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domingo, 24 de julho de 2011

PARA IR. GERHILDE

Marcante
marisia_moura@hotmail.com


     Elas se vão, ficam muitas vezes no esquecimento. São até pessoas queridas, boas e virtuosas. O tempo vai apagando as lembranças e o tumulto da vida ajuda a enterrar.

     Com você boa Gerhilde, foi diferente. Você fez a diferença! Você era aquela sem cerimônia, aquela que sempre chegava, aquela que naquelas horas estava lá. Aquela que sem escrúpulo nenhum, sentava à cama de prostitutas, de um sarnento, de um tuberculoso e se banqueteava com aquele café ralo, frio e com pó. Sorria que nem criança com o que ouvia contar.

     Despojada das vestes como aconteceu um dia, chegar no convento sem véu, por ter cedido a um bebê desnudo com frio. Como me lembro de você... Quanto tinha que agradecer de maneira melhor o que recebi. Quanto incentivo tive, quando montei uma escolinha em casa.

     Você era divertida e até irresponsável. Lembro-me de tê-la visto entornar 4 comprimidos de vez, quando deveria ter tomado no decorrer de um dia. Tomava e dizia: - Não faz mal. Achava bonito a minha maneira de ser – e eu a invejava!... Assim são os Santos... Considero a irmã, Gerhilde uma grande e santa mulher!

     Toda sua vida foi voltada para os humildes. Junto dela me sentia uma pessoa melhor. Ela dava ânimo a todos. Nunca a vi escandalizada com nada. Tudo era natureza, tudo era divino.

     Foi assim que a vi.

     Se no céu tudo são flores, pede a Jesus por nós pecadores. Pede com fé, aí tudo está bom. Mas aqui, a luta continua.

     Gerhildes, cada vez mais difícil. Há um jeitinho, dribla Jesus, agarra Maria e de quando em quando vem cá.


domingo, 29 de maio de 2011

PARA VOCÊ …

Marcante
marisia_moura@hotmail.com


          Rocha forte. De ti o granito foi extraído. De ti saiu toda a força, para erguer este imenso monumento humano que és tu.
          Mãos macias, delicadas tocam a dureza do teclado para conseguir melodias suaves, que vão até a alma. Forte no timbre de voz a descrever sutilezas do cotidiano.
          Incapaz de machucar uma flor, mas decidida a pisar forte na defesa dos que a amam.
          Poderia te chamar, montanha russa! Subindo para alcançar o longe e descendo para permanecer com o pé no chão, pois é disto que gostas.
          As vezes faz coisas bobas, para angariar confiança do tímido e tolo como eu...
          Aonde anda tal criatura?
          O que estais a fazer?
          Aqui, bem dentro de mim, pergunto.
          A resposta está aqui:
          - Aqui estou, eis a tua Monstra.

domingo, 3 de abril de 2011

SOPRO DE DEUS

Marcante
marisia_moura@hotmail.com


Quando tudo acabar, quando nada mais restar... Tentarei me agarrar no sopro de Deus. Aí quem sabe, fiz a coisa certa e darei certo. Esta será com certeza a melhor e mais acertada opção. Agora nascerá em mim só confiança, paz, equilíbrio e tranqüilidade nas coisas que são minhas.

O sopro de Deus, é o que há de mais forte e eficaz. Com ele organizei toda a minha vida!...

Mas, se digo: Quando tudo acabar e nada mais restar. Eu também me fui...

Ai coitadinha de mim, não vou ter forças para me agarrar no sopro de Deus. E também será o meu término.

Surgirá alguém para me dizer: Sua boba! Nada de fim.

O sopro de Deus é vida!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

BESOURO FELIZ

Marcante
marisia_moura@hotmail.com


Na negritude do seu corpo trêmulo, barulhento e nervoso; o seu realce na folhagem verde claro, chegava a ser estranho.
Besouro triste...
Agitado...
A batalhar sozinho pelo que é seu. O que é seu aparentemente é tão pouco! Mas para ele é tudo!
Para achar sua cara metade, ele tinha que fazer toda aquela algazarra, ser notado. Deu certo, instantes depois, eis que surge infinitamente sem graça alguma “para nós”, sua amada, a razão de todo aquele sofrer.
Juntos se tocaram, rodopiaram um em volta do outro, a festejar a vida boa!
O espaço era seu aliado.
Juntos se foram... Eu não mais os vi!...
Para eles isto também não importa.
Para mim, ficou a grande lição.
Como somos dependentes do amor verdadeiro.
Daquele que acrescenta, daquele que busca no outro, a sua razão de viver...

