28 de abril de 2015

Dos unguentos

Hoje eu trouxe um texto publicado no Blog Lado de fora do coração, escrito por Ana Paula Amaral. Porque adoro a palavrinha já em desuso, dos tempos de usar trema e porque não aguento certos temas e excessos, falei até aqui um pouco sobre radicalismo semana passada, que é um tipo de excesso. Como diz o ditado: "Tudo demais é sobra."
"Você sabe o que significa o termo "desregulação do temperamento com disforia? Não? Até o final do texto você vai saber. Ando com saudade de um tempo, em que eu menina de braços dados, enlaçados com minha mãe pelas ruas, encontrávamos algum conhecido e logo depois do "Bom dia! como vai?",  vinha a lamentação: "Ih! Tô como uma dor nos quarto! Dei um jeito nas ancas! Uma dor na batata da perna, uma dor no pé da barriga, nem tô podendo virar o pescoço". Achava chato aquelas pessoas que viviam a se queixar.
Mas, bastava um emplastro Sabiá na anca direita, um pano amarrado com breu moído com gema de ovo ou uma cânfora no pescoço e já dava para ir levando a vida como Deus quer. E o tempo amarelou folhas, trouxe chuvas de verão, cruzeiro, cruzado, real. E os quartos, as ancas, os jeitos, foram deixando de existir para entrar em cena as doenças dos comportamentos humanos.
Os comportamentos humanos estão sendo transformados em patológicos em seus mínimos detalhes. "Os psicodiagnósticos alcançaram um nível tão elevado, que hoje em dia as pessoas saudáveis estão quase extintas" (Dann Toledo). Parece que estamos vivendo um tempo onde procuramos cada vez mais justificativas para o que antes poderia apenas ser adjetivos de um ser humano fechado, introspectivo, tímido, alegre ou expansivo. Esquecemos os adjetivos das análises morfológicas e os transformamos em sujeitos com transtornos. Ah! Desregulação do temperamento com disforia é birra." Controle das birras então, dos excessos e vamos que vamos!

27 de abril de 2015

De missi

Missi é como chamo grampo de cabelo, que deve ter outros tantos nomes por ai. Venho algumas vezes, com vários deles no cabelo do salão, quando resolvo querer cachos nas minhas escorridas madeixas (fossem cacheadas teria querer de alisar #mulheres).
Subo uma considerável ladeira a pé no estilo Dona Florinda, para diferenciar, venho de óculos escuros (muitos risos), passo na padaria e se marido vai me buscar eu faço carão de a bonita e para os olhares alheios, total descaso, como diz quem não tem papas na língua #eu, ninguém paga minhas contas.
Da última vez a moça colocou grampos dourados longos e lindos e lembrei que usei muitos dos curtinhos e pretos comuns em penteados para ir pra escola. Sem camuflar, a mostra, as vezes um cruzado sobre outro para não deslizar e desfazer o coque ou voltinhas laterais. Esse estilo cruzado, feito por minha avó em dias de poucos amigos, rendiam achar que os missis estavam lá após tirar. Usei também muitos laços de fitas, dessas que vendem em armarinhos e que se enfeita presentes, dos presentes inclusive e também, pedaços de elástico cortados de uma peça inteira sempre presente na máquina de costura ou caixas de aviamentos de minha avó e mãe, usava feito aro, amarradinho na ponta, sem enfeites e como se diz por aqui, tirando onda.

23 de abril de 2015

Ilustração by Tumbir Ennaland
“Aprendi o silêncio com os faladores
A tolerância com os intolerantes
A bondade com os maldosos
E, por estranho que pareça
Sou grato a esses professores”
Khalil Gibran

