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terça-feira, 26 de março de 2013

memórias ilustradas

Por acaso, totalmente por acaso, descobri um dos livros mais singelos que já li: Reflexos e Sombras, do ilustrador romeno, naturalizado americano, Saul Steinberg (1914-1999).

Com a colaboração do amigo italiano Aldo Buzzi, Steinberg conta, através de textos e desenhos, suas memórias desde sua infância pobre na Romênia - onde diz que sua vida era "equivalente de ter sido negro no estado do Mississsippi" - até sua carreira como ilustrador nos Estados Unidos.

Após estudar, durante um ano, filosofia e literatura na Universidade de Bucareste, Steinberg foi para Milão onde estudou arquitetura, mas em 1941, devido as leis raciais de Mussolini, Steinberg foi para os Estados Unidos, não antes sem passar por um campo de concentração. Nada que tenha lhe deixado sérios traumas: "Tive sorte". Ficara num casarão improvisado e humano. Dizia que a polícia fascista tocava seu trabalho sem o menor interesse, o que gerava "uma ineficiência que, por sua vez, se traduzia em menos injustiça".

No decorrer do livro, Steinberg fala de família, de seu pai que era encadernador de livros, sua mãe, seus tios e tias, sobre paisagens, lugares, arte, costumes, comidas...tudo de um jeito leve, leve.

Quando faz certa crítica ao american way of life ( Steinberg viveu nos Estado Unidos mais da metade de sua vida - 1943 a 1999), ele comenta  "Nos Estados Unidos não se pede a um transeunte que indique um bom restaurante, como se faz na Itália ou na França. As pessoas não sabem o que é um bom restaurante porque aqui vão ao restaurante para se divertir, não para comer".

Em outro momento diz, sobre o uso de reflexos em suas ilustrações "Eu sempre achei que, para exprimir certas coisas, devia transformá-las em brincadeiras, em jogos de palavras ou em algum tipo de estranheza chamado humor. Vestir a realidade para que ela possa ser perdoada."

E há também momentos poéticos como quando conta que "Na Romênia, em noites de lua, as camponesas olhavam para os fundos dos poços até ver a lua. Então jogavam um balde no poço, lentamente puxavam a água com a lua dentro e bebiam o reflexo com uma colher. Naquele momento, olhando para o fundo do poço,  podiam ver o rosto do futuro esposo."

Há muitos trechos deliciosos de se ler neste livro de memórias de Steinberg. E tudo acompanhado por  lindas e divertidas ilustrações, o que torna a leitura ainda mais leve e saborosa.

Fica a dica!





quinta-feira, 7 de março de 2013

Holy Motors

Holy Motors, o filme mais estranho que vi nos últimos tempos.
Bizarro, barroco, surrealista, existencialista, entre outras coisas.... Bem, como crítica de 
cinema, sou uma ótima costureira, rs... mas vi tudo isso no filme.
Poderia ter selecionado outras cenas do filme, como a do acordeon (belíssima tbm) mas esta me encantou esteticamente, pelo efeito lúdico!
Dá uma olhada! Melhor ver no modo tela cheia porque a imagem é escura.
Ah, recomendo o filme! É bonito, criativo, ótimos atores, fotografia e roteiro de primeira mas, repito, é estranho, muito estranho...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

moços, pobres moços...



“Os velhos são confusos porque sabem fazer muitas coisas que não se usa mais.” (Paulo Leminski)
                                                                                                                      

Desde que entrei no facebook há pouco mais de uma semana, quase todo dia fico fuçando o que tem de opções “curtir”. Às vezes lembro algum artista, poeta ou escritor e vou à cata pra ver se tem facebook.

Outro dia me lembrei de Nelson Leirner, artista que gosto muito, ainda que conheça pouco. E não é que achei! Tinha dúvidas se o encontraria porque Leirner tem seu próprio website onde estão expostos seus trabalhos desde a década de 60 até hoje. Mas suas últimas atualizações no facebook eram poucas e de 2011...

Daí fiquei imaginando – e só posso imaginar mesmo porque não conheço Leirner – que provavelmente por conta da idade (Leirner tem 80 anos) ele simplesmente não se adapta, ou não gosta  - ou não gosta porque não se adapta  - às redes sociais.  

