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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Mercearias Finas 74 : pratos de peixe e castas dos vinhos verdes


Se, para alguns, quanto a vinho, só reconhecem o tinto e, ainda outros, se contava, por graça, que à pergunta: "Que vinho?", respondiam: "Muito!...", também, por vezes, a escolha da bebida certa para acompanhar determinados pratos, se houver critério, põe algumas questões. É certo que já vi muita coisa...até já vi um cavalheiro, para acompanhar uma perdiz estufada, pedir coca-cola. Matou a perdiz, pela segunda vez. E não a merecia, absolutamente.
A gama de vinhos verdes brancos, pela sua variedade de castas e  sabores, em matéria de pratos de peixe, permite alternativas amplas e opções acertadas. Pessoalmente, um rodovalho, um peixe-galo grelhado ou um linguado justificam a abertura de uma garrafa de alvarinho. Mais seco ou mais untuoso, consoante o gosto das pessoas à mesa. Mas, já um bacalhau assado, pede, no mínimo, um branco encorpado, ou até mesmo um tinto, em que pode entrar o espadeiro minhoto. 
Quanto às sardinhas, já não estou tão seguro e tudo fia de mais fino... Na minha modesta opinião, tudo depende da época e do ano. E, também por aqui, o vinho tinto pode ter uma palavra a dizer. Como este ano elas estão gordas, rechinam e pingam para o pão, a casta loureiro pode bem impor-se. Ou, em boa alternativa, o sempre seguro "Muralhas" de Monção, com os seus 90% de alvarinho e 10% de trajadura. Que é, quase sempre, uma escolha acertada e compensadora.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mercearias Finas 64 : Alvarinho


É, talvez, a casta branca portuguesa, autóctone, mais complexa, rica e de melhor qualidade. Pelo menos, para mim, assim a considero e, apenas, o Arinto de Bucelas, às vezes e em raros anos (1992, foi um exemplo, que pude confirmar, em Novembro de 1998, no restaurante Jordão, de Guimarães), lhe possa pedir meças, pelo seu aroma delicado e elegante. Por outro lado, o Alvarinho, da sub-região de Monção e Melgaço, assegura uma longevidade (5 anos, garantidamente) incomum, no Noroeste peninsular dos vinhos verdes. E faz lotes de segura qualidade, como é o caso do Muralhas (90% de Alvarinho, 10% de Trajadura, habitualmente) que, com imenso e merecido sucesso, a Adega Cooperativa de Monção produz, generosamente, todos os anos. Nas nossas irmãs Rias bajas da Galiza, esta casta branca ganha o nome de Albariño. Que é também de muito boa qualidade. Porque o clima é gémeo do do nosso Alto-Minho.
O terreno e as condições climáticas são considerados como a base fundamental da personalidade e características próprias de um vinho, seja ele tinto ou branco, pela forma, sabor e aromas que, as castas aí plantadas e amadurecidas, adquirem, inconfundivelmente. Daí os franceses terem criado a palavra terroir, com um significado enológico exclusivo. Ora, muito recentemente, um conceituado produtor de vinho de Napa Valley's (EUA) saiu-se a dizer que o terroir era um mito e que tal coisa não tinha nenhum fundamento. Saíram-lhe à estocada e com argumentos, e bem. Eu faria o mesmo, escandalizado com o dislate.
Aqui há algum tempo, nesta mesma rubrica, afirmei que a casta Alvarinho era exclusiva do Alto-Minho. Os produtores gostam muito de fazer experiências, e, por isso, a minha afirmação já não corresponde à realidade. Plantam-na no Ribatejo, na região de Lisboa, nas Terras do Sado e, até (pasme-se!), no Alentejo - mas com medíocres resultados. Até José Neiva, que costuma ser um mágico dos vinhos que produz (empresa DFJ), fez, no Ribatejo/Estremadura/Lisboa, um Alvarinho estreme que é um desastre. E, refere o "Fugas" (jornal Público) de sábado passado, que a Adega de Borba também fez a experiência, no Alentejo, com maus resultados ("...um branco sem muita graça e nenhuma personalidade..."). Em resumo: Alvarinho, só na sub-região de Monção e Melgaço - terroir é que é!