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segunda-feira, 12 de julho de 2010

A salicórnia ou cachelro

Numa visita às salinas da Figueira do Foz e ao Núcleo Museológico do Sal, que recomendo, tomei conhecimento com uma planta designada salicórnia e que naquela região tem também a designação de cachelro.

É uma planta anual que cresce nas salinas mas também nos sapais, e nas arribas temporariamente encharcadas por água salgada ou salobra ou que sofrem o efeito da maresia. É uma planta carnuda, um pouco semelhante aos espargos selvagens, razão porque também é conhecida por espargos do mar.

Deve ser colhida no fim da Primavera ou início do Verão, porque depois se torna mais fibrosa. Sempre me fascinaram as plantas que se adaptam a habitats difíceis e esta é uma delas. Tem a grande vantagem de ser comestível, apresentando fresca um sabor salgado, dispensando por isso o uso do sal.
Com o aquecimento global e a carência de água doce a cultura de plantas halófitas (isto é que crescem em solo salgado), como a salicórnia, para uso como fonte alimentar é extremamente atractiva e há já nalguns países campos de cultura desta planta. Para além de fonte alimentar pode também ser convertida em “biofuel”.


Do ponto de vista ecológico a sua produção em campos ajuda a diminuir as quantidades de dióxido de carbono e a ajustar o nível dos mares, que têm vindo progressivamente a subir.
Portanto, apesar de ser uma planta antiga, tem agora possibilidades futuras de desenvolvimento. Vejamos o seu uso como alimento: Do ponto de vista calórico 75g (1/2 chávena) têm 100 calorias, 70 g de sódio (cerca de 3% da nossa ingestão diária), hidratos de carbono 2,5 g e 10 g de proteínas. É portanto uma planta rica em proteínas. Pode ser comida crua, cortada em pedaços e misturada em saladas, por exemplo com tomate, ou outros legumes. Temperar como habitualmente, mas omitir o sal. Pode também ser cozida e nesse caso utiliza-se sobretudo em pratos de peixe ou por exemplo com mexilhões. Pode cozer-se ao vapor, no microndas ou alourar-se em manteiga ou azeite para acompanhar salmão ou outro peixe. Usa-se também para quiches ou pratos de ovos. Ainda se pode adicionar em molhos como o molho tártaro ou molhos de iogurte.
Ainda só a experimentei crua mas logo vou fazer uma omelete. E como consegui uma quantidade razoável vou experimentar fazer pickles. Andei à procura de receitas de pickles de salicórnia. Encontrei poucas mas todas diferentes. Uns deixam a salicórnia com sal durante 24 horas e cozem-na depois. No final adicionam o vinagre. Outros cozem-na no vinagre.
Já me decidi e não vou usar nenhuma das receitas. Vou fazer como faço com alguns legumes, como a couve-roxa. Costumo deixá-los macerar em sal, passo que vou saltar dado o seu teor elevado em sal. Fervo o vinagre com açúcar e especiarias e quando estiver pronto (cerca de 10 minutos), deito-o, ainda quente, nos frascos onde já introduzi a salicórnia. Daqui a umas 3-4 semanas vou poder dizer se esta receita é boa.