A crise do capitalismo provoca as mais diferentes reações. A nossa, a dos socialistas, é a da luta, a da resistência, afirmando uma alternativa ao capitalismo. A da burguesia é a de sempre, tentando fazer com que nossa classe pague com demissões e redução de direitos e conquistando o apoio da burocracia sindical para isso.
Mas há também a reação da barbárie, a afirmação do fascismo, como também se viu na primeira metade do século passado, após a Grande Depressão. O fascismo é a saída desesperada de parte da burguesia, cujo único fim é quebrar a resistência e a unidade da classe trabalhadora, escolhendo setores da classe como inimigos, culpando-os pela crise que os patrões criaram.
Em especial na Europa cresce por um lado o movimento de resistência dos trabalhadores, mas por outro o fascismo se vê animado a cada vez mais colocar suas garras de fora, com todo seu odor repugnante de machismo, racismo e xenofobia.
A agressão sofrida pela advogada brasileira Paula Oliveira de 26 anos, na Suíça, é uma minúscula demonstração da monstruosidade do fascismo. Na noite do último domingo, Paula caminhava pelas ruas Zurique falando ao telefone em português com sua mãe, no Recife, quando foi atacada por três fascistas carecas e vestidos de preto que a espancaram e, com um estilete, retalharam seus braços, pernas, rosto, barriga e costas, deixando marcada a sigla SVP (Scheiz Volks Partei) ou Partido Popular da Suíça.
O Scheiz Volks Partei é o maior partido da Suíça e governa o país.
Naquele domingo havia ocorrido um plebiscito aonde os suíços decidiram por uma margem apertada pela manutenção do acordo de livre circulação pelo país de trabalhadores da União Européia. O SVP embora oficialmente tenha chamado a votar pela manutenção esteve dividido, com parte de seus representantes votando contra, como o ministro da defesa.
Paula estava grávida de três meses de gêmeas. Abortou.
Ao ser levada ao hospital foi ouvida por um detetive que por mais de uma vez afirmou: "Se a senhora estiver mentindo será processada". O mesmo detetive se recusou a dar informações sobre o caso a consul-geral do Brasil em Zurique.
Se não é possível tolerar manifestações fascistas, menos ainda é aceitar suas agressões. Qualquer governo com o mínimo de dignidade, diante da agressão de uma de suas "cidadãs", deveria tomar medidas enérgicas sobre o caso, exigindo a punição dos culpados e a exoneração do tal detetive, estando disposto a inclusive romper relações com a Suíça se necessário fosse.