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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Apontamento 136: Plano de transformação do espaço público



Por vezes acontece que as circunstâncias extremas revelam grandes estadistas quando os representantes dos poderes públicos demonstrem capacidade e lucidez no exercício das suas funções.

Se, no actual quadro excepcional, tivemos sorte no que se refere ao Governo do país, o mesmo parece não suceder na sua capital. O acima mencionado “Plano de transformação do espaço público”, publicitando novos trilhos para a mobilidade e espaços para os ciclistas, embora de utilidade, a iniciativa carece de uma enorme ausência de visão para uma cidade – CAPITAL - pós-pandemia.

Bastava enumerar alguns aspectos vitais – humanos e culturais – que permitissem um reencontro dos munícipes para com a sua cidade, princípio essencial em detrimento de uma nova invasão de  turismo sem regras, a saber:

1 – Por que motivo a CML não utiliza a experiência do confinamento no sentido de privilegiar o encaminhamento de pessoas sem-abrigo para uma solução definitiva, impedindo o prolongamento de uma situação completamente inaceitável numa sociedade democrática ?;

2 – Por que motivo a CML, com os seus agentes de fiscalização e – quiçá a ASAE – não regista e/ou controla, com rigor, TODOS os ALOJAMENTO LOCAIS - Ilegais - utilizando registos europeus acessíveis online, para proteger os residentes, uma vez que a lenta reocupação dos espaços já se iniciou, SEM QUALQUER REGISTO DE MOVIMENTOS, NEM CONTROLO SANITÁRIO ?;

3 – Por que motivo a CML não toma como exemplo a situação actual, permitindo a livre circulação PELAS RUAS, dos munícipes, cidadãos e/ou forasteiros, SEM O QUADRO DE HORRORES DE RUÍDO, de pretensos músicos e outros oportunistas sem ética, nem estética, a ocupar indevidamento o espaço público.

Aconselha-se, portanto, que o Senhor Presidente da CML, para o BEM DOS SEUS MUNÍCIPES,  alargue os seus horizontes e inclua, na sua estratégia de pensar a cidade – desconfinada – uma perspectiva mais ampla. Ruas, limpas de lixo de várias lojas, permitindo uma circulação sem impedimentos de actividades ilegais, incómodos frequentes, ausência de fiscalização de prevaricadores, animais doentes e ruidosos. Enfim, uma cidade não recomandável.

Voltar a uma enchente de turismo chunga pode ser uma tentação fácil, provocando, certamente, uma degradação cultural, ética e esteticamente muito mais profunda do que aquela que vivemos até agora.

Esperemos que a história – das invasões de forasteiros indiferenciados, carentes de elementares regras de educação e qualidade humana e social – não se repita com a anuência pusilânime de Sua Excelência, o Presidente da Câmara de Lisboa.

Pelo menos, espera-se que a sorte  nos conceda mais umas semanas de uma capital, respirável, agradável, funcional e à medida dos que pretendem viver nela sem aborrecimentos, limitações e incómodos diários perfeitamente dispensáveis.

Por uma CAPITAL ao serviço dos cidadãos, e não apenas nas ciclovias ! Pede-se, portanto, um “Plano de transformação do espaço público” mais ambicioso.

Post de HMJ