
O que ocorre hoje no rio Arapiuns entre os indígenas locais e a empresa madeireira é o conflito de interesses entre os nativos que habitam secularmente a região do Maró e sobrevivem dos frutos da floresta e do rio, de um lado, e do outro, uma empresa forasteira que chegou à região há pouco tempo. Ela ambiciona aumentar seus lucros com a exploração de madeiras, vendendo no mercado nacional e internacional com o tal pelo verde.

Os nativos já lutam há anos para que o Estado brasileiro legalize sua identidade indígena, além de suas terras tradicionais e o capitalista, recusa admitir que eles são índios e têm direitos constitucionais. Finalmente a Fundação Nacional do Índio- FUNAI reconhece a identidade do povo da gleba Nova Olinda - eles são indígenas e têm direito às terras ancestrais .

Importante se entender que eles não deixam de ser índios por que uma empresa capitalista contesta; e eles não se tornam índios por- que a FUNAI produz um documento. Quem assume uma identidade é a pessoa. Ninguém é branco, negro e menos ainda pardo, porque o IBGE declara. Aliás realmente é pardo, o que é um pardo? Como ninguém é japonês, ou Francês porque o governo brasileiro ou a ONU declara.

É a pessoa que assume sua identidade, como o pescador, o quilombola ou outro ser humano. Portanto, o que está em jogo hoje no Arapiuns é a ganância do capitalismo em se enriquecer com os produtos das terras dos índios. E ainda há os acólitos incompetentes mas oportunistas que se dizem antropólogos a negar a identidade dos povos indígenas do rio Arapiuns e Tapajós.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

NA AMAZÔNIA HÁ TRÊS REGIÕES METROPOLITANAS, TRÊS INCHAÇOS HUMANOS

Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


Manaus, Belém e Macapá são nacionalmente reconhecidas como metrópoles. Macapá, com 407 mil habitantes, somados com 103 mil habitantes do município anexo de Santana, forma a região metropolitana
com 510 mil moradores. Ali é a capitania hereditária do notável senador José Sarney.
Belém, junto com mais 10 municípios anexos, forma a região metropolitana. Com 2 milhões e 400 mil habitantes, numa integração econômica, política e cultural. Ali é o feudo de outro notável suzerano, o ex- senador Jader Barbalho.
A terceira região metropolitana, com 2 milhões e 107 mil de habitantes é Manaus e seus 8 municípios mais próximos, sendo que a capital só ela, abarca um inchaço de 1 milhão e 8000 mil moradores. É a única metrópole amazônica, que além de moradores tem uma verdadeira indústria, mesmo sendo a maioria, apenas de montagem de peças. Isto por causa da isenção de imposto da Zona Franca. Aí chega Santarém, pode já ser uma metrópole?
Mesmo reconhecido o ousado esforço do ex-deputado e do atual deputado estadual da região, ainda não dá para Santarém ser metrópole.
O significado real de região metropolitana é um grande centro populacional com duas ou mais grandes cidades, ligadas a zona adjacente de influência econômica, cultural e política. Por este significado ainda não dá para a Pérola do Tapajós ser elevada à categoria de região metropolitana, só com os pequenos municípios Belterra e Mojuí dos Campos.
Juntando os três, mal chega a 420 mil habitantes, se fosse só este o critério. Indústrias que é outro critério Além de padarias, olarias e serrarias, Santarém nada mais tem. E Mojuí e Belterra, são municípios
de agricultura de subsistência, exceto a produção de soja, que quase nada deixa de empregos e renda para a região. Mas, o fato de Santarém não ser ainda uma região metropolitana, pode ser uma benção, por ter menor inchaço de bairros, menos crimes, menos agressão ambiental, comparado com Belém, Manaus e Macapá, certo? A cidade ainda pode ter o privilégio de ser uma cidade provinciana, onde carros de boi trafegam emparelhados com carros importados.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A OMISSÃO É CRIME E CAUSA PREJUÍZOS


Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


É grave a situação de uma cidade que cresce continuamente em população e decresce em urbanização. E mais grave ainda quando o poder econômico se impõe e as autoridades se omitem, cometendo crime contra a população atual e do futuro. Santarém, hoje com seus 240 mil habitantes em 48 bairros vive mais esse drama.

Uma empresa vem de fora, se apossa de parte da frente da cidade, constrói propriedade privada em área publica, impede o trânsito de pessoas na área publica. Muitas pessoas se sentem agredidas em seu direito de ir e vir, aumentam as denúncias contra a arrogância e invasão de áreas públicas, por empresa privada, mas as denúncias não encontram respostas das autoridades, que são bem remuneradas para cuidarem do bem comum.

No caso específico atual da empresa transportadora que já se apossou de uma área na frente da cidade e agora é acusada de prejudicar o trânsito de moradores de um bairro além de prejudicar gravemente o meio ambiente, as autoridades que deveriam ser competentes, se omitem. Parecem temer enfrentar o poder econômico.

O ouvidor só ouviu, não resolveu nada. Aliás, como pode uma prefeitura se dar ao luxo de pagar um ouvidor só para ser muro de lamentações? O vereador do partido ecológico garantiu que o projeto da empresa no bairro está normal, porque foi autorizado pela Secretaria de Meio Ambiente, a SEMMA, como se esta fosse eficiente em sua função. O secretário do SEMA, disse que o referido projeto não fere o meio ambiente, apenas destruiu alguma paisagem florística.

