35 anos passaram desde este dia, que parece ter sido ontem.
Foi um dia diferente, mas não muito para muitos e muito para outros. Para todos sim, foram diferentes os dias, as semanas, os meses, os anos que se seguiram...
Pessoas a saírem da prisão, a retornarem das colónias, do exílio da Europa... pessoas a poderem ser ouvidas pela primeira vez sem perderem a liberdade.
Palavras e nomes que estarão sempre associadas a este momento da história de Portugal: Salgueiro Maia, António de Spínola, Cravos, Largo do Carmo, Militares, Pide, Retornados, Paulo de Carvalho, Ary dos Santos, Grândola Vila Morena...
... e inevitavelmente a senha (Letras de José Niza, Música de José Calvário e voz de Paulo de Carvalho):
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós