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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Évora e o Cicioso


Sempre gostei de monografias, sobretudo, quando o tema é do meu agrado. Já o expliquei, aqui, no Blogue, principalmente, por causa da pequena história. Por outro lado, Évora é uma das minhas preferidas cidades portuguesas. Há ainda um outro aspecto que me fez comprar este livro de José Manuel Queimado, editado no ano quente de 1975. Que é a toponímia eborense, curiosa e interessante: Travessa dos Beguinos, Rua do Tinhoso, e por aí fora, porque os alentejanos têm uma imaginação prodigiosa para nomes e alcunhas.
Saí um pouco defraudado das explicações de nomes, no livro. Um dos que mais me intrigava, era o da Rua do Cicioso, bem comprida e não muito larga. Ora, segundo a monografia, a origem do nome virá de João Mendes Cicioso, eborense que foi vereador, comerciante e procurador às Côrtes. Terá vivido durante os reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I, e chegou a ser preso, talvez por especular com o preço e venda de trigo. Pouco mais acrescenta a monografia, sobre o homem.
Consultado o Dicionário de Morais, este informa que "cicioso" é um "indivíduo que tem o defeito de falar ciciando (ou sussurrando)". Prefiro imaginar, por isso, como já fazia antes de ler este livro que o João Mendes era um comerciante de "falinhas mansas", ou que falava "achim", ou tipo "sopinha de letras"...o que é muito mais interessante, convenhamos.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Monografias e tipos populares



Sou grande apreciador de monografias, porque são a pequena história anónima - sem preocupações da grande História - do tecido simples das cidades de província, de pequenas vilas, de ignotos lugarejos que também constituem a rede real do país. São escritas de afecto e emoção, enquanto a História, para o ser, terá de ser feita de rigor e de razão. A monografia é mais picaresca e, muitas vezes, mais saborosa.
Por isso não resisti à compra deste livrinho despretencioso, intitulado "Os Senhores da Rua". Diferentes dos actuais Sem-abrigo, estas figuras populares exerciam sempre alguma actividade útil, embora esporádica, mal remunerada: faziam recados pequenos, serviam de testemunhas em registos notariais, carregavam mercadorias, ajudavam à missa, eram sineiros, engraxadores, eu sei lá!... E eram vencidos, normalmente, pelo álcool.
Conheci muitos deles, na minha infância e adolescência, como o "Pereirinha" franzino e de nariz adunco, que vai na imagem; ou o "Cinéfilo", que não consta deste livro, que recolhia, pelas ruas de Guimarães, pequenas notícias de aniversários, baptizados e mortes que, depois, levava para os jornais.
Tinham muitas vezes nomes depreciativos, como o "Malotinha" (que tinha corcunda), o "Rei da Grécia", por ser monárquico e andar sempre a gritar: "Viva o rei!". Ou alcunhas fesceninas como o "João Aperta a Mama" e o "Cu de Veludo". Mas também, o "Neca das Meiguices", o "Guli-Tampila" ou o "Xiramaneco". Uma pequena galeria de seres humanos, pouco felizes, mas que, ainda hoje fazem a história pequena das cidades. 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Receitas Cantantes



Tenho particular estima por monografias regionais de anónimos historiadores, ou desconhecidos para lá da zona, em si, ou dos apreciadores dos temas que tratam. Porque são despretenciosas, simples, normalmente, por vezes ingénuas, mas quase sempre, essas monografias trazem consigo sabedorias ancestrais, costumes singulares, factos da pequena história que pouca gente conhece, para lá do local onde ocorreram.
Mão Amiga trouxe à minha, recentemente, este "Pré-Cardápio Poetogastronómico Altominhoto" (2006), que é o que eu costumo chamar: um cristalzinho, de tão raro e precioso. O livro inclui nada menos de 15 receitas, em forma de soneto, correspondentes a quinze pratos regionais vianenses. O autor, Amadeu Torres, é um professor universitário, jubilado. O prefácio, muito saboroso, explica também a razão e origem de algumas das receitas.
Reproduz-se a capa, em imagem, e uma das receitas rimadas - perdoe-se o lado naïf e simplório dos versos. E agradeça-se, reconhecidamente, à Ofertante, este cristalzinho monográfico e gastronómico.