Enquanto que os moradores do barro vizinho denunciam os estragos ao igarapé e o impedimento do trânsito das pessoas na estrada pública, mas ninguém atende apenas ouve, ouve e ainda se omite. Afinal, desde quando uma cidade pode ser subordinada a empresas privadas? Desde quando o poder público pode ignorar o Código de Postura? E para que mesmo serve uma ouvidoria, um vereador de partido ecológico e um secretário de meio ambiente? Omissão é crime!, além de que na moral cristã é pecado grave!


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

domingo, 6 de novembro de 2011

E AGORA, PARA ONDE A CORDA VAI ARREBENTAR?

Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


Se o juiz for justo, o governo do Pará terá que cumprir a lei nacional do piso salarial dos professores do Estado, doa onde doer. A terceira tentativa de acordo entre o governo do Estado e o sindicato dos trabalhadores na educação estadual fracassou mais uma vez. O SINTEPP fez nova proposta de pagamento, mas o governo não aceitou. Alega que precisa de ajuda financeira do Ministério da Educação, que já avisou que não tem nada para ajudar, mas a lei tem que ser cumprida. O governo do Estado terá que cortar recursos de outros compromissos e atender à prioridade da educação. Por causa da intransigência do governador estão prejudicados os trabalhadores na educação e mais ainda os estudantes. Estranhamente ocorre a passividade dos pais e estudantes prejudicados. Não reagem, só murmuram e muitos ainda, colocam culpa nos educadores. O governador alega que não tem dinheiro para cumprir a lei. Mas não explica porque da falta de recurso. Não publica quantos assessores com DAS gordos tem o atual governo; quanto o governo gasta por mês com manutenção de frota de aviões e carros do Estado; quanto gasta com diárias de funcionários em viagens nem sempre necessárias. Em outras palavras, quanto dinheiro é gasto em ações secundárias e deixando a educação abandonada. Daí a greve dos trabalhadores em educação ser justa e necessária. O governo está iludindo pais e estudantes, a corda está esticada, para onde vai arrebentar? Está nas mãos do juiz. Será ele submisso, ou será salomônico? Caso ele seja justo, o governo do Estado terá que dar um jeito e respeitar os direitos dos educadores. Nesta hora também, os pais e estudantes têm o dever de exigir justiça para os educadores e para os estudantes.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

domingo, 30 de outubro de 2011

DIÁLOGO FORÇADO SALVA VIDAS DE FUNCIONÁRIOS FEDERAIS


Edilberto Sena *


O governo brasileiro dito democrático, invade a Amazônia e só pára quando forças organizadas exigem respeito. Os indígenas Kayabi, munduruku e Apiacá dão exemplo aos não índios, de como ter respeitados seus direitos. Invadidos pelo governo federal que tem plano de construir hidroelétricas no rio Teles Pires, os povos indígenas, liderados por Munduruku e companheiros, fizeram reféns 6 funcionários do governo e exigiram presença de manda chuvas de Brasília para ir lá nas terras deles para negociar. Sua exigência principal: Não querem barragem no rio que lhes garante a vida. Ou param com o projeto hidroelétrico lá, ou eliminarão os 6 funcionários. O governo federal compreendeu que os índios não estavam brincando e enviou um emissário da presidenta para dialogar. Não se sabe ainda o que o emissário da presidenta garantiu aos resistentes Kayabi e companheiros, mas já se sabe que os reféns foram libertados. Os indígenas esperam que o governo tenha palavra de honra e respeite os direitos violados. Este episódio merece algumas reflexões: a) os indígenas tinham razão e direito de exigir respeito do governo? B) diante da violação de seu território, propriedade, os munduruku e companheiros agiram corretamente ao exigir diálogo direto com representante da presidenta? c) se o governo não tivesse atendido as exigências dos indígenas prejudicados, eles estariam certos em eliminar os reféns? d) Se o governo federal não atendesse ao chamado à negociação os indígenas deveriam baixar a cabeça, soltar os reféns e aceitar a violação de seus direitos? Quem está de fora da questão das invasões do governo federal com seus planos de usinas, em Belo Monte, Tapajós, Teles Pires e outras, pode até achar que os Apiaká, Munduruku e Kaiabi estejam errados, mas só quem já foi ferrado de arraia, sabe a dor que sofre e busca remédio O governo brasileiro precisa aprender a respeitar os direitos dos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, enfim, dos povos da Amazônia. Uma boa lição deram os apiaká e os companheiros aos moradores dos rios Xingu e Tapajós, inclusive Santarém.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém

domingo, 23 de outubro de 2011

NEM SÓ DE DESGRAÇAS E CORRUPTOS VIVE O POVO BRASILEIRO


Edilberto Sena *


150 pessoas, maior parte, crianças se candidataram a receber a operação plástica para corrigir os lábios nascidos com defeito. Oitenta delas e deles receberão o beneficio nestes dias em Santarém. Uma organização chamada Sorriso Brasil, enviou 50 profissionais voluntários, entre médicos, enfermeiros e técnicos especializados para cumprir esta missão humanitária de recuperar o sorriso de crianças e adolescentes. Esse gesto de solidariedade é tão raro que até surpreende e merece aplauso coletivo. O mesmo grupo de médicos solidários vai realizar operação semelhante com 80 crianças do Estado do Amazonas, em convênio com o governo daquele Estado.Tão grandiosa atitude difere de outras notícias que falam de médicos e hospitais que deixam de atender pacientes, por que não tem o dinheiro para pagar, ou de outros que atendem pelo SUS, mas cobram dinheiro extra para fazer uma cirurgia.