domingo, 21 de novembro de 2010

MORTE E VIDA



Marcante
marisia_moura@hotmail.com


Hoje, estou mais perto da morte do que ontem!
Morrer, é viver outra vida.
A ausência total da morte está na vida.
E assim vai...
Duas palavras fortes.
Tão diferentes!
Tão opostas!
Tão iguais...
Morte e vida.
Viver e morrer.
Até a conjugação é a mesma.
A plenitude da vida é finalizada com a morte.
No número de letras, a morte vence a vida.
Nenhuma letra da morte bate com as letras da vida.
A verdade é que: Todos nós nascemos, e todos nós haveremos de morrer.
Isto é vida!...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

SENTIMENTO



Marcante
marisia_moura@hotmail.com


Te quero ainda mais, depois de tanto tempo...
A tua nobreza me cercou por todos os lados.
A tua fragilidade me dá forças de um gigante.
Tu és o meu escudo forte.
És a herança deixada para nossos filhos e netos.
A lembrança do que fomos, hoje se foi...
Resta-nos bem vivo e forte, que aqui estamos.
Um para o outro,
Verdadeiramente tornando-nos um.

Com amor,

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ENFIM ALIVIADA.



Marcante
marisia_moura@hotmail.com


Difícil saber, se é a dor que no escuro me consome...
Se é a tristeza, que debilitada me assume.
Ou esta dor de dentro que não quer sair.
Ah! Eu não sei...
Só sei que juntas, elas são muito fortes!
Falta-me ânimo, determinação.
Perco a noção de como combatê-las.
Quem sabe, correr sem rumo, ou ir de rumo certo. Aos seus braços jogar-me e contar-lhe tudo!
E ouvir de você, que tudo passou.
Que o escuro se foi, porque a luz brilhou.
Que, de tão fraca, a tristeza não agüentou.
E a dor, forte de dentro, as acompanhou.
Agora existe somente, um imenso escudo, um grande elo a nos proteger.
Eu e você, amor sem fim e forte.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

VIRA E VOLTA


Marcante


No vira e volta,
No volta vira,
Só eu voltei.
No volta e vira,
No vira volta,
Só eu fiquei.
No vira volta, você surgiu,
No volta vira, você sumiu.
No vira volta,
No volta vira,
Só eu fiquei!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

DESILUSÃO



Marcante
marisia_moura@hotmail.com


          O castelo ruiu, e o vento varreu tudo em volta – acabou!
          O que era, deixou de ser... E o que deixou de ser, nunca foi...
          Fico a procurar dentro das ruínas, algo que identifique você, mas, não vou achar nunca, porque no momento exato da queda, você correu. Correu, mas não escapou, foi varrido também pelo forte vento.
          - Ai que dor tamanha!
          Como me consome esta dor!
          Recordar, é a minha melhor maneira de fugir, ao que irremediado está.
          Vejo você ainda com esperança do melhor.
          Vejo você ainda como desejaria que fosse no contexto certinho da vida.
          Como posso abandonar se um dia me senti cativada?
          Como faço morrer o amor de vez em mim?
          Dizem os sábios, que o verdadeiro amor nunca morre. Ele adormece e adormecido vai ficar. O lugar no coração vai permanecer. Mas naquele exato lugar algo secou.
          Castelo, farei outro dia, quando conseguir com muito afeto, regar cautelosamente este pedaço seco, dentro de mim, que é você.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

NEM TUDO PASSA



Marcante


    Tudo passa na vida...
    Só o meu cansaço permanece.
    A única coisa que resta em mim com muito vigor, energia e fortaleza é o meu cansaço.
    O cansaço quando não está arraigado é novato em nós com um simples banho e um acolhida ao leito, ele se vai.
    Realmente ele se vai... mas volta! E como volta, com força total, desafiando até a alma.
    O pensamento se vai, a força corporal se agita, para em seguida minguar. O corpo cai inerte a tudo em volta. Só sei balbuciar, - Estou cansada. Cansada de mim mesma... Do mundo redondo, tão quadrado. Das festas iluminadas de rua, tão escura, para a criança pobre! Da orquestra tão rica em ritmo e cordas, com meu violino surdo que nunca toca...
    Jamais vou me livrar dele. Sabe por que?
    Eu sou o cansaço maior!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

SAUDADE



Marcante


O tempo que passou ontem, foi muito rápido para curtir, a saudade que era muita! O tempo curto, não ajudou.
Pudesse eu, juntar dois dias em um, aí talvez quem sabe, ela diminuísse, ou não?