Leirner, apesar da idade, exala juventude, anarquia, contestação e ludicidade em sua obra. Desde os anos 60 até hoje ele não perdeu o pique! Fiquei imaginando o quanto ele deve se sentir pouco à vontade e até confuso com computadores, internet e redes sociais. Além disso imagino que Leirner ocupe bastante tempo com sua arte, pensando, elaborando, experimentando, brincando!

Então lembrei a frase de Leminski que citei no início do texto e que se encontra em seu livro Catatau: “Os velhos são confusos porque sabem fazer muitas coisas que não se usa mais”.

Essa frase que, inicialmente, pareceu-me melancólica, numa segunda leitura me fez imaginá-la como se fosse o pensamento de muitos jovens que desdenham dos mais velhos por não saberem utilizar as novas tecnologias. Esse tipo de jovem não valoriza a sabedoria, a bagagem de experiência e conhecimento dos velhos, simplesmente por considerará-la inútil, “...que não se usa mais”.

Moços, pobres moços, agora lhes digo parafraseando o poeta: Os muito jovens que me perdoem mas velhice é fundamental!

Figurativismo Abstrato (2004)
arte de Nelson Leirner


quarta-feira, 14 de março de 2012

A Arte de Saul Bass



Sequência de créditos de abertura do filme A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956) - baseado na obra homônima de Júlio Verne - criada por Saul Bass (1920-1996), judeu americano, designer gráfico e cineasta. Bass criou diversas dessas sequências para filmes de diretores famosos como, Hitchcock (Vertigo), Kubrick (Laranja Mecânica), Otto Preminger (O Homem do Braço de Ouro), entre tantos outros filmes e diretores.

Quem gostou pode encontrar outras sequências de aberturas de filmes criadas por Saul Bass no youtube.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

animação franco-russa

Lindinha lindinha. Já tinha posto lá no meu almanaque 68 e agora resolvi trazê-la pra cá.



Aleksandr (english subtitle) from Aleksandr Team on Vimeo.
http://www.aleksandr-lefilm.com/
Directed by Rémy Dereux, Maxime Hibon, Juliette Klauser, Raphaëlle Ranson and Louise Seynhaeve.


©SUPINFOCOM Valenciennes

Musique originale de Sarah Steppé (http://www.myspace.com/tarabisko)
et Marti Melia (clarinettes)



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A poesia da filha do poeta

Musical - arte de Martha Barros  


Já conhecia a arte da Martha Barros através das ilustrações/pinturas do livro de seu pai, Memórias Inventadas - As infâncias de Manoel de Barros. Mas só ontem fui atrás de algum site que tivesse seu trabalho. Acabei encontrando seu site oficial. E mais uma vez me encantei.


A Martha faz uma pintura muito espontânea, como desenho de criança. Mas não se enganem os defensores da pintura realista. Ainda que espontânea, há um trabalho de composição e de uso de cores, um trabalho movido à intuição e sensibilidade. Como bem diz o texto de apresentação da artista, sua pintura lembra as vanguardas do início do século XX, a arte de Paul Klee, Marc Chagall, Wassily Kandinsky e Joan Miró. Artistas que se desvencilhavam das amarras do realismo, do objeto real, do racional e mergulhavam no sonho e no imaginário. Dá gosto de olhar!


É também notória, em sua arte, a influência da poesia de seu pai. O lúdico, o gosto pelas coisas pequenas, as insignificâncias dos trapos e dos sapos, estão lá presentes, em formas, traços e cores. Como diz o próprio Manoel de Barros:


“Ela faz metáfora de pássaros, de peixes, de conchas, de sapos. E muitas descoisas. Imagens trazidas por rastros de suas memórias afetivas. Martha não copia a natureza, ela desfigura os seres e as coisas”. 


A arte da Martha é jovial e rejuvenescedora, tem a inocência e a despretensão da infância, é sonho e poesia!
Quem quiser conhecer mais basta visitar o site linkado acima.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

amoroso

"Abraço" de Egon Shiele (1890-1918)

que tanto abraço, amor!
só lhe peço isso:
viva por si mesmo
chega assim 
meio a esmo


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

traço que te quero sem jeito

"Borboleta na Floresta" de Júnia Liz (filha de Vais)

traço bonito
não é o traço reto
perfeito

traço bonito curva
e sonha

não tem juízo
nem jeito

quinta-feira, 5 de maio de 2011

comemorando a decisão do STF


Desenho de Andy Warhol

Crônica de Xico Sá:
 "Um STF muito macho!"