Essa equipe de 80 voluntários da medicina a recuperar o sorriso de deficientes labiais, realiza o que, na linguagem do evangelho de Jesus Cristo diz - “Bem aventurados os que têm coração de pobre, por que deles é o reino dos céus’’ . Solidariedade como a dessa equipe Sorriso Brasil, se compara com a dos 5 mil médicos cubanos que foram ao Haiti, após o terremoto no ano passado, para cuidar dos doentes e acidentados. Tais atitudes comprovam que nem só de guerras, negócios, corrupção vive o Mundo e o Brasil em particular. Por causa de grupos solidários assim, é que vale a pena se viver e também ser solidário com outros.

Pessoas e organizações do tipo Sorriso Brasil, dignificam a humanidade e recordam a bíblica passagem do livro do Genesis, quando conta que Javé estava tão indignado com a patifaria de Sodoma que decidira destruir com fogo toda a cidade. Abraão, sabendo disso tenta negociar com Javé. “Mas senhor se houver 100 justos em Sodoma, o Senhor dispensa de destruí-la? Ah! se houver 100 justos eu deixo de queimar Sodoma... senhor, talvez 100 não, mas se houver 80 justos, o senhor salva Sodoma? Salvo sim! Disse javé... Ainda bem que nestes dias Santarém não será queimada, apesar de corruptos e maracutaias que há.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

domingo, 16 de outubro de 2011

MARCHA NACIONAL POR DECÊNCIA DOS PODERES PÚBLICOS

Edilberto Sena *


Finalmente grupos e organizações que amam a ética no Brasil, se levantam contra a imoralidade publica, inclusive em Santarém. A marcha contra a corrupção reuniu ontem vários grupos em várias cidades do país. Foi o grito por justiça e ética nas relações humanas, na administração pública, na defesa do patrimônio nacional. Já não dá mais para se suportar calado e humilhado a corrupção em praticamente todas as esferas do Estado brasileiro.

O desvio de dinheiro público é revelado, comprovado e os políticos “ficha suja” continuam protegidos por seus colegas de parlamento e por juízes de vários tribunais. Criminosos de alta periculosidade são absolvidos, ou seus processos são engavetados, acobertados por advogados competentes, mas antiéticos; aqueles que têm dever de proteger a constituição e os direitos humanos aparecem como acobertadores de crimes do colarinho branco. A corrupção se tornou pandemia no Brasil e no Pará com especialidade.

Prendem ladrão de supermercado, que leva um quilo de arroz, ou bolacha e deixam livre o assaltante do dinheiro público. Quando agora descem críticas à imoralidade de tantos juízes, a corporação vem com fúria ameaçando quem os critica. Por isso, a marcha contra a corrupção ontem foi o primeiro passo.

Não se pode ficar intimidado por associação de juízes que em vez de afastar colegas corruptos, quando muito os aposentam por terem sido injusto.

Não é suficiente, mas é importante esse clamor da marcha em várias cidades. Ela poderá e deverá se repetir e em mais cidades e vilas. Mas não será suficiente. O cinismo dos corruptos está tão forte que outra ação mais radical precisa ser tomada. Uma nova constituição precisa ser construída urgentemente, porém, não elaborada pelos atuais políticos e administradores do Estado, nem mesmo juízes.

É preciso se exigir uma constituinte independente, eleita com pessoas ficha limpa da sociedade civil, só para construir a nova constituição. E o critério essencial para os candidatos à constituinte é o atestado de ficha limpa, incluindo o histórico de seu passado. O Brasil carece de um banho de moralidade. Chega de impunidade!
(13/10/2011)


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

 
 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

SE FRANCISCO DE ASSIS VOLTASSE HOJE

Edilberto Sena *


São mais de 800 anos que já passaram desde que Francisco de Assis viveu na terra. Não se falava em ecologia, nem mudança climática na época. A natureza era mãe, as florestas viviam em paz. O lobo, os passarinhos, e até a lesma podiam conviver, pois os homens e as mulheres daquele tempo não sofriam de stresse. Francisco de Assis descobriu que amar era melhor que fazer guerra; partilhar do que tinha era mais compensador do que acumular bens.

Mesmo a seu tempo, quando o convívio com a mãe natureza era normal entre os seres humanos, Francisco de Assis, ainda foi considerado louco e até rejeitado pelo pai, que era ambicioso e usurário. Pelo fato de abandonar a riqueza do comércio do pai e não ter dinheiro consigo, era considerado demente. Ainda assim Francisco de Assis conseguiu ser feliz partilhando totalmente sua vida com os outros, cuidando da natureza e em convivência intima com seu Deus.

Ele encantou o general mulçumano em guerra com os cristãos perturbou a consciência do papa que não praticava o evangelho que pregava, arrastou milhares de seguidores desde então. Por conta de sua loucura, depois chamada de santidade, Francisco de Assis sobrevive ainda hoje.