22 de abril de 2015

Olho que "tudo" vê

Iluminura que desconheço a autoria

Tem muita gente que usa de forma inadequada e ingênua (alguns de fato, outros se achando espertos), as ferramentas tecnológicas por trás das da vitrine, as falsetadas, mascaradas, que a ciência da computação, da engenharia, da telecomunicação dentre outras, com os olhos da política, do capitalismo e outros olhinhos mais, que cada dia mais se esmeram em refinar o olhar, aumentar o campo de visão, modernizar, interligar, fazer parcerias, planos, dando assas e algemas a sapiência humana.
Nesse mundo digitalizado e conectado, o Estado nos vigia e o Capital nos vende, ou seja, vende nossa vida transformada em dados. Vigiam-nos pelo nosso bem, para proteger-nos do mal. E nos vendem com nossa própria concordância, quando aceitamos cookies e confiamos nos bancos que nos permitem viver de crédito (e, portanto, julgam-se no direito de saber a quem fornecem cartão). Os dois processos, a vigilância eletrônica maciça e a venda de dados pessoais como modelo de negócio, ampliaram-se exponencialmente na última década, pelo efeito da paranoia da segurança, a busca de formas para tornar a internet rentável e o desenvolvimento tecnológico da comunicação digital e do tratamento de dados.
Como evitar ser vigiado ou vendido? Os criptoanarquistas confiam na tecnologia. Vã esperança, para as pessoas normais. Os advogados, na justiça. Batalha árdua e lenta. Os políticos ficam encantados por saber tudo, com exceção dos seus dados. E o indivíduo? Talvez mudar por si mesmo: não utilize cartões de crédito, comunique-se em cibercafés, ligue de telefones públicos, vá ao cinema e a shows ao invés de baixar filmes ou música. E se isso for muito pesado, venda seus dados ao invés de doá-los como propõem pequenas empresas que agora proliferam no Vale do Silício.”
Tema sério, pouco discutido, muito atual, de fórum público que invade o íntimo. Trouxe a partir da indicação da matéria completa (clica aqui para ler), que me foi indicada por e-mail por uma amiga. Quando recebi e li, lembrei do quanto me dizem para colocar cookies no meu blog, fosse possível colocar os de comer cheirando ou para serem servidos eu bem colocaria. Propaganda faço por gosto, fiz uma tipo encomendada e assim a denominei e julguei ser boa a indicação. Remuneração é algo que eu gostaria de ter, escrever uma coluna, ter o meu espaço patrocinado por empresas afins ao que escrevo, penso, idealizo, mas de sempre e por enquanto é um espaço de interação, reflexão, de exercício da escrita, de terapia pessoal e coletiva, sem fins lucrativos que por fim é por vezes (as que sei e as que não) levado e copiado e sabe-se lá mais o que. Chega a assustar as vezes, desanimar e se perguntar, aonde o mundo vai parar, será que virar aldeia de índios de novo, tipo voltar para o jardim de infância não seria uma boa saída?

19 de abril de 2015

Pq td dia é dia

Todo dia é um novo dia #fato e todo dia temos a oportunidade de fazer diferente, de seguir fazendo igual, de fazer valer cada amanhecer e final de tarde, cada noite, lua, estrela. De agradecer andar, quem pode andar, agradecer falar, ouvir, ter o que comer, ter água limpa, luz, livros, parentes, amigos. E quem alguma coisa não tem, não faz ou muitas, vale agradecer estar vivo. Diz a canção, que todo dia é dia de índio, então eu tenho mais um motivo para achar que todo dia é meu dia. 
Hoje, dia do índio, dia que nasci, tenho mais a agradecer que a pedir, parece clichê, e é #porquenãoserclichê. E a proposta desse post (além de ganhar parabéns (pequena, eu andava com a cabeça para cima, pisando em poças e buracos para que falassem comigo, não mudei nada em trinta e muitos anos, isso não é ótimo...risos). Então, para comemorar meu niver de longe, quem me segue por aqui, ou de perto, dos diversos cantos e recantos, peço uma prece, qualquer que seja, de qualquer credo, com boas energias tem sempre eu creio, enorme valia. 
Para completar, peço fazer algo diferente, encher um balão de soprar, abraçar quem tá do lado do nada, abraçar uma árvore, seu cachorro, cantar em voz alta alguma canção, fazer bolhas de sabão, deitar no chão, comer pão com mortadela, ir espiar a rua e a cidade da janela, qualquer coisa que nunca mais fez ou uma que nunca, sei lá, tipo comer algo que nunca comeu, desenhar, escrever, vai lá, faz, experimenta pela primeira vez, se sente comigo, como sugere o poeta, nascida a cada momento para a eterna novidade do mundo.

17 de abril de 2015

Do estender




Quintanices é o nome que dei a essa série de fotos
Coisas de quintal no modo Guimarães de palavrear
Que acabei por conjugar
Quintais e Quintana são mais que rima
Toda uma composição
Como quem tirou as fotos foi meu irmão
E ambos amamos o apassarinhado poeta
Não podia passar sem poesia essa descrição das fotos
E porque três tão "iguais"?
Para observâncias de uma coisa e outra em cada uma por cada um
“Mas o que quer dizer este poema?
Perguntou-me alarmada a boa senhora
E o que quer dizer uma nuvem?
Respondi  triunfante
Uma nuvem, disse ela
Umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo”
Mario Quintana

Estender foi a melhor palavra que achei para trazer de novo varais para cá. A história começou na sexta-feira passada, quarada em uma crônica compartilhada e comentada por uma amiga em seu blog, que acabei por fazer uma crônica aqui e da referência e carência de varais, pedi a minha mãe, para pedir a minha irmã, para fotografar o da casa dela e acabou que quem fotografou foi meu irmão, com todo seu olhar poético e ai estendeu-se a história até aqui, literalmente.
Estender roupas ou histórias é coisa boa demais, dessas fotos, por exemplo, dá para resenhar sobre esse prato de planta que já foi fundo de balde, virado para baixo, que faz as vezes de guarda-chuva para a comida dos passarinhos, nesse comedouro confeccionado por meu pai (o modelo muda com o tempo, se atualiza, tipo troca e reforma de móveis). Quando a chuva aperta ele ainda põe uma sombrinha para os pássaros se abrigarem e para não molhar as migalhas de pão. também põe um pratinho para água, como se não tivessem poças suficientes, na verdade penso seja na ideia dele uma água filtrada para os problemáticos, ou tipo luxo de hotel.
Outra historinha é painho dar nomes a visitantes recorrentes. Na infância de meu filho uma rolinha foi batizada de Lindinha, agora tem por lá um tal ou uma tal de Piti, piando, saltitando e voando e eu que não sou de pouca coisa, quis saber o porque do nome (imagino minha mãe perguntando a ele e ele dizendo: Conchita, essa menina quer o que com isso? rararara).
A fonte do nome é ímpar. Ele me pediu um tal livro pop (avesso a coisas pops que ele é, estranhei e logo providenciei). O capital é o nome do tal livro, que comprei no pré lançamento e custou por mais de um motivo a chegar e eis que chegou por lá, nesse tempo de espera, o tal passarinho que ele chamou de Pity (mandou me avisar que é com y, com todo vocabulário espanhol abaianado que lhe é pertinente). Deu o nome por causa do nome do autor do livro que é Thomas Piketty. Me diz o que tem a ver? Resolvi recorrer a Quintana para achar além de engraçado por demais, lindo. "A poesia não se entrega a quem a define".
Com toda essa contação e diante dessa figura que é meu pai (do tipo quem conhece que compre), parece um senhor fofo e adorável Seu Guilhermo. É e não é (feliz nessas horas que ele não é uma pessoa conectada e vai ler isso). A pessoa miúda é tipo uma cebola que é preciso trato para descascar, paladar sem frescuras para gostar, o grande e barbudo fotógrafo e cineasta também, sobre eu ser assim não acho necessário mencionar.
E tem ainda de detalhes com histórias, as cordas, que são hoje de cordão, mas já foram de nylon e trocadas tantas vezes, os pregadores que as vezes tomam chuva e ficam cor de madeira escura, o concertar quando desprendem desse treco do meio que nunca consigo, o tirar folhas das calhas, que meu marido tanto tirou, o cooorre que tá chovendo, minhas subidas na goiabeira que hoje só tem o tronco e a figueira tomou conta. Um viveiro de periquitos que um dia fez parte desse cenário e uma roseira, uma pimenteira, um gato, uma eu com quinze anos.
Enfim, para tirar essa colcha de retalhos do varal e fechar a porta do quintal, uma cítrica, no sentido saudável, aromática e alaranjada sintonia, sendo laranja a cor preferida de meu irmão e da minha amiga escritora. Descobri, que o varal da casa dela, não o de hoje, o da infância, que iniciou esse estendimento sacudido e depois passado e engomado, ficava junto a um pé de limão e a casa desse varal das fotos, tem como endereço: Rua do limoeiro.

