Notas esparsas para tentar definir um tempo de reflexão para accionar a indispensável mutação estrutural de uma realidade dividida, equívoca e desigualitária onde os patrões " como não podem pagar mais, devem desaparecer " para que a verdadeira vida, o sublime da ética e da responsabilidade, não se deixem nunca jugular.
1. " A revolução social não exclui de forma alguma a revolução política. Pelo contrário, ela implica-a , necessariamente, imprimindo-lhe uma tonalidade diferente, o da emancipação real do jugo do Estado pelo povo. Uma vez que todas as instituições e todas as autoridades políticas não foram criadas, em definitivo, senão para proteger e garantir os privilégios económicos das classes possidentes e exploradoras contra as revoltas do proletariado, torna-se claro que a revolução social deverá destruir essas instituições e essas autoridades, não antes, nem depois, mas ao mesmo tempo que levará a sua acção pela libertação dos fundamentos económicos da escravatura do povo…
" A revolução política, contemporânea e realmente inseparável da revolução social, de que será a expressão ou a manifestação negativa, deixará de ser uma transformação, mas sim, será uma liquidação grandiosa do Estado "( M. Bakounine. Obras Completas. IV).
2. " O que é em suma o poder dos Conselhos Operários? A dissolução de todo o poder a ele exterior; a democracia directa e total; a unificação prática da decisão e da execução ; o delegado substituível a todo o instante pelos seus eleitores ; a abolição da hierarquia e das especializações independentes; a gestão e a transformação conscientes de todas as condições da vida libertada ; a participação criativa permanente das massas; a extensão e a coordenação internacionalistas ".
G-E-Debord.IS-Conjunto.
3. " Toda a sociedade capitalista moderna é dividida por uma contradição fundamental que deriva das suas duas classes opostas. A exploração dos trabalhadores por uma minoria desencadeia constantemente uma oposição irredutível de interesses entre as duas classes. A gestão da produção e da sociedade por essa mesma minoria suscita, qualquer que seja o tipo de regime, uma anarquia e uma irracionalidade permanentes.O fundamento do capitalismo é portanto posto em questão permanentemente, quer pela luta aberta ou disfarçada dos homens contra a estrutura social, quer pela reserva, apatia, indiferença face a todos os domínios que deveriam incarnar a vida social, como a empresa, o associativismo, os partidos políticos, o sistema de governo. O sistema capitalista vê-se enrolado numa crise sem fim porque, em vez de integrar os homens na sociedade, ele força-os constantemente, e concomitantemente, a lutar contra a organização social dominadora e dominante ou a ficarem isolados, " privatizados", que os burocratas ajudam a reforçar por seu lado ".
DC-Bendit, O Esquerdismo, remédio para a doença senil do comunismo . Le Seuil Éditions. 2008.Paris.
FAR