No quadro de honra da humanidade Francisco de Assis teve seguidores à altura: Antonio de Pádua, Mahatma Gandhi, Tereza de Calcutá, Irmão Dulce da Bahia e alguns mais. Como Francisco de Assis poucos chegaram a amadurecer sua pessoa, ao ponto de se entregar totalmente ao serviço do amor à natureza, aos semelhantes e a uma convivência tão amigável com Deus. Por isso que de início o chamavam de louco e depois, de santo.

Se Francisco de Assis voltasse hoje e habitasse aqui na Amazônia, com seria seu modo de ser, de rezar, de agir?

Ele encontraria as abelhas sem floresta para fabricar mel, onças comendo gente, ouviria palavras estranhas como crédito de carbono, mudanças climáticas. Também encontraria tantos seres humanos angustiados com a falta de paz. E o que faria ele? Certamente não seria apenas ambientalista, nem acomodado, nem conformado. Como agiria Francisco?

Mas será que Francisco de Assis já voltou? onde está ele, o que faz hoje. Mudou de nome, mas é ele nas formas de Raoni, Antonia Melo, Arno Longo e tantas encarnações luminosas. Ainda bem.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

MAIOR PROVA DE AMOR É PARTILHAR A VIDA COM OUTROS SERES HUMANOS

Edilberto Sena *


Nelson Mandela na áfrica do sul, irmão Dulce em salvador da Bahia, Che Guevara na America latina e tantas outras pessoas ficaram na história por que romperam com o egocentrismo e partilharam suas vidas pelo bem dos seres humanos. Todos eles e elas, conhecendo ou não o pensamento de Jesus cristo levaram a sério a garantia, do mestre-“O maior no reino dos céus, é o que mais serve aos outros aqui na terra”. Esta reflexão chega agora por uma preocupante noticia vinda ao hemocentro da cidade.

Faltam doadores de sangue, apenas foram coletadas 70 bolsas de sangue no hemocentro durante o mês, quando a demanda é de 200 frascos. Mesmo com campanhas constantes, nas escolas, em municípios da região, no rádio e televisão, mesmo assim, poucos são os que respondem aos apelos. Devido a carência, dilataram as idades, hoje desde jovens de 16 anos até adultos de 67 anos podem doar sangue sem risco de prejudicar a saúde.

A demanda de sangue nos hospitais tem aumentado por causa de tantos acidentes e conflitos pessoais. Duas atitudes revelam o outro lado da moeda humana. Quantos seres humanos já precisaram de sangue os hospitais e hoje, com saúde não pensam em levar seu sangue para outros necessitados. São 200 bolsas de sangue que são buscadas no hemopa.

Certamente, as maiorias desses benefiados recuperam a saúde. Quantos voltaram ao hemopa para retribuir a solidariedade? E os jovens de 16,17 anos cheios de saúde mas que não sabem ou não querem assumir que o caminho da felicidade é partilhar a vida. Quem pode partilhar a vida com outros e se nega, um dia pode precisar de sangue e não encontra doador, como reagirá? O amor existe e o maior gesto de amor é
partilhar a vida com outras pessoas.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

TAPAJÓS E CARAJÁS, REALIDADE POSSÍVEL


Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


No dia 11 de dezembro haverá o plebiscito pelo 'sim' ou pelo 'não' da divisão do estado do Pará. "Duas regiões estão em jogo: o sul e o oeste, Carajás e Tapajós", diz o coordenador da Rádio Rural de Santarém, PA.

“Será a primeira vez no país que a divisão de um estado será realizada através de um plebiscito”, diz Edilberto Sena, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Segundo ele, os vários outros novos estados emancipados no Brasil foram feitos através de decisão de cima para baixo, sem participação das populações. “Esta é uma oportunidade importante de politização dos eleitores e das eleitoras para a decisão de emancipar ou não as duas regiões”.

Na opinião de Sena, só crescimento econômico, como existe hoje, não adianta para se criar um novo estado. “O Pará atual é o quarto maior exportador de produtos primários e semielaborados do país. No entanto, é o décimo sexto em desenvolvimento humano, na lista do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. Inaceitável! Com o SIM ou com o NÃO, o povo necessita dar um basta nisso o quanto antes”, desabafa.

Edilberto Sena é padre coordenador geral da Rádio Rural de Santarém, presidente da Rede Notícias da Amazônia – RNA e membro da Frente em Defesa da Amazônia – FDA.


Confira a entrevista.

IHU On-Line – Desde os anos 1950 surgem propostas para dividir o estado do Pará. Como o senhor vê a proposta de criar os estados de Tapajós e Carajás no território do Pará? Quem se favorece com a criação desses estados?

Edilberto Sena – O sonho de emancipação da região oeste do Pará, também chamado estado do Tapajós, é mais antigo que 1950. Já no tempo do Imperador Pedro II se pensava em dividir a grande província do Grão-Pará. Dentre as principais razões para a necessidade de emancipação desta região está a questão da distância da capital (750 km entre Santarém e Belém, 52 horas de barco, uma hora de avião e uma longa viagem pelas rodovias BR 163 e Transamazônica). Além disso, o que mais prejudica a região é o que chamo de ideologia Centro versus Periferia, pela qual o centro se apodera da maior parte das rendas do estado e as periferias ficam com as sobras. Mas nós, que lutamos pela emancipação, temos consciência que variados são os interesses envolvidos no caso: políticos, ficha limpa e ficha suja, grandes empresas, donos de agronegócio, gaúchos e mato-grossenses da soja. Porém, não apenas eles. Em todos os 26 municípios do oeste do Pará, há movimentos sociais, de estudantes universitários, inclusive grupos da Igreja Católica que lutam pela emancipação da região oeste deste estado.