14 de abril de 2015

O valor da inutilidade

Ilustração The Lighthouse by Majalin
Para alumiar de candeeiro, luz do sol ou da lua
Luz de farol, luz do saber, sentir, ser ou não ser
Sobre as palavras de Pe Fábio de Melo
“É interessante você saber fazer as coisas
Mas acredito que a utilidade é um território muito perigoso 
Porque, muitas vezes a gente acha que o outro gosta da gente
Mas não, ele está interessado naquilo que a gente faz por ele
A velhice é esse tempo em que passa a utilidade 
E aí fica só o seu significado como pessoa
Eu acho que é um momento que a gente purifica, né?
De saber quem nos ama de verdade
Porque só nos ama, só vai ficar até o fim
Aquele que, depois da nossa utilidade, descobrir o nosso significado
Por isso
Eu sempre peço a Deus
Para poder envelhecer ao lado das pessoas que me amem
Aquelas pessoas que possam me proporcionar a tranquilidade de ser inútil
Porque a vida é assim
Se você quiser saber se o outro te ama de verdade 
É só identificar se ele seria capaz de tolerar a sua inutilidade
É assim que descobrimos o significado do amor"

10 de abril de 2015

 
Varal de sexta-feira, com branco, renda e alfazema na água de enxaguar
Foto de uma corda de lindezas de por ai
Uma vizinha de blog, que quem dera fosse de janela, porta, telhado, varal, essa semana falou e levou para o blog dela um texto que também falava, de sentir falta de varais. Não que não tenha um na casa dela e na da jornalista que escreveu o texto, ou na minha, a saudade é de varal extenso, numa área grande, quintal, laje, que os lençóis são estendidos abertos e caso ameacem encostar no chão, uma vassoura faz pezinho.
No apertamento dos apartamentos tem o não poder colocar nada na janela, na varanda, nem para aproveitar o sol depois de dias de chuva, nem num horário tal a tal. Nada! Do tipo pague para lavar na lavandeira, seja moderna mulher, ou lave roupa todo dia miúdo a miúdo, estenda seus lençóis dobrados e deixe uma calça jeans cinco dias no varal até secar. Edredon nem pensar, por causa de lavar e guardar, não há armário suficiente nem para árvore de Natal.
Varal e liberdade para ser casa e ter vizinhança com vida me dá inveja das favelas e não me manda bater na boca não, tenho chegado a conclusão de que lugar bom de morar, de vizinhança educada e amiga, festa de final de ano, torcida de futebol fiel, de bandeiras na rua e pintura no asfalto, troca de pratinhos no São João, é bairro pobre, não fosse a violência (que nos enganamos pois está nos bairros nobres também), lugar de gente mais feliz.
E nessa vontade doméstica que agiliza a secagem das roupas e diminui a pilha na lavanderia, tem um querer poético (meu e das meninas: Ana e Giovana) de ver as roupas lado a lado na corda de nylon ou arame, esticadinhas e compondo um visual artístico de cores e estampas, com o céu azul, tem também o corre corre quando a chuva chega sem avisar. Tem o cheiro do sabão quando o vento bate e o balé das peças presas com os pregadores. Passar por entre as peças só de cabelo lavado e banho tomado para não sujar as bonitas.
Desejo de poder lavar na mão, num tanque com espaço para ficar com uma perna dobrada sobre a outra e espaço atrás para baldes, bacias, pregadores, para sacudir as peças e as delicadas lavadas com sabonete,  sem torcer porque estraga o aplique ou tecido, serem estendidas sem pregador, pelo meio e o pinga-pinga cair no chão de cimento, sem problema de estragar o piso e fazer poça no chão. Desejos e memórias boas eu tenho de varais, lajes e quintais.

