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quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Mercearias Finas 193

 

Acontece que, recentemente e em tempo célere (4 dias), li 3 livros (obrigado H. N.!) que de algum modo se relacionavam com a gastronomia. O bom ritmo ter-se-á devido ao interesse que as obras me depertaram e à boa escrita. Dos três volumes destacaria sobretudo Algumas notas para a história da alimentação em Portugal (Campo das Letras, 2008), do médico e gastrólogo José Pedro de Lima-Reis (1942) de que tomei algumas notas de leitura. Pelo seu interesse e para conhecimento de algum visitante curioso, farei a transcrição de 5 das informações mais singulares, de seguida.

1. Diz a lenda que Caio Cânio, cônsul de Roma, sistematicamente acordado a desoras pelo cantar dos galos os mandou castrar verificando depois que se tornavam mais corpulentos, macios de carne e muito mais saborosos. Estava descoberto o celebrado capão, ... (pg. 28)
2. Começava cedo o envolvimento do clero e da nobreza com o saboroso ciclóstomo, que se vai manter ao longo da nossa história e explica porque na ucharia de D. Afonso III existiam nada menos do que 1.656 lampreias convenientemente secas para consumo fora da época. (pg. 44)
3. A canja, essa, teria de esperar até 1562 para chegar da Índia onde a fomos buscar para divulgar no reino. Os indianos, segundo Garcia de Orta, chamavam kanji a um caldo de frango delido em água de cozer arroz... (pg. 103)
4. A palavra escabeche que aqui nos surge é de origem persa e aparece no livro de cozinha de al-Baghadî datado de 1226... (pg. 125)
5. Somos levados a concluir que os espargos que deram origem à palavra esparregado... (pg. 137)

domingo, 17 de setembro de 2023

Retratos (30)



É frequente os historiadores e pintores darem dos reis e retratados imagens que os favoreçam ou, ao menos, lhes diminuam as imperfeições físicas. Há dias, em leitura da obra Algumas notas para a história da alimentação em Portugal (2008), de José Pedro de Lima-Reis (1942), dei por um retrato desapiedado e realista de D. Sebastião (1554-1578), ao contrário do que é habitual, que eu faço aqui acompanhar também de um quadro de Alonso Sanches Coelho (1531-1588) que, em 1562, pintou o rei ainda jovem. Coincidem, creio.
Segue, da página 127, um extracto da obra referida acima:

"Não por culpa da diabetes paterna (D. João de Portugal), mas talvez pela consanguinidade dos progenitores terá D. Sebastião nascido com alguns desarranjos morfológicos que os mestres pintores da época não representaram para não cair em desgraça. (...) Entre eles o rei teria o lábio superior grosso, o braço, a perna e o pé direitos de dimensões superiores aos seus homólogos do lado esquerdo - o que o obrigava a coxear - pés pequenos, cavos, com os dedos iguais - mais um supranumerário no mínimo do pé direito - pernas arqueadas e, como se não bastasse, o tronco tão curto «que o seu gibão não pode servir a outra pessoa mesmo que da sua estatura.»"