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domingo, 17 de agosto de 2014

Personagens - a nitidez e a medida


Na ausência de feições visíveis ou de uma caracterização física e psicológica bem impressiva, num romance com grande número de personagens, o pobre do leitor (e muitas vezes isto me acontece) corre sempre o risco de se perder no labirinto, não conseguindo seguir, com precisão no fio narrativo, os nomes e as acções de cada um dos vários intervenientes, associadamente. Tudo, porque o autor não teve, talvez, nem a noção do equilíbrio, nem piedade para com o Outro - ser humano que o viesse a ler.
A maior parte das vezes, embora pareça ter o cuidado e a preocupação de nunca se exceder no número de figuras dos seus romances, Georges Simenon consegue que o leitor, son semblable, son frére, quase nunca se perca no enredo das suas obras. É essa - parece-me - uma das marcas de água por onde é mais simples reconhecer a qualidade e solidez de um bom ficcionista. Ou seja, não perder a noção real do mundo exterior que o rodeia.