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sábado, 19 de abril de 2014

Divagações 64


Ninguém poderia imaginar que a tarde e o final do dia viriam a ter as cores macambúzias de um indiferenciado Inverno, sem estilo nem alma. Salvou-se apenas, pouco antes das 20h00, o azul-Toledo do céu, à Greco, que o Sol iluminou, por breves minutos.
Porque a manhã até tinha sido bem promissora, na cor e de luz. E o pintassilgo, nosso vizinho, como algumas vezes faz, veio empoleirar-se no limoeiro da varanda a Leste, e começou a trinar, para ensaiar o dia. Pouco depois, veio outro fazer-lhe companhia, e andaram por ali numa brincadeira esvoaçante e despreocupada. Mas o melhor estava ainda para vir.
Quando fui à sala, buscar um livro à prateleira, não é que estava uma rola arrulhando meditativa, para cá e para lá, no peitoril da varanda a Sul? Parei, expectante e quieto, para que ela não desse por mim, e eu pudesse vê-la, à vontade. E durou isto uns bons dois minutos. Pensei: já ganhei o dia!
Só que o Sol caprichoso resolveu ir brilhar para outras paragens mais felizes. E o dia murchou completamente.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

3 notas breves


1. Sinto-me lisongeado e o caso não é para menos: o Arpose recebeu, hoje de manhã, uma visita directamente do gabinete do Ministro das Finanças (juro que é verdade!), às 10h58. E sabem onde é que foi parar? Ao poste "Mercearias Finas 27 : a Favada", de 6/3/2011. Aquilo deve ser de algum assessor esfaimado...
2. Mas pouco depois, senti-me recompensado: o pintassilgo, meu vizinho, veio visitar-me, na varanda a leste. Eu estava imóvel, à mesa, e ele, decerto por causa da cortina, não me viu. Pousou na roseira, quase 5 minutos, a debicar uma ameixa seca, que a HMJ lá espetou, carinhosamente, e depois voltou para o ninho.
3. Não posso também deixar de referir que, na varanda a sul, temos um raminho de hortênsias albinas. Floresceram prematuramente, porque o sol de Inverno não chega para lhes dar cor. São de um verde muito esbranquiçado e pálido, mas merecem toda nossa simpatia.

sábado, 17 de setembro de 2011

Carta de alforria para os melros


Pequenas coisas ou aptidões podem salvar uma vida. Nos campos de concentração nazis, por exemplo, houve judeus a quem pouparam a vida, por serem bons músicos e para continuarem a tocar.
No anterior Governo- soube por intermédio de c. a.- foi alargado aos melros o regime de caça. Até aí era proibido caçar estes Turdídeos. É certo que a população dos melros tinha crescido muito, em Portugal, até mesmo nas cidades. Mas, quando foi publicada a autorização legislativa, houve um côro de protestos civis e de associações - mesmo assim, o governo de Sócrates não emendou a mão, nem arredou pé.
Recentemente, o novo Governo revogou a lei, e bem. Seja isto levado em conta positiva, para as muitas medidas negativas que tem tomado em relação aos humanos animais...
Terá pesado (quem sabe?) na decisão o cantar melodioso dos melros que, tanta vez alegra os jardins e praças das cidades, provavelmente também. Mesmo assim, com a crise e fome escondida que aí anda, será conveniente que estas aves de bico amarelo e andar furtivo se mantenham longe dos humanos, não vá o diabo tecê-las. E que não façam como os atrevidos pardais que quase debicam os nossos sapatos, ou as ousadas pombas. Seja como for, pintassilgos, melros e canários!, continuai a cantar no vosso tom melodioso e agradável, pois assim, talvez eviteis as balas mortíferas dos caçadores e a impiedade de algum ministro. Quanto aos tordos, rolas e perdizes, creio que não há nada a fazer...a menos que aprendam música nalgum Conservatório.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Em louvor do pintassilgo, meu vizinho


Canta-me ao lado, de manhã cedo e à tarde, o pintassilgo, numa selva doméstica próxima, que não é a minha. É, talvez, a única coisa boa, inesperada, de uma vizinhança que eu nunca escolheria. Mas é um pássaro livre: escolheu, simplesmente, o desleixo de uma varanda contígua, imensamente "arborizada". Pousa muita vez no parapeito da minha varanda a leste, quando não está ninguém. Mas já por 2 vezes, habituado como está, lá pousou, comigo recostado, imoto e a ler. São dois segundos, se tanto, até se aperceber que há gente, para levantar voo do parapeito, e fugir, voando. Bem gostaria de o "apprivoiser", no sentido em que a rapozinha de Saint-Exupéry refere. Talvez...

sábado, 18 de junho de 2011

O pintassilgo, de visita


Sou um apaixonado por canários - e sempre utilizei e uso a palavra paixão com contenção e propriedade. Com extrema usura, e respeito. Não sou capaz (a não ser por ironia) de dizer como as "Tias": "Adorei, adorei!" Porque acho tosco, muito quitche, pedestremente vulgar. E também porque revela ignorância linguística, pobreza de sentimentos e é, no fundo, uma desvalorização da importância concreta e valor ou peso intrínseco das palavras. Será difícil, e moroso, eu explicar porque gosto tanto de canários - vem de longe. Mas a última paixão que tive por uma destas avezinhas canoras, correu mal (expliquei-a, aqui no Blogue e na terceira pessoa, a 27/3/2010). Mas agora, muito recentemente, para minha (nossa) felicidade tenho um pintassilgo por vizinho. Não é um canário, mas é da família: Carduelis magellanica. Não canta tão bem, mas canta bem. E lembra-me o canário emblemático da minha paixão e da minha infância.
A velhice contenta-se com pouco, fica grata com uma pequena lembrança quando chega ao coração. Mesmo que a visita e a lembrança não sejam constantes e quotidianas. Pois, embora seja bissexto nas visitas, o jovem, ágil e bonito pintassilgo vem pousar, de vez em quando, no parapeito da varanda a Leste, quando não está ninguém, e lhe apetece. E solta os seus gorgeios ritmados.
Longa vida, avezinha simpática! Que me acompanhes, mesmo de longe a longe, com o teu canto amigo!