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sexta-feira, 20 de julho de 2012
A missão religiosa da mulher
Por Dra. Alice von Hildebrand*
Tradução livre de Melissa Bergonso
Leia o este texto completo aqui(vale a pena!): http://www.mulhercatolica.org/2009/08/missao-religiosa-da-mulher.html
Grifos nossos.
O Feminismo começou como uma forma de revolta contra tratamentos incorretos e injustificados que as mulheres sofriam ocasionalmente, e um dos meus deleites na Cidade Universitária, dia após dia, foi quão tola meus colegas me consideravam. Por um longo período eu fui a única mulher no Departamento. E eles costumavam dizer “Uma mulher, como você pode ensinar filosofia?” É muito trágico, mas o que você pode fazer? Há uma história de cultura masculina.
Se você ler o Evangelho, as mulheres possuem um papel muito secundário. Mesmo a Santa Virgem é muito raramente mencionada e fala muito pouco. A partir do momento em que você põe um olhar sobrenatural sobre isso, você chegará à estranha conclusão de que é um privilégio ser uma mulher. É um privilégio precisamente porque, estar em segundo plano, de um secularístico ponto de vista, ser humilhada, como freqüentemente acontece, é uma tremenda vantagem sobrenatural.
Isto é algo que Santa Teresa entendeu muito profundamente. Não é verdade que ser humilhada é ser inferior. Não é verdade que ser sujeita ao seu marido é ser inferior. Se você ler o Evangelho de São Lucas, quando Cristo foi encontrado no Templo em Jerusalém e então retornou a Nazaré com Maria e José, é dito: “Ele era sujeito a eles”.
Você gostaria de estar na situação de São José ou na situação de Maria? São José tinha o pecado original e era uma criatura. Maria não tinha o pecado original e era uma criatura. E o Menino Jesus era Deus. E quem estava sujeito a quem? Deus era sujeito a estas criaturas. Não é uma posição confortável dar ordens a alguém que é Divino. Consequentemente ser submisso não significa ser inferior, mas significa absolutamente a perspectiva sobrenatural de que aceitar a humilhação é ficar muito perto de Deus, porque este é nosso caminho para o Paraíso. É uma bênção. Mas eu afirmo que as mulheres têm, particularmente, uma missão religiosa.
Por que uma missão religiosa?
Porque as mulheres, pro sua própria natureza, são mais receptivas que os homens. Você percebe isso no mistério da esfera sexual. A mulher é mais receptiva, o que não significa passiva. Essa foi uma das terríveis confusões feitas por Aristóteles, de modo que ele considerou como sendo o mesmo passividade e receptividade e então declarou o homem superior à mulher, o que é um contra-senso pagão.
A mulher tem uma grande vantagem sobre o homem, ela é receptiva e religiosamente falante, receptividade é uma virtude crucial. A Santa Virgem nos ensinou que quando Ela disse na Anunciação “Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra”, Ela não estava realizando nada, Ela apenas disse: “faça-se”. Em outras palavras, Ela era receptiva e sua receptividade permitiu ao Espírito Santo fecundá-La e naquele exato momento o Filho de Deus se encarnou no Seu ventre.
Santa Teresa de Ávila e São Pedro Alcântara dizem que muito mais mulheres que homens recebem extraordinárias graças místicas, e se você estudar a história do misticismo você ficará surpreso o quanto muito mais mulheres que homens foram místicos. Por quê? Elas são mais receptivas e você percebe, que para Deus, nós somos todas mulheres. Um santo se torna um homem santo porque ele aprendeu a ser receptivo à graça de Deus. “Dê-me a mim, Ó Senhor, eu não consigo fazê-la por mim mesmo”.
O mistério da feminilidade
A mulher é, de um modo muito particular, a guardiã da pureza, e no mundo no qual vivemos, o mundo das perversões e desastres sexuais, talvez possamos dizer que isso ocorre porque as mulheres falharam em sua missão em defesa da pureza.
E por que eu digo que ela defende a pureza e a virgindade?
Há algo muito interessante. Se você olhar na liturgia, existem Missas especiais para papas, para apóstolos, mártires, não-mártires, confessores, não-confessores e quando você se volta para a mulher, você tem somente duas categorias: virgem/não-virgem, mártir/não-mártir. Isto é algo extremamente interessante. Não há nenhuma Missa para celibatários, nenhuma, mas há Missa para virgens.
Isto indica claramente que há algo extraordinariamente grandioso e misterioso sobre a feminilidade. E por que eu digo que é tão grandioso e tão misterioso? Porque vocês todas sabem que cada garotinha que nasce, nasce com um selo, por assim dizer, protegendo o mistério da sua feminilidade, que é o ventre. Há um selo, e se você pensar bem, um selo sempre indica algo que é sagrado. O selo, que não existe no corpo masculino, é profundamente simbólico e declara que o que está velado pertence a Deus de um modo especial. Esta é uma região que é tão linda e tão profunda que não pode ser tocada, exceto com a permissão de Deus, num casamento Católico.
Quando uma garota ou uma jovem mulher é permitida dar as chaves de seu misterioso domínio, este jardim fechado, ao seu futuro marido, ela diz: “Até este momento eu tenho mantido este jardim virginal, agora Deus me deu as chaves e está me permitindo dá-las a você e eu sei que você penetrará dentro dele com trêmula reverência e gratidão”. No momento em que uma mulher é abraçada por seu marido e algumas poucas horas mais tarde ela concebe, neste exato momento algo absolutamente maravilhoso acontece, que mais uma vez elucida a grandeza da feminilidade. Nem marido nem esposa podem criar uma alma humana, apenas Deus pode.
Claro que há o sêmem masculino e o óvulo feminino. Estes são materiais reais que Deus colocou dentro dos corpos e quando eles são unidos, algo maravilhoso acontece. Deus cria uma nova alma humana, totalmente nova, que nunca existiu antes. Onde? No mistério do corpo feminino. Este é o lugar onde a alma é concebida. Não tem nada a ver com o marido. O marido está fora do jogo neste ponto e o exato momento em que Deus cria a alma o marido conclui que existe um contato especial entre Deus e o corpo feminino, por assim dizer, porque Ele o toca durante a criação desta nova alma. Mais uma vez, que extraordinário privilégio.
Cobertura sagrada
E é por isso que o corpo feminino deveria ser velado porque tudo o que é sagrado clama por cobertura. Quando Moisés desceu do Monte Sinai, ele cobriu sua face. Por que ele cobriu sua face? Porque ele tinha falado com Deus e neste exato momento houve uma sacralidade que clamou por velamento.
Agora as estúpidas feministas depois do Vaticano II de repente “descobriram” que quando as mulheres vão veladas à Igreja, é um sinal de sua inferioridade. O homem tira seu chapéu e a mulher coloca um véu. Meu Deus, como elas têm perdido o senso do sobrenatural. O velamento indica santidade e é um privilégio especial da mulher que ela entre na igreja coberta com um véu.
Veja que a Igreja reconhece coisas tão profundamente que de algum modo você pode dizer que ela tem sempre reconhecido a especial dignidade concedida às mulheres. Você não pode ser uma Cristã e não reconhecer o privilégio que é ser uma mulher, porque a mais perfeita de todas as criaturas, a única criatura nascida sem o pecado original, é uma mulher e por essa razão mais uma vez você entende o extraordinário privilégio de ser uma e ter esta imagem da Santa Virgem, que foi tanto Virgem quanto Mãe e os dois maravilhosamente ao mesmo tempo.
Virgindade e Maternidade
Não é porque se você permanecer uma virgem que você não terá filhos. As mulheres que têm mais filhos são virgens. Madre Teresa de Calcutá teve milhões de filhos. Você sabe que no melhor dos casos as mulheres podem ter 18 ou 20. Hoje elas não mais fazem isso, mas costumava ser o caso. Porém se você é uma virgem e você se dá completamente e totalmente, você se torna mãe para milhões de pessoas, pedindo sua ajuda e implorando por amor, porque, basicamente, o que é a maternidade? A Maternidade é tão santa, porque é aceitar sofrer para que alguém possa nascer e por essa razão existe um belo paralelo entre maternidade e o sacrifício da Cruz.
A dominação da desgraça do feminismo
Se você estudar a arte pagã, você verá que os pagãos glorificam os genitais masculinos. O órgão masculino era considerado um símbolo de força e poder. Se você for a Pompéia ou a Atenas, para países pagãos, verá que o órgão masculino foi sempre o único que foi honrado.
Quando a Igreja assumiu o controle, ela travou guerra contra este culto pagão. Ela o eliminou e lutou contra ele. Às vezes você encontra vestígios em culturas pagãs, mas no exato momento em que a Igreja nasceu este culto foi oficialmente eliminado, e o que ela fez? Ela colocou no lugar uma oração, uma oração rezada por milhões de pessoas, dia após dia, século após século, que faz uma referência explícita ao órgão feminino por excelência: o ventre: “Bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus”. Este é o lugar que a Igreja dá às mulheres na Igreja.
Portanto, vamos compreender a tremenda importância da missão que as mulheres receberam e façamo-las perceberem que elas têm que acordar para a grandeza desta missão, lutar por ela e superar a catástrofe e a desgraça do feminismo.