No próximo dia 11 de dezembro haverá o plebiscito pelo SIM ou pelo NÃO da emancipação. Duas regiões estão em jogo no plebiscito, o sul e o oeste do estado, Carajás e . Será a primeira vez no país que a divisão de um estado será realizada por meio de um plebiscito. Os vários outros novos estados emancipados no Brasil foram feitos através de decisão de cima para baixo, sem participação das populações. Esta é uma oportunidade importante de politização dos eleitores e das eleitoras para a decisão de emancipar ou não as duas regiões.

IHU On-Line – Quais serão as implicações políticas e econômicas para a região, caso o Pará seja dividido em outros estados?

Edilberto Sena – Consequências serão várias. Entre outras, a possibilidade das duas populações estarem mais próximas dos centros administrativos, exigindo seus direitos, intervindo nas decisões de interesse coletivo, a possibilidade de se construir uma constituição realmente nova, cidadã, com regras mais participativas da população. Além disso, haverá maior entrada de recursos políticos e financeiros nas duas regiões, se a população desses territórios exercer seu papel cidadão.

IHU On-Line – Como se dará o desenvolvimento social na região caso sejam criados os dois novos estados?

Edilberto Sena – O desenvolvimento social das duas populações será uma possibilidade. Como a concretização dos dois novos estados terá ainda uma longa estrada a ser trilhada, além do plebiscito, se o SIM passar, o projeto vai para o Congresso Nacional e até à Presidência da República. Isso vai levar uns cinco ou, quem sabe, dez anos. Nesse período, haverá oportunidade de envolvimento das populações dos municípios na compreensão do que é participação democrática, de como se construir uma constituição estadual que rompa a ideologia centro versus periferias. Ter-se-á possibilidade de inclusão de artigos que estão na Constituição Federal e que não são postas em prática, como o uso do referendo e plebiscito para decisões importantes do estado, entre outras. O desenvolvimento só será possível com maior envolvimento da sociedade civil politizada. Essa é a grande possibilidade de acontecer no processo de emancipação.

Riquezas naturais são abundantes nas duas regiões, especialmente aqui na região oeste, em que abundam florestas, rios, lagos e minerais. O grande capital está também interessado no novo estado para poder dominar mais facilmente, explorar, saquear, como já faz hoje, mas dominando o poder político. Esse será o grande embate no processo de emancipação e só a intensa politização das organizações populares, que há em abundância na região, poderá controlar o domínio do poder econômico. Só crescimento econômico, como existe hoje, não adianta para se criar um novo estado. O Pará atual é o quarto maior exportador de produtos primários e semielaborados do país. No entanto, é o décimo sexto em desenvolvimento humano na lista do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. Inaceitável! Com o SIM ou com o NÃO, o povo necessita dar um basta nisso o quanto antes.

Há que se enfrentar outro grande desafio: o federalismo brasileiro, extremamente concentrador de poder no governo central. Brasília, assim, trata a Amazônia como uma colônia de exploração de riquezas para aumentar o PIB nacional. Daí, a lei Kandir, de triste lembrança, está aí para sugar as riquezas da região sem trazer desenvolvimento. Como a maioria dos políticos atuais é oportunista e incompetente para defender os interesses de seus eleitores, não os vemos lutarem para mudar este centralismo democrático do país.

IHU On-Line – Como a Igreja se posiciona diante dessa possibilidade separatista?

Edilberto Sena – A Igreja Católica é uma força importante na politização da população. A diocese de Santarém já entrou na luta pela emancipação. Acontece que o Regional Norte II da CNBB é composto de 14 bispos, dos quais seis são das duas regiões que buscam emancipação. Apesar de o bispo de Santarém estar engajado na campanha emancipatória, alguns outros não veem como vantagem lá no sul do Pará. E menos ainda os da região do entorno de Belém. O raciocínio deles é de receio de perda de benefícios para seus irmãos de lá; não se preocupam com as perdas dos irmãos de cá.

Mapa de como seria a divisão dos três estados, e suas respectivas capitais

IHU On-Line – Como os movimentos sociais reagiram diante da possibilidade de criar dois novos estados? Que articulações estão sendo feitas para impedir a criação de Tapajós e Carajás?


Edilberto Sena – Hoje, aumenta a participação dos movimentos sociais na politização da população, especialmente aqui no oeste do estado, onde o sonho de emancipação é mais antigo e as populações são mais nativas. Na região sul, a presença de migrantes predomina, inclusive com ostensivo domínio de grandes empresas, como a Vale do Rio Doce, grandes fazendas e grilagem. Existe mesmo a possibilidade de o SIM passar no oeste e não passar no sul do estado, pois a votação no plebiscito será com perguntas separadas para as duas regiões, de forma que o eleitor poderá votar SIM para o oeste e votar NÃO para o sul do estado.