Eu sabia que um dia eu iria ficar orgulhoso do STF, o Superior Tribunal Federal, a Suprema Corte, digamos assim, do país.

Como repórter de política, já sai dali muitas vezes entristecido, com vontade de largar tudo e voltar lá para o meu Cariri, de preferência com uma casinha nas encostas da chapada do Araripe.

Mas eu sabia que um dia iria ficar orgulhoso do STF.

Como cidadão, e não um cidadão das correções e dos legalismos, um cidadão feio, sujo e malvado, eu sabia que esse dia chegaria.

Esse dia chegou.

Esse dia foi hoje, 5 de maio do ano da graça de 2011.
  
Aquelas togas jamais serão as mesmas. No futuro, se encontrá-las num brechó -sou um brechossexual convicto-, até compro todas as peças, para ficar de recuerdo por essa grande data.

Eu sabia.

O STF, de tantas derrapadas na curva da história, hoje se redime um bocado, no capítulo da crônica de costumes.

A maioria dos austeros senhores de toga já votou a favor da união civil dos gays.

É festa dos tiozinhos incríveis e corajosos do Bailão do Arouche, São Paulo.

É festa dos felizes baitolas da aldeia Aldeota, estão batendo na porta, pra me aperrear, como cantou Ednardo, no Syriará.

É festa dos frangos cantados lindamente por João do Morro na cidade do Recife.

É festa dos qualiras na ilha de São Luís.

É festa de Kátia Tapeti, em Colônia do Piauí, o travesti do sertão-vanguarda, que casou várias vezes e foi o primeiro gay assumido eleito para cargo público nos Tristes Trópicos.

É festa.

É avanço bonito do Brasil.

O STF foi muito macho nessa hora. Parabéns homens de toga!

P.S. -Pô, como pode, ia esquecendo das minas aqui nesta minha louvação toguística. Do glorioso e saudoso Ferro´s Bar ao atualíssimo Bar du Bocage, com suas Lolachas, para ficar tão-somente na geografia afetiva da cidade de San Pablo. Gracias amiga Ana Paula Portella! É festa!
Escrito por Xico Sá �s 20h21


Agora, pra completar a festa, segue uma versão de I will Survive (Ai Wilson, vai!) por João do Morro. Urruuuu!!!


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Contra a homofobia #eusougay


A arte acima é de Keith Haring, artista e ativista estadunidense, homossexual assumido, influenciado pelo grafitti. Haring faleceu em 1990 aos 31 anos de idade devido a complicações de saúde relacionadas a AIDS. Naquela época ainda se falava em grupos de risco, associando a AIDS aos homossexuais. Atualmente tod@s sabem - ou deveriam saber - que o que existe é comportamento de risco: AIDS não é doença de gay!

Mas não é sobre AIDS que quero falar e sim sobre homofobia. Pra mim está bem claro que essa violência gratuita contra homossexuais tem a ver com medo, medo por não entender quem pensa e sente diferente. Medo de se descobrir gay. Medo por não entender que ser gay não é opção sexual, ninguém decide que vai ser gay, simplesmente a pessoa É gay. E por isso ninguém pode influenciar alguém a ser gay. Esses agressores e assassinos, por mais ódio que demonstrem, na realidade são pessoas que sentem medo, sentem-se ameaçadas pelo desconhecido, não reconhecem - nem entendem - seu próprio medo e por isso partem para ações covardes. "A ignorância é vizinha da maldade".

Encontrei a arte acima na web e, apesar de se tratar de uma campanha de prevenção a AIDS, acho que as palavras nela contidas têm tudo a ver com homofobia: IGNORÂNCIA=MEDO. E silenciar diante de tal violência absurda pode levar a outras mortes: SILÊNCIO=MORTE.

ESTOU NA CAMPANHA
    
VAMO NESSA!!!   

PS: basta clicar no banner acima pra entrar no site da campanha e clique aqui para saber como participar.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ananga-ranga + um poeminha safado...