Eu não escolhi ser mulher, mas quanto mais eu medito na mensagem Cristã, mais eu sou grata por ser uma.
* Alice von Hildebrand é Filósofa e Teóloga Católica. Suas obras incluem: “The Privilege of Being a Woman (O privilégio de Ser uma Mulher -2002)” e “The Soul of a Lion: The Life of Dietrich von Hildebrand” (A Alma de um Leão: A Vida de Dietrich von Hildebrand - 2000 - biografia de seu falecido marido)”.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Chiara Corbela Petrillo: uma nova Gianna Beretta Molla
Neste sábado, na igreja de Santa Francisca Romana, da capital italiana, foi celebrado o funeral da jovem Chiara Petrillo, falecida depois de dois anos de sofrimento provocado por um tumor.
A cerimônia não teve nada de fúnebre: foi uma grande festa em que participaram cerca de mil pessoas, lotando a igreja, cantando e aplaudindo desde a entrada do caixão até a saída.
A extraordinária história de Chiara se difundiu pela internet com um vídeo no YouTube, que registrou mais de 500 visualizações em apenas um dia.
A luminosa jovem romana de 28 anos, com o sorriso sempre nos lábios, morreu porque escolher adiar o tratamento que podia salvá-la. Ela preferiu priorizar a gravidez de Francisco, um menino desejado desde o começo de seu casamento com Enrico.
Não era a primeira gravidez de Chiara. As duas anteriores acabaram com a morte dos bebês logo após cada parto, devido a graves malformações.
Sofrimentos, traumas, desânimo. Chiara e Enrico, porém, nunca se fecharam para a vida. Depois de algum tempo, chegou Francisco.
As ecografias agora confirmavam a boa saúde do menino, mas, no quinto mês, Chiara teve diagnosticada pelos médicos uma lesão na língua. Depois de uma primeira intervenção, confirmou-se a pior das hipóteses: era um carcinoma.
Começou uma nova série de lutas. Chiara e o marido não perderam a fé. Aliando-se a Deus, decidiram mais uma vez dizer sim à vida.
Chiara defendeu Francisco sem pensar duas vezes e, correndo um grave risco, adiou seu tratamento para levar a maternidade adiante. Só depois do parto é que a jovem pôde passar por uma nova intervenção cirúrgica, desta vez mais radical. Vieram os sucessivos ciclos de químio e radioterapia.
Francisco nasceu sadio no dia 30 de maio de 2011. Mas Chiara, consumida até perder a vista do olho direito, não conseguiu resistir por mais do que um ano. Na quarta-feira passada, por volta do meio dia, rodeada de parentes e de amigos, a sua batalha contra o dragão que a perseguia, como ela definia o tumor em referência à leitura do apocalipse, terminou.
Mas na mesma leitura, que não foi escolhida por acaso para a cerimônia fúnebre, ficamos sabendo também que uma mulher derrota o dragão. Chiara perdeu um combate na terra, mas ganhou a vida eterna e deixou para todos um testemunho verdadeiro de santidade.
“Uma nova Gianna Beretta Molla”, definiu-a o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, que prestou homenagem pessoalmente a Chiara, a quem conhecera havia poucos meses, juntamente com Enrico.
“A vida é um bordado que olhamos ao contrário, pela parte cheia de fios soltos”, disse o purpurado. “Mas, de vez em quando, a fé nos faz ver a outra parte”. É o caso de Chiara, segundo o cardeal: “Uma grande lição de vida, uma luz, fruto de um maravilhoso desígnio divino que escapa ao nosso entendimento, mas que existe”.
“Eu não sei o que Deus preparou para nós através desta mulher”, acrescentou, “mas certamente é algo que não podemos perder. Vamos acolher esta herança que nos lembra o justo valor de cada pequeno gesto do cotidiano”.
“Nesta manhã, estamos vendo o que o centurião viveu há dois mil anos, ao ver Jesus morrer na cruz e proclamar: Este era verdadeiramente o filho de Deus”, afirmou em sua homilia o jovem franciscano frei Vito, que assistiu espiritualmente Chiara e a família no último período.
“A morte de Chiara foi o cumprimento de uma prece. Depois do diagnóstico de 4 de abril, que a declarou doente terminal, ela pediu um milagre: não a própria cura, mas o milagre de viver a doença e o sofrimento na paz, junto com as pessoas mais próximas”.
“E nós”, prosseguiu frei Vito, visivelmente emocionado, “vimos morrer uma mulher não apenas serena, mas feliz”. Uma mulher que viveu desgastando a vida por amor aos outros, chegando a confiar a Enrico: “Talvez, no fundo, eu não queira a cura. Um marido feliz e um filho sereno, mesmo sem ter a mãe por perto, são um testemunho maior do que uma mulher que venceu a doença. Um testemunho que poderia salvar muitas pessoas...”.
A esta fé, Chiara chegou pouco a pouco, “seguindo a regra assumida em Assis pelos franciscanos que ela tanto amava: pequenos passos possíveis”. Um modo, explicou o frade, “de enfrentar o medo do passado e do futuro perante os grandes eventos, e que ensina a começar pelas coisas pequenas. Nós não podemos transformar a água em vinho, mas podemos começar a encher os odres. Chiara acreditava nisto e isto a ajudou a viver uma vida santa e, portanto, uma morte santa, passo a passo”.
Todas as pessoas presentes levaram da igreja uma plantinha, por vontade de Chiara, que não queria flores em seu funeral. Ela preferia que cada um recebesse um presente. E no coração, todos levaram um “pedacinho” desse testemunho, orando e pedindo graças a esta jovem mulher que, um dia, quem sabe, será chamada de beata Chiara Corbela.
fonte: (ZENIT.org)
segunda-feira, 4 de junho de 2012
A Boa Nova do Sexo e do Casamento 9 [Última parte]
Retirado da apostila do II Curso para Agentes do setor pré-matrimonial da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tradução livre e resumida do livro Good News About Sex and Marriage – Answers to Your Honest Questions About Catholic Teaching, de Christopher West, por Tatiana de Melo. Só pode ser utilizado mencionando-se as fontes e sua cópia não pode ser usada para fins lucrativos.
Dizendo “sim” diretamente a Deus
Sexo e celibato
Eu vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Vi a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, que descia do céu de junto de Deus, adornada como uma esposa ataviada para seu esposo. Ouvi uma grande voz vinda do trono, que dizia: Eis o Tabernáculo de Deus com os homens...
(Apc 21, 1-3b)
Sexo e celibato?! Não é uma contradição ou mesmo um paradoxo? Não é possível entender o mistério cristão sem nos depararmos com a tensão do paradoxo. O Deus único é três pessoas; Jesus é Deus, mas também homem; a Virgem é mãe; dois se tornam uma só carne; precisamos morrer para ter vida; perder para encontrar...
Matrimônio, sexo e a vocação ao celibato estão mais inter-relacionados do que se possa imaginar. Aliás, são inter-dependentes. Quando cada um deles recebe a devida estima e respeito, o equilíbrio delicado entre eles é mantido. Do contrário, quando um dos três (matrimônio, sexo ou celibato) é depreciado, super-valorizado ou desrespeitado, todos os três sofrerão. Não é coincidência, por exemplo, que a “revolução sexual” trouxe um aumento dramático no número de divórcios e um declínio dramático no número de vocações à vida sacerdotal ou religiosa.
1. Se a vocação ao “amor esponsal” é a verdade fundamental da nossa existência e o único modo de nos encontrarmos enquanto seres humanos, por que a Igreja promove o celibato?
À primeira vista parece que o celibato é uma contradição de tudo o que dissemos sobre a dignidade e a importância do sexo e do casamento. Enquanto sacramento, a união matrimonial em uma só carne é apenas um sinal, uma prefiguração do que ainda está por vir: nossa união esponsal com o próprio Deus. É exatamente para isso que o desejo sexual nos leva – ao nosso desejo pelo Céu.
Como vemos no Evangelho, Cristo chama alguns ao celibato “...por amor ao Reino dos céus” (Mt 19,12). O “Reino” é precisamente o casamento celestial. Em resumo, quem escolhe o celibato “pula” o sacramento (sinal) para ir direto à realidade última. Ao dizer o “sim” diretamente a Deus, celibatários vão além na dimensão histórica e declaram ao mundo que o Reino de Deus está aqui (cf, Mt 12, 28). Assim, tanto a vocação matrimonial quanto a celibatária, cada uma ao seu modo, são a realização do amor esponsal.
Nós não podemos fugir da nossa sexualidade. Cada ser homem, pelo fato de ser homem, é chamado a ser esposo e pai; cada mulher, pelo fato de ser mulher, é chamada a ser esposa e mãe, seja através do matrimônio ou do celibato. Os celibatários se tornam o ícone de Cristo noivo, e a noiva é a Igreja. As celibatárias se tornam ícone da Igreja, e seu noivo é Cristo. E ambos geram muitos filhos espirituais.
Não é por acaso que os termos padre, madre (pai/ mãe), irmão, irmã sejam usados tanto ao matrimônio quanto ao celibato. Ambas as vocações são indispensáveis para construir a família de Deus. Uma complementa e revela o significado da outra.