IHU On-Line – Como ficaria a situação de Belo Monte, no Tapajós?

Edilberto Sena – As hidrelétricas são grandes desastres impostos pelo governo federal, nessa esdrúxula federação em que a presidente se arvora em dona da Amazônia e impõe essas hidrelétricas na região, sem respeitar os direitos dos povos aqui existentes. Agora mesmo o presidente do Ibama, subserviente aos planos de sua chefe, decide permitir o desmatamento de 1437 hectares de floresta, inclusive com 168 hectares de Área de Proteção Permanente, para acelerar a construção do desastre Belo Monte lá no rio Xingu. As hidrelétricas, tanto Belo Monte como as na bacia do Tapajós, não têm nada a ver com a emancipação. Elas são um plano, parte do Projeto IIRSA para atender o grande capital, que já está implantado na região e que a população organizada pode impedir, como já se está tentando fazendo.

IHU On-Line – Como o senhor vê a iniciativa de decidir essa questão através de um plebiscito? Como a população tem reagido à possibilidade de dividir o Pará?

Edilberto Sena – O plebiscito é importante por permitir que as populações se expressem com liberdade. Mais ainda, por ser oportunidade de politização, se as forças formadoras de opinião abrirem debates, seminários, como está acontecendo aqui na região oeste. O Rio Grande do Sul nos deu um grande exemplo, no tempo do governo Olívio Dutra, de que outro modo de administrar a coisa pública é possível. Ele ainda será convidado a vir aqui em Santarém nos dar uma aula do que é possível fazer junto com o povo. Para uns, somos loucos sonhadores de um sonho impossível, por causa do sistema capitalista. Mas nós preferimos nos mirar em Mahatma Gandhi e Nelson Mandela e em seus ideais que venceram contra terríveis sistemas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O TRIGO E O JOIO NO MESMO ROÇADO

Edilberto Sena *


Como é bom saber que nem tudo está perdido neste mundo, nem aqui na região. É importante reconhecer que há projetos que podem levar à soluções positivas duradouras. O governo está promovendo aqui em Santarém um curso de empreendedorismo solidário para jovens. São 320 jovens em 10 escolas estudando técnicas de negócios e cooperativas. Esse sim é um caminho para acabar com a fome e a miséria. Os jovens serão acompanhados nesse curso técnico e prático e com força de vontade dentro em breve estarão criando seu negócio, ganhando sua renda e não precisarão de bolsa disso e bolsa daquilo.

Com projetos assim bem aplicados, o governo poderá alcançar o objetivo do programa fome zero. Este é o trigo bem semeado na roça da sociedade, que certamente não é só em Santarém que está ocorrendo. Em outros municípios, onde os prefeitos têm interesse e responsabilidade, o governo federal está disposto a implantar esse curso de empreendedorismo solidário.

Mas nada é prefeito neste país. Ao mesmo tempo, o mesmo governo federal, inicia outro projeto assistencialista, a chamada bolsa verde. Com esse projeto o governo vai dar uma esmola às famílias que cuidam das florestas nas reservas extrativistas e nas florestas nacionais.

Essa bolsa verde é uma tapeação, cada família vai receber 100 reais por mês, menos que o bolsa família, para não deixar destruir matas e florestas. Imagine só, uma responsabilidade tão grande num tempo em que o mundo todo pede para se proteger as florestas. Até os países ricos liberam vultosas quantias de dinheiro para o governo manter o equilíbrio do meio ambiente, chegam com essa migalha de bolsa verde.

Como pode o governo da 7° economia mais rica do planeta dar uma esmola dessas para quem zela pelo meio ambiente? Isto sim, é o joio do roçado. O que pensa alcançar com tal assistencialismo? Popularidade como o presidencialismo anterior? Que vergonha!


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

DIA DA AMAZÔNIA: APLAUDIR, CHORAR, OU RESISTIR?


Edilberto Sena *


Um grupo de estudantes de 3º ano de nível médio, numa cidade da região Norte, foi questionado pelo palestrante sobre o que chega em sua mente quando ouve a palavra Amazônia. Duas respostas chamaram a atenção, uma jovem, filha de um madeireiro respondeu que na mente dela vem logo a palavra – dinheiro. Um jovem disse que na mente dele vem a palavra – floresta. Outros ficaram calados e pensativos.

Estas são duas lembranças juvenis, que devem ser de tantos outros, jovens e adultos. Nos jovens essas lembranças dependem das influências que recebem de seus pais e de professores com os quais estão em contato diário. A Amazônia, hoje tão discutida, cobiçada, saqueada e pouco defendida, é assunto de muitas notícias, estudos e interpretações.

Hoje a data oficial é o dia da Amazônia. Foi instituída em 2007, pelo então presidente Lula, com a intenção oficial de “com urgência defender a Amazônia e proteger o meio ambiente”. O presidente que a instituiu foi o mesmo que estimulava o avanço do agro negócio na Amazônia e aceitava já o plano da Eletronorte de construir 38 grandes hidroelétricas na região. O discurso era um, para inglês ver e ouvir e a prática já era outra, gerar energia “limpa” á custa dos povos e meio ambiente da grande região.

