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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Espeto de Pau



Vi ontem no DocLisboa, e ainda passa hoje (quarta) às 16:30 no Londres: "Cuchillo de Palo", um espantoso documentário de Renate Costa, a não perder. No Paraguai, a realizadora procura descobrir o rasto escondido de um tio, que, por ser homossexual, sofreu a perseguição da ditadura de Stroessner e a ostracização social e da sua própria família, até à sua morte, ao que dizem, "de tristeza". Renate Costa constrói um documentário pessoalíssimo que é não só um pungente retrato da homofobia como um encontro com o seu próprio passado, com a relação, também ela distante, com o seu pai, e com a relação deste com o irmão homossexual. Um documentário magnífico na abordagem ao tema (forte sem ser panfletário, comovente sem ser lamechas), ao ritmo, à filmagem, enfim, e como disse ao princípio, só passa mais uma vez hoje às 16:30, vão vê-lo ao Londres!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fidel e os homossexuais


Através do Vias de Facto cheguei a esta notícia: Fidel Castro assume a sua responsabilidade na ignóbil perseguição que o regime cubano moveu, até muito dentro dos anos 80, aos homossexuais. Não lhe fica mal assumir os erros, embora seja muito difícil de acreditar que estes se devessem, como Fidel argumenta, a estar muito preocupado com outras coisas na altura. Na verdade, a perseguição aos homossexuais era regra na época, não tivesse Fidel, logo em 1959, declarado que os gays "não podem ser revolucionários"; ou, em 1971, decretado a homossexualidade como "patologia anti-social" (e não vale insinuar que se tratam de calúnias de "agentes da CIA", como é habitual quando se critica Cuba. Estas questões estão amplamente documentadas, constam até de resoluções do PC Cubano, e encontram-se facilmente em inúmeros sites ligados aos movimentos LGBT. Por exemplo aqui, mas há muitos outros. Pesquisem!). Também é curioso que seja agora assumida uma perseguição que negou em 1992, quando afirmou: "Nunca promovi políticas contra homossexuais"!


A tímida assunção de culpa de Fidel trouxe-me à memória a extraordinária autobiografia de Reinaldo Arenas, "Antes que Anoiteça"; um calhamaço de 500 páginas que li de seguida, em nove ou dez horas, sem intervalos para comer (acreditem se quiserem). Também deu um filme com Javier Bardem (em cima uma imagem do mesmo), que não vi. Imprescindível esta narração da extraordinária saga de Arenas, da sua desilusão com a revolução, das perseguições que a sua condição de homossexual lhe acarretou, e do modo sistemático como foram executadas, trágica mas com pormenores caricatos (por exemplo: tais foram as calúnias sobre Arenas, "agente da CIA", "terrorista", e etc., que quando é preso é respeitado na prisão como um indivíduo extraordinariamente perigoso - ele, um escritor - o que lhe vale uma estadia bem mais tranquila que à grande maioria dos homossexuais). Bem melhor estaria Fidel se assumisse por inteiro os preconceitos da cultura revolucionária dos "barbudos", machista até ao tutano, e o sofrimento que provocou, em vez de se limitar a pôr as culpas nos "outros", ou no "ambiente que se vivia". A culpa é de todos em geral, a culpa não é de ninguém em particular, já dizia o José Mário Branco.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

À felicidade da Teresa e da Helena


Teresa Pires e Helena Paixão casaram-se, quatro anos após a primeira tentativa. O papel destas duas corajosas mulheres no processo que culminou com a legalização do casamento homossexual não pode ser menosprezado. Elas trouxeram o problema para a ribalta mediática, da maneira mais eficaz: transformando "o problema", em abstracto, num problema concreto que afecta pessoas concretas. O que lhes sucedeu depois, o inacreditável ostracismo a que foram votadas, terem perdido os empregos, forçadas a mudar de cidade para escapar ao assédio que as perseguia como "as fufas" que tinham tido a coragem de dar a cara, mostra bem como o machismo homofóbico neste país é um problema muito mais sério que na maior parte dos casos se supõe, assim nos disponhamos a afastar-nos das nossas relações sociais e conhecer o "Portugal profundo".

segunda-feira, 17 de maio de 2010

17 de Maio: um grande dia para Portugal

Hoje foi grande dia para Portugal, no seu caminho para os valores da civilização e do respeito por todos os seres humanos: foi promulgada a lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também ficou claro que Cavaco o fez a contra-gosto, supostamente para não "arrastar" a questão. Mas não deixou de apresentar um pedido de desculpas público ao país pela ousadia, não vá o eleitorado da direita chatear-se. Antes assim, pois muitos já supunham que a lei não passaria pelo PR. Por feliz coincidência o anúncio da promulgação acontece no Dia Mundial contra a Homofobia, cujas celebrações incluíram a Marcha contra a Homofobia e a Transfobia, em Coimbra, a cuja divulgação este blogue não se associou apenas por lapso meu.