2. A Igreja ainda ensina que o celibato é uma vocação mais nobre que o matrimônio?
Sim, mas é preciso que se façam algumas ressalvas. Algumas distorções aconteceram na interpretação do texto de São Paulo que ensinava que quem se casa faz “bem” e quem se abastem faz “melhor” (cf. I Cor 7, 38). O celibato é mais elevado que o matrimônio, assim como o céu é mais elevado que a terra.
Cada um é chamado à santidade, respondendo ao amor esponsal gravado em nossos corpos. Mas nem todos são chamados da mesma forma (cf. I Cor 7, 7). O importante é descobrirmos nossa vocação.
3. Por que os padres não podem se casar?
Na verdade, os padres do oriente podem se casar e alguns padres de outras denominações (como a anglicana), se forem casados, podem se manter assim e serem ordenados, até mesmo no Ocidente. O celibato não é essencial para o sacerdócio, mas é uma disciplina da Igreja no Ocidente para se conformar mais fielmente ao exemplo dado por Cristo que “se casou com a humanidade”. Assim, o sacerdote não precisa se dividir entre uma esposa e a Esposa, ou seja, a Igreja, podendo dedicar-se inteiramente a ela (cf. I Cor 7, 32-34). Ao invés de olharmos o celibato pensando no que o padre “está perdendo” vamos pensar no que ele está ganhando: o matrimônio celestial.
4. O celibato não é natural. Não me admira que haja tantos escândalos sexuais envolvendo a Igreja. Isso acabaria se fosse permitido que os padres se casassem.
Realmente, o celibato não é natural; é sobrenatural: é um dom, uma graça que uma minoria recebe. Cristo estabeleceu um novo modelo de vida, chamando alguns a renunciarem ao casamento. Para aqueles que ainda estão presos a uma visão equivocada do sexo e da liberdade que Cristo veio trazer, o celibato parece sem sentido. É um estado de vida que não rejeita a sexualidade.
E é o pecado, não o celibato, que causa desordens sexuais. Estas podem acontecer dentro e fora do casamento, infelizmente.
5. Por que as mulheres não podem exercer o sacerdócio?
Aí vem à tona a consciência histórica da opressão feminina. Lembremos, conforme já mencionado, que é justamente a diferença entre os sexos que caracteriza o amor esponsal. Homens e mulheres tem diferentes papéis e a cultura “unissex” que estamos vivendo quer justamente apagar as particularidades que tornam o homem e a mulher seres únicos em sua sexualidade. Um não é melhor que o outro, pois ambos são igualmente dignos e indispensáveis. Os homens deveriam, então, reclamar porque não podem dar à luz? O papel do homem é ser o pai (padre) da família de Deus. Ele repete o gesto e as palavras de Cristo à sua noiva, a Igreja: “Isto é o meu corpo...”. e se as mulheres fossem ordenadas, o simbolismo se perderia e, com ele, o amor esponsal, já que seria uma entrega de “esposa para esposa”.
6. Por que José e Maria não tiveram relações sexuais se eles eram casados?
Deus deu a eles um dom inigualável: viver, ao mesmo tempo, a vocação matrimonial e celibatária. Lembremos que a vocação ao celibato é o matrimônio celeste. A união de José com Maria foi o casamento do céu e com a terra. E qual o fruto desse matrimônio? A Palavra se fez carne. Por isso, a Igreja ensina que o matrimônio é Boa Nova!
domingo, 3 de junho de 2012
A Boa Nova do Sexo e do Casamento 8
Retirado da apostila do II Curso para Agentes do setor pré-matrimonial da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tradução livre e resumida do livro Good News About Sex and Marriage – Answers to Your Honest Questions About Catholic Teaching, de Christopher West, por Tatiana de Melo. Só pode ser utilizado mencionando-se as fontes e sua cópia não pode ser usada para fins lucrativos.
Quando é impossível dizer o “sim”
Atração pelo mesmo sexo
Se não vivermos corretamente as diferenças entre os sexos, que distinguem homem e mulher e os convidam à união, seremos incapazes de entender a diferença entre o homem e Deus e seu convite à união. Incorreremos no desespero de uma vida sem os outros e sem o Outro,
ou seja, Deus.
(Stanislaw Grygiel)
A difusão do homossexualismo como um estilo de vida publicamente aceitável é um outro sub-produto da dissociação entre sexo e procriação. Em primeiro lugar, quando digo a palavra “sexo” não me refiro ao que pode acontecer entre quatro paredes, a portas fechadas. Sexo, é preciso sublinhar, não é um verbo, é um substantivo. É quem somos: homens ou mulheres. Quando perguntamos sobre o significado do sexo queremos, na verdade, saber o significado da nossa criação como homem e mulher. Se você é homem, Deus o criou para ser um homem. Se é mulher, Deus a criou para ser mulher. Este é o sentido inerente do sexo. A maior tragédia da humanidade é ignorar as distorções sexuais, buscando torná-las “normais”.
1. O padre da minha paróquia disse que não há problema nenhum em ser gay, desde que eu não viva a homossexualidade. É verdade?
Seu padre deve estar se referindo à tendência homossexual e ao comportamento homossexual. Se a atração pelo mesmo sexo é algo que independe da minha vontade, ela não é má em si mesma, mas também não significa que “está tudo bem”... Os alcoólatras têm compulsão por álcool; os comedores compulsivos, por comida. Seus desejos não são pecados, mas nem por isso são coisas boas.
Apesar de tudo o que a propaganda pro-gay tenta nos fazer engolir, ninguém é homossexual. Ninguém é ontologicamente (ou seja, na essência mais profunda do seu ser) atraído pelo mesmo sexo. A identidade sexual se refere a termos sido criados com o sexo masculino ou feminino. Como seres humanos, imagem e semelhança de Deus, somos todos chamados à comunhão de amor. Quem se sente atraído pelo mesmo sexo sofre de uma desorientação ou desordem, porque se afasta da complementaridade dos sexos conforme ordenado nos planos de Deus.
A natureza humana decaída sente atração por muitas coisas más. O homossexualismo é só mais uma na lista. Esta atração pelo mal é a concupiscência. Ela vem do pecado, mas não é um pecado em si, é uma tendência. Os que sentem atração pelo mesmo sexo, assim como todos nós, são chamados a viver a castidade, a experimentarem a redenção da sua sexualidade.
2. O que há de errado em duas pessoas do mesmo sexo que se amam? Deus não é amor?
Aí temos um problema. Não podemos projetar a nossa idéia do que seja amor em cima de Deus. Deus é amor (I Jo 4,16) e nós devemos amar como Ele. Do contrário, não é amor.
O amor erótico é uma forma especial de espelharmos o amor de Deus. Ora, é impossível para duas pessoas do mesmo sexo viverem isso, ou seja, porque primeiramente elas não fazem... sexo! O ato sexual é o encontro dos genitais e isso só é fisicamente possível entre um homem e uma mulher. Por isso, até o termo “homossexual” não é apropriado. Os genitais de um homem não podem se unir com os genitais de outro homem, assim como os genitais de uma mulher não podem se unir com os genitais de outra mulher. É simplesmente impossível.
Quando tentamos dissociar nossas almas da orientação fundamental dos nossos corpos, caímos na heresia do dualismo. Quem tenta justificar o homossexualismo incorre fatalmente neste erro. Nosso corpo nos revela e nos define. Dissociar o amor da verdade revelada no nosso corpo é uma grave antítese.
E sabemos que no amor verdadeiro não há erro. O amor sempre busca o bem do outro. Se pessoas do mesmo sexo realmente se amassem jamais procurariam algum tipo de comportamento erótico justamente por causa deste amor.
3. Que Deus cruel é esse que não permite que duas pessoas que se amam expressem seu amor?!
Deus não criou as pessoas com atração pelo mesmo sexo. Essa desordem é resultado do mundo decaído em que vivemos. Todos nós precisamos re-ordenar nossa sexualidade, pois a tentação vem para todos. É uma cura para todos nós: encontrarmos em Cristo nossa verdadeira identidade de homens ou mulheres. Isso não quer dizer que se tivermos fé todos os nossos problemas, confusões e feridas desaparecerão instantaneamente. É um processo gradual para o qual devemos usar tudo o que há de bom em termos de suporte psicológico, direção espiritual, vida sacramental, leituras espirituais, etc.
Nossa vocação, o chamado que Deus nos faz não é impossível de se viver. É difícil, mas a Graça está conosco.
4. Isso significa que quem é homossexual deve mudar e se tornar heterossexual?
Voltemos mais uma vez ao cerne da questão: não existe, de fato, homossexualidade, nem heterossexualidade. Só existe sexualidade: o chamado de Deus para amarmos como Ele ama. Somos imagem do amor de Deus no matrimônio ou no celibato. Qualquer outro desejo ou atração nos priva do verdadeiro amor. É como o frio, que é a ausência do calor, ou a escuridão que é ausência da luz. O frio não pode “se transformar” em calor, mas quando o calor chega, o frio desaparece. A escuridão não pode “se transformar” em luz, mas quando a luz chega, a escuridão já não existe mais. Da mesma forma, os homossexuais não “se transformam”, eles se tornam aquilo que eles são. Como o sol que nasce em meio ao frio e à escuridão, a verdade sobre a nossa sexualidade faz desaparecer as distorções e traz luz e calor. Ainda pensando nesta analogia, a maioria no nascer do sol, quando ainda há uma mistura de luzes e sombras. Outros conseguem chegar ao meio dia.