Com tal mal exemplo federal, não surpreende que, em nome do “dinheiro”, como disse a jovem, governadores da Amazônia sigam a mesma linha. Construir uma grande ponte justamente sobre o patrimônio natural do encontro das águas em Manaus; que estejam destruindo a dinâmica do rio Madeira em Rondônia, com aprovação de seu governador; que a polícia do Pará nunca prenda assassinos profissionais e seus
mandantes madeireiros e grileiros.

Finalmente, apesar do dia da Amazônia, instituído em 2007, quando já tinham sido derrubados 98 mil quilômetros quadrados de florestas e desde lá até hoje, mais 25 mil quilômetros foram derrubados apesar de tudo isso, não se pode ficar indiferente. Daí que se pergunta, no dia da Amazônia o que se vai fazer? Aplaudir? Chorar? Ou resistir? De que maneira?


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.
Obs: Editorial escrito em 05.09.2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CULTURA POPULAR PERDE O RUMO NA REGIÃO


Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


Até os anos 80 a festa do Sairé era um momento de confraternização bem popular. O ritual era preparado como originalmente se fazia. Tudo se concentrava na praça entre a igreja e o lago verde. Era o povo da vila se apresentando para seus vizinhos e uns poucos visitantes da cidade, maioria parentes ou antigos moradores que haviam se mudado para a cidade. Era uma festa bonita na simplicidade. Os festeiros não dependiam de recursos, nem de gente de fora.

Mas os tempos são outros, a maioria dos moradores mudou para a cidade, ou mais longe. Veio o asfalto, veio a fama de ter uma das praias mais bonitas do país, vieram os hotéis e as pousadas. Então a modesta comunidade de caboclos borari, tornou-se balneário. Também, assim como misturaram carimbó com síriá, Alter do Chão misturou a lenda do boto com a festa do sairé. E o que era cultivo de cultura, perdeu a inocência e virou comércio turístico.

Deixou de ser uma festa popular, como ainda é a dança do gambá em Pinhel do Tapajós, para ser um agito colorido para turista ver. Com um detalhe sério, criou - se uma dependência financeira de patrocinadores e do poder público. Neste ano, também as diretorias dos botos estão preocupados com a falta de recursos dos preparativos e arrumação dos coreógrafos. Ambas as diretorias dos botos esperam recursos, tanto do
município, como do Estado. E não é pouco.

Um dos diretores admite que no ano passado, seu boto gastou 270 mil reais nos preparativos. Já a singela cerimônia do sairé, que tornou-se o contra peso da festa, não depende de recursos externos para seu ritual.

Tempos modernos, nem sempre melhores. E se os poderes públicos não puderem liberar 100 ou 300 mil reais, será que os botos não dançam? Os antigos borari e seus descendentes hoje ainda na vila balneária podem estra a dizer - nós éramos felizes e não sabíamos. Pensávamos que o progresso seria para o bem de nossa gente.

Mas depois que bem ali surgiram, os bois e o bumbódromo, as tribos e o tribódromo, também surgiu a necessidade do sairódromo, mas quem manda lá não é o sairé. Como bem diz a cantiga, "o boto não dorme no fundo do rio, seu dom é enorme quem quer que o viu, que diga que informe, o boto não dorme no fundo do rio...". E os botos de Alter do Chão servem muito bem às pousadas e hotéis, aos restaurantes e bares da vila. Para isso, sacrificam a cultura local, transformada em mercadoria.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MINISTRA DO MEIO AMBIENTE SABE, MAS FAZ DE CONTA QUE É INOCENTE


Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


Edilberto Sena, coordenador da Rádio Rural AM de Santarém no Pará e membro da Frente em Defesa da Amazônia (FDA), expressa "a indignação de nós moradores dessa Amazônia saqueada a todo custo e que temos um pouco de consciência ética".


Segundo ele, "faltam com a ética, os funcionários do ICMBIO, responsáveis diretos pelos Parques Nacionais, a Ministra do Meio Ambiente, responsável direto pelo cuidado com o meio ambiente e os recursos naturais, como falta com a ética a presidente da República que abusa de Medida Provisória para garantir a realização das obras do PAC à custa da Amazônia e seus habitantes."

Eis o artigo.


A presidenta Dilma Rousseff assinou uma Medida Provisória (MP 542/2011) imoral, intencional e colonizadora, a MP sobre desafetação de 128.116 mil hectares de floresta do Parque Nacional da Amazônia.

O Parque Nacional da Amazônia, no Pará e Amazonas (criado em 1974) tinha área de 1.089.436 hectares passa a ter um área de 961.320 há. Se parte dessa desafetação é para assentar colonos que já habitavam dentro da área do Parque, ao menos 10.000 hectares serão inundados pela barragem Pimental.

Para nós, da Amazônia essa palavra quer simplesmente dizer diminuição de uma grande área de floresta do Parque.

Além desse corte, a MP também diminuirá grandes nacos de florestas de mais dois outros parques nacionais na Amazônia. Como nascemos, nos criamos e vivemos aqui na região do rio Tapajós, não podemos ficar calados, murmurando na beirada do rio. Precisamos denunciar mais esse grande ato de violação de nossa soberania cultural e territorial.

1. Já o abuso de criar MPs a qualquer intenção da presidente, como se ela fosse alguma rainha de Botsuana, é um desrespeito à constituição brasileira, que define claramente em que circunstância um governante pode lançar mão de uma medida provisória. Ela não é a primeira a cometer tal violação, mas o fato de outros terem já feito, não ameniza seu crime. Espera-se que o Congresso nacional tenha mais respeito à constituição nacional.

