© Koszticsák Szilárd
Para além dos
assuntos deste país, cobertos por uma vasta fauna de bloggers (mais ou menos
esclarecidos, mais ou menos irados), convém ir estando atento às enfermidades
de "democracias" vizinhas, sobretudo numa perspetiva de antever lutas que podem
vir a ser nossas também.
Dentro do rol de
situações extremas que vão tomando conta do leste Europeu, um caso em
particular me saltou à vista pela ausência de sentido que lhe consigo ver. Falo de
uma medida recentemente proclamada pela autarquia de Budapeste (Fidesz), que
visa eliminar do espaço público os sem-abrigo, medida esta que vai de encontro
a outras que têm sido tomadas no enclave Hungria/República Checa.
Vamos então ao
corpo da notícia: Máté Kocsis, autarca do 8ºdistrito de Budapeste e o líder
regional István Tarlós, têm tentado aprovar uma série de medidas para impedir que
se possa viver na e da rua, nomeadamente criminalizando a prática de dumpster-diving (recolher mantimentos do lixo),
e aplicando uma multa que pode ir até 167 euros apenas por se estar na rua, oferendo a esta a alternativa de ir para a prisão.
Desta campanha
posta em prática desde finais de Setembro, em Budapeste, seus recursos e métodos
para a fazer cumprir, consigo apenas extrair como objectivo o de fazer uma
limpeza da faceta mais óbvia da pobreza do pais. As sucessivas tentativas de
prender ou afastar os sem-abrigo hão-de, a seu tempo, dar lugar à “eliminação”
de alguns, se não por vias legais, recorrendo a práticas igualmente "nobres", como roubar-lhes as roupas
ao fim do dia para garantir que se esfumacem com a noite.
Ocorre-me dizer
muito pouco, dado que medidas de exclusão como estas, ainda que encapuçadas de uma política de reinserção social, para além de perversas, merecem zero de margem de tolerância. Informação mais detalhada sobre este e outros assuntos da região
podem ser lidos aqui.
Laura Nadar