Cada um com sua luta, mas o importante é assumir a redenção de Cristo para sua sexualidade. Redenção que vem da cruz, e a cruz lembra que teremos sofrimentos, nos lembra que teremos que “morrer” para muitos maus hábitos arraigados para nos re-posicionarmos em nossa própria identidade. Quem decide tomar a sua cruz, vê que é possível.
5. Qual é a diferença entre o relacionamento de casais estéreis e o dos homossexuais, se ambos não podem mesmo ter filhos?
A união do casal que não é deliberadamente esterilizado, mas permanece aberto à vida, é uma união genital. Ela acontece do jeito que Deus pretendeu para que novas vidas fossem geradas. Já entre pessoas do mesmo sexo, o que acontece, como mencionado anteriormente, não é sexo, é, em última análise, masturbação. Existe uma diferença entre o casal que tem uma relação que resulta em infertilidade e uma relação que já estéril por si mesma.
6. Não corremos o risco de sermos acusados de homofobia?
É verdade, mas seremos acolhidos por tantas vozes que são silenciadas pela campanha pro-gay da mídia. Lembremos que um distorção da verdade tem, afinal, algum elemento de verdade. Há sempre o desejo sincero de uma pessoa que quer se auto-afirmar, amar e ser amada. A compaixão deve nos levar a ouvir, compreender mas também re-afirmar o compromisso com a verdade.
Além disso, é preciso caridade dos dois lados. Acusar os que são a favor de um “estilo homossexual de vida” como pecadores é uma falta de caridade tão grande quanto chamar de “homofóbico” quem não comunga com suas opiniões.
[Nota do blog: Devemos SIM alertar que os homossexuais e aqueles que defendem esse estilo de vida estão em pecado. Entretanto, tudo deve ser feito com caridade. "Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade" Sto Agostinho]
[Nota do blog: Devemos SIM alertar que os homossexuais e aqueles que defendem esse estilo de vida estão em pecado. Entretanto, tudo deve ser feito com caridade. "Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade" Sto Agostinho]
Não podemos ignorar o preconceito e o medo que assolam os homossexuais. Todo tipo de violência não é comportamento cristão e, portanto, condenado pela Igreja Católica.
7. Eu conheço duas lésbicas que moram juntas no meu prédio. Elas são as melhores pessoas que eu conheço, sempre tão amáveis com todos... não dá para acreditar que elas estão em pecado...
Você é amável com seus parentes e vizinhos? Isso significa que você nunca pecou de outras formas? Claro que não. As pessoas que vivem em estado de pecado em determinado aspecto de suas vidas são, como todos nós, capazes de demonstrar amor e gentileza. O fato de terem um comportamento erótico em desordem não quer dizer que sejam pessoas más. Significa que precisam da redenção de Cristo na sexualidade, assim como todos nós.
8. Sou casado e tenho três filhos, mas, às vezes, já me senti atraído por outros homens. Eu sou gay? Tenho medo que isso destrua meu casamento. O que eu devo fazer?
Não, isso não significa que você é gay, pois lembre-se de que ninguém é gay em sua essência. Isso significa que você vive num mundo decaído e está confuso acerca da sua própria identidade masculina.
Na ausência de relacionamentos saudáveis, na ausência de uma figura masculina digna, os rapazes naturalmente procuraram algo para preencher esta lacuna na formação da personalidade. Surgirá a necessidade de admirar e conviver com alguém que percebam ter se “tornado homem”. Para alguns, esse desejo pode vir erotizado.
Mas o que é ser um homem de verdade? Será que é a imagem que a mídia transmite? Diga para Jesus: “O Senhor foi um homem de verdade. Eu escolho me identificar contigo, mesmo sabendo que posso ser, como o Senhor, rejeitado, zombado, até crucificado...”
Essa verdade é libertadora, mas não há fórmula mágica para curar emoções e desejos confusos, mas valem quatro dicas:
- Eduque-se: Procure boas leituras espirituais sobre a sexualidade.
- Mergulhe fundo em sua própria alma e descubra as falsas imagens sobre a masculinidade: Compare o que você acha que é ser um homem com o modelo de Cristo. “Eis o homem.” (Jo 19,5).
- Se passar um episódio de atração por outro homem, tente descobrir o que isso significa: Muitas vezes, esses tipos de atração vem não de coisas que admiramos, mas de medo de coisas que nos faltam. Quando vemos nos outros uma certa qualidade podemos querer nos apropriar dela. Mais um motivo para você se apegar a Cristo nesses momentos.
- Não passe por isso sozinho: Partilhe suas lutas com um amigo de confiança, um diretor espiritual ou alguém que possa te orientar com conselhos cristãos.
9. Nossa filha acaba de confessar que é lésbica e que vai morar com a “namorada”. Meu marido e eu não sabemos o que fazer...
A tensão entre vocês e sua filha, com certeza, será grande, mas não a rejeitem, não percam contato com ela. Isso não significa que vocês devem aprovar as escolhas da sua filha. Se vocês conhecem a verdade sobre o plano divino para a sexualidade humana, a maior prova de amor que podem dar é continuar a orientá-la nessa verdade – com humildade, respeito, paciência, discussão aberta, compreensão e oração. Os pais não devem se culpar pelas decisões dos seus filhos. Mas é preciso ser dito que a dinâmica familiar tem um papel importante. Assim como o amor o pecado também é difundido. Por isso, não tenham medo de deixar Cristo iluminar suas vidas e, se preciso, peçam perdão à sua filha por erros passados. Seria válido também procurar ajuda com um psicólogo de confiança ou um diretor espiritual.
Aproveitem essa oportunidade para o crescimento da família. Cristo entrou no mundo através de uma família para restaurar a família. Não tenham medo de abrir suas portas a ele.
sábado, 2 de junho de 2012
A Boa Nova do Sexo e do Casamento 7
Retirado da apostila do II Curso para Agentes do setor pré-matrimonial da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tradução livre e resumida do livro Good News About Sex and Marriage – Answers to Your Honest Questions About Catholic Teaching, de Christopher West, por Tatiana de Melo. Só pode ser utilizado mencionando-se as fontes e sua cópia não pode ser usada para fins lucrativos.
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Eu aceito... mas não do jeito que Deus designou
Técnicas reprodutivas
A vida nos ensina, com efeito, que o amor – o amor conjugal – é a pedra angular da vida.
(Amor dentro das Famílias, 799)
Um artigo da revista TIME (08 de novembro de 1999) apresentou o seguinte questionamento: “O sexo ainda será necessário?” e com a ilustração de seres humanos dentro de tubos de ensaio, completava: “A relação entre sexo e procriação que já é tênue, pode desaparecer.”. A abordagem utilitária da vida está levando a sociedade moderna a ver os seres humanos como indesejáveis. No começo da vida, recorre-se ao aborto; no final, à eutanásia. Por outro lado, pode-se produzir uma ser humano quando conveniente. Em ambos os casos, a vida humana não é respeitada por si mesma, pois é tratada como algo que pode ser adquirido ou descartado conforme preferências pessoais.
A infertilidade, de fato, só vem crescendo nos últimos trinta anos e, com ela, toda a indústria das técnicas reprodutivas. É justo o desejo de se ter um filho, mas isso jamais justificará o uso de meios moralmente ilícitos. Sequestrar o bebê de outra pessoa será sempre algo errado, ainda que eu esteja desesperado em ter um filho. Da mesma forma, a Igreja ensina o erro de fabricar crianças usando procedimentos tecnológicos. O fim é bom, mas os meios para atingi-lo são maus.
A dor e angústia dos casais inférteis não pode ser ignorada. Mas não nos esqueçamos de que há muita coisa por trás da geração de vida humana em laboratório. Valem os questionamentos:
Nós somos os senhores da vida humana?
Os filhos são um presente de Deus?
Eu tenho o direito de exigir um presente?
Temos o direito de ter filhos a qualquer custo?
Nós decidimos o que é o bem e o mal?
1. A Igreja se diz tão a favor da vida e da família. Então por que condenar tecnologias que vão trazer mais vidas ao mundo?
A contracepção é sexo sem bebê; as técnicas reprodutivas são bebê sem sexo. A Igreja não poderia se calar diante dessas imoralidades. A relação entre o sexo e a vida nunca pode ser dissociada.
O ensinamento moral básico da Igreja sobre esta questão é: se uma intervenção médica ajuda o enlace conjugal a atingir seu objetivo natural, isto é aceitável e até louvável. Mas se estas técnicas substituem a relação sexual, então, constituem um desvio grave da intenção original do Criador. Essa separação provoca males adjuntos e, mesmo que esses pudessem ser evitados, ainda assim, iriam contra a dignidade da criança, do casal e da humanidade em geral.
Males adjuntos - Cristo ensinou que uma árvore se conhece pelos frutos (cf. Mt 7, 17-20). A separação entre sexo e concepção acaba levando, direta ou indiretamente, ao seguinte: masturbação para obtenção de esperma; descarte do excesso de vida humana produzida em laboratório (abortos disfarçados pelo eufemismo de “redução seletiva”); abusos éticos na manipulação de uma multidão de embriões congelados; e inseminação em mulheres solteiras, gerando todas as conseqüências negativas já mencionadas anteriormente das crianças que crescem sem pai.
A dignidade da criança – Existem muitas formas para que uma criança seja concebida: pelo amor conjugal, fornicação, estupro, adultério, incesto, técnicas de fertilização... mas apenas uma delas salvaguarda a dignidade humana à semelhança de Deus: o amor. O amor é nossa origem, nossa vocação e nossa meta. Só o amor matrimonial garante à criança a dignidade de ser concebida através de um ato de amor que se assemelha à comunhão divina da Trindade. E desde o momento da concepção, a criança merece esse respeito. Querer uma criança não como fruto do amor conjugal, mas como resultado de um procedimento tecnológico é tratá-la como um produto a ser obtido e não como uma pessoa a ser amada.
E como todo produto, ele precisa ser submetido a um controle de qualidade. Daí a tentação por parte dos pais e dos médicos de excluir os “defeitos de fabricação”. Pensemos mais uma vez no direito da criança de ser desejada e amada com um amor incondicional por aquilo que ela é independentemente dos “defeitos” que tenha.
A dignidade dos esposos - A geração tecnológica da vida não é matrimonial. A criança não é fruto do amor de seus pais feitos “uma só carne,”. Ela é resultado da intervenção de terceiros. Os esposos nunca podem delegar a outros o privilégio da vida e do amor sexual.
Ser inseminada artificialmente por um médico com uma seringa não é, nem de longe, algo que se possa dizer digno para uma mulher. A criança eventualmente gerada pode ser um “milagre da ciência”, mas não será um milagre de amor. O ato sexual não é apenas uma transmissão biológica dos gametas, mas é uma realidade profundamente pessoal, sacramental, física e espiritual que não pode ser desumanizada.
A humanidade em geral – Deus criou a união sexual como um símbolo da sua vida e do seu amor. Dissociar a geração da vida da união sexual também é simbólico. Simboliza a nossa rejeição á nossa união com Deus. Lembremos que diz o Credo que só Deus é “O Senhor que dá a vida”. Ele é o Senhor e nós somos seus servos. As técnicas reprodutivas, porém, colocam o ser humano como operador e não cooperador da vida. Estamos negando nosso próprio status de criaturas e incorremos mais uma vez no erro de querermos ser “como Deus” (cf. Gen 3, 5).
2. Então as crianças geradas a partir de técnicas reprodutivas não são filhos de Deus?
Não há uma só pessoa no planeta que não exista pela vontade de Deus. Da mesma forma que os filhos concebidos depois de ato de estupro ou incesto, todo ser humano é filho de Deus. O que o ensino anterior nos mostra é que as crianças que não são fruto do amor conjugal de seus pais não foram concebidas com um ato que espelha o amor de Deus, o que fere a essência da sua dignidade humana.
Não basta apenas amar a criança em um nível espiritual. Nós somos corpo, somos matéria e é através do nosso corpo que expressamos o amor. Por mais “ginástica mental” que se faça é impossível transferir o amor espiritual para o procedimento de um médico ou cientista.
3. Nós também brincamos de Deus toda vez que fazemos uma cirurgia ou tomamos um remédio. Qual é a diferença?
Bem-estar, saúde e vida estão inscritos em nosso ser como parte do plano de Deus. Dor, doença e morte são resultados da corrupção trazida pelo pecado original. Deus permite tais coisas mas não as deseja para nós. Desde que lícitos, todos os meios empregados de acordo com os planos divinos são válidos para restaurar a saúde e salvar vidas. Nestes casos, não estamos “brincando de Deus”, mas agindo como aquilo que somos: administradores da natureza, usando-a para o bem. Mas, a partir do momento em que queremos tomar o lugar de Deus e “forçar” a concepção, aí sim passamos do limite.
Deus nos mandou dominar as criaturas inferiores (cf. Gen 1, 28). Não há nada de errado, portanto, na manipulação genética com animais que são seres irracionais diferentes de nós, que somos chamados ao amor e à comunhão divina.
4. A infertilidade não é uma doença? Isso não significa que deve, portanto, ser tratada?
Para nos expressarmos melhor, a infertilidade é uma incapacidade, e é importante tentar curá-la, se usamos nossa inteligência para ajudar que a relação conjugal gere uma vida. Isso sim é a cura para a infertilidade. Substituir a relação sexual por técnicas de laboratório é um engodo, pois o problema da infertilidade não é resolvido.
O mandamento divino é para o nosso próprio bem. É um mistério porque Deus gera filhos a partir de estupros e adultérios e permite a infertilidade a casais amorosos (cf. Is 55, 9). Em ambos os casos, vemos oportunidades de santificação, momentos oportunos para que as pessoas se voltem para Deus. Sigamos o exemplo de Cristo que se sentiu abandonado na Cruz (cf. Mc 15, 34), mas confiou e sua confiança não foi em vão.
5. Por que a adoção é permitida se aquela criança também não é fruto do amor dos seus pais?
A adoção não é só aceitável como também louvável. Prover uma família amorosa a uma criança que já existe é totalmente diferente de manipular para que crianças existam. Adoção é um ato de amor, não de ciência.
6. Muitas mulheres solteiras têm o desejo sincero de serem mães. Por que não realizar este desejo?
Vejam bem a diferença entre uma mãe solteira que foi abandonada pelo pai de seu filho e uma mulher que deliberadamente recusa a figura paterna. Sabemos que a falta do pai pode causar danos irreparáveis. Diante desta questão parece mais um ato de amor ou estaria ele disfarçado de egoísmo e realização pessoal a qualquer custo? Nenhum filho que cresce sem pai passa impune por esta falta. Olhe à sua volta? Quantos exemplos você poderia dar disso?
7. Que a Igreja seja contra a “produção independente” tudo bem, mas e quanto aos casais que se amam? Eles não têm o direito de terem seus filhos?
Primeiramente é preciso ter cuidado para nos deixar nosso sentimento de solidariedade turvar o bom senso e a razão, especialmente quando se trata da vida de um outro ser humano. A Igreja sempre defenderá os direitos legítimos das pessoas. Os esposos, entretanto, não têm direito aos filhos. Eles têm o direito de manterem relações sexuais e esperar que Deus cumpra seu plano de amor em suas vidas. Os filhos são um presente e presentes não podem ser exigidos. A Igreja defende, sim, o direito que a criança têm de ser o fruto do ato do amor conjugal entre seus pais.
8. Então, o que o casal que não consegue ter filhos deve fazer? Sofrer?
Com o avanço da medicina, muito pode ser feito. Mas se, mesmo assim, não for possível se chegar a uma cura, os casais estéreis não devem se esquecer, como observou João Paulo II, que “...mesmo quando a procriação não é possível, nem por isso a vida conjugal perde o seu valor. A esterilidade física, de fato, pode ser para os esposos ocasião de outros serviços importantes à vida da pessoa humana, como por exemplo a adoção, as várias formas de obras educativas, a ajuda a outras famílias, às crianças pobres ou deficientes.” (Familiaris Consortio, 14). O sofrimento espiritual pode ser altamente fértil. Depende do que vocês fazer com a dor. Basta seguir o exemplo de Cristo.
9. Meu médico diz que precisa que eu faça o exame da contagem de espermatozóides. Posso me masturbar nesse caso?
Não. Lembre-se de que os fins não justificam os meios. É possível coletar esperma através de punção ou usando um recurso que é como um preservativo perfurado, usado durante o ato conjugal que retém um pouco do esperma para ser usado na análise.
10. Nós temos uma filha linda que foi concebida por inseminação artificial. Ela é a luz da nossa vida e nós acreditamos do fundo do coração que ela é um presente de Deus. Recusamo-nos a admitir que fizemos algo de errado...
Existe uma diferença bem grande entre admitir que o que vocês fizeram foi errado e dizer que a sua filha foi um “erro”... Deus sempre nos abençoa, mesmo quando não agimos de acordo com seus planos. Apesar da bênção que sua filha representa em suas vidas, ela foi concebida de maneira injusta.
Deus é misericordioso. Não deixe o orgulho dominar seu coração. Procurem um sacerdote, conversem, recebam o Sacramento da Reconciliação e com ele o perdão de Deus.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
A Boa Nova do Sexo e do casamento 6
Retirado da apostila do II Curso para Agentes do setor pré-matrimonial da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tradução livre e resumida do livro Good News About Sex and Marriage – Answers to Your Honest Questions About Catholic Teaching, de Christopher West, por Tatiana de Melo. Só pode ser utilizado mencionando-se as fontes e sua cópia não pode ser usada para fins lucrativos.
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Eu não aceito
Contracepção
Eu chamo hoje por testemunhas o céu e a terra, como eu vos propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e a tua posteridade.
(Deut 30, 19)
Sem dúvida, a questão mais difícil que os fiéis católicos têm a resolver quanto à doutrina moral da Igreja é a contracepção. Quem hoje se casa querendo ter quinze, vinte filhos? Mesmo quem conhece um pouco o assunto pode tentar se esquivar alegando: “Afinal, qual é a diferença entre contracepção e planejamento natural da família se ambos servem para evitar a gravidez?”
Um dos distintivos de quem é realmente católico é aceitar e professar tudo o que a Igreja acredita e professa. Esta é uma opção dramática e decisiva que muda toda uma vida. Vemos – como na passagem acima – as forças do bem e do mal lutando: é uma questão de vida ou morte.
Este também é o grande distintivo entre o Catolicismo e a cultura popular. Enquanto a sociedade diz que a contracepção é a atitude mais responsável a se tomar para o bem das próprias famílias e o futuro da sociedade, a Igreja se levanta como “a voz que clama no deserto” dizendo que esta é uma atitude sempre errada e altamente destrutiva para as famílias e a sociedade.
Oremos: Senhor, ajudai-me a abrir meu coração para toda a Verdade do seu plano de amor para o sexo e o casamento. Não permitais que me cegue o orgulho, nem meus desejos para que eu possa viver nesta Verdade. Se a contracepção é, de fato, contra a vossa vontade, dai-me a graça de aceitá-la e a todas as implicações que isto terá em minha vida. Amém.
1. O que, afinal, há de tão errado com os métodos anticoncepcionais?
Um dos consentimentos que os noivos proferem na celebração do matrimônio, uma das promessas que fazem um ao outro e a Deus é a abertura à geração e educação dos filhos que Deus lhes conceder. Fazer uso da contracepção é ser infiel a esta promessa. Se o casal exclue esta parte do consentimento na sua vida conjugal, eles estão re-inventando o casamento à sua moda.
Lembre-se de que o matrimônio é tudo ou nada. Além de ter como característica intrínseca a fecundidade, ele também é a união livre, total, fiel.
Livre - A verdade é que a contracepção não foi inventada para evitar a gravidez. Ela foi inventada para alimentar a luxúria. A “liberdade sexual”, popularmente falando, é a possibilidade de poder fazer sexo sempre. É nunca poder dizer “não”... Isso parece mais com liberdade ou escravidão? Só quem sabe abster-se é capaz de escolher livremente quando dizer “sim” e “não”.
Total – A relação sexual contraceptiva diz – na sua linguagem corporal – ao outro: “Eu me entrego totalmente a você... menos a minha fertilidade!”. Mais uma contradição à promessa do consentimento matrimonial.
Fiel – Ser fiel ao seu cônjuge não é apenas evitar o adultério, mas é viver de acordo com as promessas feitas aos pés do altar, mesmo que isso requeira sacrifícios. Usar métodos contraceptivos deliberadamente é dizer: “Nós não queremos o Espírito Santo aqui!”. Quem é o Espírito Santo? “O Senhor que dá a Vida.” (cf. Credo Niceno-Constantinopolitano). É o amor entre o Pai e o Filho.
Ora, se o sexo simboliza a união de Cristo com sua Igreja. Assim, o marido representa o Cristo que diz: “Este é o meu corpo entregue por vós.” (Lc 22, 9). Numa relação contraceptiva o que o corpo diz é: “Este é o meu corpo que não é entregue por vós.”. Neste sentido ele age como um “anti-Cristo”. Portanto, contra-cepção é total contra-dição.
2. Isso significa que um casal que usa métodos anticoncepcionais não se ama?
Eles podem se amar com sentimento, emoção, mas nunca com o verdadeiro amor. Se eu acredito na Palavra de Deus que me ensina: “Deus é amor.” (I Jo 4, 7), então o amor não é o que eu gostaria que ele fosse. Ele é viver como Deus, ser uma imitação da sua Imagem, ou seja, ser como Cristo. E viver uma relação contraceptiva só me afasta do verdadeiro amor.
3. Fala sério! Então eu tenho que ter uma dúzia de filhos ou, então, não fazer sexo até minha mulher chegar na menopausa?!
Se um casal está determinado a manter-se fiel à doação total de si, sendo o sexo a renovação das promessas assumidas no dia do matrimônio, uma das exigências é a abertura à vida. Muitos donos esterilizam seus animas de estimação, porque os animais não sabem controlar seus instintos. Nós, sim.
A mulher só é fértil alguns dias dentro do mês. É errado que o casal que têm justos motivos para adiar a gravidez mantenha relações sexuais quando a mulher não está em seu período fértil? Claro que não. A ausência da gravidez seria uma expressão da vontade de Deus em não mandar ainda uma nova vida para este mundo e não porque o casal, por sua própria conta, usou meios para se esterilizar.
Este é o princípio do Planejamento Natural da Família.
4. Ainda não entendi. Qual é a diferença entre contracepção e planejamento natural da família se os dois vão evitar a gravidez?
O método natural de planejamento familiar não é contracepção disfarçada. Pensemos em algumas analogias para entendermos que não é apenas uma questão de intenção, mas de meio presentes usados para se alcançarem os objetivos futuros. Dois alunos têm a intenção de tirar nota boa na prova de matemática; um estuda e o outro cola. Qual dos dois está certo? Qual é a diferença entre aborto provocado e aborto espontâneo? Qual é a diferença entre suicídio e morte natural? É a mesma diferença entre eu me tornar deliberadamente estéril e Deus me dar períodos de infertilidade, dentro do seu plano criador. O poder da vida está nas mãos de quem: nas minhas ou nas de Deus?
5. Já que o sexo é tão sagrado, abster-se no matrimônio não pior do que fazer “sexo seguro”?
Bom, antes de mais nada, vale comentar a lamentável expressão “sexo seguro” que revela a necessidade de erguer uma barreira protetora porque o outro é uma ameaça para você. Não é possível separar seu cônjuge da sua fertilidade. O corpo é a expressão da pessoa na totalidade. Ao se expressarem através do ato sexual eles devem “falar” a verdade. Se há uma razão para não “falar” o que é mais honesto e correto: ficar em silêncio ou dizer uma mentira?
Quando um casal concorda em se abster do sexo para se manterem fiéis ao compromisso conjugal, isso só fortalece sua união e aprimora o auto-controle. Quem sabe dizer “não” em seu casamento não terá problemas em dizer “não” quando se depara com uma tentação fora dele. Não é por acaso que a taxa de divórcio entre os casais usuários do Método de Planejamento Natural da Família é nula.
6. Qual é a diferença entre métodos naturais e artificiais?
Ao contrário do que muita gente pensa, a Igreja não faz oposição entre “natural” e “artificial”. A Igreja é contra a contracepção, ou seja, os meios usados para se impedir o potencial procriativo do ato sexual. Existem formas artificiais químicas (pílula, injeção, adesivo e gel anticoncepcionais), mecânicas (diafragma, dispositivo intra-uterino, preservativo masculino e feminino), cirúrgicas (laqueadura de trompas, vasectomia) e “naturais” (coito interrompido). A Igreja não orienta para o Planejamento Natural da Família porque ele é natural, mas porque ele não é contraceptivo.
7. A Igreja inventa desculpas para embarreirar o progresso da ciência. Se Deus nos deu inteligência para controlarmos nossa fertilidade por que não podemos usá-la nesse fim?
Afirma o papa Paulo VI na Humane Vitae (16): “a Igreja é a primeira a elogiar e a recomendar a intervenção da inteligência, numa obra que tão de perto associa a criatura racional com o seu Criador; mas, afirma também que isso se deve fazer respeitando sempre a ordem estabelecida por Deus.” Usar nossa inteligência para irmos contra o plano de Deus não parece muito... inteligente.
Todos nós concordamos que a medicina deve fazer o nosso corpo trabalhar mais e melhor. Por exemplo, se a ciência consegue desenvolver meios para fazer uma pessoa cega enxergar, isso é maravilhoso. Mas não seria uma violência usar de tecnologia para cegar alguém que enxerga perfeitamente? É isso que a contracepção faz. Ela faz o corpo funcionar mal. Nós tomamos remédio quando estamos doentes. Amputamos alguma parte do nosso corpo quando ela está necrosada. Não é um abuso que a mulher em perfeito estado de saúde tome uma pílula ou mutile parte do seu corpo para deixar de ser fértil? Fertilidade não é doença que precise de tratamento.
Muitas vezes nós é que não queremos enxergar esta verdade porque ela traria uma grande mudança no nosso estilo de vida e uma transformação radical no nosso modo de ver a vida. Não há o que temer. Deus não é um tirano. Ele é amor! Entregue a ele sua sexualidade.
8. Onde está escrito na Bíblia é pecado usar métodos anticoncepcionais?
Onde está escrito na Bíblia que é pecado estraçalhar a mão do seu próximo num liquidificador? Em lugar nenhum. Mas está escrito que devemos amar o próximo como a nós mesmos. Pessoas sensatas concluirão que é pecado, então, transformar a mão do meu próximo em “vitamina”.
Na Bíblia não está escrito: “Não usarás métodos anticoncepcionais.”, mas está escrito “Crescei e multiplicai” (Gen 1, 28). Está escrito que Deus acabou com a vida de Onan porque ele impedia que sua mulher concebesse, o que era atitude “detestável” (cf. Gen 38, 9-10). Jesus ensinou que o homem não pode separar o que Deus uniu (cf. Mt 19, 6). A contracepção diz: “Nós não queremos receber o amor de Deus. Nós não queremos amar como Deus ama. Nós não escolhemos a vida.”. Isso é bíblico?
9. Quais seriam, então, motivos justos para um casal usar o Planejamento Natural da Família para adiar uma gravidez?
É preciso perceber a disposição que um casal tem em relação aos filhos. A cultura contraceptiva tende a ver os filhos como um fardo a ser evitado e não um dom a ser acolhido; um obstáculo ao crescimento financeiro e não uma colaboração para a família. Nesta realidade, os casais entram no casamento com a mentalidade de terem filhos se e quando quiserem. Quem pensa assim e busca os meios mais eficazes para atingir seus objetivos não vê mesmo com bons olhos o planejamento natural da família. Mas essa mentalidade negativista em relação aos filhos é totalmente contrária aos votos matrimoniais.
Assim, em primeiro lugar, é preciso uma profunda e real conversão do coração. Todo casal é vocacionado a “crescer e multiplicar” (cf. Gen 1, 28). Especialmente nos dias de hoje, a Igreja prontamente reconhece que muitos casais têm, de fato, motivos para não receberem os filhos em certos momentos da sua vida conjugal. O Concílio Vaticano II é uma luz neste sentido: “Assim, os esposos cristãos, confiados na divina Providência e cultivando o espírito de sacrifício, dão glória ao Criador e caminham para a perfeição em Cristo quando se desempenham do seu dever de procriar com responsabilidade generosa, humana e cristã. Entre os esposos que deste modo satisfazem à missão que Deus lhes confiou, devem ser especialmente lembrados aqueles que, de comum acordo e com prudência, aceitam com grandeza de ânimo educar uma prole numerosa.” (Gaudium et Spes, 50). O Catecismo também diz que é responsabilidade dos pais “... verificar que o seu desejo (de regular os nascimentos) não provém do egoísmo, mas está de acordo com ajusta generosidade de uma paternidade responsável. Além disso, regularão seu comportamento segundo os critérios objetivos da moral.” (CCE, 2368).
10. Nós já temos quatro filhos. Eu não quero engravidar de novo. Eu e meu marido decidimos que a pílula é o melhor método. Se a Igreja ama mesmo as famílias ela não deveria nos deixar com sentimento de culpa, porque temos o direito fazer esta escolha.
É preciso alertar que só há três meios 100% eficazes para que você não engravide novamente: abstinência sexual até que você atinja a menopausa, a retirada completa dos seus ovários ou a retirada dos testículos do seu marido.
Imagine que sua filha de 15 anos quer ir sozinha a uma festa na qual você sabe que haverá bebida, drogas e orgias sexuais. Você certamente orientaria para que sua filha não fosse, ainda que ela não percebesse nessa atitude sua uma prova de amor. Sua filha poderia reclamar: “Se você me amasse de verdade, me deixaria decidir por mim mesma.”. Como mãe você percebe coisas que sua filha não é capaz de ver por imaturidade, influências dos amigos ou falta de informação. Independentemente do que ela “acha” esta festa não é um bom lugar para ela.
De modo semelhante, todos os batizados são filhos e filhas da Igreja. E mesmo como adultos nem sempre sabemos o que é melhor para nós e precisamos de orientação. E a Igreja sabe que o caminho certo para nós é estreito (cf. Mt 7, 13-14). Mas no fim das contas, a decisão do que fazer é de cada um. “Este caminho, que a Igreja aprendeu na escola de Cristo e da história interpretada à luz do Espírito, não o impõe, mas sente a exigência indeclinável de o propor a todos sem medo, com grande confiança e esperança, sabendo, porém, que a “boa nova” conhece a linguagem da Cruz. É, no entanto, através da Cruz que a família pode atingir a plenitude do seu ser e a perfeição do seu amor.” (Familiaris Consortio, 86)
11. Em questão de controle de natalidade, a Igreja está fora da realidade. Por que nenhuma outra Igreja ensina do mesmo jeito? A Igreja não acaba perdendo sua credibilidade?
A contracepção não é algo novo. Desde o princípio, uma das características que distinguia os cristãos das demais culturas era a recusa em diminuir sua fertilidade usando os métodos conhecidos antigamente, como poções ou preservativos de tecido. Até 1930, todas as denominações cristãs eram unanimemente contra os métodos anticoncepcionais.
Neste ano, porém, a Igreja Anglicana fez história por ser a primeira do Cristianismo a romper com este magistério. Na época, católicos, protestantes e até vozes não-cristãs previram que admitir a contracepção levaria ao caos social, começando com separações e divórcio. Muitos se surpreenderiam ao saber o que vários pensadores proeminentes do século XX falaram dos males da contracepção, entre eles Roosevelt, presidente americano, Freud, pai da psicanálise, Ghandi, pacifista americano, Elliot, escritor inglês, entre outros.
Homens e mulheres sábios(as) reconhecem que o sexo tem o poder de orientar e desorientar pessoas e sociedades inteiras. A contracepção, na verdade, encoraja a imoralidade indiscriminada. Analisemos o seguinte: somos sempre tentados a fazer o que não deveríamos. Impedimentos da natureza e da sociedade ajudam a manter a ordem. Imaginem o que aconteceria com as taxas de criminalidade se as prisões acabassem?
A mesma lógica pode ser aplicada ao comportamento sexual desvirtuado. Através dos tempos, muitas pessoas sentiram-se tentadas a cometer adultério. Um dos motivos fortes que as impedia era o medo de uma gravidez indesejada. Parece, assim, menos arriscado sucumbir à tentação. Conseqüência: cresce o adultério e com ele aumentam os casos de divórcio – que têm como causa principal o adultério.
Através dos tempos, muitas pessoas sentiram-se tentadas a manter relações sexuais antes do casamento. Mais uma vez, um dos motivos fortes que as impedia era o medo de uma gravidez indesejada. Conseqüência: crescem os casos de sexo antes do matrimônio e com eles aumentam os casos de divórcio, como já foi apontado no capítulo 4.
Como nenhum dos métodos anticoncepcionais é 100% eficaz e com incidências crescentes de adultério e sexo antes do casamento, aumentam os casos de “gravidez indesejada”. Conseqüência: crescem os casos de aborto ou de filhos criados sem pai, enfrentando as dificuldades materiais e psicológicas desta situação. Não é por acaso que para estes tipos de crianças e adolescentes são sempre maiores as taxas de doenças físicas e psicológicas, drogadição, evasão escolar, marginalidade, promiscuidade, etc. E aí temos o círculo vicioso da sociedade caótica.
No século XX as denominações protestantes, uma a uma, passaram de uma posição não só de admitir a contracepção, mas até de defendê-la. Apenas a Igreja Católica se manteve firme. Será que a Igreja está fora da realidade, ou é a realidade que está precisando acordar para a verdade?
12. A Igreja se esquece dos benefícios que os métodos anticoncepcionais trouxeram: a liberação da mulher, a igualdade entre os sexos, a possibilidade de um casal casado poder aproveitar mais o sexo sem se preocupar com a gravidez. O que há de errado nisso?
Vejamos cada um desses pontos.
Liberação da mulher – A opressão masculina esconde uma incapacidade que o homem tem de lidar com as mulheres de modo apropriado. Remover a possibilidade de gravidez só mascara a tendência masculina de usar a mulher para seu prazer próprio e depois descartá-la.
As primeiras líderes feministas como Elizabeth Cady Santon, Victoria Woodhall e Dra. Elizabeth Blackwell todas elas foram contra os métodos anticoncepcionais enxergando-os como uma forma de degradação ainda maior para a mulher por facilitarem a licenciosidade dos homens para paixões inconseqüentes. Mesmo feministas de tempos mais recentes, como Germaine Geer, estão tentando despertar as mulheres para os males da contracepção. Elas lamentam que, em vez de liberar a mulher, as tecnologias anticoncepcionais as transformaram em “gueixas” que põem em risco sua saúde e sua fertilidade para estarem sempre disponíveis para o sexo casual. Outras personalidades expoentes como o Papa Paulo VI e Ghandi também já haviam predito esse cenário.
Igualdade entre os sexos - Homens e mulheres devem ser iguais na sua dignidade. Mas é precisamente na nossa diferença sexual nossa complementaridade e identidade.
A contracepção faz a mulher deixar de ser aquilo que ela é, para querer torná-la “igual” ao homem, ou seja, ter relações sexuais e não engravidar. Será que ela não teria dignidade própria e precisaria de artifícios tecnológicos para ter mais valor? A contracepção rouba a característica que torna a mulher uma criatura única.
Aproveitar mais o sexo – Tecnicamente, um casal que usa métodos contraceptivos não faz, não quer e tem medo de sexo. Tem medo das exigências do amor. Os métodos anticoncepcionais não tiram o medo das pessoas. Só amor é capaz de fazer isso (cf. I Jo 4, 18). Só o amor é que nos faz aproveitar o sexo.
Tentar justificar a contracepção é como justificar o Holocausto nazista pelo fato de ter gerado muitos empregos. É possível gerar empregos de modos moralmente mais aceitáveis. Boas coisas podem realmente vir por meio do mal (cf. Rm 3, 8)?
13. A Igreja não se preocupa com o aumento do número de abortos se as mulheres correrem mais risco de terem uma gravidez indesejada?
