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sábado, 15 de junho de 2019

Mercearias Finas 145


Admito que há pouca gente, entre os amadores como eu, a quem possa interessar saber as castas de uvas do lote que constitui o vinho que vão provar. Por várias razões, é muito raro eu comprar algum vinho que não possua esta informação no rótulo ou no contra-rótulo. Dou-me, habitualmente, mal, a nível de digestão, com a Castelão e a Trincadeira que são, no entanto, castas interessantes e saborosas,  que dão personalidade marcada a alguns vinhos de renome e são mais utilizadas no centro e sul de Portugal, por vários produtores.
Se a Sogrape, no que ao Dão Grão Vasco diz respeito, ora informa ora omite a referência às castas, numa incoerência caprichosa que eu não entendo, já a Soc. de Vinhos Borges é raro dar essa informação que me parece sempre útil e importante. Compreendo, no entanto, que alguns produtores a não indiquem, por mero desconhecimento da qualidade de uvas que utilizam. É que, em áreas de vinhas velhas, a mistura de castas prolifera, como era de norma geral nesses antigos terroirs plantados com cepas muito diversas.
Mas também há muitos novos produtores, chegados há pouco ao mercado dos vinhos que, além de omitirem as castas do lote (será que para eles o segredo é a alma do negócio?), substituem essa informação importante, pelo menos para mim, por pequenos textos com derrames líricos, normalmente pindéricos e exuberantes, realçando as excelências do néctar, no contra-rótulo, de forma despropositada. É o que menos perdoo, embora por vezes me ria destas incontinências verbais e saloias destes arrivistas modernaços.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Reflexões de Pascoela, com osmose gastronómica e enológica, naturalmente...


Tenho o passado arrumado, razoavelmente, na cabeça, até porque, sendo emotivo, não sou sentimental. Coisas há que têm o seu tempo e como bem dizia o poeta Afonso Duarte (1884-1958), "voltar atrás é uma falta de saúde...". Não me recuso, porém, a celebrar, algumas datas da tradição portuguesa, que são, em princípio, de enorme contributo calórico...
Dispenso as cavacas, o pão-de-ló, tenho pena de não ter à boca os bolos de gema desta época, mas faço questão de ter à mesa o anho pascal, no Domingo de Aleluia. Que é uma espécie de ressurreição laica atávica e de antanho, na minha vida. Mesmo que me recuse a hipócrita e teatral identificação, bem portuguesa e preguiçosa, de católico não praticante (que será isso? Não ir à missa aos domingos?!!!...)
No nosso almoço de Páscoa, naturalmente, o cabritinho no forno veio à mesa, tenríssimo, com aroma a alecrim e outras preciosidades silvestres. Fi-lo acompanhar de um monocasta de Touriga 2014, rústico de Silgueiros, tinto e ainda com taninos fortes. Sobrante, o cabrito regressou nesta segunda-feira de  antecipada Pascoela, mais apurado e perfeito. Escolhi, desta vez, um Assobio de 2011, produzido no Douro pela Esporão.


Excelente, para não dizer mais. Assim concelebramos a ágape pascal e de pascoela, à nossa maneira.

terça-feira, 29 de março de 2011

Mercearias Finas 28 : Castas de uvas portuguesas


Proporcionalmente ao território, Portugal é, muito provavelmente, o país europeu que tem maior diversidade de castas de uvas autóctones. São mais de 150. Algumas, no entanto, em vias de extinção, muito embora a Herdade do Esporão esteja a levar a cabo um projecto de preservação de grande parte delas. Algumas castas são, geograficamente, de implantação regional, como é o caso da casta Baga, na Bairrada, ou do Alvarinho no Alto-Minho. Vamos referir, por curiosidade as mais importantes, para além das duas acima citadas.

Para vinhos tintos: Touriga Nacional (considerada a raínha das castas portuguesas), Tinta Roriz que, no Alentejo, dá pelo nome de Aragonez; Alfrocheiro, Jaen, Trincadeira, Touriga Franca, Rufete... Para vinhos brancos: Loureiro (no Minho), Viozinho (Douro), Arinto, Encruzado (Dão), Antão Vaz (Alentejo), Fernão Pires, Rabo de Ovelha... Imensas ficam, ainda, por referir.

Pelo menos, na enorme variedade de castas portuguesas, não somos um país pobre.