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domingo, 17 de agosto de 2014

Para todas as estações


Que não se diga, assertivamente, que cada livro requer uma estação do ano, própria, de leitura. Quando muito se poderá dizer que há obras que exigem a experiência da idade para serem fruídas na sua integralidade maior. Porque será leviano e pouco sério afirmar que ao inverno, as obras densas, e para o verão, coisas ligeiras. Em última instância, tudo dependerá da qualidade do leitor e da leitura.
"Há algo na leitura aturada desta obra, que fizemos à lareira neste inverno tão convidativo ao aconchego...", dizia Arnaldo Pinho, na Voz Portucalense, a 12/2/14, na recensão que fez ao livro "Categorias e outras paisagens", de Fernando Echevarría (1929), e de que, aqui no Arpose, reproduzi, há dias, um poema. Pois, diferentemente, é no verão que estou a ler, pouco a pouco, este conjunto de poemas de grande densidade. Que requerem uma atenção exclusiva.
E, de preferência, na varanda a leste, ao fim das tardes, para aproveitar a aragem que tempera o dia.
Devo dizer que uma e outra, a leitura e a brisa, se têm dado bem comigo. Nada destoa. Muito embora a paisagem dos poemas seja apenas ponto de partida para uma sintaxe ambiciosa e uma  grande riqueza de sugestões e pensamentos, que convoca. Sendo que, do concreto, nos leva até caminhos múltiplos e abstractos que podem, ou não, conduzir ao verão. Por entre pinhais e mar, algas ou terra, aves e peixes, luz ou neblina, pode surgir, de repente e assim, um verso:

"A neve é um país de santidade."