O Papa João Paulo II, na Evangelium Vitae, 13, abordou esta questão, afirmando que: “... a contracepção, tornada segura e acessível a todos, é o remédio mais eficaz contra o aborto. E depois acusa-se a Igreja Católica de, na realidade, favorecer o aborto, porque continua obstinadamente a ensinar a ilicitude moral da contracepção. Bem vista, porém, a objeção é falaciosa. De fato, pode acontecer que muitos recorram aos contraceptivos com a intenção também de evitar depois a tentação do aborto. Mas os pseudo-valores inerentes à “mentalidade contraceptiva” — muito diversa do exercício responsável da paternidade e maternidade, atuada no respeito pela verdade plena do ato conjugal — são tais que tornam ainda mais forte essa tentação, na eventualidade de ser concebida uma vida não desejada.”
Dados estatísticos ao longo da história provam que em que cada país que foi aceitando a contracepção as taxas de aborto só aumentaram. A Suprema Corte americana declarou que a decisão inerente à contracepção e ao aborto é a mesma: “Não queremos um filho.”.
Os métodos anticoncepcionais deram a ilusão de que se pode ficar grávida “por acidente”. Essa é a afirmação mais esdrúxula. Se você teve relações sexuais e engravidou não significa que algo deu errado, mas, sim, que deu certo. Às vezes, até médicos perguntam: “Como isso foi acontecer?!”. Ora, será que os médicos esqueceram de onde vêm os bebês?
Se a gravidez é tida como uma doença, então a contracepção é medicina preventiva e o aborto é a cura. Isso sem mencionar que já está comprovado que o DIU (dispositivo intra-uterino) e as pílulas anticoncepcionais têm um mecanismo de “backup” quando ocorrer a fecundação “acidental” que é evitar a nidação, ou seja, a implantação do óvulo já fecundado (zigoto) no útero. Matar um zigoto, uma nova vida recém concebida é aborto. Para disfarçar esse efeito (e também justificar atrocidades como a manipulação genética de embriões), parte da comunidade médica tenta redefinir o momento em que começa a vida.
14. E se uma mulher precisa tomar pílula anticoncepcional por razões médicas? Ainda assim, seria errado?
A Humanae Vitae, 5 ensina: “A Igreja, por outro lado, não considera ilícito o recurso aos meios terapêuticos, verdadeiramente necessários para curar doenças do organismo, ainda que daí venha a resultar um impedimento, mesmo previsto, à procriação, desde que tal impedimento não seja, por motivo nenhum, querido diretamente.”
Uma mulher, por exemplo, que precisou retirar o útero porque tinha um câncer não tinha a intenção de ficar estéril. Como no caso da pílula, vimos que ela é um abortivo em potencial. Se não houver nenhum outro meio terapêutico disponível, o mais coerente é que o casal se abstenha das relações sexuais durante o período de tratamento para evitar o risco de aborto, ainda que indesejado, que a pílula possa trazer.
15. O Planejamento Natural da Família também não é 100% eficaz. Não persistiria a tentação de abortar no caso de uma gravidez indesejada?
A mentalidade de quem segue o planejamento natural da família é totalmente diferente da de quem usa métodos anticoncepcionais. Imagine que você enviou o convite do seu casamento, ainda que por consideração, a uma pessoa que você já esperava que não pudesse comparecer. Como você se sentiria se essa pessoa aparecesse de surpresa? Certamente, você ficaria feliz, afinal, foi você mesmo quem a convidou. É isso que acontece quando um casal que segue o planejamento natural família tem relações sexuais fora do período fértil. Se Deus, mudar de planos e quiser mandar uma nova vida ao mundo, então, cada pequeno sacrifício típico da paternidade e maternidade será uma continuação do “sim” tão feliz que foi assumido diante de Deus.
16. Os casais que usam o Planejamento Natural da Família devem ter muitas surpresas...
Uma estatística diz que “os métodos naturais” -- que engloba todas as técnicas de modo geral, como a chamada “tabelinha”, por exemplo, que já está ultrapassada -- constata uma eficácia de 80%. Mas este número precisa ser melhor analisado. Entre as pessoas que foram apropriadamente educadas para o uso dos métodos modernos de planejamento natural da família – como o método Billings -- esta taxa sobe para 99%.
19. Mas nós já usamos métodos anticoncepcionais há muito tempo. O que devemos fazer?
Primeiramente, procurem um sacerdote, conversem e recebam o sacramento da Reconciliação. Confiem na misericórdia divina. Peçam também perdão um ao outro porque não foram fiéis ao consentimento matrimonial. Depois, aprendam a usar o Método de Planejamento Natural da Família (oferecido inclusive pela nossa Arquidiocese). Se um dos dois foi esterilizado (pela laqueadura de trompas ou vasectomia), veja se é possível reverter esse estado. Caso não haja essa possibilidade, o casal pode se propor uma penitência sincera, como a abstinência do sexo durante alguns dias do mês que corresponderiam ao período fértil ou a dedicação a ensinar aos outros o Planejamento Natural da Família.
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Notado blog: Por motivo de discrição, algumas partes foram ocultadas do texto original.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
A Boa Nova do Sexo e do Casamento 5
Retirado da apostila do II Curso para Agentes do setor pré-matrimonial da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tradução livre e resumida do livro Good News About Sex and Marriage – Answers to Your Honest Questions About Catholic Teaching, de Christopher West, por Tatiana de Melo. Só pode ser utilizado mencionando-se as fontes e sua cópia não pode ser usada para fins lucrativos.
Acesse o blog da Pastoral Familiar!
A Castidade dentro do Matrimônio
A vida matrimonial é um dom, mas isso se torna mais evidente quando os esposos, entregando-se um ao outro por amor, fazem acontecer o encontro que os torna “uma só carne”.
(Carta às Famílias, 12)
Se você é casado ou pretende se casar você precisa responder a cada uma destas perguntas:
- Você pretende ser fiel ao compromisso matrimonial?
- Mesmo em meio a muitas dificuldades, você pretende continuar fiel a este compromisso?
- Mesmo que o desafio seja muito grande e exija sacrifícios, você, ainda assim, pretende se manter fiel a este compromisso?
Se você respondeu “sim”, você tem uma ideia do que é viver o matrimônio. Mais dois questionamentos, então:
- Como seria um casamento no qual os cônjuges fossem continuamente e deliberadamente infiéis ao compromisso matrimonial?
- E, em contrapartida, como seria um casamento em que os cônjuges continuamente renovassem seu compromisso e fortalecessem seu laço de união?
O sexo só é sexo quando é uma expressão do compromisso matrimonial. O amor é exigente. Tenha coragem moral de manter-se fiel a ele e você experimentará a paz da liberdade que Cristo nos conquistou (cf. Gal 5,1).
1. Os casados também precisam viver a castidade?
Castidade não é sinônimo de abstinência sexual. Como explicamos anteriormente a castidade é a virtude que liberta todos os nossos desejos sexuais, nossos pensamentos e comportamentos da busca pela auto-satisfação e os ordena para o verdadeiro amor. Se os esposos querem realmente se amar, a castidade não é uma opção, é condição.
Todos são chamados à castidade porque todos são convocados a amar. O modo como a castidade é expressa depende do estado de vida de cada um. Para os não casados, exige abstinência. Para os casados, exige que o sexo seja uma expressão verdadeira do compromisso matrimonial.
3. Isso significa que o casal só deve fazer sexo quando quiser ter filhos?
Não. Significa que o casal só deve fazer sexo quando quiser renovar seu compromisso matrimonial. O sexo existe para dois fins: a união do casal e a procriação. A fidelidade ao compromisso matrimonial implica que o casal nunca impedirá intencionalmente a possibilidade de uma gravidez.
8. Fazer o que manda a moral tira a espontaneidade. Os casais não devem fazer o que der vontade no momento da paixão?
Veja este exemplo: uma pessoa pode espontaneamente brincar com as teclas de um piano, mas, no fim das contas, ela só vai ter feito barulho. Mas um pianista experiente que “brinca” espontaneamente com as teclas pode acabar compondo uma sinfonia. Por trás, da “brincadeira” havia anos de aprendizado, prática, disciplina e esforço em busca da perfeição.
Assim, Cristo também nos chama a uma naturalidade que vem da sexualidade redimida, do exercício da castidade. Quanto mais deixamos a Graça nos transformar, mais naturalidade teremos em expressarmos o verdadeiro amor através do sexo.
9. A doutrina moral é muito pesada! O sexo não deveria ser mais divertido?
O sexo é barra pesada. A forma como vivemos nossa sexualidade tem consequências eternas. Justamente por ser a mais poderosa força criativa do mundo material – o poder de cooperar com Deus na criação da vida humana – quando mal usado, ele é muito destrutivo.
Em vez de querer fugir desse peso, deveríamos optar por assumir toda essa magnitude de importância e o fardo se tornará mais leve, com certeza (cf. Mt 11, 29-30). Viver a verdade sobre o sexo é uma grande alegria. Só quando somos felizes vivemos como aquilo que somos: imagem e semelhança de Deus.
Ao contrário do que a mídia quer nos impor, sexo não é diversão! Os nossos genitais não são brinquedos! Sexo é provar o céu na terra. Por isso, entregue sua vida sexual a Cristo!
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Nota do blog: Por motivo de discrição, algumas partes que estão presentes no original foram ocultadas nesta postagem.
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Nota do blog: Por motivo de discrição, algumas partes que estão presentes no original foram ocultadas nesta postagem.
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