- Acho que não, com mais espaço, ela me contaminaria ainda mais.

Vejo você em tudo! Até deixei de ser eu. Agora passei a ser também você.
A saudade aí, fica dobrada. Ela chega a ser gostosa mas dói muito, e como dói!

Trancafiá-la não posso. Não tenho depósito grande demais que lhe caiba. Comprimi-la em vasilha menor, aumentaria sua dor e saudade já dói, quanto mais comprimida.

Acho que vou me lançar a ela e formar um bolo só. Aí não seria só saudade e sim desespero.

Será eu e ela somente.

Então, não haveria, mais dor e sim saudade imensa!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

RELAÇÕES FRATERNAS



Jaime Sidônio
(psjaime7@hotmail.com)


Quando Jesus chamou os seus seguidores, ele os chamou, em primeiro lugar, para estarem com ele, para estabelecerem uma profunda experiência de relacionamento fraterno – vocação para a amizade. Em segundo lugar, chamou para enviá-los em missão, para anunciarem com Ele o Reino de Deus – vocação para a missão apostólica. “Jesus subiu ao monte e chamou os que desejava escolher. E foram até ele. Então Jesus constituiu o grupo dos Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar...

O seguidor ou discípulo é alguém que se compromete a seguir Jesus Cristo na amizade e na missão inseparavelmente. A missão é fruto da amizade, pois não se pode seguir Jesus sem se identificar com seu projeto, sem fazer de sua tarefa a própria tarefa.

Se contemplarmos atentamente os textos do Evangelho que se referem ao chamado ou à confirmação do chamado, vamos perceber que é marcante a unidade entre amizade e missão. O Evangelho mostra que o discípulo é sempre um amigo. “Eu já não chamo vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que o seu patrão faz; eu chamo vocês de amigos, porque eu comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15). Essa é uma profunda experiência de afeto entre Jesus, o Homem-Deus e a pessoa. É algo quase incompreensível, algo que arrebata e faz silenciar. Jesus revela aos seus amigos a intimidade, os segredos de amor que são a vida na Trindade. É uma incrível prova de confiança.

terça-feira, 4 de maio de 2010

AMOR



Marcante


Do amor chocolate ao amor amor, a diferença é tremenda... Muito usada a palavra amor. Por que banalizá-la? Na expressão exata, realmente o amor é tudo. É tudo de bom, grande, generoso, digno, fiel, forte, etc...
E aqui ficaria a adjetivá-lo páginas inteiras.

O amor é simples, basta que brote de dentro de nós. Não é preciso camuflá-lo, pois, ele é verdadeiro, limpo e transparente. Quem ama verdadeiramente, trás sempre consigo este olhar transbordante de amor. Quem se deixa levar por este amor, se contamina, passa adiante e não consegue ficar só para sim, com tanta dádiva!

Distribuir com todos indistintamente, passaria a ser amor perfeito.
Vamos lá. O dia passou, a tarde foi longa, a noite se fez quieta.
Acordemos agora!
É tempo de adotar este amor.

segunda-feira, 29 de março de 2010

ERRO



Marcante


Quero que a vida siga o seu curso sem que eu atrapalhe.
Quero viver minha vida, fazendo com que outros também possam vive-la.
Escolhi para mim o meu caminho...
Se foi bom, maravilhoso ou péssimo, foi escolha minha!
Não é justo arrastar comigo ilusões de outros, se o meu quinhão já foi ingerido.
Os anos voam, a gente nem sente...
A mágoa machuca e fere. Mas, o que foi bom, é gostoso de recordar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

DIVINA IRONIA



Padre Beto
www.padrebeto.com.br


Um missionário procurava transmitir a mensagem cristã para os nativos de uma ilha do Pacífico. Ao tentar traduzir alguns textos bíblicos, o homem se deparou com uma dificuldade: a “esperança”. Esta palavra não pertencia ao vocabulário dos habitantes da ilha e o missionário não conseguia encontrar outra palavra que possuísse um significado pelo menos semelhante. A dificuldade permanecia até o dia em que o filho do missionário veio a falecer. Aquele homem de profunda fé enfrentou, então, a difícil tarefa de enterrar seu próprio filho. Durante o sepultamento, um jovem nativo da ilha observava o missionário com muita atenção e depois que todos tinham voltado para casa e o missionário estava sozinho, o jovem se aproximou dizendo: “O senhor acabou de enterrar seu próprio filho, mas em nenhum momento o senhor demonstrou desespero. Se fosse um dos pais de nossa tribo, ele estaria aos prantos!” O missionário olhou com certa admiração a coragem do j! ovem ao fazer o comentário e disse: “Eu estou profundamente triste com a partida de meu filho, mas estou convicto que nós nos veremos novamente!” “Ah! Eu sei”, comentou o jovem, “vocês possuem a capacidade de olhar além dos horizontes!” O rosto do missionário imediatamente se iluminou, ele havia finalmente encontrado a tradução certa para a palavra esperança: “olhar além dos horizontes”.

Muitas vezes, afirmamos que “a vida nos prega peças” ao nos surpreender com o desenrolar inesperado das situações, ou então, quando imaginamos entender o momento que vivemos e mais tarde nos deparamos com outro significado. Muitos utilizam a expressão “ironia do destino”. Eu acredito profundamente que o destino no sentido de vivermos em um determinismo inevitável não passa de uma ilusão humana, uma ótima desculpa para a nossa incompetência ou uma fácil consolação para situações não desejáveis. A ironia da vida, porém, é um fato quase que cotidiano e possui uma função extremamente benéfica. Ela não somente pode ser interpretada nos fatos e acontecimentos de nossa vida, mas pode tornar-se uma marcante atitude humana. Seres humanos também podem ser irônicos. Por sua vez, a ironia como atitude humana é confundida normalmente com falta de educação, expressão de frustração ou atitude de quem quer ser “estraga prazeres”. Mas se prestar! mos bem a atenção, geralmente a pessoa irônica possui um humor muito inteligente e uma grande lucidez diante das situações da vida.

Ironia vem do grego “eróneia”, palavra próxima de “eromai” que quer dizer perguntar, questionar, ir à procura. Ironia é, a princípio, uma figura de linguagem, ou seja, um modo de exprimir-se que consiste em dizer o contrário daquilo que se está pensando ou sentindo. Geralmente esta atitude surge da não conformidade com situações, posturas, mentalidades ou com a ignorância dos demais. Ironia é, portanto, uma postura que procura de uma forma não dogmática libertar situações e pessoas de interpretações pobres, unilaterais ou preconceituosas. O irônico nunca é conformista e dificilmente aceita respostas prontas e fáceis. A grande habilidade da pessoa que utiliza ironias é conseguir tornar relativas e questionáveis visões de mundo absolutas e superficiais. Desta forma utilizava Sócrates a ironia como um meio crítico e pedagógico para levar as pessoas ao reconhecimento de sua ignorância e a necessidade de buscar melhor fundamentação para s! uas idéias e conhecimentos. O escritor espanhol Jorge Semprún faz um de seus personagens incorporar o método socrático, quando este afirma a um de seus opositores: “companheiro, permita-me que lhe faça sua autocrítica!” Voltaire foi um mestre das expressões irônicas e chegou a escrever uma história universal da Ironia, na qual procura fundamentar a idéia de que qualquer fundamentalismo leva à intolerância e um bom remédio para resgatar a lucidez seria a divina ironia. “O ser que é ser transforma tudo em flores.../ e para ironizar as próprias dores/ canta por entre as águas do Dilúvio” (Cruz e Sousa). Para Heine, a ironia possui a função de combater o ilusionismo e levar as pessoas a pensarem melhor sobre suas posturas e atitudes. Justamente nesta linha de pensamento, podemos abstrair esta figura de linguagem, algo tipicamente humano, e enxerga-la no desenvolvimento da própria vida. Situações tornam-se irônicas, quando desestruturam nossa visã! o linear sobre o mundo, nossos preconceitos diante dos outros e nos re tiram do comodismo mental. Sem dúvida alguma, como a ironia é uma provocação sutil e perspicaz, é necessário um grau de raciocínio para detectá-la e aprender com ela. Com certeza, a vida é irônica, porém muitas pessoas não possuem o necessário senso critico para perceber sua ironia e repensar sobre seu próprio modo de viver. “Uma montanha tinha dores de parto; e pelos seus terríveis gemidos, havia na região grandes expectativas. Por fim, a montanha acabou parindo um belo e frágil ratinho” (Fábula de Fedro). De qualquer forma é importante estar atento quando sentimos um desconforto diante das situações da vida ou quando somos pegos de surpresa. A melhor forma de aprender com a ironia dos outros e da vida é não perder o bom humor e manter a distância necessária para a reflexão. “Silêncio: os nove décimos da sabedoria” (Honoré de Balzac).

