terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Infância

Na cidade me puseram muito cedo.
Sempre gostei mais dos campos abertos,
das descobertas em pleno sol, sob o mistério das cigarras.

A medo caminhava pelas calçadas.
Gente, muita gente.
A mão que, por vezes, se via desacompanhada.
A lágrima, o desconforto.

Árvores, terra, o cantar da água nos regos...
A figueira sobre o tanque numa névoa de limos verdes pela manhã.
Os cheiros fortes e as imagens do estábulo com ecos de mugidos das vacas.

A cidade era hostil.
Com cheiros bons, no entanto; imagens ternas de mulheres.

Os meus olhos e os meus sentidos todos a render-se...

A recordação de uma terra cada vez mais distante,
do sol.

1 comentário:

Anónimo disse...

A candenguice/meninice amarra-se muito nos olfactos em termos de memória, chega-se a tudo para conhecer o falar das seivas, embora depois estejamos acostumados mais a valorizar o acto de ver, que exige distância e alguma perda. Bela escrita recordação!
Bj
Gabriela