9 de abril de 2015

Fartura por favor

Em hotéis, quando em vez num restaurante que serve café da manhã tipo rural aqui em Salvador (há mais de um, mas gosto de um em especial) e em casa ou por ai, aprecio um farto desjejum, que inclua frutas cortadinhas, suco de frutas, ovo frito, tapioca, omelete, batata doce cozida quentinha com manteiga por cima, cuscuz com leite ou com carne do sol, pães doces e salgados, bolos, mais uma tapioca com coco e leite condensado e café para arrematar. Tudo isso tá, não do tipo escolher, na sequência, tudinho, para só almoçar lá pro meio da tarde.
Também topo um prato de feijão de manhã cedo, ou sarapatel e de sobremesa um café pretinho para fazer a digestão e um docinho para tirar o bafinho de café ou uma água com gás para fazer a phina.
Isso de trocar por modismo o pão por tapioca não me preenche, amo tapioca, mas aceito ela e o pão, sou tolerante a glúten e lactose graças a Deus e não faço por menos essa vantagem, que tem gente maquiando.
Os intolerantes de fato, tudo a ver se privarem e cuidarem, não por decisão, sintomas coletivos ou diagnóstico comerciais de profissionais não tão profissionais assim, porque há médicos e médicos. Minha intolerância é o efeito manada dos diagnósticos, de transtornos alimentares e comportamentais.
Na linguagem rural, acho que não sustenta essa alimentação cheia de frescuras, não engrossa o sangue, não dá sustança, não faz o rosto ficar corado e o sorriso ser farto. Por isso que hoje em dia as moças não ficam rosadas ao natural, precisam de make e os homens não tem força nem para subir dois vãos de escada e os muitos que se gabam de ser triatletas tomam, para manterem a pose e o ritmo, relaxantes musculares, estimulantes e vitaminas sintéticas. Vai tomar gemada cambada! Sopa, mingau, pão com ovo e café com leite de vaca. De dia e de noite, sem essa que dá pesadelo. Faz mal não! E muita gente noiada nem engordar engorda.
Tantos velhinhos, coroas, moçada e garotada Brasilzão a fora que pega com gosto no garfo, chupa dois cajus, laranjas ou mangas depois de um prato de macarrão com galinha, feijão, além do suco e do pedaço de goiabada ou rapadura e a tarde ainda toma vitamina de banana, acompanhada de pão com queijo e é tudo gente fina (do tipo seca), ou gordinha e bonitinha (gordura que se acumula de cerveja e não se vira moda ser intolerante a cevada). Gente elegante e saudável, que dá trabalho para pegar uma gripe, custa a cansar, não tem isso de remedinho pra dor, porque não sente dor fácil, não reclama que tá pesado, que é longe. Post por gente que come de tudo, come bem, com prazer e agradecendo por ter comida na mesa. Sou dessas! E assim sendo se somos o que comemos, sou bem variada, recheada, satisfeita, com muitas cores, sabores, energia e satisfação. E tenho dito!