segunda-feira, 1 de março de 2010

DORES



Marcante


Dores da vida.
Dores que voltam, que passam e que ficam.
Dores doídas, que não sei de onde vem...
Dores da vida, todas reunidas, como que perdidas, esperando por mim...
Com elas vou longe... e me perco também. Me perco do mundo e do seu desencanto, me lanço no escuro e nem sei pra onde vou!...
Agora acordei e a dor está de volta. É só ela que vejo em volta de mim! Me ensina de vez a ser tua amiga, pois mesmo doendo, é só tu que estais aqui.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

PONTO DE PARTIDA

Marcante


Voltei ao ponto de partida, e aí me dei conta de que nunca parti.
Até andei, viajei, me distanciei, mas todo o meu pensamento e ser, ali estava, naquele ponto, só meu, onde só eu habito involuntariamente.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

ENFIM... NATAL!

Marcante


Da janela do meu quarto, também era Natal.
Luzes a piscar coloridas e cristalinas, davam a impressão que tudo caminhava em perfeita harmonia. Do outro lado porém, já não havia tanto esplendor!
Corações angustiados e vingativos se enfrentavam, anulando o Natal dentro de si. Coisas terríveis aconteceram. Apesar de fatos incríveis ocorrerem, podia se dizer que também era Natal. Natal é paz, para quem com ela está.
É luz, para quem ainda não perdeu a esperança. É amor, para quem sabe vivenciá-lo.

O Natal está se tornando uma epidemia popular. Feliz Natal! Bom Natal! Será, que só balbuciar ajuda? Não sei, talvez ajude...
Vivenciar o Natal é dar de si o melhor para quem tem o pior cada dia. É tentar transformar a dor em amor.
Tarefa difícil.
É não ir com a onda.
É olhar os lados.
É tentar mergulhar nos braços Daquele, que se deu a nós, com a única esperança de ver entre seus filhos dias melhores.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ABAJUR VERMELHO

Marcante


Recebi de um grande e fiel amigo, um feio abajur vermelho, para ser usado em meu quarto. Não tinha a ver! Não combinava com nada. Só se via o abajur. Só ele aparecia... ninguém gostou. O problema foi formado. Até pilheria ouvi.

- É você a moça do abajur ? A insônia me abateu. Troquei o lado de dormir, tentei arrumar diferente, desisti. Ele cada vez mais aumentava e aparecia em todos os ângulos do quarto. Criei coragem, e acendi o ditoso! Imediatamente me senti bronzeada da cabeça ao pé. A vermelhidão dele, inundou todo o ambiente. Gargalhei pela primeira vez, consegui dormir.
-
Recebi no dia seguinte, uma amigo, que ao ver a peça, encantou-se e disse: - Este abajur fica bem no meu quarto. Lá é tudo vermelho.” Foi uma libertação! Logo entreguei.

A noite cai, a madrugada se agita e a manhã preguiçosamente floriu, de uma noite longa sem nenhum bronzeamento... Senti sua falta. Corri até a casa da minha amiga, resgatei meu abajur lindo, fiel amado e o coloquei de volta em grande estilo, do lugar donde nunca deveria ter saído.
Agora somos: eu, o abajur e você entre nós – sempre.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

DO GUERREIRO AO CHEFE POLÍTICO

Vladimir Souza Carvalho(*)


O guerreiro se fazia líder da tribo (=comunidade), impondo sua presença pela força da lança e da espada. Quem não o acompanhasse e lhe obedecesse, sofreria as punições devidas, desde a morte ao desterro, segundo o seu livre arbítrio, a cumular, também, as funções que mais tarde, quando o mundo civilizou-se, foram atribuídas ao Judiciário. Do guerreiro nasceu, com a lapidação dos anos, décadas e séculos, a figura do príncipe, que depois, ganhou ares aristocráticos, até se impor pela tradição, sem mais a necessidade de se invocar a força. Os anos fizeram com que se criassem os exércitos, para garantir a permanência do monarca no poder.