2. Além disso, chegou nestes dias uma notícia do Rio de Janeiro que encheu mais ainda nossa indignação. Durante um encontro de cooperação ambiental entre os governos brasileiro e norte americano, a senhora
ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira teria negado “que a alteração nos limites dos parques nacionais da Amazônia, de Campos Amazônicos e Mapinguari, tenha como objetivo permitir exploração mineral no entorno dessas áreas”. Tal resposta da senhora ministra do meio ambiente pode ser forma capciosa de desviar a atenção de seus interlocutores. Ela não explicou os motivos reais das tais desafetações de florestas. Provavelmente a razão não seja mesmo interesses por exploração mineral. Mas certamente há outras razões.

3. Tomemos uma só para exemplo de análise do objetivo da MP de desafetação, o caso do Parque Nacional da Amazônia, no município de Itaituba. Primeiro, pela Constituição brasileira, um Parque Nacional é uma Unidade de preservação permanente e nem uma presidente da república pode por conta própria, violar um Parque nacional. Já isto merece uma censura judicial. Portanto, qualquer que seja a motivação do governo, a senhora ministra do meio ambiente não tem direito de ignorar esse preceito constitucional e não pode permitir que sua superiora cometa tal arbitrariedade.

4. Mas, a MP da desafetação tem outro objetivo mais grave, prevenir os conflitos com a lei na hora da inundação de grande parte do PARNA pela barragem de Pimental/São Luiz do Tapajós. Já os estudos da
Eletronorte calculam que com a referida barragem, serão inundados cerca de 10.000 hectares de floresta no Parque Nacional da Amazônia.

Como o desastre Belo Monte já causa vários processos do MPF na justiça federal, os maquiavélicos subordinados da presidenta obstinada pelas hidrelétricas na Amazônia, simplesmente decidem prevenir os conflitos seccionando o PARNA. Isso, a senhora ministra do meio ambiente que teria o dever de zelar pelo patrimônio nacional, evita de dizer. Porque se admitisse isso estaria em contradição.

5. E aqui a indignação de nós moradores dessa Amazônia saqueada a todo custo e que temos um pouco de consciência ética. Faltam com a ética, os funcionários do ICMBIO, responsáveis diretos pelos Parques
Nacionais, a Ministra do Meio Ambiente, responsável direto pelo cuidado com o meio ambiente e os recursos naturais, como falta com a ética a presidente da República que abusa de Medida Provisória para
garantir a realização das obras do PAC à custa da Amazônia e seus habitantes.

6. Não se pode calar, nem nós da Amazônia, nem os e as brasileiras que respeitam a constituição, defendem os povos da Amazônia e o meio ambiente. Não podem sancionar essa imoralidade os membros do Congresso Nacional que devem julgar essa maldita Medida Provisória do saque dos parques nacionais.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CAPITALISMO EM PROFUNDA CRISE, QUEREM PASSAR A CONTA AOS TRABALHADORES



Edilberto Sena *
edilrural@gmail.com


Como sempre tem ocorrido na História, nos momentos bons os empresários aumentam seus lucros. E quando chega momento de crise, os prejuizos são pagos pelos trabalhadores e a juventude em especial. Hoje, porém, o carneiro resolveu chifrar o dono. As greves e revoltas estão pipocando para todo lado. No estrangeiro as rebeliões se espalham, da Tunísia, à Grécia, da França à Inglaterra, correndo também na Espanha e Portugal.

No Brasil, se multiplicam os protestos, as greves e as ocupações de rodovias. As greves no setor da educação, vão hoje desde uma convocação nacional até ao mobilização no Município de óbidos, de Santarém até Belém. As ocupações de terrenos vazios se espalham em Santarém, porque o número dos sem teto aumenta a cada dia; gente que vive em aluguel, gente que vive com família na casa do pai ou do sogro. Estes procuram u meio de sobreviver.

Os governos estão como barata tonta, tanto nos países violentados pela crise financeira, como no Brasil, que aparenta estar fora da crise mundial. As autoridades estão encurraladas pelas várias formas de manifestação das populações. Como afirma a Bíblia sagrada - "não podeis servir a dois senhores, pois amareis a um e desprezareis ao outro". Os governos tentam fazer o que né impossível, servir aos banqueiros, grandes empresários e ruralistas e ao mesmo tempo querem enganar trabalhadores com migalhas de micro crédito e financiamento de longo prazo de geladeiras e automóveis.

Como não se pode servir a dois senhores o resultado é o que alerta a Bíblia, um deles ficará frustrado e revoltado e no caso do Brasil é a classe trabalhadora a enganada. Faltam empregos, congelam salaries de servidores públicos, não cumprem os programas minha casa minha vida, impõem grandes projetos para garantir mais lucros de empreiteiras e Bancos.

Daí as greves, as ocupações e bloqueios de ruas e rodovias. Como na Inglaterra e na Grécia, os governos federal, estaduais e municipais ameaçam os revoltados, mentem ao povo , mas as reações se multiplicam. O vandalismo social é das autoridades e não do povo. Este apenas descobre que não pode mais ser o pagfador dos prejuízos do capital semvagem e está reagindo furiosamente.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.