Ananga-ranga é um manual indiano sobre essa delícia chamada sexo.
Pra ver mais clique aqui

******

pavio curto, noite de cio
você vem, eu luto
até fuder macio


PS: esse poeminha safado foi editado aqui em 2008...ou foi 2009? Ah, não importa. O fato é que, apesar de estar sem imaginação pra escrever, tô com um fogo danado.....

segunda-feira, 28 de março de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Banksy - arte de rua e crítica social

Muitos são os teóricos, acadêmicos, sociólogos, arquitetos e urbanistas que fazem a crítica do espaço urbano e sua ocupação. Mas também existem aqueles sem formação acadêmica que têm muito a dizer, não através de ensaios, teses de mestrado e doutorado. Falo dos artistas de rua que utilizam o próprio espaço da cidade como seu local de contestação - seja do uso que se faz do espaço urbano ou da sociedade em geral. Através do grafite, pichação, estêncil, adesivos, lambe-lambe e outros meios de intervenção, eles apresentam sua mensagem e crítica social.

Recentemente conheci, através do blog Barro do Sonho, o artista de rua britânico Banksy. Fui ao seu site oficial e pesquei as pérolas abaixo (para ver as imagens em tamanho maior, dê um clique nas mesmas).


No site do Banksy tem muito mais!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

da nossa incompetência amorosa

Arte de Egon Schiele

Amor que se aceita imperfeito nunca que se acaba. Acredito nisso, ou tento acreditar. Venho diminuindo minhas ilusões a cada amor que dá e passa. Um dia acreditei que um amor podia durar pra sempre, lindo e perfeito. Hoje, mais lúcida, aposto na imperfeição, num rascunho amoroso que nunca dá tempo de passar a limpo. E que permanece imperfeito, inacabado, como uma obra em construção. 


Já errei e tropecei um bocado nessa trilha cheia de pedras e abismos chamada amor. Difícil discernir o que realmente acontece aos casais, mas cada vez que analiso os relacionamentos amorosos, meus e de pessoas próximas, vou me convencendo que o maior problema do amor reside no fato da gente exigir demais dele. Como se ele tivesse que ser sempre aquele paraíso luxuriante dos primeiros encontros apaixonados. Como se o amor não fosse como a vida, cheia de altos e baixos. 

Quando o tesão diminui: ops, acho que estamos com problemas. Sim, problemas, sempre eles. A vida dá trabalho e traz aborrecimentos. Mas a falta de tesão é precipitadamente interpretada como sintoma de crise na relação: "sem tesão não há solução". E o veredito final: nosso amor está morrendo. Lamentável essa sentença de morte. Definitivamente o romantismo  não sabe separar sexo de amor. Quem disse que o amor tem que ser erótico o tempo todo? 


Pois bem, nessas análises equivocadas acabamos por descuidar do amor. Acreditamos que se trata de uma entidade auto-suficiente que surge como um milagre e desaparece sem dar explicações. Assim nos abstemos de toda responsabilidade pelo seu fracasso sem, contudo, deixar de sentir aquela pontinha de culpa alfinetando a consciência. Além disso - e por isso - cultivamos um desejo imaturo de que o onipotente amor nos salve de tudo: do tédio, da melancolia, dos problemas, do desemprego, do salário que atrasou, do vizinho chato, do patrão exigente, do caloteiro, do político corrupto, do aumento da conta de luz, da falta d'água, da falta de libido. Ufa, assim não tem amor que aguente! Mas quem se habilita a salvar o amor?

Vivemos em uma sociedade extremamente hedonista. E como a vida tem essa mania um tanto sádica de nos maltratar, queremos sempre muito prazer e no vício de gozo descartamos facilmente aquilo (ou aquele/a) que não nos oferece ou deixou, temporariamente, de nos oferecer prazer. As relações têm sido regidas por interesses egoístas. O narciso só "ama" quem lhe dá prazer. Quase ninguém suporta quem pensa (e sente) um pouco diferente, tampouco suporta a melancolia, nem a própria, nem a do outro. Pressinto que se a humanidade continuar nesse caminho não haverá futuro suportável, o ar que circulará entre as pessoas se tornará asfixiante, e do amor, que se queria pra sempre, restará tão somente uma sombra de semblante descaído.


PS: Esse texto, além de conciso, é bastante superficial: falar de amor não é tarefa fácil...

"São tantas coisinhas miúdas
Roendo, comendo
Arrasando aos poucos
Com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
De gritos e gestos
Num jogo de culpa
Que faz tanto mal..."
(Grito de Alerta, Gonzaguinha)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010