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sábado, 28 de junho de 2014

Do preconceito, em leitura - eu, pecador, me confesso


Admito que se possa ler por entretenimento ou para ocupar o tempo vazio. Assim se compreende tantos "tijolos" a serem lidos nos transportes colectivos. Nas quotidianas travessias e quando a paisagem perdeu toda e qualquer novidade (salvo a das estações do ano), restam os bordados, a malha (para as senhoras) e essa útil actividade da leitura, como alternativa. Mas, até aí, tirando o jornal ou revistas, eu também nunca consegui ler sequer um livro policial... feitios. Ou talvez a exigência concentrada da atenção não-mecânica.
Por outro lado, em diversíssimos relacionamentos, todo o ser humano tem ódios de estimação que não resistem, normalmente, ao apuro de uma justificação racional - são quase só instintivos. Tenho, por exemplo, extrema dificuldade em comprar livros de autores que apareçam nas revistas róseas, e muito menos lê-los - está-me no sangue de forma indelével. E, se na minha alínea dos excluídos, se encontram Hugo Mãe e Gonçalo M. Tavares (que julgo não aparecerem nas publicações cor-de-rosa), é porque já li alguma coisa deles, não gostei, nem lhes aprecio o estilo (social ou literário), nem os temas.
Por ingenuidade e benevolência, ao longo da minha vida, perdi muito tempo com versificadores secundários, e foi assim, talvez, que cheguei tardiamente à poesia de Auden e de Char. E, disso, me penitencio. Como cheguei tarde a Steiner e a Manguel, para só citar dois autores de grande qualidade literária. Por isso, e porque já não tenho muito tempo, sou parcimonioso das leituras que faço. E preconceituoso, admito. É uma questão de idade, mas também um apuro da exigência. E um direito de que não abdico.