Complicado! Essa é uma palavra e exclamação que costumo usar para o muito de complicado que vejo e ouço e que resolvi usar para iniciat esse post sobre simplicidade, tema da blogagem coletiva do primeiro sábado de cada mês. Em dezembro, a propósito, pausa na blogagem coletiva, em 2016, talvez.
Sobre ela, a simples simplicidade, tenho ouvido e lido discursos (tipo rasos e tipo profundos), visto nome de livros, práticas que de simples não tem nada, pessoas, instituições, grupos, que pregam, descrevem, cantam, receitam a simplicidade produzida e entendida cada um a seu modo, conveniência e com uma listinha de intolerâncias. O simples na prateleira, colhido sem licença e com total descaracterização das pequenezas genuínas de Manoel de Barros, vestidas com a roupagem do tá na moda.
E com base na frase de Chorão "Quem é de verdade sabe quem é de mentira", eternizada em sua canção, é no todo que vemos os pedaços, uma fala ali, um gesto acolá, um outro escrito do mesmo autor, uma outra legenda da mesma pessoa, um comentárioem, o silêncio, um suspiro amargo, entrelinhas onde a simplicidade que não é in natura, dá bolor.
O simples não se vende, divulga, ensina, é perecível penso eu, coisa que se é ou não é, sendo possível aprender e praticar sim, buscar, mas que não anda de mãos dadas com o posar, usar como cartaz. De críticas a Bela Gil, pelos seus churrascos de frutas e batata doce na lancheira da Escola da filha, passando pela sem pareja sugestão de quem se incomoda com passarinhos de que se abra a janela e deixe disso de se queixar por bobagens, e como em tantos exemplos, onde a simplicidade é posta a prova, se choca com incoerências, inconsistências, simples assim de notar e sentir.
Textos e fotos publicados com legendas de puro amor e reconhecimento para os pais no dia dos pais, com os irmãos no dia dos irmãos, namorados, amigos e no dia dia a ligação fica lá perdida e não se retorna, para pegar um copo d´água para o outro muitas reticências. Exclamações aos montes, de amo, adoro, relatos de faço e aconteço, tudo dito e muito pouco praticado.
“Que ninguém se engane, só se
consegue a simplicidade através de muito trabalho”, disse a complicada e amada
Clarice Lispector. E querer muitas coisas simples, não será ser exigente e portanto complicado? E o que é simples para você é simples para mim?
“A felicidade é um sentimento
simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora, por não perceber a sua
simplicidade”, disse Quintana e é também pessoal penso eu, não há receita de
bolo. Para mim por exemplo, é simples manusear um Smartphone, para tantos Seu João não. Para muitos Seu João é simples plantar e colher feijão, para mim não.
Simples é uma palavra cheia de
usos e significados, além da definição do dicionário, como poesia e filosofia, as palavras e práticas. Algo que ninguém ache digno de nota, de observância, pode representar, inspirar, desencadear ideias, sentidos simples, poéticos e filosóficos. Ser simples, creio eu, não significa evitar o complexo, o incomum, negar a profundidade, contentar-se com o trivial, comprar e vender a simplicidade como produto bem aceito no mercado.
Leonardo da Vinci disse que
"a simplicidade é o último grau da sofisticação", e o primeiro da humildade eu diria e não objeto do anseio
coletivo diante de um mundo cada vez mais complicado, em que o simples é atrativo e falso. A simplicidade é uma arte, sutil e difícil, por mais louco que isso possa parecer. Simples e complicado assim!