Nas comunidades, no Brasil, plantadas pelo português, a figura do líder ocupou espaço, até pela necessidade natural de uma voz de comando. Só que, no sangue, alguma coisa do guerreiro ancestral, que se fazia respeitar pela força, igual a prepotência, veio também. Esse líder, que as povoações consagraram, mandou e desmandou, seguindo os passos do seu ancestral mais remoto, embora adaptado aos novos tempos. O líder já não usava, abertamente, a espada. Mas, às escondidas, se valia de algum vassalo para a emboscada. E assim um opositor era retirado de cena, deixando a arena sem nenhum empeço. Para dominar a comunidade, se valia de sua influência na indicação de nomes que, religiosamente, se ajoelhavam em sua obediência, fazendo o que fosse mandado. Dessa forma, o líder, por exemplo, indicou os membros do Senado da Câmara, abafando, com suas oferendas, a voz da igreja, além de retirar a autoridade do Judiciário, ao líder sempre subalterno.

Com os aperfeiçoamentos dos tempos, o líder foi se despojando das vestes de príncipe para se utilizar do chapéu de chefe político, que, forte em sua comunidade, se curvava ao político da capital da Província, força central, para poder mandar nos seus, na condição de força local. A estrutura dos grandes reinos [europeus] estava reiterada, com outros títulos. Aqui e na velha Europa, a mesma coisa: o poder central, na capital, e os poderes locais, que apóiam o poder central, no interior.

O tempo, contudo, foi criando a oposição, que o guerreiro dos primeiros tempos não conheceu. A comunidade se dividiu em duas alas: a do chefe, que tinha o comando da coisa pública nas mãos; e a do outro chefe, que lhe fazia oposição, na busca do poder, que, aliás, é sempre o centro de toda a peleja. Para sempre, a povoação estaria dividida em duas alas, que se mantinham e se mantêm vivas pela força da rivalidade. A comunidade terminou se acostumando, a ponto de não admitir a sua união.

Esse panorama chegou até nós, de forma bem marcante, na presença do líder político que exerce seu poder coroado pelo ferro e pelo fogo, sem respeitar direitos de ninguém, a não ser o seu de impor o rumo que considera adequado para a sua manutenção no poder. É o líder violento, reminiscência do guerreiro dos tempos coevos, que tudo faz para impor sua liderança. E, como não poderia mais fazer o que o seu parente mais remoto praticava, inventaram as eleições, tendo a cautela de, com a eleição, fabricarem a fraude, como forma de manipulação de resultados confeccionados com a ajuda de atas falsas, criadas sob o amparo das baionetas. Ou de criar obstáculos para que o opositor se sentisse coagido e não fosse votar contra o líder.

Os velhos chefes políticos arbitrários, sanguinários, capazes de qualquer violência, são herdeiros diretos e remotos do líder da tribo dos tempos primitivos, chefes que conseguiram resistir às mudanças dos tempos, tendo a cobertura de todos os setores, do judiciário à igreja. Municípios diversos do Estado de Sergipe exibiram, dos tempos republicanos para cá [que são os mais conhecidos], a figura do líder político que veste a camisa da arbitrariedade=crime, para se eternizar no poder, pessoas que expulsaram do município muitos dos seus opositores mediante as ameaças. A história registra, em muitos municípios, esse chefe que não respeitava direitos, nem se curvava a norma, porque esta, para prevalecer, só podia ser a que saía de sua cabeça.

As figuras estão aí, bem carimbadas pelo sangue que produziram nos seus atos de violência e de desrespeito aos direitos mais elementares do mundo civilizado. Muitos dos municípios sergipanos apresentam, sempre e sempre, o chefe político onipotente, que tudo pode – menos fazer chover em seu território -, que tudo faz, com o privilégio de nunca ter figurado em qualquer inquérito policial, apesar do rol de assassinatos que acompanha sua sombra. Há exceções, mesmo porque não se podia cobrir o sol, a vida inteira, com uma peneira.

No chefe político de datas bem recentes está o guerreiro dos tempos remotos, com pequenas diferenças, que se justificam pela alteração da paisagem e dos tempos. Os exemplos poderiam ser citados de muitos, cujos nomes aparecem nas ruas da capital e das cidades interioranas, sem que nas placas se possa vislumbrar o açude de sangue que cavaram com seus métodos de força. Homens arbitrários, que, pelo que fizeram, mereceriam graves punições, estão, depois de mortos, a batizar logradouros públicos, por falta de um setor de depuração e de triagem do legislativo municipal. Lastimável.

Felizmente, hoje, repassando os olhos para cada comunidade, das mais antigas as mais modernas, observa-se à inexistência desse chefe prepotente, que, muitas vezes, o poder central temeu e respeitou, chefes que os tempos modernos não hão de dar mais guarida, para o bem de toda a comunidade. Deus queira. Amém.

vladimirsc@trf5.jus.br
Publicado no Correio de Sergipe