7 de abril de 2015

Do estender histórias


Falei dessa foto dia desses aqui e prometi trazer para cá
Meu irmão que tirou numa ida ao cemitério
Dei a ela o nome de: Das cenas além do cenário
Os extras, bordas, parênteses, do tipo as histórias com e dos parentes, personalidades, locais anônimos, passado além do presente, penso são fonte de conhecimento, curiosidades, adornos de pessoas e lugares. Tem tanta gente famosa, por exemplo, que tem um irmão, pai ou mãe com histórias tão legais que não sabemos e não temos curiosidade de procurar saber, eu tenho umas tiradas de querer saber essas coisas, tipo depois de ver tal filme, ler um livro. Ou quando gosto de um ator, cantor, dou uma fuçada nas histórias além das contadas.
Isso vale para as pessoas e lugares que conhecemos. Outro dia, por exemplo, num papo qualquer soube do pai de um amigo que ele costurava quando menino, que vendia as carambolas que catava no quintal e com o dinheiro comprava tecido na feira para fazer suas roupas, além de saber dele guardar os pincéis do amigo compadre pintor que partiu, com apreço, mostrar e falar deles com o coração. Esse tio, fala besteiras e há  sabedoria em algumas delas, fuma e isso me incomoda muito e digo sempre a ele e saber desse pedacinho de seu passado colocou um enfeite a mais nele para mim, sem falar de mais um assunto, um viés para explicações e comparações.
Conhecer o outro, os lugares e suas histórias, faz pontes, cria referências. Fico pensando o quanto , muitos filhos, por exemplo, não sabem dos pais, dos avós e vice-versa, por não haver curiosidade de perguntar, por não sair dos papos comuns. E assim acontece com amigos, marido e mulher. Falando em casal, vi um livro que botei na lista e tão logo tirei. É um livro, tipo de anotações, para o par fazer e assim saber quanto se conhecem e assim se conhecerem mais (ótima proposta). Ai, foliando na livraria, dei um sorrisinho de canto de boca, que dizia eu e Paulo preenchemos fácil, sei tudo e ele também do que pergunta e mais ainda e já fizemos tanto mais do que sugere ali. Temos registrada em fotos, cartas, bilhetes e agenda nossas histórias, papeamos sobre tudo de mim e dele, lugares, pessoas, do porque, quando, onde.
Incentivada a um tempo atrás por uma psicóloga fiz perguntinhas a  meu pai sobre o passado dele,  e isso para mim virou hábito, as vezes a pergunta não é direta, as vezes a resposta também  não e as vezes vem com brinde. Soube outro dia de uma tesoura que sempre esteve lá por casa, usei, perdemos e achamos, levei para escola provavelmente, cortamos de papel a tecido e latas com ela, que foi da mãe dele, mãe ausente na vida dele, na minha por completo (viveu e morreu na Espanha), que sei histórias recortadas e esse citar da tesoura ser dela e ele ter guardado e usar e ter falado, com um bem querer velado, foi um recorte que guardarei.
Quem já fez seções de análise, se não percebeu, é fato, que quem cerca quem vai, também vai ao divã e essa talvez seja a maior magia da coisa. Como disse Fernanda Torres numa entrevista que falava da vida e do quanto ela tem um rumo e um prumo aos 50 anos, a vida é um transatlântico não se move como uma chave, cada movimento faz toda a coisa virar um pouco depois do movimento dado.
Para novos olhares, sombras e luz sob os outros, sobre lugares, objetos, valendo, treinando, praticando o observar, o escutar além de ouvir, perguntar sem invadir, papear, garimpar, semear, adubar, fazer nascerem flores, brotarem frutos nos outros e em nós.

1 de abril de 2015

Para abrir abril

No primeiro dia de meu mês, trouxe essa ilustração
Me vi nesse desenho de Krys Kirkpatrick
De laço azul na cabeça
Flores azuis no vestido
Cercada de passarinhos
Caladinha e sem sorrir como quando em vez
Pensativa
Para falar de amor, do de dentro para fora
"A boca fala
Do que o coração está cheio"
Matheus 12:34
Palavras bíblicas e sábias
Que valem para o que falamos
E para o que ouvimos
Cada um só dá o que tem é uma grande verdade
As vezes tentamos ensinar
Mas a terra não é fértil, não a semente que brote
Esperamos
Por muitas vezes merecemos
E não brota, não floresce, não dá frutos nossa semeadura
E como reza o dito popular
Um campeão também se mostra nas derrotas
Nas faltas
Do que não temos, do que perdemos
Que tudo que nos falta sirva para valorizar o que temos
Minha felicidade, esperança, vida
“Minha fé em Deus
Não passa pela necessidade de milagres
E acontecimentos grandiosos
A beleza das coisas criadas me basta”
Palavras de Padre Fábio entre as aspas que faço minhas
Que nossa fé, nossos valores
De família, de amizade, de coleguismo
De cidadania
Não passem pela necessidade de reconhecimento
Que mantenhamos os rituais das datas festivas
Perpetuemos as tradições
Que a Semana santa seja mais que um feriado
Mais que chocolates
Que seja um momento de reflexão
Para todas as religiões
De união
De menos traição e cobiça
De mais gratidão
De dividir o pão
De celebrar a vida