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sábado, 3 de março de 2012

Bulhão Pato e Herculano


Nascido em Bilbau, a 3 de Março de 1829, filho de pais portugueses, Raimundo António de Bulhão Pato veio a falecer no, então, pequeno lugarejo outrabandista, Monte da Caparica, com 83 anos de idade. Caçador apaixonado, poeta, amigo dos seus amigos e gourmet que deixou seu nome a algumas receitas portuguesas, Bulhão Pato era também um homem supersticioso. Conta-se que, no último ano em que Alexandre Herculano festejou os seus anos, Bulhão Pato, que era um dos convidados, apercebeu-se preocupado que eram 13 à mesa. Para desfazer o enguiço, terão ido buscar a filha do caseiro, mas a moçoila, pouco habituada a grandes comezainas, teve um começo de indigestão, abandonou a mesa, e os convivas voltaram a ser 13. Em menos de 6 meses, em Setembro de 1877, Herculano viria a falecer. E, a partir daí, a superstição de Bulhão Pato ainda se tornou maior.

domingo, 8 de maio de 2011

Miguel Lupi


Só depois dos 30 anos, Miguel Ângelo Lupi, nascido a 8 de Maio de 1826, conseguiu ter oportunidade para estudar Pintura, que era a sua vocação natural. Filho de pai italiano e mãe portuguesa, foi em Itália também, através de uma Bolsa, que se pôde aperfeiçoar na sua Arte preferida. Não será muito conhecido, hoje, mas tem obra vasta, é um pintor estimável embora, predominantemente, retratista de figuras importantes do séc. XIX português. E está bem representado no Museu do Chiado, existindo também, no Tribunal de Contas, um retrato de D. Pedro V, de sua autoria. Lupi faleceu em Fevereiro de 1883. Retratou, entre outros, Alfredo Keil, D. Fernando II e o poeta Bulhão Pato. Uma sua neta, Maria Valupi (pseudónimo de Maria Dulce Lupi Cohen Osório de Castro, 1905-1977), poetisa que se correspondeu com Cecília Meireles, era tia, por afinidade, de António Osório (1933). Possivelmente, por isso, o poeta dedicou a Miguel Lupi o poema (do livro "Ignorância da Morte", 1963) que se transcreve a seguir:
Salmo à pasta de desenhos de Miguel Ângelo Lupi
A cor das lágrimas
procuro na tua pasta de desenhos.
Retiro os papéis de seda, pardos já de rola,
por ti dobrados, e toco nas tuas mãos,
escaldam, comovem.
Apenas eu pronuncio esse nome
como teu pai, com nostalgia de Itália, te chamava.
A pintura não tem a cor das lágrimas
nem do exílio ou desaparição,
e à poesia falta a palavra que sobreleve o abismo.